terça-feira, 30 de setembro de 2014

CRUZEIRO, PONTOS CORRIDOS E JUSTIÇA


Um dos debates mais agradáveis do nosso futebol é aquele que coloca na balança as vantagens e as desvantagens de se ter um Brasileirão por pontos corridos ou realizado no formato que engloba uma fase inicial classificatória para um mata-mata. E este campeonato de 2014, que caminha para seu último terço, apresenta um dado interessantíssimo para se discutir tal assunto: líder absoluto desde a sexta rodada, o Cruzeiro possui um desempenho pífio quando enfrenta as equipes que brigam para terminar entre as quatro melhores.

Até o momento, o Cruzeiro disputou oito partidas contra Internacional, São Paulo, Atlético Mineiro, Grêmio, Fluminense e Corinthians, os seis clubes que, nesta ordem, o seguem na tabela de classificação. Destes oito embates, a Raposa venceu apenas dois, empatou outros dois e perdeu quatro, retrospecto que resulta em um aproveitamento de 33,3%, o mesmo que hoje possui o Palmeiras, primeiro time na zona de rebaixamento.

Como possui uma campanha magnífica diante dos adversários que se encontram abaixo da sétima colocação (14 vitórias, 3 empates, nenhuma derrota e 88,2% de aproveitamento), o Cruzeiro se dá ao luxo de não precisar encarar os jogos mais encardidos como se fossem de vida ou morte. E pode-se dizer que muito da liderança da Raposa se dá por ter entendido que, num campeonato por pontos corridos, um jogo contra o lanterna vale os mesmos três pontos que um jogo contra o vice-líder.

É neste ponto que a discussão se torna ainda mais interessante, pois começamos a perceber que o conceito de justiça não tem nada de absoluto. Enquanto os que preferem os pontos corridos bradam que esta é a forma mais justa de disputa, pois todos os times recebem e visitam os mesmos adversários, os amantes do mata-mata não veem um pingo de justiça na possibilidade de um campeão não precisar mostrar seu valor contra os rivais mais fortes.

No próximo sábado, o Cruzeiro enfrenta o Internacional, vice-líder, e uma vitória colorada poria não só mais fogo no torneio como também neste interminável e prazeroso debate.

domingo, 28 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 25ª RODADA – BOTAFOGO X GRÊMIO


Botafogo 0 x 2 Grêmio – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Goleiro botafoguense Jefferson tem grande atuação, mas não consegue parar o artilheiro Barcos, que marca duas vezes e dá vitória ao Grêmio no Maracanã.

Antes do apito inicial, o Grêmio ocupava o posto de segundo pior ataque da competição e ostentava a sequência de sete partidas sem sofrer sequer um gol, dados que demonstram como o poder ofensivo não é a principal força do time. Porém, a postura botafoguense de se fechar na defesa e esperar a oportunidade de contra-atacar, fez com que os tricolores tivessem que sair do seu estilo e tomassem a iniciativa. Pois não só a tomaram como deram um trabalho do cão ao goleiro Jefferson. Corrigindo: ao goleiraço Jefferson.

Se os perdidos defensores botafoguenses não conseguiram conter a dinâmica de Dudu e Luan e os avanços de Ramiro e Zé Roberto, Jefferson fez de tudo, desde saídas felinas nos pés adversários até encaixadas seguras em arremates médios e longos. Foi muito pelas qualidades do arqueiro que o Grêmio só conseguiu transformar a sua superioridade em bola na rede após o intervalo. Aos 3 minutos – logo depois do Bota quase fazer um gol antológico em passe de letra de Ramírez e voleio do Sheik –, o infinito Zé Roberto roubou uma bola no meio-campo e apareceu no fundo para encontrar Barcos, que fez um a zero.

Estar em vantagem era tudo que o Grêmio mais queria e, por outro lado, o Botafogo parecia não ter muita ideia do que fazer com a bola que agora passava mais tempo em seus pés. Enquanto o treinador alvinegro Vágner Mancini mudava os seus homens de frente e nada conseguia produzir, Scolari trocava seus jogadores impetuosos por mais segurança no meio-campo e, mesmo assim, o Grêmio não parava de atazanar a vida do Jefferson, que nada pôde fazer quando, aos 31, Barcos apareceu sozinho na sua frente para ampliar. E olha que antes do apito final o Pirata ainda arrumou tempo e espaço para acertar o travessão.

Tanto quando quis contra-atacar, como quando teve que tomar a iniciativa, o Botafogo foi dominado e quase nada criou. De bom no domingo o fato de se manter fora da zona da degola.

Botafogo: Jefferson; Dankler (Carlos Alberto), Bolívar, André Bahia e Julio Cesar; Airton e Gabriel; Emerson Sheik, Rogério (Ferreyra) e Ramírez; Zeballos (Wallyson). Técnico: Vágner Mancini.

