sexta-feira, 30 de abril de 2010

FIGURINHA CARIMBADA - KRUGER



Nome: Dirceu Krüger

Data de nascimento: 11 de abril de 1945

Posição: meia

Clubes:

Britânia – PR (1963 até 1965)
Coritiba (1966 até 1976)

Títulos:

Campeonato Paranaense – 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974 e 1975 – Coritiba

Destaques:

- Dirceu Krüger talvez seja o maior ícone da história do Coritiba, clube que é sua segunda casa – seria a primeira? – há mais de 40 anos. Após terminar sua vida de jogador, em 1976, Krüger já exerceu diversas funções no Coxa, trabalhando com profissionais e com a divisão de base. Mas no início de sua vida no futebol, ele não foi tão “bonzinho” com o clube alviverde. Aos 19 anos, atuando pelo já extinto Britânia, Krüger infernizou não só o Coritiba, mas também o Atlético e o Ferroviário, na época o trio-de-ferro curitibano. Em um duelo contra o Coritiba, ele deixou o zagueirão Nico, um dos pilares da equipe do Coxa, sentado no chão com um leve e sutíl drible. E assim era o futebol de Krüger, um canhoto de muita leveza, velocidade e precisão nos passes e chutes, estilo que lhe renderia mais tarde o apelido de “Flecha Loira”. Provavelmente o Coritiba já estava de olho no futebol do jovem Krüger há um tempo, mas o fato é que um mês após o drible desconcertante no zagueiro Nico ele foi contratado pelo clube que até hoje, 44 anos depois, conta com sua dedicação.

- Os primeiros dias de Krüger no Coritiba foram inacreditáveis. Em 27 de fevereiro de 1966, data de sua estréia, o rival seria o forte Grêmio, que entre 1956 e 1968 conquistaria nada menos do que 12 títulos gaúchos, em uma partida amistosa. O Grêmio vencia a partida por 1 x 0 quando, aos 44 minutos do 2º tempo, o estreante Krüger driblou ninguém menos do que Aírton Pavilhão, maior defensor da história do Grêmio, e empatou o placar. E teve mais! Nas sete partidas seguintes que disputou, o “Flecha-Loira” sacudiu o filó em todas elas.

- Se o ano de 66 foi bom para Krüger, o de 68 seria ainda melhor. Logo no início do ano, ele e seus companheiros teriam pela frente o Santos. A equipe santista, que seria Tri-Paulista (67/68/69), não poderia contar com Pelé para o duelo em Curitiba. Entretanto, mesmo sem a presença do “Rei”, o Santos era um time do mais alto nível. Ou vocês acham que um onze que contava com Orlando Peçanha, Lima, Rildo, Toninho Guerreiro e Edu, não era forte? Pois bem, diante de tão valoroso rival, o Coritiba conseguiu uma grande vitória por 3 x 1, com o último gol alvi-verde tendo entrado para a história. Após o Santos diminuir o placar para 2 x 1, aos 44 minutos do 2º tempo, o jogo poderia se complicar para o Coritiba. Porém, logo após a saída de bola, Krüger e Wálter, uma dupla inesquecível para o torcedor coxa-branca, foram tabelando desde o grande círculo até o gol santista e Wálter fechou o marcador. Em 1968, Krüger ainda se tornaria Campeão Paranaense, após uma final contra o rival Atlético que foi decidida somente aos 45 minutos do 2º tempo, com um gol de seu companheiro Paulo Vecchio dando o empate e o título ao Coxa. Vale ressaltar que na primeira partida da decisão, vencida pelo Coritiba por 2 x 1, Krüger foi o autor do segundo gol alvi-verder. No final do ano, para comemorar o título paranaense, o Coritiba enfrentou a Seleção Brasileira no jogo da entrega das faixas. Diante de Rivelino, Gérson, Paulo César Caju, Jairzinho e Pelé, o Coxa fez um excelente jogo e só foi derrotado aos 44 minutos da 2ª etapa, quando Zé Carlos colocou 2 x 1 no placar. Uma das maiores honras da carreira de Krüger foi ter sido o capitão do Coritiba nesta partida.

- No dia 11 de abril de 1970, justamente no dia de seu aniversário, Krüger recebeu um verdadeiro presente de greco. Em um duelo contra o Água Verde-PR, o meia dominou um passe no peito e, ao tentar encobrir o goleiro Leopoldo, acabou se chocando com o adversário. A pelota ultrapassou a linha do gol, mas os torcedores coritibanos não comemoraram. O motivo? Krüger estava estendido no chão. O ídolo alviverde foi diretamente para o hospital e foi constatado que suas alças intestinais haviam se rompido. Para se ter idéia da gravidade do quadro, o jogador chegou a receber extrema-unção no hospital. Porém, aos poucos, com o apoio de todos os torcedores, não só os do clube que defendia, Krüger foi se recuperando e voltou ao futebol. Acreditem, amigos, apenas sete meses após ter recebido extrema-unção, ele voltou aos gramados em uma excursão pelo mundo. Nesta excursão, o “Flecha-Loira” marcaria um dos gols mais bonitos da sua carreira, na vitória por 4 x 1 contra a Seleção da Argélia, ao driblar quatro defensores e chutar quase sem ângulo. Apesar de continuar sendo um jogador de extrema importância para o Coritiba, como mostrou o Campeonato Paranaense de 1972, quando ele marcou o gol do título contra o Atlético (a final foi realizada em dois jogos, com vitória do Coritiba por 1 x 0 e depois empate em 0 x0), a contusão abdominal incomodava muito o craque. Foi por este motivo, as dores e o medo de piorar a situação, que Krüger, o “Flecha-Loira”, grande ídolo do Coritiba, abandonou os gramados em 1975.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2010 - OITAVAS-DE-FINAL

Olá amigos do FUTEBOLA!

