Não foram poucos os grandes times na história do Guarani. O
maior deles, sem dúvidas, o Campeão Brasileiro de 1978, com cracaços como Zé
Carlos, Zenon e Careca. Quase duas décadas depois, em 1994, o caneco nacional
não veio, mas o futebol protagonizado pela fogosa dupla Amoroso e Luizão (no álbum
de figurinhas é “Luisão”) colocou mais um esquadrão na galeria bugrina. Goleadas
como o 4 a 0 sobre o Santos, na 5ª rodada, quando o Alvinegro Praiano ainda não
havia sequer sofrido gol no torneio, e o 4 a 2 no São Paulo, no jogo de volta da
fase quartas de final, levaram o Guarani até a semifinal. Lá, caiu diante do “Dream
Team” do Palmeiras, uma derrota que de maneira alguma mancha a sensacional
campanha bugrina. No álbum selecionado pelo “Batendo Bafo” podemos ver as
figurinhas deste inesquecível Guarani, inclusive a do meia Djalminha, que pouco
atuou no torneio pois foi negociado com o futebol japonês. Destaque também para
o zagueirão Jorge Luís, ao lado de Amoroso e Luizão premiados com a Bola de
Prata da Revista Placar – Amoroso ganharia também a Bola de Ouro e seria o
artilheiro do certame empatado com Túlio Maravilha.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
UMA IMAGEM
Leônidas da Silva, Friedenreich e Pelé. Três gerações. Três lendas. Sem ufanismo, nenhum país do Planeta Bola é capaz de reunir tamanha genialidade.
COPA LIBERTADORES 2013 - FASE DE GRUPOS - HUACHIPATO X FLUMINENSE
Huachipato 1 x 2 Fluminense – Estadio CAP, Talcahuano (Chile)
Com todos seus cobras em campo, Fluminense se impõe no Chile,
vence o Huachipato de virada e assume a ponta do grupo 8.
Campeão do Clausura Chileno em 2012 e muito comentado após a
vitória sobre o Grêmio na estreia da Libertadores, o Huachipato, comandado pelo
treinador Jorge Pellicer, foi a campo no 4-4-2 com: Veloso; Contreras, Labrín,
Muñoz e Crovetto; Nuñez, Sandoval, Reyes e Arrué; Falcone e Brian Rodríguez. Pelo
lado tricolor, Abel Braga enfim escalou aquele que considera o seu onze ideal,
e o Fluminense foi organizado no 4-3-2-1 com: Diego Cavalieri; Bruno, Gum,
Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean e Deco; Thiago Neves e Wellington Nem;
Fred.
Se ainda não foi a volta do intenso Flu-2012, pelo menos o
futebol desértico que aparecera no atropelamento sofrido diante do Grêmio, há
uma semana, não voltou a dar as caras. Na etapa inicial, o Tricolor manteve
seus homens no campo de ataque sem conseguir pressionar e rodou a bola sem se
aprofundar, mas, mesmo assim, o pouco que fez foi suficiente para ver
Wellington Nem perder, quase engolido pela baliza, a chance de abrir o placar. Este
lance, digno de comédia pastelão, não tardaria a ser castigado, e o jogo foi para
o intervalo com os chilenos na frente. Depois de insistir em avanços pela
direita com Nuñez e Contreras, o Huachipato conseguiu, pela esquerda, chegar às
redes. Bruno dormiu no ponto, Crovetto alçou a redonda, Leandro Euzébio papou mosca
e Rodríguez foi para a galera.
Injustiça? Que nada! O controle da bola e o domínio do campo
exercidos pelo Flu foram apenas superficiais, e, mal ou bem, os chilenos
souberam aproveitar a chance que Wellington Nem desperdiçara. Para o 2º tempo,
o Huachipato se trancou todo e ficou à espera de uma nova bobeada carioca, um
contra-ataque ou uma bola parada. Porém, o recuo foi tamanho que a pressão tricolor
se tornou inevitável. Fred passou a ser mais acionado, o zagueiro Leandro
Euzébio deu lugar ao atacante Rhayner, Deco, recuado, passou a jogar à la
Pirlo, e a igualdade chegou em linda trama coletiva finalizada com um toque de
peito do Fred e um fatal arremate do Nem. Na hora do empate, o relógio apontava
20 minutos, e aos 30, Wagner, em sua primeira participação após substituir
Deco, chutou certeiro para virar o escore.
Não só virar o escore como dar números finais ao confronto,
pois o Huachipato não teria forças para reverter um panorama que ele mesmo
criara ao ignorar as ações ofensivas e recuar por completo para defender o um a
zero a seu favor. Menos pressionado em termos de tabela, o Fluzão tem tudo para
encaminhar sua classificação na próxima rodada, contra o mesmo rival, desta vez
no Engenhão.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
MULTICAMPEÕES ESTADUAIS - REGIÃO NORDESTE - PARTE 1
Poucas hegemonias no futebol brasileiro foram tão expressivas quanto a exercida pelo ABC de Natal nos anos 30. Entre 1932 e 1941, para ser mais exato, quando o Alvinegro Potiguar conquistou o Decacampeonato do Rio Grande do Norte, feito apenas igualado no país pelo América Mineiro, através das décadas de 10 e 20. Assim, nada mais justo de que começar pelo “Elefante do Frasqueirão” a história dos multicampeões do Nordeste, região do país com maior número de estados – e, justamente por isto, esta história será contada em duas partes.
Ao longo dos dez gloriosos anos em que ninguém no Rio Grande do Norte foi capaz de superar o ABC, muitos jogadores garantiram o espaço na galeria de ídolos do clube. Os goleadores Xixico, Hermes e Albano, o volante Simão, Mário Crise... No entanto, o símbolo, não só do período mas da história abcdista, foi o faz-tudo Vicente Farache. Ex-jogador alvinegro sem muita intimidade com a redonda, advogado e comerciante, o diretor-técnico Farache não poupava esforços pelo clube do seu coração. Montava o elenco com contratações e dispensas, treinava o time, pagava os salários, empregava os jogadores em suas lojas (sapataria e joalheria), comprava material de treino e de jogo. E mais... fez sua primeira esposa, a chilena Maria Lamas Farache, tão apaixonada pelo clube que o estádio Frasqueirão recebeu o nome dela como homenagem.