Grêmio: Marcelo Grohe; Pará, Geromel, Rhodolfo e Zé Roberto; Walace e Fellipe Bastos (Riveros); Ramiro, Dudu (Matheus Biteco) e Luan (Alan Ruiz); Barcos. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO – SANTOS 2 X 1 GOIÁS - 2004


Santos 2 x 1 Goiás

Campeonato Brasileiro 2004 – 41ª rodada

Data: 14 de novembro de 2004

Estádio Eduardo José Farah, Presidente Prudente (SP)

Santos: Mauro; Leonardo, Ávalos e André Luís (William); Paulo César, Fabinho, Elano (Marcinho), Flávio (Luís Augusto) e Léo; Basílio e Deivid. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Goiás: Harley; André Dias, Renato e Asprilla; Paulo Baier (Tiago), Danilo Portugal, Josué, Rodrigo Tabata e Jadílson; Alex Dias (Douglas) e Leandro (Cléber). Técnico: Celso Roth.

Gols: Paulo Baier (Goiás), aos 10’ do primeiro tempo; Basílio (Santos), aos 39’, e William (Santos), aos 40’ do segundo tempo.

Faltavam sete minutos para o apito final do embate contra o Goiás e a situação santista era de enorme tensão. O placar apontava vitória de um a zero para os esmeraldinos, gol do infinito Paulo Baier. Os autofalantes anunciavam em sequência os gols do líder do campeonato, o Atlético Parananese, que sapecava meia dúzia no Criciúma. O dia anterior vira um triunfo acachapante do São Caetano sobre o Cruzeiro, que, com os três pontos, ia tomando a segunda posição do Peixe. Para completar o drama, Robinho e Elano, principais figuras da equipe praiana, não estavam em campo: o primeiro liberado por problemas particulares (mais tarde seria revelado o sequestro de sua mãe) e, o segundo, havia sido substituído por contusão ainda no primeiro tempo.

Caso a derrota para o Goiás se concretizasse, as chances santistas de seguir na briga pelo caneco do Brasileirão sofreriam um golpe e tanto. E isso estava bem próximo de acontecer, pois, mesmo com um homem a mais desde a etapa inicial (o zagueiro goiano Renato Silva havia sido expulso), o Santos não conseguia colocar a bola na rede. Parecia bater com água mole em pedra dura. Água mole... Pedra dura... Ué, não diz o ditado que tanto bate até que fura? Pois furou. Em dois minutos que se tornariam históricos na campanha santista, Basílio e Willian marcaram, o Peixe virou o placar e seguiu firme e forte rumo ao título. Título que acabaria por conquistar pouco mais de um mês depois.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 24ª RODADA – SÃO PAULO X FLAMENGO


São Paulo 2 x 2 Flamengo – Morumbi, São Paulo (SP)

Flamengo sai atrás, cresce no jogo, vira o placar e, no fim, com um homem a mais, deixa uma vitória maiúscula diante do São Paulo escapar.

O São Paulo começou o embate com toque de bola e marcação pressão que deixaram o Flamengo acuado e sem saída. Posicionado em peso no campo de ataque, o Tricolor abriu o placar aos 16, com Rogério Ceni convertendo pênalti nascido de uma tabela magistral entre Kardec e Pato e cometido por Márcio Araújo.

Rogério Ceni que, sabe-se lá o porquê, pois tem muita qualidade com a bola nos pés, não seguiu o padrão do time de fazer a bola rolar na grama e exagerou nas ligações diretas. Quanto mais o goleiro rifava a redonda mais o Flamengo crescia e avançava pelo seu lado esquerdo. E foi por ali, em jogada de Gabriel sobre Auro, que Everton aproveitou uma paçocada de Rogério Ceni para, aos 34, igualar o escore.

Neste momento, a cara do jogo já era outra, com o Tricolor a trocar passes de maneira infértil e o Rubro-Negro mais solto para atacar. Uma penalidade pessimamente marcada a favor do São Paulo com apenas alguns segundos da etapa final (a bola bateu na mão do zagueiro Samir fora da área) poderia ter dado mais tranquilidade aos anfitriões. Desta vez, porém, Paulo Victor levou a melhor sobre Rogério Ceni.

A escapada do momento adverso deu forças ao Fla. Comandado por Everton – que tem jogado tudo que jogou pelo Atlético Paranaense e mais um pouco – o Rubro-Negro encheu o peito, tomou conta das ações paulistas e passou a rondar a área adversária. Um dos resultados do domínio foi a entrada cavernosa de Michel Bastos que tirou Everton do jogo e lhe rendeu a expulsão.