Flamengo 1 x 0 Corinthians – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Muita raça, garra, vontade, superação... Foi amarrando a chuteira com as veias e colocando o coração em campo que o Flamengo bateu o Corinthians em um Maraca entupido de rubro-negros.

O jogo teve inicio em uma verdadeira piscina. Chovendo bastante e com o gramado totalmente alagado, Flamengo e Corinthians fizeram um 1º tempo de futebol “bumba meu boi”. Alguns jogadores, como o lateral flamenguista Juan e o meia corintiano Danilo, até teimavam e tentavam conduzir a pelota, mas a situação estava mesmo crítica. Na proposta de jogo mais adequada, que era a de longos passes, o Flamengo se saiu melhor e conseguiu criar boas oportunidades de abrir o placar. Um arremate perigoso do Léo Moura, aos 11 minutos, após boa jogada de Juan, e uma arrancada do Vágner Love que o zagueiro Chicão bloqueou, logo depois, mostraram como o Flamengo buscava mais o ataque. Aos 31 minutos, em uma falta distante cobrada pelo Juan, a bola enganou o goleiro Júlio César e explodiu na trave, com Adriano finalizando, de voleio, o rebote para fora. Se o estado do campo não permitia ao Flamengo trocar passes, a marcação pressão fazia a equipe assutar o Timão. Porém, aos 36 minutos, após uma entrada infantil no Dentinho, o meia Michael recebeu merecidamente o segundo cartão amarelo e foi expulso. Quase simultaneamente a chuva começou a diminuir. Ou seja, o Corinthians teria um homem a mais na 2ª etapa e o campo mais seco para poder rodar a redonda e abrir espaços.

Logo aos 4 minutinhos do 2º tempo, Dentinho e Moacir fizeram linda jogada pelo lado direito e o último finalizou para defesa salvadora de Bruno. Parecia mesmo que o Corinthians faria valer a vantagem númerica. E foi a partir daí que o Flamengo mostrou aquela vibração que estava tanto em falta nos últimos jogos. A bola virou um prato de comida e os rubro-negros pareciam uns verdadeiros esfomeados. Vágner Love, como sempre ocorre quando o Fla tem um jogador expulso, fazia perfeitamente o papel de “volante”. O surpreendente Rômulo correspondia integralmente a confiança do estreante treinador Rogério e era imbatível nas coberturas. Willians, se é que é possível, corria o dobro do normal e não perdia uma única dividida. E por falar em não perder divididas, Ronaldo não ganhou sequer uma jogada do zagueiro David. Para não ser exagerado, segundos antes de ser substituído, já no fim do jogo, o “Fenômeno” fez sua única boa jogada, que terminou com um cruzamento que não foi alcançado. Realmente foi uma grande atuação de David, que em 2010 vem fazendo por merecer a vaga de Álvaro, mais até por incopetência do último.

Então, voltando ao jogo, a raça rubro-negra foi responsável por acabar com a vantagem númerica corintiana. Com exceção aos 4 primeiros minutos da 2ª etapa, em mais nenhum momento do jogo o Flamengo pareceu ter um jogador a menos. Aos 19 minutos, Juan recebeu passe de Léo Moura, foi para cima de Moacir e sofreu falta dentro da área. Duas ressalvas sobre este lance. A primeira é que eu realmente não me recordo da última atuação de tão alto nível do Juan. Fazia muito tempo que o lateral-esquerdo da Gávea não jogava tanta bola e era a principal arma ofensiva do Fla. E segundo é que, mesmo com um homem a menos, o Flamengo em nenhum momento desistiu de atacar e de jogar bola. A prova disso? O pênalti surgiu de um passe do Léo Moura para o Juan, ou seja, mesmo com dez joadores os dois laterais estavam presentes no campo de ataque. Na cobrança da penalidade, Adriano bateu com tranquilidade, sacudiu o barbante e comemorou com mais tranquilidade ainda.

Nem mesmo as entradas de Iarley e Jorge Henrique fizeram o Timão ser mais produtivo ofensivamente. Exceto a citada jogada que Ronaldo realizou antes de sair, a equipe paulista nada fez. O Flamengo, pelo contrário, e até de maneira surpreendente, ainda teve mais duas excelentes chances de aumentar a vantaagem. A primeira foi em uma cabeçada do Adriano que Júlio César e a trave impediram o gol e, na segunda, Vinícius Pacheco recebeu linda bola de Juan e bateu cruzado, raspando o poste.

Pelo fato de ter atuado com dez jogadores por aproximadamente uma hora de jogo e pelo estado pesado do campo, que era ideal para um empate sem gols, o Flamengo conseguiu um grande resultado. Se levarmos em consideração que quarta que vem, no Pacaembu, o Corinthians terá que sair para o jogo, deixará espaços em sua retaguarda e o Flamengo só não marcou gol em um jogo do ano, a vantagem rubro-negra é maior do que parece. Porém, a partida está longe, muito longe, de estar terminada. A atitude do Flamengo em São Paulo deve ser a mesma: muita garra e não abandonar o ataque.