Na “Terra de Todos os Santos”, é o Bahia que merece ser chamado de “meu rei” quando o assunto é títulos em sequência. Com o implacável marcador Baiaco, o folclórico artilheiro Beijoca e o grande goleador Douglas, o Bahia chegou ao Hepta entre os anos de 1973 e 1979. E foi justamente o último dos canecos o mais saboroso para os tricolores. A final do Baianão de 79, contra o rival Vitória, foi para o terceiro jogo. No banco de reservas, um histórico duelo de treinadores entre os irmãos Moreira: o tricolor Zezé e o rubro-negro Aymoré. Ao Vitória bastava o empate, o qual segurava com unhas e dentes até o meia Fito chutar do meio da rua e o goleiro Gelson engolir um peru de fazer inveja a qualquer 25 de dezembro. Um a zero Bahia. Heptacampeão!
Fundado em 1937 para promover os esportes sobre duas rodas – motociclismo e ciclismo – o Moto Clube não tardaria a se destacar no cenário futebolístico maranhense e da região Norte/Nordeste. Com menos de uma década de vida, em 1944, para ser mais exato, o Rubro-Negro iniciou uma arrancada de títulos que culminaria com o Hepta Maranhense em 1950. Nomes como Galego, já acostumado com títulos desde a época em que jogava pelo pernambucano Maguary, o meia Zuza, conhecido como o “Professor”, e o homem-gol Pepê, único tetra-artilheiro consecutivo no Maranhão, levaram o clube a um período de glórias que também contou com o troféu de Campeão dos Campeões do Norte (1948) e uma excursão ao Amazonas (1947).
O fim do reinado motense no Maranhão coincidiu com o início de uma fase iluminada para o Ríver do Piauí. De 1950 a 1963, o clube levantou nada menos do que 13 canecos piauienses de 14 possíveis. E para abrilhantar ainda mais o período, o torcedor riverino não só comemorou o único Hepta Piauiense, alcançado entre 1950 e 1956, como viu duas goleadas homéricas sobre o rival Flamengo: 11 a 3, a maior da história do Rivengo, num amistoso em 1951, e 9 a 2, pelo Estadual de 1952. Nesta última, o ponta-direita Honorato, que tem a honra de ser tetra-artilheiro seguido do Piauiense, foi cinco vezes às redes. Outro grande nome do Hepta foi o goleiro Carlos Said, o “Magro de Aço”, um dos fundadores do clube e pioneiro do jornalismo esportivo local.
A recheada história dos multicampeões nordestinos não termina por aqui. Esta foi apenas a primeira parte, que, em breve, será completada com as façanhas dos tradicionais Ceará e Náutico e muito mais.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
CAMPEONATO CARIOCA 2013 - TAÇA GUANABARA - 8ª RODADA - DUQUE DE CAXIAS X VASCO
RESULTADOS
Friburguense 1 x 1 Macaé
Nova Iguaçu 2 x 2 Resende
Bangu 2 x 0 Volta Redonda
Olaria 0 x 2 Flamengo
Duque de Caxias 1 x 2 Vasco
Botafogo 2 x 2 Boavista
Fluminense 2 x 2 Madureira
Audax 0 x 0 Quissamã
ARTILHARIA
8 Gols – Hernane (Flamengo)
6 Gols – Bernardo (Vasco)
5 Gols – Charles Chad (Duque de Caxias) e Rodrigo (Madureira)
Duque de Caxias 1 x 2 Vasco – Moacyrzão, Macaé (RJ)
Bernardo marca duas vezes e Vasco vence Duque de Caxias de
virada para se garantir na liderança do grupo A da Taça Guanabara.
Necessitado – e muito! – de um bom resultado para se afastar
da zona da degola, o Duque de Caxias foi organizado pelo treinador interino
Mário Júnior no 3-4-2-1 com: Fernando; Iago, Paulão e Sérgio Raphael; Dudu,
Renan Silva, Lucas e Antônio Carlos; André Gomes e Leandro Cruz; Charles Chad. Com
Tenório e Leonardo no departamento médico, o técnico Gaúcho decidiu escalar seu
time sem um homem de área na luta para confirmar a vaga na fase semifinal.
Assim, o Vasco foi a campo no 4-3-3 com: Alessandro; Nei, Dedé, Renato Silva e
Dieyson; Abuda, Pedro Ken e Wendel; Éder Luís, Bernardo e Carlos Alberto.
Mal o juiz apitara e já era possível enxergar o tamanho da
muralha que o Vasco teria que superar para chegar à meta duquecaxiense. Era um
verdadeiro “Ferrolho da Baixada” o time comandado pelo Mário Júnior. Mas
engana-se quem pensa que o Duque de Caxias foi só defesa. Pelo contrário, além
de trancar o gol defendido pelo Fernando com sete chaves, o Duque espetou a esburacada
retaguarda vascaína mais do que se esperava. Logo aos 10 minutos, Charles Chad
saiu na cara do goleiro Alessandro e desperdiçou a chance de abrir o placar, que
ele mesmo viria a inaugurar aos 17: Leandro Cruz superou Nei, cruzou, Renato
Silva molengou e Chad completou. E enquanto o Vasco batia no ferrolho, o Duque
ainda teve a chance de ampliar com Leandro Cruz, mas a bandeira do impedimento
foi equivocadamente erguida.
O Duque voltou do intervalo com as mesmas entrega e
disciplina – o zagueiro da sobra, Paulão, se multiplicava em dois, até três! A
oportunidade gigante de deixar a vaca vascaína ainda mais perto do brejo surgiu
aos 23 minutos, mas foi desperdiçada de maneira imperdoável pelo Charles Chad.
Pouco antes, Bernardo acertara a trave em cobrança de falta, e, logo depois, foi
a vez do volante alvinegro Dakson também ver seu arremate beijar o poste. O Vasco
estava vivo, e cresceu mais ainda depois que o duquecaxiense Leandro Cruz, um
perigo constante, foi substituído. Faltavam pouco mais de 20 minutos, tempo que
o Cruz-Maltino aproveitou para se lançar com corpo e alma ao ataque e
transformar as bolas que explodiam na trave em gols. Ambos com o alucinado Bernardo.
Ambos após belas participações do Carlos Alberto, até então apagado. O
primeiro, aos 28. O segundo, três minutinhos depois.
