Em 1957, para comemorar os 25 anos do Racing Club de France Paris, foi criado o Torneio Internacional de Paris. Contando sempre com a presença de 4 clubes, a competição mostrava excepcionais duelos entre equipes sul-americanas e européias e os clubes brasileiros fizeram bonito em várias edições desta importante competição internacional. O Vasco sagrou-se campeão em 1957 ao vencer, por 4 a 3, o mais que podoroso Real Madrid de Alfredo Di Stefano. Em 1960 e 1961, o Santos de Pelé conquistou o Bi-campeonato e em 1963, o Botafogo de Garrincha também levou o troféu. Apesar de ser uma competição que sempre contava com a presença de grandes clubes e jogadores, o Torneio Internacional de Paris perdeu sua força após a criação da Copa Intercontinental, em 1960, onde os vencedores da Copa dos Campeões Europeus e da Taça Libertadores da América se enfrentavam. Entre 1967 e 1972, o Torneio Internacional de Paris permaneceu adormecido, voltando a ser realizado em 1973 sob organização do clube francês Paris Saint-Germain, o PSG. E foi assim que chegamos até a histórica edição de 1976.
Ao final de 1975, o presidente do Fluminense Francisco Horta deu inicio a um dos períodos mais históricos do futebol carioca, conhecido como “troca-troca”. Com intuito de promover o futebol no Rio e, claro, fortalecer o Fluminense, Horta realizou um verdadeiro escambo de craques entre os grandes clubes. O negócio com o Vasco rendeu ao Fluminense o forte e imponente zagueiro Miguel e o dinâmico Dirceu, um jogador que poderia falar sem medo de exagerar que corria o campo inteiro. Já na transação com o Flamengo, Horta conseguiu o excelente goleiro Renato, o completo lateral Rodrigues Neto, que atacava e defendia com muita competência, e o argentino Doval. Ídolo da torcida do Flamengo, Doval havia conquistado dois títulos estaduais com o rubro-negro, porém com toda sua raça e qualidade, também caiu nas graças da torcida tricolor. Somente o Botafogo não participou do “troca-troca”, pois não queria liberar o grande lateral Marinho Chagas, sonho de Horta, de maneira alguma.
Junte estes 5 recém chegados craques com ninguém menos que os Campeões do Mundo de 1970, Carlos Alberto Torres, Rivelino e Paulo César Caju. Torres havia chegado para liderar a equipe dentro e fora de campo, afinal muitos dos jogadores do elenco gostavam da noite carioca, e nada melhor que um líder como o “Capitão do Tri” para comandar e evitar exageros. Sobre Rivelino basta falar o seguinte: nesta época em que surgiam grandes craques no nosso país, como Zico, Falcão e Reinaldo, Rivelino ainda era o maior deles. E Paulo César Caju era o parceiro perfeito para o “Patada Atômica”, como Rivelino era conhecido. Bem mais experiente do que o garoto que em 1971 havia colocado a faixa de Campeão Carioca antes da hora, quando jogava pelo Botafogo e perdeu o título para o próprio Fluminense, o Caju permanecia infernal com a bola nos pés. Resumindo: não havia defensor que dormisse nas vésperas de enfrentar a dupla Rivelino/Caju.
A edição de 1976 do Torneio Internacional de Paris contou com, como sempre, 4 participantes. Foram eles: Seleção Olímpica Brasileira, PSG, Combinado Europeu e Fluminense. Os duelos que decidiram os finalistas foram Fluminense x PSG e Seleção Olímpica Brasileira x Combinado Europeu.
Nossa Seleção Olímpica contava com jogadores que realmente mostraram, com o passar do tempo, ser grandes craques. O seguro goleiro Carlos, o técnico zagueiro Edinho, o impetuoso lateral Júnior e o grande volante Batista, são os que participaram da lendária Seleção Brasileira de 1982 e ilustram a força desta equipe de jovens. Porém, ao enfrentar o poderoso Combinado Europeu, formado por jogadores eleitos pela revista France Football como os melhores do “Velho Continente”, nossa Seleção perdeu a chance de disputar a final ao ser derrotada por 3 a 2, em um jogo duríssimo. O destaque do Combinado Europeu era o trio formado pelos holandeses, vice-campeões do Mundo em 1974, Suurbier, Van Hannegen e Rensenbrink. Além deste excelente trio, os europeus contavam com a segurança do goleiro iuguslavo Petrovic, que era considerado por muitos o melhor do mundo. Se levarmos em consideração a experiência e qualidade desta equipe, veremos que nossa Seleção Olímpica fez um grande papel ao endurecer demais o jogo.
Já a outra partida foi um verdadeiro show do Fluminense. Com Rivelino em um dia inspirado, os franceses do PSG não conseguiram segurar o Tricolor. A vitória de 2 a 0 do Fluzão, com dois gols de Riva, encantou a torcida francesa, que já sabia pra quem torcer na decisão. Um trecho da crônica da Revista Placar, contando sobre o duelo final entre Fluminense x Combinado Europeu, nos dá a exata admiração que o torcedor francês tinha para com o Tricolor. “Finalmente ia começar a partida decisiva do torneio – e a consagração impressionante de Rivelino. Os jogadores alinharam-se diante da tribunal especial. Iam sendo anunciados os nomes: Renato, Rubens Galaxe, Carlos Alberto, Miguel, Rodrigues Neto, Carlos Alberto Pintinho, Paulo César. E aí ouviria mais nada – sequer o nome completo do Riva. Foi uma explosão nas arquibancadas, talvez os mais longos e entusiásticos aplausos da história do Parc de Princes.”*
A empolgação da torcida francesa foi correspondida em campo. Se no 1º tempo a partida foi equilibrada, com Paulo César marcando um golaço para empatar o jogo em 1 a 1, após o intervalo o que se viu foi um banho de bola tricolor. Com os europeus caminhando em campo, sofrendo com o calor de 30 graus, Rivelino e Doval acabaram com o jogo. Primeiro Riva sofreu pênalti (só com falta era possível pará-lo) que Carlos Alberto converteu. Apenas 3 minutos depois, aos 26, Doval dá um lindo drible no goleirão Petrovic e coloca números finais no placar. Com a bélissima vitória por 3 a 1, o Fluzão levou para as Laranjeiras um dos troféus mais lindos que um clube brasileiro possui.
Equipe-base: Renato; Rubens Galaxe, Carlos Alberto, Miguel e Rodrigues Neto; Carlos Alberto Pintinho, Paulo César e Rivelino; Dirceu, Luís Alberto e Doval.
Também atuaram: Edval, Kléber, Carlinhos e Gil
*Revista Placar – Grandes Reportagens de Placar - Fluminense
O CAMPEÃO DESTA COMPETIÇÃO DE PARIS EM 1957 FOI CREDITADO COMO CAMPEÃO DO MUNDO .
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