JOGADA RÁPIDA!

Também com um homem a menos (Thiago Mota fora expulso aos 27 minutos da 1ª etapa), a Internazionale, com um ferrolho defensivo digno de entrar para a história, conseguiu segurar o Barcelona, perder por apenas 1 x 0 e garantir sua vaga na final da UEFA Champions League. Agora, na final, o Santiago Bernabéu vai assistir Inter x Bayern, Sneijder x Robben, dois cracaços holandeses dispensados pelo Real Madrid. Vai ter falta de visão assim lá na...

terça-feira, 27 de abril de 2010

UMA IMAGEM...



A "Laranja Mecânica" parte para o contra-ataque com força total, no jogo contra a Argentina pela Copa do Mundo de 1974. Isso sim é atacar em bloco.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

PRÊMIO FUTEBOLA CARIOCÃO 2010

Olá amigos do FUTEBOLA!

Terminado o Campeonato Carioca de 2010 está na hora de escalar a Seleção e escolher o craque do torneio. Provavelmente minhas escolhas serão diferentes das dos diversos meios de comunicação, da da Federação Carioca e da de todos vocês. Espero que vocês utilizem este espaço para opinar bastante, pois esta é toda a graça do futebol. Vamos à Seleção escolhida pelo FUTEBOLA!

GOLEIRO – Jefferson (Botafogo)
Confesso que já assisti o goleiro Jefferson em fases melhores do que neste Campeonato Carioca. Até mesmo no Brasileirão do ano passado ele apresentou atuações mais empolgantes. Porém, o que o goleirão alvi-negro fez na decisão da Taça Rio contra o Flamengo foi inesquecível. Pegar uma cobrança de pênalti do Adriano aos 33 minutos do 2º tempo e garantir o caneco para o Fogão fez de Jefferson o melhor goleiro do Carioca.

LATERAL-DIREITO – Mariano (Fluminense)
Como cresceu o lateral-direito do Fluminense desde os últimos meses de 2009. Se o Fluminense não fez uma campanha no Carioca para orgulhar seus torcedores, Mariano é o menos culpado. Com a decepção que foi o contratado Júlio César no lado esquerdo tricolor, Mariano foi a melhor opção ofensiva da equipe.

ZAGUEIRO-CENTRAL – Antônio Carlos (Botafogo)
Depois de entrar para a história do Campeonato Carioca por ter marcado o gol do título conquistado pelo Fluminense em 2005, nos acréscimos da final contra o Volta Redonda, Antônio Carlos escreveu seu nome nas páginas do Cariocão com a camisa gloriosa. Na proposta de jogo adotada pelo treinador alvi-negro Joel Santana um sistema defensivo seguro era imprescindível e Antônio Carlos foi essencial para a obtenção desta segurança.

QUARTO-ZAGUEIRO – Fábio Ferreira (Botafogo)
Se não foi tão seguro defensivamente quanto seu parceiro Antônio Carlos durante o Carioca, Fábio Ferreira apresentou boas atuações. Seus melhores momentos no torneio foram justamente nas duas finais, o que já justifica sua presença na Seleção do Cariocão. Na final da Taça Guanabara foi ele quem abriu o placar na vitória de 2 x 0 sobre o Vasco. Já na decisão da Taça Rio, contra o Flamengo, ele sofreu um pênalti e salvou um chute de Vágner Love que tinha endereço certo.

LATERAL-ESQUERDO – Marcelo Cordeiro (Botafogo)
O lateral-esquerdo do Bota está presente na Seleção do Cariocão pela Taça Guanabara que realizou. Se o Fogão se propos a apresentar um futebol apoiado nas bolas aéreas, Marcelo Cordeiro foi uma peça muito importante. Seus cruzamentos precisos foram a principal fonte para abastecer Loco Abreu e cia. Além do mais, ele também marcou um importantíssimo gol na semi-final da Taça GB no duelo contra o Flamengo.

VOLANTE – Leandro Guerreiro (Botafogo)
Tá aí um jogador que eu aprendi a admirar. Desde seus primeiros jogos com a camisa do Fogão, seu futebol e seu amor pelo clube só cresceram. Sua qualidade na marcação e excelente posicionamente o fazem ser um dos melhores volantes do país. Todos os botafoguenses se esforçaram muito para levar o caneco para General Severiano, mas algo me diz que Leandro Guerreiro sempre se esforçou um pouquinho mais. Como curiosidade, Leandro Guerreiro é o único jogador presente nas edições do PRÊMIO FUTEBOLA CARIOCÃO de 2009 e 2010.

VOLANTE – Souza (Vasco)
Se o Leandro Guerreiro foi disparado o melhor volante do Cariocão, escolher seu companheiro é tarefa difícil. Alguns volantes tiveram pingadas boas atuações, como o Fernando (Flamengo) e o Éverton (Fluminense), principalmente na Taça Guanabara. Porém, como é preciso escolher um, escolho o jovem vascaíno Souza. O ponto chave para colocar Souza nesta Seleção foi sua atuação na goleada por 6 x 0 sobre o Botafogo, quando fez, em minha opinião, sua melhor atuação com a camisa cruzmaltina. Souza é um jogador que possui, na mesma proporção, poder de marcação e qualidade ofensiva, tendo tudo para se tornar um dos ótimos volantes do nosso futebol. O garoto ainda vai evoluir bastante.