A vitória suada, de virada, arrancada quase que a força,
impede que o Vasco entre cabisbaixo na semifinal diante do Fluminense. Mais
ainda por ter a vantagem do empate. Porém, os cuidados defensivos pelo lado da
Colina devem ser dobrados, triplicados, quadruplicados, pois se as chances que
Charles Chad teve de balançar as redes forem dadas ao Fred, a situação pode se
tornar irreversível.
CURTINHAS PELO CARIOCÃO!
- O herói rubro-negro desta rodada não foi nem o Rafinha nem o
“Brocador” Hernane, mas sim o Renato “Atômico”, autor dos dois gols da vitória
sobre o Olaria. Um deles, o segundo, um foguetaço de fora da área. Este triunfo
flamenguista, irrelevante em termos de tabela, merece um destaque: Dorival
ignorou o fato de já estar garantido na liderança geral e poupou apenas quem
precisava ser poupado (Elias). Assim, o Flamengo não precisou dar uma pausa “forçada”
e arriscar diminuir o intenso ritmo de suas recentes atuações.
- Enquanto Abel Braga e sua comissão técnica seguem com a
ideia de que o “time ideal” do Fluminense não precisa jogar junto para se sintonizar
e retomar o embalo de 2012, o Tricolor leva o Carioca na base do “Mistão”. Opção
arriscada. Por pouco – muito pouco – o Boavista não tirou a vaga do Flu, que
tem em Samuel uma pedra valiosa cada vez melhor lapidada.
- O objetivo do Botafogo na rodada era bater o Boavista e
entrar na semifinal com a vantagem do empate. Não conseguiu, e agora terá que
atacar um Flamengo que tem como principal virtude as saídas em velocidade. Este
Fla versus Bota será um jogão!
sábado, 23 de fevereiro de 2013
LUZ, CÂMERA, GOL! - TIRANDO A GOL (1966)
“Tirando a
Gol” tem um quê de “Romeu e Julieta”. Duas famílias. Uma, a de Felipe (David
Reynoso), é de fanáticos pelo América do México. A outra, de Flora (Lola
Beltran), é Chivas até a alma. E para apimentar ainda mais a relação, o filho
de Felipe, Rafael, e os filhos de Flora, Manolo e Pedro, são jogadores dos seus
respectivos clubes de coração e grande rivais dentro de campo.
É neste
cenário de rivalidade entre dois dos maiores clubes mexicanos que nasce uma
história, ou melhor, nascem duas histórias de amor. Não só Felipe e Flora se
apaixonam como Teresa, filha de Felipe e a única que não se importa com o
futebol, e Manolo também. E é aí, na tentativa de uma convivência pacífica
entre duas famílias rodeadas pela mais intensa rivalidade futebolística, que
reside a diversão desta película.
Sem nem um
pingo de dúvida, a melhor cena de todo o filme é a que os dois casais, Felipe e
Flora e Manolo e Teresa, vão ao cartório para confirmar a união. O responsável
pelo processo é ninguém menos do que Ramón Valdés, imortalizado no Brasil como
o Seu Madruga do seriado Chaves, e as testemunhas são os craques do América e
do Chivas, dentre eles os brasileiros Arlindo, Zague e Vavá.
Mesmo que de
uma forma superficial, “Tirando a Gol” expõe a importância do ato de torcer
para os mexicanos. E o principal exemplo se encontra na justificativa de um “arquibaldo”
para sua ira excessiva contra o próprio time: “O meu chefe, no escritório, e
minha mulher, em casa, me apurrinham durante todo o dia. Quero somente aliviar
a cabeça”.
Uma comédia
romântica. Mais comédia que romântica. Repleta de clichês e de futebol. Assim é
“Tirando a Gol”, uma boa fonte de risos.
Tirando a
Gol (1966)
Direção:
Icaro Cisneros
Roteiro: Janet
Alcoriza
Elenco: Lola
Beltrán, David Reynoso, Julissa, Fernando Luján, Federico Falcón e Juan Ferrara.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
BIBLIOTECA DO FUTEBOLA - FUTEBOL BRASIL MEMÓRIA
“Futebol Brasil Memória” é um livro de primeiríssima linha
para se conhecer mais dos primeiros passos do futebol no Rio de Janeiro e do
contexto social da então capital federal. Cláudio Nogueira apresenta não só os
importantes momentos esportivos desde a chegada de Oscar Cox até a consagração
de Leônidas da Silva, mas também as relações estabelecidas entre o futebol e os
movimentos que fervilhavam na época, como a Belle Époque, o nascimento do
samba, a ascensão de Getúlio Vargas. Somam-se a estas relações capítulos
preciosos sobre as batalhas para a aceitação dos negros e desfavorecidos
sociais e o embate entre amadorismo e profissionalismo. Em poucas palavras, uma
obra fundamental sobre o futebol carioca.
Futebol Brasil Memória – De Oscar Cox a Leônidas da Silva
Autor: Cláudio Nogueira
Editora: Senac Rio
COPA LIBERTADORES 2013 - FASE DE GRUPOS - FLUMINENSE X GRÊMIO
Fluminense 0 x 3 Grêmio – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Grêmio joga o fino da bola no Engenhão, vence um Fluminense desértico por 3 a 0 e embola o Grupo 8 da Libertadores.
Mesmo com Gum, Deco e Thiago Neves disponíveis, Abel Braga decidiu repetir a escalação que venceu o Caracas na estreia da Libertadores e organizou seu time no 4-3-3 com: Diego Cavalieri; Bruno, Leandro Euzébio, Anderson e Carlinhos; Jean, Edinho e Wagner; Wellington Nem, Rafael Sóbis e Fred. Com três alterações em relação ao time que foi derrotado em casa para o Huachipato, o Grêmio foi em busca da reabilitação montado pelo Vanderlei Luxemburgo no 4-2-2-2 com: Dida; Pará, Cris, Werley e André Santos; Fernando e Souza; Elano e Zé Roberto; Vargas e Barcos.
Qualquer que seja a análise escolhida – física, tática, técnica ou psicológica –, o Grêmio foi muito superior ao Fluminense no Engenhão. Disposição leonina, concentração máxima durante os 90 minutos, impecáveis aplicação tática e ocupação de espaços, inteligência e apreço no trato com a bola. Foram muitas as qualidades gremistas na maiúscula vitória sobre o Fluminense. Coletiva e individualmente. André Santos apresentou a profundidade de seus tempos de Corinthians, Fernando dominou o meio-campo, Zé Roberto fez de tudo um pouco com enorme qualidade, Vargas e Barcos colocaram a retaguarda carioca no bolso. Os três gols – Bruno, contra, no 1º tempo, André Santos (impedido) e Vargas, já na etapa final – foram apenas a consequências naturais de tamanha superioridade gaúcha.