Com um a mais, mas sem seu melhor jogador, o Flamengo só foi se encontrar quando Canteros cobrou córner e Alecsandro subiu para virar o escore. Faltavam uns cinco minutos e o triunfo rubro-negro parecia definitivo. Apenas parecia, pois Luís Fabiano arrumou tempo e espaço para devolver o empate ao marcador. Um empate ruim para o Sampa, em termos de tabela, e ruim para o Fla, que teve a vitória nas mãos.  

São Paulo: Rogério Ceni; Auro, Antônio Carlos, Edson Silva e Michel Bastos; Denílson e Souza; Ganso (Osvaldo) e Kaká; Alexandre Pato (Luís Fabiano) e Alan Kardec (Reinaldo). Técnico: Muricy Ramalho.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Wallace, Samir (Chicão) e João Paulo; Cáceres (Arthur), Canteros, Márcio Araújo e Everton (Luiz Antônio); Gabriel; Alecsandro. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

CORAGEM, REPÓRTER!


Pipocam pelas TVs programas cujo principal objetivo é fazer o entrevistado, geralmente uma “celebridade”, passar vergonha. O intuito é jogar a maior quantidade de sal possível na ferida do outro para ganhar mais ibope. Apesar de não ser fã do gênero, confesso sentir falta deste estilo por parte da imprensa esportiva.

Dentre os convocados por Dunga na última semana, os nomes mais surpreendentes foram justamente as duas novidades: os laterais Dodô e Mario Fernandes, este jogador do CSKA de Moscou desde 2012. Tenho uma forte impressão de que Dunga (assim como a maioria dos treinadores brasileiros) não acompanha os principais campeonatos europeus. Esta forte impressão se torna certeza absoluta quando a liga em questão é a russa. Por que diabos nenhum repórter tem a coragem de perguntar ao Dunga quantos dos 58 jogos que Mario Fernandes fez com a camisa do CSKA ele assistiu antes de decidir pela convocação?

Da Seleção para o Brasileirão. No último fim de semana, a vitória de virada do Corinthians sobre o São Paulo foi repleta de lances para os comentaristas de arbitragem exalarem, por horas e mais horas, o bom senso que eles não exibiam tão vigorosamente quando vestiam preto. Com dois pênaltis e um cartão vermelho contra, os tricolores cuspiram abelhas africanas e, Mano Menezes, treinador corintiano, soltou que “os árbitros erram e acertam, a favor e contra”. Logo Mano Menezes, que passa os 90 minutos e mais os acréscimos tentando apitar o jogo da área técnica e não aguenta uma derrota de sua equipe sem culpar os árbitros. Cadê o peito de algum jornalista para questionar o Mano sobre o assunto, ali mesmo, ao vivo, diante de tudo e de todos?

Sem dúvidas criticar nas páginas do jornal, nas ondas do rádio e nos programas televisivos é válido, mas já passou do momento da imprensa esportiva não aceitar calada algumas falácias de jogadores que simulam e juram não, de treinadores que não sabem perder e dirigentes que não sabem fazer nada.

domingo, 21 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 23ª RODADA – FLAMENGO X FLUMINENSE


Flamengo 1 x 1 Fluminense – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Emocionante Fla-Flu termina empatado,mantém rubro-negros na meiúca da tabela e afasta tricolores da zona de classificação para a Libertadores.

O Flamengo não foi um time que desejou trocar passes, mas sim resolver rapidamente suas tramas ofensivas. O Fluminense, mesmo com Conca, Cícero e Wágner no meio-campo, também não primou pela bola de pé em pé e baseou seus ataques nas jogadas pelo alto. E mesmo sem trabalhar muito a redonda, rubro-negros e tricolores lutaram muito pela vitória e conseguiram criar ótimas chances para consegui-la.

A etapa inicial foi um retrato do ótimo Brasileirão que vem realizando o flamenguista Everton e o tricolor Cícero. Pela esquerda e com muita velocidade, Everton desnorteou o volante Jean desde o comecinho, quando, com apenas dois minutos, soltou uma bomba para defesa de Cavalieri. Depois, aos 26, o pequeno rubro-negro avançou e cruzou para Eduardo da Silva aproveitar pane geral na zaga tricolor e abrir o placar.

Antes do Fla inaugurar o escore, o meia Cícero (cada vez mais meia-atacante), já mostrara sua cara em duas oportunidades, uma delas uma linda bicicleta na trave que fora mal anulada por impedimento. Em desvantagem, o Flu aumentou seu volume ofensivo com mais bolas alçadas sobre a área rival. Numa delas, aos 44, em falta sofrida por Cícero e cobrada por Conca, Fred, de cabeça, igualou.

O gol no fim do primeiro tempo fez um bem enorme ao Fluminense, que voltou ligado do intervalo e em menos de 20 minutos esteve perto da virada em três oportunidades. Na melhor delas, Fred soltou o pé e Paulo Victor realizou um milagre. Neste período de domínio tricolor, o Fla até arriscou alguns contra-ataques, mas as verdadeiras chances que o clube da Gávea criou para vencer vieram nos últimos 15 minutos, os seus melhores na partida.