MEIA-OFENSIVO – Caio (Botafogo)
Desde a fase de grupos da Taça Guanabara que o garoto Caio foi se consolidando como o talismã do Botafogo. Só para citar um exemplo, na difícil vitória do Fogão sobre o América por 2 x 1, na 5ª rodada da Taça Guanabara, foi Caio quem marcou o gol decisivo aos 42 do 2º tempo. Porém o apelido de talismã se consolidou mesmo com suas atuações nos clássicos. Nos duelos contra Fla (2 x 1) e Flu (3 x 2), respectivamente as semi-finais da Taça Guanabara e da Taça Rio, foi Caio quem marcou os gols das viradas. Um garoto iluminado como Caio só poderia mesmo surgir no clube mais supersticioso do futebol brasileiro.

ATACANTE – Vágner Love (Flamengo)
Se durante praticamente todo o torneio o Flamengo não foi sombra da equipe que conquistou o Brasileirão 2009, pelo menos a contratação de Vágner Love se mostrou um acerto. O melhor jogador do Rubro-Negro na competição, muito superior a seus companheiros, além de se sagrar artilheiro do Carioca mostrou muita garra e disposição. Se realmente deixar o Flamengo, o que já é até admitido dentro do clube, fará muita falta.

ATACANTE – Herrera (Botafogo)
Antes de chegar ao Botafogo, Herrera era conhecido como um atacante de muita raça e péssima finalização. Pois foi só iniciar o Cariocão para vermos em Herrera muito mais raça do que se imaginava e uma grande capacidade de sacudir o filó. Durante toda a competição foram litros e mais litros de suor derramado e 9 gols que lhe tornaram, em minha opinião, no melhor jogador da competição. Se a torcida botafoguense reclamava com muita intensidade que algumas equipes recentes, apesar do bom futebol mostrado, não “vestia” a camisa, o Herrera deve ser idolatrado por estes torcedores com a mesma intensidade, pois transformou o manto alvi-negro em sua segunda pele.

ATACANTE – Loco Abreu (Botafogo)
A chegada de Loco Abreu ao Botafogo mostrou que algo diferente estava para acontecer. Ao desembarcar no Rio de Janeiro, o atacante uruguaio foi recebido como salvador pelos torcedores alvi-negros, mesmo que a maioria destes sequer conhecesse seu futebol. Apenas seu carisma fez com que Loco Abreu chegasse ao Fogão como ídolo. Porém, dentro das quatro linhas, ele correspondeu. Sua excepcional qualidade nas bolas aéreas fez com que o Botafogo jogasse em sua função. Falta na entrada da área adversária era perigo a vista para os adversários do Glorioso. Nas vésperas de confronto contra o Fogão, os treinadores rivais passavam horas treinando a defesa contra bolas aéreas e, na hora do jogo, de nada adiantava. A dupla Herrera/Loco Abreu ficará marcada um bom tempo na memória dos botafoguenses. E tomara que eles ainda façam muito mais.

TÉCNICO – Joel Santana (Botafogo)
Joel Santana chegou ao Botafogo logo após a equipe sofrer um histórica sapatada de 6 x 0 contra o Vasco. Acredito que ninguém, nem um indivíduo, seria capaz de afirmar ali que o Botafogo tinha time para pelo menos brigar pelo caneco. Corrigindo o que eu disse, só Joel acreditava. E com o tempo ele foi passando essa confiança para seus comandados, organizando o sistema defensivo e, principalmente, descobrindo o grande potencial de sua equipe nas bolas aéreas. Contrariando os que o chamam de retranqueiro (não sou um deles, apenas acredito que Joel sabe organizar um sistema defensivo), “Papai” Joel lançou em diversas partidas o quarteto Edno/Caio/Herrera/Loco Abreu. Sem dúvida alguma o Botafogo foi o clube que mais quis vencer o Cariocão. E em minha opinião essa vontade veio com Joel Santana.

MELHOR JOGADOR

1º Herrera (Botafogo)
2º Loco Abreu (Botafogo)
3º Vágner Love (Flamengo)

domingo, 25 de abril de 2010

CAMPEONATO PAULISTA - FINAL

Olá amigos do FUTEBOLA!

Santo André 2 x 3 Santos – Pacaembu, São Paulo (SP)

Em um duelo bem mais equilibrado do que era esperado, o Santos bateu o Santo André e colocou uma mão no título paulista. No jogo de volta, domingo que vem, novamente no Pacaembu, o “Peixe” pode até perder por um gol de diferença.