Não seria justo detonar Abel Braga e o Fluminense apenas por uma ruim – péssima! – apresentação. Foi aquela noite em que nada deu certo. Não por superstição, búzios, tarô ou semelhantes, mas porque o Flu não teve, pelo menos desta vez, a capacidade para igualar o grande jogo de um grande adversário. Nem com o onze inicial, nem após a entrada de Deco, no intervalo, e muito menos com Thiago Neves e Samuel no gramado. A defesa não encaixou, o meio-campo não pensou e o ataque não funcionou. E aí é que entra em questão algo maior do que apenas os 90 minutos deste duelo entre tricolores. Para o Fluminense retornar à vitoriosa fase do Brasileirão de 2012, precisa jogar, encorpar, engrenar... É difícil reconquistar tudo isto em apenas dois meses. Mais ainda com tantos “times mistos” e jogadores poupados ao longo do Carioca.
Com os craques que possui, o Fluminense pode conseguir um punhado de vitórias. Já a segurança e o ritmo avassalador do ano passado só voltarão com o tempo. E quanto mais vezes a “equipe ideal” que Abel tem em mente jogar, mais rápido será.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
NOMES DOS ESTÁDIOS - FRASQUEIRÃO
O
Frasqueirão, casa do ABC de Natal, ao lado do América-MG os únicos Decacampeões
Estaduais do país, é um palco bem recente – foi inaugurado em 2006. O nome do
estádio, entretanto, vem de um tempo já bem distante, de uma época onde a vida
do casal Farache e a do ABC se misturavam, caminhavam juntas, como uma só.
Vicente
Farache Netto tentara ser jogador de futebol no fim dos anos 10, mas a bola,
digamos, não era sua melhor amiga. A habilidade que não tinha nos gramados,
Farache tinha para o comércio e para a advocacia. Assim, foi questão de tempo
até se tornar um dos mais bem sucedidos comerciantes natalinos e um reconhecido
promotor público. Este status alcançado e sua paixão pelo ABC lhe transformaram
não só no diretor técnico, mas num verdadeiro faz-tudo na época mais gloriosa
do Alvinegro Potiguar.
Entre 1932 e
1941, quando o ABC conquistou a façanha do já citado Deca Potiguar, Farache
montou o elenco com contratações e dispensas, empregou muitos jogadores em suas
lojas – a de sapato e tecidos e a joalheria – bancou alimentação e material
esportivo da equipe... em outras palavras, viveu para o ABC.
Diz o velho
ditado que “por trás de todo grande homem, há uma grande mulher”, e, neste
caso, toda paixão e entrega de Victor Farache ao Alvinegro só foi possível
porque, dentro de casa, ele teve uma companheira que fazia de tudo por ele e,
consequentemente, pelo ABC: a chilena Maria do Rosário Lamas Farache. Durante
todo o período em que estiveram casados, de 1935 até 1949, ano de sua morte,
Maria Lamas Farache se tornou uma abcdista de corpo e alma, e dedicou ao clube
somente os melhores sentimentos.
O Estádio
Maria Lamas Farache deve ser lido como uma belíssima homenagem a uma mulher que
adotou o Alvinegro Potiguar como clube de coração. Porém, mais do que isto,
deve ser lido como um agradecimento ao casal Farache, sinônimo de ABC.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
CAMPEONATO CARIOCA 2013 - TAÇA GUANABARA - 7ª RODADA - FLAMENGO X BOTAFOGO
RESULTADOS
Madureira 2 x 3 Bangu
Resende 1 x 1 Friburguense
Boavista 1 x 0 Olaria
Macaé 1 x 0 Nova Iguaçu
Vasco 2 x 0 Audax
Quissamã 1 x 1 Duque de Caxias
Volta Redonda 1 x 3 Fluminense
Flamengo 1 x 0 Botafogo
ARTILHARIA
8 Gols
Hernane (Flamengo)
4 Gols
Bernardo (Vasco)
Charles Chad (Duque de Caxias)
Derley (Madureira)
Frontini (Volta Redonda)
Marcel (Macaé)
Seedorf (Botafogo)
Flamengo 1 x 0 Botafogo – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
“Brocador” Hernane – sempre ele! – volta a ser decisivo em
vitória do Mengão, que supera Botafogo com gol no início e garante a melhor
campanha na fase de grupos da Taça Guanabara.
Contratado com pompas de grande destaque, Carlos Eduardo foi
escalado pela primeira vez por Dorival Junior no onze inicial do Flamengo, que
foi a campo no 4-3-3 com: Felipe; Léo Moura, Wallace, González e João Paulo;
Cáceres, Elias e Ibson; Carlos Eduardo, Rafinha e Hernane. Com muitos e
importantes nomes no departamento médico, Osvaldo de Oliveira decidiu por
manter o Botafogo no 4-2-3-1 e montou o time com: Jefferson; Lucas, Bolívar,
Antônio Carlos e Márcio Azevedo; Fellype Gabriel e Júlio César; Lodeiro, Seedorf
e Vitinho; Bruno Mendes.
Eletrizantes! Assim foram os primeiros 20 minutos do clássico
no Engenhão, que começou com uma constante neste Cariocão: gol de oportunismo do
Hernane. Ao tento do artilheiro isolado do campeonato se seguiu uma chuva de lances
perigosos. E para ambos os lados. Fellype Gabriel carimbou a trave; Vitinho
arrematou, de dentro da área, por cima da baliza; Rafinha desperdiçou cara a
cara com Jefferson; Bruno Mendes chutou, à queima roupa, em cima de Felipe;
Hernane e Lodeiro bateram bem de fora da área. Um lá e cá de tirar o fôlego. Depois
desta sucessão de finalizações e supremacia dos ataques sobre as retaguardas, o
cenário tático do confronto se estabeleceu. O Flamengo, com todos seus homens
recuados a espera do contra-ataque. O Botafogo, com uma postura avançada na
busca pelas rédeas da partida.