Até a última apitada a sensação era a de que o placar poderia ser alterado, como quase o foi quando Everton, aos 46, finalizou a queima-roupa para defesa de Cavalieri. No fim, porém, a igualdade permaneceu. Pior para o Flu, que, pelo menos em termos de tabela, é um time com mais expectativas que o rival.  

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e João Paulo; Cáceres, Márcio Araújo, Luiz Antônio (Gabriel) e Everton; Eduardo da Silva (Mugni) e Alecsandro (Elton). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Henrique (Marlon), Elivelton e Carlinhos; Valecia (Rafinha) e Jean; Cícero, Conca e Wágner (Gustavo Scarpa); Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 22ª RODADA – PALMEIRAS X FLAMENGO


Palmeiras 2 x 2 Flamengo – Pacaembu, São Paulo (SP)

Em jogo fraco tecnicamente, mas repleto de reviravoltas, Flamengo e Palmeiras empatam no Pacaembu. Pior para o Alviverde, que termina a rodada na zona da degola.

Curto e sem ser grosso: o Flamengo foi para o intervalo em vantagem por ter sido consciente o bastante para usar sua força nos ataques pelas bordas e eficiente o bastante para converter as únicas duas chances que criou em gols, enquanto o Palmeiras passou a etapa inicial sem ter sequer ideia do que fazer com a bola.

A inauguração do placar se deu aos 12 minutos, quando João Paulo avançou pela esquerda e cruzou para Canteros, após falha bisonha de Juninho, completar. Já o lance do segundo gol, aos 32, nasceu pelo outro lado e com o outro lateral: Léo Moura começou, Alecsandro participou, o arqueiro Deola paçocou e Eduardo da Silva concluiu.

Diante da enorme inoperância palmeirense, era óbvio que Dorival Júnior mexeria na equipe no intervalo. Allione e Valdívia entraram para tentar dar alguma vida ao ataque paulista, mas o primeiro gol alviverde surgiu de uma jogada que parecia morta: logo aos 2 minutos, Lúcio deu uma bicuda para os céus e Diogo aproveitou bobeada de Léo Moura para fazer a bola beijar a bochecha da rede.

O Palmeiras cresceu e se lançou à frente. Luxemburgo, que já havia trocado o doberman Cáceres pelo pit bull Amaral, sacou o avante Eduardo para colocar Luiz Antônio fechando o lado direito. Pois nem Amaral marcou o meia Valdívia nem Luiz Antônio o lateral-esquerdo Victor Luis e, aos 23, com passe do primeiro e gol do segundo, o Alviverde teve sua melhora de desempenho ser recompensada.

Se não chegou a pressionar de forma incandescente na busca pela virada, o Palmeiras seguiu melhor em campo até Valdívia, de forma estúpida, pisar em Amaral e ser expulso. Com cerca de 10 minutos por jogar, o Flamengo viu a vitória passar perto por duas vezes: um arremate de Elton que foi salvo quase sobre a linha e uma bomba do Alecsandro que explodiu na trave. Um final emocionante para um jogo que, se passou longe de ser refinado, foi bem divertido.

Palmeiras: Deola; João Pedro, Lúcio, Nathan e Victor Luis; Renato e Juninho; Mouche (Valdivia), Diogo e Cristaldo (Patrick Vieira); Henrique (Allione). Técnico: Dorival Júnior.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e João Paulo; Cáceres (Amaral), Canteros, Márcio Araújo (Elton) e Everton; Eduardo da Silva (Luiz Antônio) e Alecsandro. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO – PALMEIRAS X FLAMENGO –2009


Palmeiras 0 x 2 Flamengo

Campeonato Brasileiro 2009 – 30ª rodada

18 de outubro de 2009

Palestra Itália, São Paulo (SP)

Público: 26.462 pagantes

Palmeiras: Marcos; Wendel, Maurício, Danilo e Armero; Edmílson, Souza (Marquinhos), Cleiton Xavier e Diego Souza; Robert (Ortigoza) e Vágner Love. Técnico: Muricy Ramalho.

Flamengo: Bruno; Léo Moura, Aírton, Ronaldo Angelim e Juan; Maldonado, Willians, Toró (Fierro) e Petkovic (Welinton); Zé Roberto (Lenon) e Adriano. Técnico: Andrade.

Gols: Petkovic (Flamengo), aos 24 minutos do primeiro tempo e aos 16 minutos do segundo tempo.

Quando o Brasileirão de 2009 chegou a sua 30ª rodada, a recuperação do Flamengo já estava consolidada. Depois de terminar as 19 rodadas do primeiro turno na modesta 10ª colocação, o Rubro-Negro adentrava o Palestra Itália para enfrentar o então líder Palmeiras (de Marcos, Diego Souza, Vágner Love e Muricy Ramalho) ostentando a melhor campanha do returno. Antes do apito inicial, os flamenguistas pensavam em disputar uma vaga para Libertadores do ano seguinte. Após o último trilar, sonhar com o hexa não seria nenhum delírio.