Com menos de um minutinho de partida, Neymar arrancou com a pelota, tocou-a para Robinho e o “Rei do drible”, de calcanhar, encontrou Wesley que arrematou levando muito perigo ao goleiro Júlio César. Com um início destes, parecia que o Santos iria se impor e o Santo André apenas aceitar o papel de coadjuvante, porém, como todos nós sabemos, o futebol não tem lógica nenhuma. Com um setor de meio-campo que marcava com força e sabia o que fazer com a pelota nos pés, principalmente o camisa 10 Bruno César, o Santo André dominou ofensivamente a 1ª etapa e criou diversas oportunidades de balançar as redes. Em meu caderninho consta nada menos do que sete boas oportunidades de gols criadas pela equipe do ABC sendo que em uma delas, aos 34 minutos, Bruno César cobrou falta com precisão no canto esquerdo do goleiro Felipe e inaugurou o placar. O Santos não conseguia jogar. Marquinhos e Paulo Henrique Ganso não arquitetavam jogadas ofensivas, Robinho e Neymar não exploravam seus dribles e velocidade e, assim, o Alvi-Negro Praiano esteve longe de mostrar seu futebol envolvente no 1º tempo. Primeiro tempo este que antes de terminar ainda viu o Santo André desperdiçar duas excelentes chances de ampliar a vantagem, uma com o bom atacante Rodriguinho e a outra com o centroavante Nunes.

Na volta do intervalo o torcedor santista deve ter roído todas as suas unhas. Com um problema no olho, resultante de uma queda no gramado, Neymar não pôde retornar para a 2ª etapa. Poderia ser este um fator que tornaria o Santos ainda mais improdutivo e o Santo André ainda mais confiante. Porém, repetindo, não há lógica no velho esporte bretão. Depois de 45 minutos de muita intensidade e dinamismo ofensivos, o Santo André caiu na bobeira de recuar e chamar o Santos para o seu campo. Amigos, não consigo imaginar nenhuma equipe brasileira que, neste momento, consiga segurar o Santos por um tempo inteiro em seu campo. Em poucos minutos o Santo André praticamente jogou fora a chance de surpreender todo o país e conquistar o título. Com André, que havia entrado no lugar de Neymar, bastante inspirado, Ganso enfim participando da partida com seus passes sensacionais e Wesley voando pelo lado direito do campo, o Santos deu um show de bola e marcou três gols em 12 minutos. Primeiro André anotou de cabeça, aos 12 minutos, depois de precioso cruzamento de Ganso. Aos 16, após linda tabelinha entre Robinho e Wesley, o último sacudiu o filó. E Wesley ainda voltaria a marcar aos 24, depois de ótimo passe do lateral Pará. Vale a pena ressalter o excelente futebol que o Wesley vem apresentando em 2010. Sempre presente nas ações ofensivas santistas, o volante, que também faz as vezes de lateral-direito, não se descuida nunca do sistema defensivo. Nesta máquina de jogar futebol que é o Santos, Wesley é uma peça fundamental.

Aos 29 minutos, o zagueiro do Santo André Toninho foi expulso e Dorival Júmior decidiu colocar o Santos mais para frente, com a entrada de Mádson no lugar de Pará (outra vez o Wesley foi deslocado para a lateral). Porém, pela terceira vez em uma mesma análise de jogo, sou obrigado a citar o quanto o futebol é ilógico. Depois de passar aproximadamente 30 minutos postado em seu próprio campo, sem nenhuma atitude ofensiva, o Santo André tem um jogador expulso e decide então votar a atacar. Isso mesmo, depois da expulsão de Toninho o Santo André foi ao ataque, criou 3 oportunidades de gols e diminuiu a vantagem santista com um gol do Rodriguinho, após grande jogada do bom lateral-esquerdo Rômulo.

Dificilmente o Santo André terá forças para vencer o Santos por mais de um gol de diferença no jogo de volta, porém não é por isso que os “Meninos da Vila” devem relaxar. Se durante todo o ano eles venceram seus jogos buscando marcar o maior número possível de gols, que assim continuem domingo que vem.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2010 - 1ª FASE

Olá amigos do FUTEBOLA!

Internacional 3 x 0 Deportivo Quito – Beira-Rio, Porto Alegre (RS)

Dependendo apenas de suas forças para se classificar para a próxima fase da Libertadores, o Internacional entrou em campo com tudo e engoliu o fraco time do Deportivo Quito.

Iniciando a partida com aquela que é, em minha opinião, a melhor formação tática para explorar a potencialidade de seus jogadores, o Inter mostrou, desde o apito inicial, um futebol de quem é sim um forte candidato ao caneco continental. Diferente do que ocorreu, por exemplo, na estréia contra o Emelec, quando entrou em campo com uma formação muito cautelosa, o Colorado iniciou o jogo com um belo quarteto ofensivo. Andrezinho e D’Alessandro eram os responsáveis por arquitetar as jogadas ofensivas e Walter e Alecsandro os homens de ataque. Some à este pelotão de frente as avançadas de Nei e Kléber, os laterais que estiveram em excelente noite. E cá entre nós, com uma dupla de volantes da qualidade defensiva de Guiñazu e Sandro o Inter não precisa mesmo atuar com três zagueiros. Para melhorar ainda mais a situação colorada, logo aos 3 minutinhos o Andrezinho acertou um chute preciso e precioso da ponta direita da área e abriu o placar. Sou um grande fã do futebol do Andrezinho já faz algum tempo. Jogador de muita habilidade e qualidade no passe, sua qualidade que mais me impressiona é o chute certeiro, seja com a pelota rolando ou com ela parada. Uma curiosidade sobre o meia: em 2007, atuando pelo Pohang Steelers da Coréia do Sul, ele foi campeão coreano e melhor jogador da competição nacional.