Este panorama se manteve da metade final do 1º tempo e ao
longo dos primeiros 15 minutos após o intervalo. Porém, como flamenguistas e
botafoguenses insistiam nos chutões para frente e ignoravam a possibilidade de
um toque de bola mais qualificado, nem o Rubro-Negro conseguia encaixar um
contra-golpe, nem o Alvinegro aprofundar suas tramas ofensivas, apesar de se
postar nas cercanias da área adversária. Com 30 minutos por jogar, o Flamengo
começou a confirmar sua vitória ao encaixar sucessivos contra-ataques com o
veloz e até então sumido Rafinha. Se não voltou às redes, pois Rodolfo e Ibson não
seguiram à risca o manual da finalização perfeita, o Flamengo, pelo menos,
assustou o Botafogo o suficiente para o afastar do arqueiro Felipe. E, assim, pode-se
dizer que, nesta parte final, o Fla esteve mais perto de ampliar a vantagem do
que de sofrer o empate.
O apito final trouxe ao Flamengo mais que moral por outra
vitória em clássicos. Trouxe, também, a liderança geral, que o permite jogar por
empates na semifinal e em uma possível decisão da Taça Guanabara. Para um time
letal nos contra-ataques, esta é uma vantagem e tanto.
CURTINHAS PELO CARIOCÃO!
- Se houve algo de técnica no emocionante triunfo banguense por
3 a 2, que tirou o Madureira dos trilhos da classificação, este saiu dos pés do
meia tricolor Rodrigo, que já havia se destacado no 1 a 1 contra o Flamengo. No
meio de muita entrega e dedicação, Rodrigo mostrou bom toque de bola e,
principalmente, precisão nos arremates, qualidades que, no entanto, não foram
suficientes para o seu Madureira vencer tão importante confronto.
- Mais do que a vitória que o recolou na zona de
classificação e deu fim à péssima sequência de apenas um ponto conquistado nos
últimos nove disputados, o Vasco pode comemorar uma atuação defensiva sem
falhas, o que não ocorria há um bom tempo. Contra o Audax, o mais “carrancudo”
Dedé e seus companheiros tiveram uma jornada mais segura do que as últimas.
- São raros os times no Brasil que podem deixar de fora dez
titulares que venceram no meio de semana pela Libertadores e escalar um time
com nomes como Deco, Felipe e Thiago Neves, além de garotos promissores como Marcos
Júnior e Samuel. A pergunta que fica é: apesar da vitória sobre o Volta Redonda,
vale a pena mandar a campo um onze que nunca mais deverá jogar junto?
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS
Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.
Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
MULTICAMPEÕES ESTADUAIS - REGIÃO SUDESTE
A história dos
multicampeões sudestinos é de extremos. De um lado, o Decacampeão América
Mineiro. Do outro, os “apenas” Tetras Paulistano, Fluminense e Botafogo, já que
a maior força competitiva do Paulistão e do Cariocão não permitiu surgir,
nestes Estados, uma hegemonia mais longa.
Dez títulos conquistados de forma consecutiva. Esta é
a marca alcançada pelo América, e igualada somente nos anos 40 pelo ABC de
Natal. Entre 1916 e 1925, Atlético Mineiro e Palestra Itália (que no início dos
anos 40 mudaria o nome para Cruzeiro) não foram páreos para o “Coelho” do
goleador Satyro Taboada, que marcou, neste vitorioso período, os gols que lhe
tornariam o maior artilheiro do clube em todos os tempos. Numa época onde o
futebol ainda era elitista e amador, e os jovens jogadores se dividiam entre os
campos de jogo e de estudo, este campeoníssimo América pôde contar em seu time
com Otacílio Negrão de Lima, futuro Prefeito de Belo Horizonte, e Lucas
Machado, um dos médicos fundadores do Hospital São Lucas.
Vale dizer, apenas por registro e sem a intenção de
manchar a façanha americana, que o Campeonato de 1925 teve apenas alguns poucos
jogos antes de ser declarado inexistente por uma assembleia entre os clubes.
Até hoje, historiadores debatem sobre a legitimidade deste titulo tricolor.
Em São Paulo, não tem para Charles Miller, Neco,
Romeu, Leônidas, Pelé, Ademir da Guia, Sócrates, Rogério Ceni... O único
Tetracampeão do mais antigo Estadual do país foi o Paulistano de Arthur
Friedenreich. A campanha teve início em 1916, com o título da Associação
Paulista de Esportes Atléticos, quando o futebol paulista era dividido, e
seguiu até 1919, com mais três triunfos em certames já unificados. O lendário
Fried, autor de 49 gols nos dois últimos títulos da sequência, teve a companhia
de inesquecíveis nomes do amadorismo como Rubens Salles e Sergio. Depois de ser o primeiro clube
brasileiro a excursionar para a Europa, o que o fez com enorme sucesso em 1925,
o Paulistano, contrário ao profissionalismo, fechou as portas do seu
departamento de futebol em 1929.
Neste há pouco iniciado Paulistão de 2013, o Santos
terá a oportunidade de igualar a marca do Paulistano, e, caso consiga, Neymar
abrilhantará sua trajetória com um feito que, como contou o último parágrafo,
craques do mais elevado quilate não conseguiram.
O primeiro Multicampeão do Rio de Janeiro nasceu junto
com o próprio torneio. De 1906, ano de estreia do Cariocão, até 1909, o
Fluminense dominou o então aristocrático futebol da cidade. Nos campos – fosse
o da Rua Guanabara, nas Laranjeiras, da Rua Ferrer, no bairro de Bangu, ou da
Rua da Constituição, na cidade de Niterói – o futebol ainda era mais britânico
do que brasileiro, e existiam até brindes ao Rei da Inglaterra após alguns
confrontos. Foi neste cenário que o Fluzão dos irmãos Etchegaray, Victor,
zagueiro elegante, e Emile, goleador nato, de Edwin Cox, irmão do pioneiro do
futebol carioca, Oscar Cox, e de Horácio dos Santos, autor tanto do primeiro
gol da história do clube quanto do campeonato, alcançou suas primeiras glórias.
Vale dizer que, oficialmente, o Tetra tricolor só foi
reconhecido em 1996, quando da decisão da FERJ de dividir o título de 1907
entre Fluminense e Botafogo. Ambos haviam terminado o torneio com o mesmo
número de pontos e não chegaram a um consenso para decidir o vencedor.
