Olá amigos do FUTEBOLA!
Hoje o blog tem a honra conversar com Amarildo, o “Possesso”. Muitos dizem que o Garrincha conquistou a Copa do Mundo de 1962 sozinho, como se ele tivesse vestido as 11 camisas e vencido todos os adversários. Porém, apesar das atuações inesquecíveis do Mané, o Brasil não teria se sagrado Bicampeão Mundial sem a ajuda de outros craques. E um destes craques teve a dura missão de substituir o Pelé, que se contundira na segunda partida diante da Tchecoslováquia e não pôde mais atuar no torneio. E esse craque foi justamente o Amarildo, nosso entrevistado de hoje. Com dois gols logo em sua estréia contra a Espanha de Puskás (isso mesmo, o húngaro Puskás disputou a Copa do Mundo de 1962 pela Espanha) e mais um na final contra a Tchecoslováquia, Amarildo foi essencial para o Brasil levantar mais um caneco. Vamos então ao bate-bapo.
FUTEBOLA: Qual foi a sensação de disputar a Copa do Mundo de 1962?
Amarildo: O Mundial de 1962 foi a realização de um sonho meu como profissional, porque eu penso que é a meta máxima que um jogador pode almejar. Eu me sinto realizado dentro da minha profissão porque, além de ter sido um jogador conhecido em todo mundo, ainda fui agraciado com a Copa do Mundo, o máximo que um jogador profissional pode desejar. Então é uma sensação indescritível.
FUTEBOLA: E quando você descobriu que teria que substituir o Pelé? Você confiava muito em você ou sentiu um pouco de medo?
Amarildo: O “Possesso”, como me chamam, nunca teve medo. Eu, graças a Deus, sempre fui um jogador de personalidade, que nunca tive influência por um jogo ser mais difícil, contra um time pequeno, contra um time grande ou contra uma Seleção. Eu entrava em campo porque eu confiava na minha capacidade. Então isso, graças a Deus, foi uma coisa que eu tinha de bom. Eu jamais entrei em campo com medo.
FUTEBOLA: Como foi jogar em 1963, no Maracanã, contra o Santos, vestindo a camisa de um time italiano? Foi diferente? (Nota: em 1963 o Santos e o Milan se enfrentaram pelo Mundial Interclubes e Amarildo era jogador do Milan. Os resultados foram: Milan 4 x 2 Santos, no San Siro; Santos 4 x 2 Milan e Santos 1 x 0 Milan, ambos no Maracanã)
Amarildo: Foi diferente para os torcedores brasileiros. Eu era um recente Bicampeão do Mundo e o fato de eu ter substituído o Pelé, aquela expectativa dos torcedores de saber qual seriam as minhas condições psicológica e física, aquela pressão para saber o que iria acontecer... E depois do meu primeiro jogo, quando fiz dois gols contra a Espanha e ganhamos de 2 x 1, mudou completamente o pensamento dos torcedores. Eles me adotaram como ídolo. Então naquele jogo pelo Milan contra o Santos, eu afrontei o Santos como um adversário normal, somente como se fosse uma Copa do Mundo. Então, os torcedores brasileiros que me viram ser Campeão do Mundo estavam, naquele momento, me vendo contra um clube brasileiro, disputando praticamente um outro título mundial. Então eles me vaiaram, achavam que eu era um traidor. Mas eu compreendo. Fiquei magoado, mas compreendi depois que realmente eles tinham razão porque aquilo era uma vaia de amor, eles queriam que eu estivesse do lado do Santos. Mas é o futebol. Eu cumpri com a minha obrigação e eu acho que qualquer outro jogador faria a mesma coisa que eu fiz, procurando jogar para ganhar. Todos pensam que a vaia foi uma coisa negativa, mas eu eu não. Eu penso que foi uma coisa positiva porque, naquele momento, quem me vaiou me vaiou por amor, não por não gostar de mim.
FUTEBOLA:Você teve a honra de jogar ao lado do Pelé e do Garrincha. O que você acha daqueles que dizem que o Maradona foi o melhor de todos.
Amarildo: São poucos aqueles que dizem que o Maradona foi o melhor de todos. Os melhores são, realmente, o Pelé e o Garrincha, os dois têm o mesmo peso. E o Maradona foi um daqueles que também pode ser considerado um dos melhores do mundo. Para mim o Pelé e o Garrincha foram superiores e o Maradona vem logo atrás deles, juntos com outros. Mas o Maradona foi um grandíssimo jogador.
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