Com a vantagem no placar, o Internacional jogou leve como uma pluma e fez uma das melhores atuações de um clube brasileiro que vi nesta Libertadores. Alternando os lados do campo, apesar de ter iniciado a partida muito concentrado pela direita, e sempre com muitos jogadores no campo ofensivo, as chances de ampliar o marcador surgiram em grande quantidade. Enquanto isso, Guiñazu e Sandro bloqueavam qualquer tentativa do Deportivo Quito de incomodar a defesa colorada. Só no 1º tempo o centroavante Alecsandro teve 4 chances de ampliar o placar, mas desperdiçou todas e o jogo foi para o intervalo com apenas o gol do Andrezinho. Nos minutos iniciais da 2ª etapa, o Internacional viveu seu pior momento na partida, quando o Deportivo, comandado pelo bom meia chileno Donoso, que havia acabado de entrar, e pelo arisco Arroyo, foi em busca do empate. Este período onde o Inter recuou em excesso durou 15 minutos, tempo suficiente para Kléber colocar a bola na cabeça de Bolívar e o zagueiro sacudir o filó. Com 2 x 0 contra, a equipe equatoriana murchou e o Colorado voltou a dominar inteiramente as ações ofensivas. D’Alessandro apareceu mais no jogo e quase balançou as redes em duas oportunidades. Já nos acréscimos, o jovem meia Giuliano, que havia entrado no lugar do exausto Andrizinho, acertou um chutaço e deu números finais ao jogo. Giuliano é um ótimo jogador e pode ser muito importante para o Inter, porém, para mim, Andrezinho e D’Alessandro devem ser titulares absolutos desta equipe. A qualidade no passe e o dinamismo que eles fornecem para o time gaúcho são imprescindíveis para o bom funcionamento colorado.

A vitória do Internacional foi mais comemorada no Rio de Janeiro do que no Rio Grande do Sul, afinal ajudou, e muito, o Flamengo. Agora, nas oitavas, o Colorado vai pegar o Banfield (ARG). Não será nada fácil.

JOGADA RÁPIDA!

Com a vitória do Corinthians sobre o Independiente Mellín (COL) e a consequente classificação do Timão em 1º lugar geral, teremos nas oitavas um duelo histórico. Flamengo x Corinthians. Corinthians x Flamengo. A Libertadores vai tremer!!!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

UMA IMAGEM...



Após a cabeçada dada no zagueiro Materazzi e consequente expulsão na final da Copa do Mundo de 2006, Zinedine Zidane sai de campo sob o olhar da Taça FIFA, que minutos depois seria conquistada pela "Squadra Azzurra".

domingo, 18 de abril de 2010

TAÇA RIO - FINAL

Flamengo 1 x 2 Botafogo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Com uma atuação pra deixar seus torcedores orgulhosos o Botafogo venceu o Flamengo na decisão da Taça Rio e conquistou o título carioca sem a necessidade dos jogos finais e com todos os méritos.

Desde o apito inicial até a metade da 1ª etapa, o Botafogo, em minha opinião, jogou seus melhores minutos no ano de 2010. Com muita força na marcação, o Fogão não deixava o Flamengo respirar em campo e ainda conseguia criar suas oportunidades de abrir o placar. Comandado pelo meia Renato Cajá, que fazia ótima partida, o Alvi-Negro se aproveitava dos já rotineiros buracos no sistema defensivo do Fla e assustava o goleiro Bruno. Aos 21 minutos, Ronaldo Angelim ignorou as palavras do juiz Gutemberg de Paula Fonseca, que havia chamado a atenção dos jogadores que se agarravam na área, e, após a bola ser cruzada, cometeu pênalti em Fábio Ferreira. Na cobrança, Herrera não arriscou e colocou a pelota no meio do gol e o Fogão em vantagem. Daí até o final da etapa, o Bota recuou buscando explorar os contra-ataques que não ocorreram e, com isso, o Flamengo passou a rondar a área do goleiro Jefferson. A entrada do meia-ofensivo Vinícius Pacheco no lugar do volante Toró, logo aos 24 minutos, deixou o Flamengo mais impetuoso. Uma cabeçada do Angelim, outra do Adriano e um velotrol do mesmo Adriano passaram perto da meta alvi-negra e o Fla, sempre pelos lados do campo, se postava melhor ofensivamente. Aos 45 minutos, após belíssima jogada de Michael pela direita, a bola sobrou nos pés de Vagner Love e o artilheiro do Cariocão não perdoou. O Botafogo poderia ter controlado melhor a posse de bola e sua vantagem, mas deixou o Flamengo crescer em campo e a bobeada no finalzinho da 1ª etapa poderia atrapalhar as pretensões da equipe de conquistar o Estadual já neste jogo.