Se o Tetra do Flu foi conquistado num momento
historicamente único para o futebol carioca, o do Botafogo não fica atrás. No
início dos anos 30, a questão do profissionalismo atingiu o ápice de sua
importância até então, e não tardou para o futebol carioca se dividir. Entre os
anos de 1933 e 1936, o panorama no Rio era o seguinte: amadores para um lado,
profissionais para o outro. E foi entre os amadores que o Botafogo da
inesquecível dupla Nilo e Carvalho Leite – que, juntos, marcaram quase 500 gols
pelo Glorioso – chegou ao Tetra. Tudo começou com o título de 1932, quando o
campeonato ainda era unificado, e terminou em 1935, com uma linha ofensiva que,
além dos já citados Nilo e Carvalho Leite, teve Leônidas da Silva e Russinho,
duas lendas do futebol carioca.
Menos prestigiado e poderoso dos torneios sudestinos,
o Campeonato Capixaba também tem muita história para contar. Seu maior Campeão
consecutivo é o Rio Branco, Hexa entre os anos de 1934 e 1939 com o envolvente
“Ataque Ping-Pong”, que ganhou o apelido pelos rápidos passes que Cícero
Nonato, Marciolínio, Alcy Simões, Lacínio e Renato trocavam até o gol
adversário. No Estadual de 1936, por exemplo, foram nada menos do que 57 gols
em 11 jogos (média de 5,2 tentos por partida). Esta mesma linha de frente daria
enorme trabalho para Fluminense, Portuguesa e Atlético Mineiro na Copa dos
Campeões Estaduais de 1937, quando o Rio Branco terminou invicto como mandante
– com uma histórica vitória por 4 a 3 sobre o Flu –, mas não conseguiu repetir as
atuações fora de casa e terminou na 3ª colocação.
COPA LIBERTADORES 2013 - GRUPO 3 - ATLÉTICO MINEIRO X SÃO PAULO
Atlético Mineiro 2 x 1 São Paulo – Independência, Belo
Horizonte (MG)
Ronaldinho aproveita duas bobeadas da defesa são-paulina para
servir seus companheiros e dar a vitória ao Atlético Mineiro no pulsante
Independência.
Para o confronto que marcava a volta do Atlético Mineiro à
Libertadores após 13 anos, Cuca manteve a base que realizou um grande Brasileirão
em 2012 e organizou o time no 4-2-3-1 com: Victor; Marcos Rocha, Leonardo
Silva, Réver e Júnior César; Leandro Donizete e Pierre; Bernard, Ronaldinho e
Diego Tardelli; Jô. Em sua 16ª participação no principal torneio sul-americano –
é o clube brasileiro mais presente na história da competição – o São Paulo foi
organizado pelo Ney Franco no costumeiro 4-2-3-1 com: Rogério Ceni; Paulo
Miranda, Lúcio, Rhodolfo e Cortez; Denílson e Wellington; Douglas, Jádson e
Osvaldo; Luís Fabiano.
Seria exagero dizer que o Atlético engoliu o São Paulo no 1º tempo
por um simples motivo: o Galo não conseguiu transformar sua imensa superioridade
num placar mais confortável do que o um a zero, gol de Jô, aos 12, após falha
imperdoável de toda retaguarda tricolor, que deixou Ronaldinho receber, livre,
leve e solto, uma inteligente cobrança de lateral do Marcos Rocha. Porém, nos
primeiros 45 minutos, o meio-campo atleticano tomou conta do jogo. Pierre
implacável, Leandro Donizete dinâmico, Bernard onipresente, Ronaldinho preciso...
O estreante Diego Tardelli, claramente por questões físicas, destoou. Já o São
Paulo? Bom, esteve irreconhecível. Não conseguiu nem atacar pelos flancos, nem pelo
meio. Nem com a bola parada, nem com ela rolando. Luís Fabiano? Sequer sentiu a
textura da gorducha.
Após o papo no vestiário, o Tricolor saiu do 110V para o 220V.
Osvaldo e Douglas enfim apareceram, a postura do time se tornou mais adiantada
e o Atlético se perdeu. A situação paulista ficou ainda melhor com a entrada de
Aloísio no lugar do Paulo Miranda, com Douglas deslocado para a lateral. Pouco
após o minuto 20, quando o São Paulo dominava por completo, Luís Fabiano – numa
situação onde não costuma perdoar – e Aloísio tiveram as chances do empate. Não
superaram o arqueiro Victor, e, aos 27, Ronaldinho passou por Ganso e
Wellington, como se fosse um profissional contra infantis, e colocou a pelota
na cabeça de Réver: Galo dois a zero. O gol do Aloísio, 10 minutos depois, em
linda assistência do “Fabuloso”, deixou o jogão em aberto.
Restava ao Galo fazer o tempo passar, o que conseguia com
sucesso até Marcos Rocha resolver afastar um cruzamento com o peito, à la
futevôlei, e Ganso, já nos acréscimos, arrematar rente ao poste para fazer todo
atleticano – em casa, num bar ou na arquibancada – colocar a mão no coração de susto. Placar
final: Atlético dois, São Paulo um. Baita jogo, mas com muitas falhas para dois
times que pretendem – e vão – lutar pelo título.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
BATE-PAPO COM NILTON SANTOS, ESPECIALISTA EM ESCOLAS DE SAMBA E AMANTE DO FUTEBOL
Doutor em Antropologia Cultural pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em desfile de escolas de samba e amante do
futebol, Nilton Silva dos Santos conversou com o FUTEBOLA sobre a relação
histórica entre estas que talvez sejam as duas mais reveladoras instituições sociais
brasileiras: o carnaval e o futebol.
FUTEBOLA: Historicamente e/ou
sociologicamente, seria possível estabelecer algum parentesco entre samba e
futebol?
NILTON SANTOS:
O primeiro concurso organizado de escolas de samba teve o Jornal dos Sports
como um dos patrocinadores. Existe, sim, um parentesco entre o esporte e o
carnaval. O nascedouro desta forma moderna de competição entre escolas teve o
Jornal dos Sports, na figura do Mário Filho, como um de seus organizadores.
FUTEBOLA: Quando jogador do Barcelona,
Romário queria dois dias de folga para vir ao Brasil curtir o carnaval. Cruyff,
então treinador, disse que daria os dias livres ao “Baixinho” caso ele marcasse
dois gols no jogo seguinte. Romário, craque como poucos, cumpriu o pedido e
ganhou seu carnaval. Já Edmundo, em 1999, ganhou folga da Fiorentina para poder
pular o carnaval carioca, o que muitos dizem ter sido a senha para o time de
Florença desandar no Campeonato Italiano. Você acha que o futebol brasileiro deveria
parar no Carnaval e dar tempo livre aos jogadores?