E o grande responsável por fazer nascer este sonho nas mentes rubro-negras foi o sérvio Petkovic, que, aos 37 anos, retornara ao clube poucos meses antes sem gerar um pingo de expectativa sobre seu futebol. Porém, como brilhantemente disse uma vez o mestre Nelson Rodrigues, “o tempo é uma convenção que não existe nem para o craque, nem para mulher bonita”. Inspirado como muito já se vira, Petkovic anotou dois gols da mais pura magia – um após costurar toda a defesa palmeirense e outro olímpico – e encaminhou, ou melhor, decretou a vitória do clube da Gávea.

Algumas rodadas depois, o que parecia impossível se concretizou e o Flamengo de Bruno, Léo Moura, Adriano e Pet levantou a taça depois de ter assumido a liderança apenas na penúltima rodada. É difícil precisar o momento mais crucial da arrancada rubro-negra rumo à zona nobre da tabela, mas o data em que o sonho do hexa ganhou contornos de realidade está marcada na história: 18 de outubro de 2009.

domingo, 14 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 21ª RODADA – SÃO PAULO X CRUZEIRO

São Paulo 2 x 0 Cruzeiro – Morumbi, São Paulo (SP)

O Brasileirão está vivo! No embalo do Quarteto Fantástico, São Paulo bate o líder Cruzeiro no Morumbi e diminui para quatro pontos a distância para a ponta da tabela.

Apesar da grande qualidade técnica de ambos os lados, o confronto mais aguardado de todo o Brasileiro até o momento chamou atenção por questões táticas e físicas. Durante toda a primeira etapa, a marcação por pressão de ambos os lados dificultou imensamente o jogo refinado e fez com que tricolores e celestes dessem mais chutões e lançamentos sem direção do que de costume.

E foi justamente quando conseguiram roubar a bola do meio-campo para frente que São Paulo e Cruzeiro tramaram as melhores oportunidades ofensivas no primeiro tempo. Principalmente o Tricolor, que acionou seus homens de ataque com mais frequência e desesperou a vida do zagueiro azul Dedé. Já amarelado, Dedé cometeu pênalti sobre Ganso em lance em que poderia até ter sido expulso. Na cobrança, aos 35 minutos, Rogério Ceni colocou o Sampa em vantagem.

Nos primeiros 45 minutos, o Cruzeiro até conseguiu assustar um pouco, principalmente em finalizações do Ricardo Goulart, mas foi somente após o intervalo que a Raposa esboçou uma pressão ofensiva, obrigando o São Paulo a recuar. Foi a partir deste momento que os defensores são-paulinos – como jogaram Tolói, Edson Silva e Auro! – se desdobraram e seguraram o poderio mineiro. Na busca incessante da Raposa pelo ataque, Marcelo Oliveira sacou o volante Lucas Silva e apostou em Dagoberto. O tiro saiu pela culatra e deu ao São Paulo tudo que ele mais queria: espaço.

Com mais liberdade, Kaká flutuou por todos os setores do campo, Ganso distribuiu passes doces, Kardec recebeu mais bolas e o segundo gol não tardou a sair: Ganso cobrou córner e Kardec finalizou duas vezes para marcar. No ritmo da torcida, o Tricolor, tão bem fisicamente que só fez uma substituição em todo o jogo, se soltou de vez e por pouco não chegou a uma vitória ainda mais contundente.  

Se não foi tudo que poderia ser, o embate entre os dois melhores times do país foi bom o suficiente para deixar aquele gostinho de quero mais.

São Paulo: Rogério Ceni; Auro, Rafael Tolói, Edson Silva e Álvaro Pereira; Denilson e Souza; Ganso e Kaká; Alan Kardec e Pato (Michel Bastos). Técnico: Muricy Ramalho.

Cruzeiro: Fábio; Mayke, Dedé (Manoel), Léo e Ceará; Nilton e Lucas Silva (Dagoberto); Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart (Julio Baptista) e Alisson; Marcelo Moreno. Técnico: Marcelo Oliveira.

sábado, 13 de setembro de 2014

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA

Existem derrotas que o tempo não apaga, e uma que o torcedor brasileiro jamais esquecerá é aquela do dia 5 de julho de 1982, quando um imparável Paolo Rossi anotou três gols e a Itália tirou uma das nossas seleções mais adoradas da Copa do Mundo. Neste livro, o autor Marcelo Mora oferece algumas ferramentas para tentarmos entender melhor como uma equipe com craques do quilate de Zico, Júnior, Sócrates e Falcão e treinada por Telê Santana não levantou a taça mais cobiçada do planeta.