A vontade do Fogão de conquistar o caneco sem precisar disputar mais dois jogos ficou comprovada quando Joel, aos 13 minutos, colocou o talismã Caio no lugar do apenas esforçado Túlio Souza. Se antes do intervalo o principal ponto positivo do Fogão era a marcação, e quem mais sofreu com ela foi o lateral-direito do Fla Léo Moura, muito bem vigiado pelo improvisado Somália, esta alteração poderia diminuir o poder defensivo alvi-negro. Porém, como diz o ditado, “quem não arrisca, não petisca”. Se o Bota queria o título, precisava arriscar. Caio não entrou como de costume, mas com ele, Herrera, Loco Abreu, e Edno, que logo depois entrou no lugar de Renato, o Botafogo não teria como não buscar o ataque. A medida que o tempo passava, o jogo se tornava mais quente. Aos 19 minutos Vinícius Pacheco, que entrou muito bem e tornou o lado esquerdo do Flamengo a melhor opção de ataque da equipe, deu uma linda arrancada e deixou Love na cara do gol, mas Fábio Ferreira, que diga-se de passagem teve uma excelente atuação, salvou o Fogão. A resposta do Bota não tardou. Se neste jogo o uruguaio Loco Abreu não estava sendo bem acionado pelo alto, os defensores do Flamengo foram responsáveis por transformar as bolas aéreas alvi-negras em gols. Aos 26 minutos, em nova bola alçada na área, o experiente e sempre tranquilo Maldonado agarrou Herrera, cometeu um pênalti infatil, recebeu o segundo amarelo e foi expulso. Herrera até tomou a iniciativa de cobrar novamente, mas a responsabilidade ficou com Loco Abreu que, com toda a categoria do planeta, deu uma cavadinha e colocou o Fogão novamente em vantagem. Novamente o Botafogo teria espaços para contra-atacar, com o agravante de contar agora com os velozes Caio e Edno. Porém, praticamente não deu nem tempo de o Bota se organizar para os contra-golpes e Fahel abraçou Ronaldo Angelim na área, cometendo o terceiro pênalti da partida. Pela marcação da penalidade, o argentino Herrera cuspiu abelhas africanas e foi expulso por reclamação. Opinando sobre a atuação do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, acredito que ele teve uma excelente performance em uma partida que foi muito difícil de ser apitada e, em nenhum momento, mudou sua postura dentro do jogo. Também deve estar incluído dentro dos elogios ao juiz o fato de ele ter acertado na marcação das três penalidades e das duas expulsões. Voltando ao jogo, o triste Adriano foi o encarregado de cobrar a penalidade e empatar o placar para o Flamengo, tarefa que ele não conseguiu cumprir. Com uma cobrança de péssima qualidade, o “Imperdor” desperdiçou o pênalti e consagrou o goleirão Jefferson.

A penalidade perdida fez o Flamengo se perder ainda mais em campo e o Botafogo podia ter matado a partida em dois contra-ataques, sendo que no segundo deles, aos 38 minutos, o Caio perdeu um gol sem goleiro. Aos 40 minutos, Andrade resolveu colocar Petkovic em campo e foi o gringo que fez o torcedor botafoguense arrancar todas as suas unhas. Desde seu retorno ao Flamengo, Petkovic vem vestindo a camisa 43, pois foi aos 43 minutos do 2º tempo que ele marcou o lendário gol de falta contra o Vasco, que deu ao Fla o título carioca de 2001. Pois então, novamente aos 43 minutos, o Flamengo teve uma falta ao seu favor e Pet teria a chance de se tornar mais ídolo ainda da nação rubro-negra. E tem mais! Se conseguisse balançar as redes, o gringo colocaria 2 x 2 no placar, resultado que traz excelentes lembranças recentes para os rubro-negros em duelos contra o Fogão. De nada adiantou para o Fla as coincidências. A falta de Pet bateu na trave e ainda deu tempo de Somália e Jefferson salvarem o Botafogo em mais duas outras oportunidades.

Finalmente aos 48 minutos veio o apito que deu fim ao jogo, ou melhor, ao jogaço e libertou o grito de Campeão preso nas gargantas alvi-negras fazia três Cariocas consecutivos. O Fogão teve diversas virtudes na partida que lhe garantiu a histórica conquista. Considero aos aplicações na parte tática e na marcação como duas grandes qualidades deste mais novo Campeão Carioca, porém o que me encheu os olhos foi a vontade mostrada por cada jogador alvi-negro. No dia 13 de janeiro escrevi aqui mesmo no FUTEBOLA o seguinte comentário: “Analisando o conjunto formado pelos jogadores que permaneceram e os que foram contratados pelo Fogão, de uma coisa o torcedor alvi-negro pode ter certeza: não vai faltar raça e força de vontade neste time. Alessandro, Antônio Carlos, Leandro Guerreiro, Herrera e Loco Abreu, só para citar alguns, são jogadores que colocam o coração na ponta da chuteira.”. Amigos, foi essa garra que fazia os jogadores vibrarem em cada lateral conquistado, em cada bola roubada, em cada segundo do jogo. Foi essa garra que tornou o Glorioso o Campeão Carioca de 2010.

PARABÉNS, FOGÃO!!!

Grandes Clássicos - Santos x São Paulo 1933

Olá amigos do FUTEBOLA!

Hoje é dia de San-São na Vila Belmiro. Jogo importante, valendo vaga na final do Paulistão. Ao longo dos anos, estes dois grandes clubes protagonizaram inúmeros confrontos históricos, sendo que um dos mais importantes foi um amistoso. Isso mesmo, um dos duelos mais marcantes entre Santos e São Paulo foi um amistoso, e é justamente sobre ele que o “Grandes Clássicos” de hoje vai falar.

Se fizéssemos uma retrospectiva dos anos mais importantes da história do futebol brasileiro, acredito que dois deles brigariam pelo posto de número um: 1933 e 1958. Foi em 1958 que o Brasil conquistou pela primeira vez uma Copa do Mundo, colocando para escanteio o famoso “complexo de vira-latas” criado por Nélson Rodrigues e aliviando um pouco da dor causada pelo “Maracanazzo”. Porém de 58 falaremos em outra oportunidade. Hoje vamos contar uma história ocorrida em 1933, ano da chegada do profissionalismo e que mudou por completo o rumo do futebol brasileiro.