NILTON SANTOS:
Há especificidades nos calendários futebolísticos mundo afora. No Campeonato
Inglês sempre se joga no dia 1º de Janeiro. Acho que seria interessante se nós entendêssemos
a importância do Carnaval e não tivéssemos jogos, por exemplo, na Quarta-feira
de Cinzas. Cidades de todo Brasil param durante o carnaval e seria interessante
que o futebol também respeitasse esta festa e os desdobramentos que ela
acarreta sobre as pessoas.
FUTEBOLA: Você acredita que, como o futebol
brasileiro, as escolas de samba se afastam cada vez mais de suas raízes e vão em
direção a uma modernidade que não necessariamente representa uma evolução?
NILTON SANTOS:
Não sou saudosista. Eneida [escritora da obra História do Carnaval Carioca] dizia
que as piores coisas para o carnaval são os saudosistas e a polícia. Vejo
escolas de samba nas quais as comunidades estão fortemente vinculadas. Não
podemos mais dizer que as escolas serão compostas somente com as pessoas que
moram em tal morro, tal favela, tal bairro... A escola de samba agrega pessoas dos
mais diferentes estratos, e muitas da própria comunidade. E o caso da
Beija-Flor é notório, pois ela sempre ganha notas altas nos quesitos que exigem
o canto, a dança, o conjunto, a entrega, a harmonia... Ela pode perder notas em
enredo ou samba-enredo, mas nos quesitos que envolvem o comprometimento com a
escola ela vai bem. E poderíamos citar outros exemplos, como a Imperatriz, na
área da Leopoldina, a Viradouro, em Niterói, e outras mais tradicionais. Neste
sentido as escolas ainda são parte da sua localidade, por mais que existam setores
diversos, oriundos de outras partes da cidade, que convergem para as escolas de
samba.
FUTEBOLA: Hoje em dia, falta carnaval no jogo
brasileiro?
NILTON SANTOS:
Acho que perdemos, nos últimos tempos, a liberdade do toque de bola, do drible,
e a própria postura de alguns jogadores com outros mais habilidosos, com o
chutão, a falta, a agressão, a intimidação, é uma prova. Isto tem a ver com uma
concepção de futebol que desde as categorias de base privilegia não o menino habilidoso,
mas o mais alto e forte, porque ele será um bom zagueiro ou cabeça de área. Isto
que inventaram agora de que o jogador é muito bom para desarmar no meio-campo,
mesmo que ele não saiba o que fazer com a bola depois. Retomar a habilidade, a intimidade
com a bola é o que precisa ser feito. É até curioso se pensamos em certas
figuras que andaram militando no futebol brasileiro, símbolos que retratam um
pouco do nosso panorama, como a tal da Era Dunga, que para mim foi um momento
triste do futebol. Tentaram dizer que foi um exagero, mas, do meu ponto de
vista, foi o marco de um futebol limitado. Quando você vê Xavi e Iniesta, no Barcelona,
fica gritante a diferença de um meio-campo que sabe tocar, sabe lançar, e um que
tem pouca intimidade com a bola. Por mais que tenha força, raça e empenho, a
habilidade deixa a desejar.
FUTEBOLA: Nos últimos quatro anos, você foi
julgador de enredo no Grupo de Acesso das Escolas de Samba. O que seria um
enredo nota 10 relacionado ao futebol?
NILTON SANTOS:
O futebol dá uma infinidade de possibilidades. Lembro-me da Beija-Flor, com o
enredo “o Mundo é uma Bola”. A bola como objeto, a Copa do Mundo como evento...
Dá samba, dá carnaval. Se for oficializado que os enredos, em 2014, sejam sobre
futebol, cada carnavalesco saberá dar uma leitura própria. Há uma
multiplicidade de possibilidades: os que trouxeram a bola ao Brasil – escoceses
ou ingleses? –, como o futebol se espalhou pelo país, como os inventores do
futebol não são os melhores, como o Brasil ganhou cinco Copas do Mundo, o êxodo
de jogadores brasileiros, os clássicos locais...
sábado, 9 de fevereiro de 2013
CAMPEONATO CARIOCA 2013 - TAÇA GUANABARA - 6ª RODADA - FLUMINENSE X VASCO
Fluminense 1 x 1 Vasco – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Tudo igual no clássico do carnaval. Vasco sai na frente em gol
contra de Jean, mas Fluminense pressiona e empata, com Fred, já no fechar das
cortinas. O resultado deixa o Flu em situação de alerta e o Vasco a depender de
outros para avançar de fase.
Em situação ainda indefinida e não muito confortável no grupo
B da Taça Guanabara, o Fluminense foi para o clássico com a força máxima que o
departamento médico permitia e organizado pelo Abel Braga no 4-3-1-2 com: Diego
Cavalieri; Bruno, Digão, Leandro Euzébio e Carlinhos; Valencia, Jean e Edinho; Wagner;
Wellington Nem e Fred. Para se recuperar das duas derrotas consecutivas que o
tiraram da zona de classificação no grupo A, o Vasco contou com a volta de
Carlos Alberto e foi escalado pelo Gaúcho no 4-3-1-2 com: Alessandro; Nei,
Dedé, Renato Silva e Dieyson; Abuda, Pedro Ken e Wendel; Carlos Alberto; Éder
Luis e Tenório.
A história deste Flu versus Vasco pode ser contada pelas
falhas defensivas de ambos os lados. E foram muitas falhas! No 1º tempo, a
retaguarda tricolor se viu perdida diante de bons contra-ataques vascaínos e mais
ainda nas jogadas de bolas aéreas. Foi assim, pelo alto, que o Vasco não só criou
suas melhores oportunidades como abriu o placar, depois de córner cobrado por
Wendel, desvio do Tenório no primeiro pau e gol contra do Jean. Neste momento,
o Flu lamentou duas chances desperdiçadas minutos antes por Fred – uma defesa à
queima roupa do Alessandro e um chute forte no travessão. O Cruz-Maltino ainda
descobriu, antes do intervalo, um contra-golpe com Carlos Alberto e Éder Luis
que poderia ter colocado a vaca tricolor bem perto do brejo.
