sexta-feira, 9 de março de 2012

FUTEBOL COM HISTÓRIA - MARKETING E FUTEBOL, UMA AMIZADE ANTIGA

Faz poucos dias que, após muito disse me disse, o Flamengo e a empresa Traffic enfim romperam relações e o Clube da Gávea passou a arcar com a íntegra do salário de Ronaldinho Gaúcho. Uns dizem que o valor de mais de um milhão por mês é um absurdo, enquanto outros afirmam que, agora, o Fla poderá explorar a imagem do craque com ações de marketing e por isso terá um grande retorno do investimento.

Já não é de hoje que marketing e futebol passeiam de mãos dadas e a imagem de um craque passou a ser tão importante quanto a de um lutador do antigo Telecatch. As contratações de David Beckham, tanto pelo Real Madrid quanto pelo Los Angeles Galaxy, são provas concretas, mesmo tendo o inglês certa intimidade com a pelota, principalmente quando ela parada. No Brasil, uma das pioneiras ações de marketing da história se deu no longínquo ano de 1934, para onde viajaremos nas linhas abaixo.

Início da década de 20 e um garoto com nascentes pelos debaixo dos braços estreava pelo Grêmio. Era Luiz Carvalho, conhecedor profundo do caminho das redes. O menino centroavante emendava um gol atrás do outro e estes o tornaram o gremista com mais tentos marcados sobre o rival Internacional e um dos principais nomes do Tricolor Gaúcho na época amadora, ao lado de Eurico Lara e Foguinho. Falando em época amadora, Luiz Carvalho necessitava trabalhar para se sustentar, e o fazia em uma firma de vinhos chamada Scalzilli. E foi justamente a relação do craque com a bebida presente na Santa Ceia que originou uma das primeiras – seria a primeira? – transações marqueteiras do nosso futebol.

Corria o ano de 1934 e produtores vinícolas do Rio Grande do Sul tinham a intenção de aumentar a venda da bebida no Rio de Janeiro, onde competiam com vinhos importados. Sabedores de que o grande mercado consumidor de vinhos era a colônia portuguesa, os gaúchos decidiram explorar a boa imagem de Luiz Carvalho, que já atuara um curto período pelo Botafogo e pela Seleção Carioca, e o ofereceram ao Vasco, clube dos lusos. Assim, em novembro de 1934, Luiz Carvalho partiu com destino à “Cidade Maravilhosa” para colocar a serviço do Cruzmaltino os seus imparáveis chutes de virada, que pegavam os zagueiros e os goleiros desprevenidos.

Foi um tiro certeiro dos sulistas. Ao lado do fenomenal Feitiço, Luiz Carvalho marcou oito gols no Campeonato Carioca da Federação Metropolitana de Desportos de 36 (na época existiam dois torneios no Rio de Janeiro) e foi essencial para o Vasco levantar o caneco estadual. Com os gols de Luiz Carvalho e o título conquistado fica redundante dizer que os portugueses tiveram um ano de 1936 regado a taças de vinho. E que os produtores gaúchos viviam com um sorriso do tamanho do rosto.

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