Telê e a seleção de 82 – da arte à tragédia
Autor: Marcelo Mora
Editora: Publisher 

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 20ª RODADA – BOTAFOGO X SÃO PAULO

Botafogo 2 x 4 São Paulo – Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF)

Depois de um primeiro tempo emocionante e repleto de gols, botafoguense Aírton é expulso e abre caminho para o São Paulo dominar e vencer pela sexta vez nos últimos sete jogos.

O grande mérito do São Paulo na etapa inicial foi saber explorar a principal deficiência defensiva do Botafogo. O grande mérito do Botafogo na etapa inicial foi saber explorar a principal deficiência defensiva do São Paulo. Por estes motivos que os agitados primeiros 45 minutos do embate viram nada menos do que cinco gols e duas viradas de placar.

O São Paulo saiu na frente e voltou a liderar o escore com gols que nasceram, todos eles, pelo flanco esquerdo de seu ataque. Foi por ali que Michel Bastos e Pato tramaram os tentos de Alan Kardec e do volante Souza, que se infiltrou duas vezes na área e não teve o devido acompanhamento. Desnorteados, Gabriel e Rodrigo Souto, os responsáveis botafoguenses pela marcação no setor, pareciam não ter ideia de como parar os ataques por ali.

Debilitado tecnicamente, muito pelos desfalques de Daniel e Emerson Sheik, o Botafogo conseguiu virar o placar que o São Paulo havia aberto ao aproveitar o caos aéreo digno dos piores aeroportos brasileiros instalado na defesa tricolor. Em dois cruzamentos de bola parada de Wallyson, Zeballos e André Bahia foram às redes.

No fim do primeiro tempo e início do segundo, quando o São Paulo já vencia por três a dois, Wallyson desperdiçou duas chances cara a cara com Rogério Ceni. Estes lances eram o exemplo cristalino de que o Bota estava vivo no jogo, mas, três minutos após a volta do intervalo, o volante Aírton foi irresponsável o suficiente para chutar Pato no chão e ser expulso.

Daí em diante o caminho se abriu para um verdadeiro show de bola tricolor, com muita movimentação, volume ofensivo e troca de passes digna do melhor dos entrosamentos. Oportunidades para golear o São Paulo criou aos montes, mas converteu apenas uma, através de Pato. Domingo que vem tem São Paulo versus Cruzeiro. Que bom que pelo menos este jogo a CBF não atrapalhou...

Botafogo: Andrey; Rodrigo Souto, Bolívar, André Bahia e Junior Cesar (Sidney); Gabriel e Airton; Wallyson e Julio Cesar; Zeballos (Gegê) e Ferreyra (Yuri Mamute). Técnico: Vagner Mancini.

São Paulo: Rogério Ceni; Auro, Rafael Tolói, Edson Silva e Michel Bastos; Souza (Maicon) e Denilson (Hudson); Ganso e Kaká (Osvaldo); Alan Kardec e Alexandre Pato. Técnico: Muricy Ramalho.


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

MOVIMENTAÇÃO


Seria de um otimismo até inocente acreditar que o Brasil fosse exibir um futebol de encher os olhos nos amistosos diante de Colômbia e Equador. Os motivos são diversos: os “europeus” estão em início de temporada, não existe pressão pela proximidade de uma competição relevante e, por fim, Dunga não conseguiria, em uma semana, dar um padrão de jogo à Seleção. As opções ofensivas do velho novo treinador, porém, deram indícios de qual deve ser o estilo ofensivo do escrete nacional.

Curto e sem ser grosso, a seleção não conseguirá, num piscar de olhos, esbanjar trocas de passes ad eternum, como sonham os amantes do estilo “tiqui-taka” espanhol e da Alemanha que não é de Guardiola mas tem muito do treinador. A equipe de Dunga promete ir mais diretamente ao ponto, pegar a bola e levá-la à zona do agrião o mais rápido o possível. No entanto, estes ataques em velocidade podem (e devem) ser mesclados a muita movimentação por parte dos homens de frente.

Só para ficar nos nomes convocados por Dunga, Diego Tardelli foi escalado como centroavante mas adora cair pelos flancos do campo; Oscar pode armar pelo centro e encostar nos meias abertos; Willian, pelo menos no Chelsea, vai e vem incessantemente pelo lado direito; Éverton Ribeiro, canhoto, gosta de entrar em diagonal e se aventurar pela meiúca; Ricardo Goulart, como ponta-de-lança, se infiltra constantemente na área; Philippe Coutinho abre e fecha o tempo todo; Neymar... bem, Neymar joga absurdamente demais em qualquer posição do ataque.