Diante do placar adverso e de uma atuação infértil
ofensivamente, Abel Braga começou a mudar seu time. O avante Marcos Junior
entrou no intervalo, enquanto o meia Felipe e o lateral-direito Wellington Silva
vieram depois. Na teoria, o Flu teria a qualidade nos passes de Wagner e
Felipe, a velocidade de Nem, Marcos Junior e Wellington Silva e o poder de
conclusão de Fred. Na prática, um deserto criativo só. O Vasco, por sua vez, se
segurava atrás e segurava a bola na frente, ora com Carlos Alberto, ora com Tenório,
que sabe bem como incomodar os zagueiros. Porém, o que a defesa tricolor
falhara na etapa inicial, a vascaína resolveu contribuir nos minutos finais.
Primeiro Dedé paçocou feio e Marcos Júnior não soube
aproveitar. O mesmo Marcos Junior, logo depois, obrigou Alessandro – em grande
jornada – a defender maravilhosa finalização de letra. Por fim e já no fim, a
zaga cruz-maltina deixou Fred – logo quem! – subir sozinho para empatar de
cabeça, pouco depois de um contra-ataque entre Carlos Alberto e Pedro Ken que
poderia ter decidido o confronto. Fim de papo: Fluminense um, Vasco um.
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
UMA IMAGEM
Bloco das Piranhas de Madureira em 1973. Da esquerda para a direita: Joel Santana, Brito, Moisés (de preto) e Alcir Portela (de vestido branco).
Foto de Eurico Dantas - O Globo
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS
Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.
Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
AMISTOSOS INTERNACIONAIS 2013 - INGLATERRA X BRASIL
Inglaterra 2 x 1 Brasil – Wembley Stadium, Londres
(Inglaterra)
Volta de Felipão e centésimo jogo de Ronaldinho com a
amarelinha termina com vitória da Inglaterra em Wembley e mais uma desastrosa
atuação brasileira.
Sem muitos dos medalhões de tempos recentes, a Inglaterra –
segunda colocada no grupo H das Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo,
atrás de Montenegro – foi organizada pelo treinador Roy Hodgson no 4-1-4-1 com:
Joe Hart; Glen Johnson, Cahill, Smalling e Ashley Cole; Gerrard; Walcott,
Cleverley, Wilshere e Welbeck; Rooney. Na sua volta à Seleção Brasileira após
mais de uma década, Felipão optou pelo esquema da moda, o 4-2-3-1, com: Júlio
César; Daniel Alves, David Luiz, Dante e Adriano; Paulinho e Ramires; Oscar,
Ronaldinho e Neymar; Luís Fabiano.
Não foi nada bom. Na realidade, foi muito ruim a reestreia de
Felipão no comando da Seleção. “Mas criamos algumas ótimas oportunidades
ofensivas”, alguém poderá dizer ao lembrar que Ronaldinho perdeu um pênalti, Neymar
desperdiçou um gol incrível quase debaixo dos paus e Fred acertou um lindo
chute no travessão segundos após empatar o placar, no início da 2ª etapa. Foram
espasmos, amigos. Espirros de um time, ou melhor, um aglomerado que não
apresentou solidez em nenhum setor do campo. A defesa, pessimamente protegida
pelos volantes, deixou buracos, ou pior, crateras, que a Inglaterra soube
aproveitar para fazer um a zero pelos pés letais de Wayne Rooney. Pelos lados...
bom, Walcott não tomou conhecimento de Adriano e caso os súditos da Rainha
forçassem mais o jogo por ali o revés poderia ter sido pior.
Imprensa afora, os maiores elogios à convocação de Felipão
foram direcionados aos volantes. Ramires, Paulinho, Arouca e Jean, todos bons
de bola. Porém, nenhum deles conseguiu dar qualidade à saída de jogo, aparecer
de surpresa ao ataque ou exercer a função de auxiliar os zagueiros. Arouca
ainda bobeou feio ao recuar uma bola que Rooney, esperto, roubou e Lampard,
como se sua perna direita fosse um taco de sinuca, completou para o fundo do
gol. Não seria mais simples, num momento de estruturação, contar com os
entrosados Ralf e Paulinho? Na linha de ataque, a constatação mais ingrata. Não
houve diálogos nem monólogos. Nomes de reconhecida habilidade como Ronaldinho,
Neymar, Oscar e Lucas não só não tramaram jogadas em conjunto como ignoraram a
possibilidade do drible, a mais brasileira das alternativas para superar uma
defesa.
No fim das contas, vale a análise simplista de que a
Inglaterra foi superior em todos os setores, mais organizada taticamente e refinada
tecnicamente. E o Brasil, com times completos, continua sem vencer um Campeão
do Mundo desde a saída de Dunga. Mês que vem tem a Itália.
SORTEIO COMEMORATIVO DO ANIVERSÁRIO DE 4 ANOS DO FUTEBOLA!
Olá, amigos!
E o vencedor do sorteio de badgets comemorativos do inglês West Ham United, pelo aniversário de quatro anos do FUTEBOLA, é..... Gabriel de Souza!!!!
Muito obrigado a todos pela participação e podem aguardar novos sorteios em breve.
Grande abraço!
E o vencedor do sorteio de badgets comemorativos do inglês West Ham United, pelo aniversário de quatro anos do FUTEBOLA, é..... Gabriel de Souza!!!!
Muito obrigado a todos pela participação e podem aguardar novos sorteios em breve.
Grande abraço!
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
BATENDO BAFO - PALMEIRAS BICAMPEÃO BRASILEIRO 1993/1994
Poucas vezes na história do futebol brasileiro o torcedor pôde, sem ufanismo clubista, chamar seu time de Seleção. E os
palmeirenses tinham todo este direito no biênio 93/94, quando um verdadeiro
esquadrão comandado pelo treinador Vanderlei Luxemburgo dominou o futebol
nacional. O “Batendo Bafo” traz os dois esquadrões alviverdes Campeões
Brasileiros. O que venceu o surpreendente Vitória, em 1993, tinha Edílson e
Mazinho, enquanto o que ganhou do rival Corinthians, no ano seguinte, contava
com Rivaldo. A base presente nos dois títulos formava com craques do quilate de Antônio Carlos,
Roberto Carlos, César Sampaio, Zinho, Edmundo e Evair. Se o álbum tivesse sido
lançado na época em que os cromos dos grandes jogadores vinham carimbados, o
time palmeirense seria carimbo para tudo quanto é lado...