O fato de a safra atual não ser recheada de jogadores com apreço pela bola de pé em pé em pé em pé não significa que a seleção precise jogar um futebol burocrático como, diga-se de passagem, fez a maior parte do tempo nestes dois amistosos. Com um pouco de consciência tática, estes mesmos nomes selecionados por Dunga podem fazer um futebol pra lá de vistoso e eficiente, ou seja, que agrade os amantes da arte e do resultado.

domingo, 7 de setembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 19ª RODADA - FLUMINENSE X CRUZEIRO


Fluminense 3 x 3 Cruzeiro – Maracanã, Rio de Janeiro

Defesas falham em excesso e Fluminense e Cruzeiro empatam em jogo repleto de gols. Resultado mantém mineiros com folga na ponta da tabela e cariocas fora da zona de classificação pra Libertadores.

O placar volumoso de três a três pode dar a entender que os ataques foram avassaladores no Maracanã, mas o festival de bolas nas redes se deu muito mais por equívocos defensivos do que por méritos ofensivos. Na verdade, poderíamos até dizer que tanto tricolores como celestes, times com potencial para um bom jogo de troca de passes, deixaram a desejar no quesito criação de tramas refinadas.

A maior trapalhada defensiva veio logo aos 11 minutos e resultou no primeiro gol do confronto: dentro da área, Cícero deu uma voadora à la Bruce Lee no pé da orelha de Samudio e Júlio Baptista converteu o pênalti para colocar o Cruzeiro na frente. No entanto, a vantagem azul foi por água abaixo em um intervalo de dez minutos, após duas bobeadas do zagueiro Dedé que resultaram em gols de Wágner e Cícero.

Depois de três gols em 22 minutos, o jogo esfriou e as tramas de ataque só voltaram a aparecer quando o intervalo já se aproximava. Melhor para o Cruzeiro, que depois de ver o goleiro Fábio realizar duas defesas monumentais em finalizações de Fred e Conca, chegou ao empate em arremate fraco e letal de Júlio Baptista.

Os primeiros minutos da etapa final viram o Cruzeiro no comando das ações ofensivas e a retaguarda do Fluminense ainda mais perdida, vide as falhas seguidas de Jean e Elivélton que Marcelo Moreno aproveitou para, cheio de estilo, recolocar os azuis à frente. Com cerca de 30 minutos por jogar, só restava ao Flu a opção de atacar, o que o fez deixar ainda mais espaços atrás.

A Raposa teve um punhado de chances de matar o jogo nos contra-golpes, a melhor delas nos pés de Marlone, mas como não o fez, deu chances para o Flu crescer na base do “vamo-que-vamo”. O arqueiro Fábio, gigante, impediu que Conca empatasse aos 36, mas um arremate maravilhoso de Kenedy, aos 43, igualou tudo. Pelas circunstâncias do jogo, um escore que não deixa ninguém triste.

 Fluminense: Kléver; Bruno (Kenedy), Henrique (Marlon), Elivélton e Chiquinho; Jean e Diguinho; Cícero, Conca e Wágner; Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

Cruzeiro: Fábio; Mayke, Dedé, Léo e Samudio (Ceará); Henrique e Nilton; Marlone, Júlio Baptista (Marquinhos) e Willian (Willian Farias); Marcelo Moreno. Técnico: Marcelo Oliveira.

sábado, 6 de setembro de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CRUZEIRO 2 X 6 FLUMINENSE - 2005

Cruzeiro 2 x 6 Fluminense

Campeonato Brasileiro 2005 – 24ª rodada

Data: 07 de setembro de 2005

Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Cruzeiro: Fábio; Maurinho, Marcelo Batatais, Moisés e Anderson; Maldonado, Wágner, Diogo e Adriano Gabiru (Lopes); Kelly (Martinez) e Adriano Louzada (Diego). Técnico: Paulo César Gusmão.

Fluminense: Kléber; Gabriel, Gabriel Santos, Igor e Juan; Marco Aurélio (Milton do Ó), Arouca, Felipe (Preto Casagrande) e Petkovic; Leandro (Beto) e Tuta. Técnico: Abel Braga.

Gols – Primeiro tempo: Kelly (Cruzeiro), aos 14’ e Petkovic (Fluminense), aos 30’. Segundo tempo: Petkovic (Fluminense), aos 8’, Gabriel (Fluminense), aos 11’, Wágner (Cruzeiro), aos 22’, Beto (Fluminense), aos 30’, Gabriel (Fluminense), aos 38’ e Tuta (Fluminense), aos 41’.

Quando o meio-campista Felipe sentiu uma contusão e pediu para sair e, logo depois, o Cruzeiro abriu o placar com o atacante Kelly, a noite do dia sete de setembro de 2005, no Mineirão, parecia não ser mesmo do Fluminense. Porém, um time que tem um gênio pode esperar tudo, e o Flu tinha Petkovic, que, em dois lances daqueles que mereciam ser eternizados em esculturas, virou o placar.

Primeiro, o Gringo, que então vestia a camisa oito tricolor, costurou toda a zaga celeste antes de marcar e, depois, já no segundo tempo, acertou uma canhota de pura categoria para iniciar a vitória do Flu. Ou melhor, a Vitória, assim mesmo, com “V” maiúsculo, pois o que veio pela frente foi um tsunami de gols em verde, branco e grená.


Até a metade da etapa final, quando Gabriel, pelo Flu, e Wágner, pela Raposa, haviam deixado o escore em três a dois, era possível dizer que o confronto estava em aberto, apesar de o Cruzeiro estar com um homem a menos (o lateral-esquerdo Anderson fora expulso). Porém, nos últimos 15 minutos, como se fosse uma máquina de fazer gols, Beto, Gabriel e Tuta transformaram o já ótimo triunfo tricolor em uma goleada avassaladora por seis a dois. Uma noite que nenhum torcedor do Fluminense se esquece. E do Cruzeiro também não...

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

POUPAR OU NÃO POUPAR? POUPE-NOS!


Quando Botafogo e Atlético Paranaense decidem apostar em um time inteiramente reserva para a disputa dos Campeonatos Estaduais, o Flamengo poupa metade dos titulares em uma competição como a Copa do Brasil ou o Internacional faz o mesmo na Copa Sul-Americana, dois recados estão sendo passados. O primeiro é o de que os as comissões técnicas dos clubes brasileiros, de todos eles, não somente os citados, são preguiçosas e não montam um planejamento para saber quem deve ser poupado e quando deve ser. O segundo, é que, para estes clubes, quanto menos objetivos forem estabelecidos para a temporada, melhor.

Pelos salários que recebem, é inadmissível que as comissões técnicas dos clubes de elite não montem um planejamento físico muito bem informado de seus respectivos elencos. É claro que problemas de contusão sempre surgem, mas com este planejamento em mãos seria possível prever o melhor momento para se poupar jogadores sem que a estrutura do time fosse abalada com seis, sete ou até onze alterações. Realizar um rodízio na equipe, como muitos fazem na Europa, é uma coisa. Trocar meio time ou um time inteiro porque se considera a competição sem relevância é outra. Uma outra muito mais preguiçosa.

Além do mais, ao mandar a campo um time de cheio de suplentes, o clube deixa bem claro que vencer o campeonato em questão não é um objetivo. Com o ato de ignorar Estaduais, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil, os clubes cortam três torneios da lista de possíveis metas, estratégia que diminui consideravelmente a pressão por resultados, pois dirigentes e torcedores parecem aceitar melhor as eliminações deste tipo. Convenhamos que esta é uma atitude no mínimo incompatível com clubes que pagam (às vezes não pagam, é verdade) folhas salariais que giram em torno de 10 milhões de reais por mês.


O Campeonato Brasileiro é longo, a Copa Libertadores é o sonho de qualquer torcedor e o calendário do nosso futebol ilustra toda a incompetência da CBF. Três verdade, mas verdades que não podem ser assumidas como desculpas para que outros torneios sejam ignorados e treinadores e jogadores percam a sede por levantar troféus.  

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

CHOCOLATE E CEREAIS

Já faz algum tempo que a incompetência dos dirigentes esportivos brasileiros me espanta mais do que a desonestidade que eles exalam. Não que eu me sinta acostumado e aceite a falta de caráter de grande parte dos cartolas, mas a incapacidade profissional para realizar o mais simples é de assustar. Estes próximos dias nos mostrarão um exemplo cristalino do que falo.

Imagine você, amigo, dono de um empreendimento que comercializa dois produtos: barrinhas de chocolate e barrinhas de cereais. Em determinado momento, com o intuito de aumentar as vendas das barrinhas de cereais, o que você acharia da ideia de investir em propagandas sobre os malefícios de se comer chocolate? Uma ideia completamente sem pé nem cabeça, concorda? Pois, em certa medida, é o que faz a CBF.

Completamente ausente de questões como projetos sociais, punições a atos racistas, profissionalização da arbitragem, controle da violência nos estádios, suporte aos clubes das divisões inferiores, entre outras, a CBF se compromete apenas a realizar as competições nacionais e explorar a Seleção Brasileira. O Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e a Seleção são os seus produtos.

No entanto, vamos presenciar nos próximos dias o seguinte cenário: as próximas duas rodadas do Brasileirão e os jogos de volta da Copa do Brasil não contarão com o melhor do pouco que temos, pois Jefferson, Gil, Elias, Everton Ribeiro, Ricardo Goulart, Robinho e Diego Tardelli, estarão servindo a Seleção Brasileira nos amistosos contra Colômbia e Equador.


Ao promover rodadas das principais competições nacionais em paralelo com jogos da Seleção, a CBF mostra que aconselharia ao amigo, caso fosse dono da empresa de barrinhas, a meter o pau no chocolate para vender mais cereais.