A adoção do profissionalismo por nossos clubes não foi um processo pacífico. Novas Ligas e Associações foram criadas, alguns clubes fecharam suas portas e grandes jogadores brasileiros foram impedidos de atuar na Copa do Mundo de 1934, pois não estavam filiados à CBD (Confederação Brasileira de Desportos), órgão que comandava nosso futebol e era o principal pólo de defesa do amadorismo. Mas a sementinha estava plantada e a hipocrisia, já que diversos clubes defensores do amadorismo pagavam seus craques nas escuras, não tardaria a cair. Para inauguração da nova era, a APEA (Associação Paulista de Esportes Atléticos), um dos principais pilares de sustentação do profissionalismo, escolheu São Paulo e Santos para realizarem o primeiro jogo de futebol profissional da história do Brasil.

Antes de falarmos sobre este histórico San-São, vale fazer uma ressalva. Nesta época, o São Paulo Futebol Clube era conhecido por São Paulo da Floresta e havia sido fundado em 25 de janeiro de 1930 (alguns meios de comunicação datam 26 de janeiro como dia da fundação) pela união da Associação Atlética das Palmeiras (que não possui nenhuma relação com o Palmeiras que conhecemos hoje) com o Club Athlético Paulistano. Em 14 de maio de 1935, após contrair uma grande dívida devido à compra de uma nova sede, o departamento de futebol do São Paulo Futebol Clube foi extinto e a parte administrativa foi fundida ao Clube de Regatas Tietê. Completamente inconformados com o fim do Tricolor Paulista, alguns apaixonados sócios decidiram trazer o clube de volta e, após um processo que durou aproximadamente 7 meses, mais precisamente em 16 de dezembro de 1935, o São Paulo Futebol Clube foi refundado. Simplificando, podemos dizer que o grande São Paulo foi fundado em 1930 e passou um pequeno período inativo em 1935.

No ano de 1933, o torcedor santista não estava muito esperançoso com a equipe. Entre 1927 e 1931, o Santos havia terminado o Paulistão em 2º lugar em quatro oportunidades, exceto 1930 quando foi o 3º lugar. A melhor ilustração da grande qualidade desta equipe santista do final da década de 20 era o poder de sua linha ofensiva, que em 1927 fez o Santos se tornar o primeiro time a anotar 100 gols no Campeonato Paulista, atingindo a inacreditável marca de 6,25 gols por jogo. Porém, em 1933, a dupla Feitiço e Araken Patuska, simplesmente os dois maiores artilheiros da história do Santos pré-Pelé, não estavam mais no clube. E para deixar o torcedor santista ainda mais preocupado, quem, desde 1930, contava com a elegância e faro de gol de Araken era o rival no jogo de nascimento do profissionalismo, São Paulo.

O goleiro santista na época era excelente debaixo das traves, porém seria ainda mais importante pro clube depois de se aposentar dos gramados. Após fornecer ao Alvi-Negro Praiano suas qualidades de grande goleiro, Athiê Jorge Cury, que quando jogador era simplesmente Athiê, se tornou presidente do Santos Futebol Clube, melhor dizendo, se tornou o presidente que mais tempo ocupou o cargo na história do clube, de 1945 e 1971. Pois é, durante os anos mais vitoriosos do Santos, a conhecida Era-Pelé, o presidente do clube era o ex-goleiro Athiê. Na outra ponta do campo, lá no ataque, o destaque ficava por conta de Mário Seixas. Em 1922, ainda com 20 anos, Seixas, então atuando pelo Americano-RJ já mostrava grande qualidade chegando a ser convocado pela Seleção Brasileira. Pelo Santos, o atacante marcaria 67 gols em quatro anos (1931-1935) e faria parte da equipe que seria Campeã Paulista em 1935.

Se em 1933 o Santos, apesar de contar com alguns ótimos jogadores, não era um esquadrão, não podemos dizer o mesmo do São Paulo. Em 1933, o Tricolor era realmente um “Esquadrão de Aço”, apelido que recebeu na época. Vejamos algumas sapatadas que o Sampa aplicou em seus rivais no ano:

SÃO PAULO 7 X 1 YPIRANGA (SP)
SÃO PAULO 5 X 0 SÃO BENTO (SP)
SÃO PAULO 5 X 1 VASCO DA GAMA
SÃO PAULO 7 X 1 SÍRIO (SP)
SÃO PAULO 7 X 3 FLAMENGO
SÃO PAULO 7 X 4 AMÉRICA (RJ)
SÃO PAULO 12 X 1 SÍRIO (SP)
SÃO PAULO 6 X 1 CORINTHIANS – maior goleada da história do clássico
SANTOS 2 X 6 SÃO PAULO, na Vila Belmiro
FLUMINENSE 2 X 5 SÃO PAULO, no Estádio das Laranjeiras

Amigos, não teria como ser diferente. Com a linha ofensiva que o São Paulo possuía, balançar as redes estava longe de ser uma tarefa difícil. Como citei anteriormente, ninguém menos do que Araken Patuska estava presente na linha de frente tricolor. Sempre com sua brilhantina no cabelo e um bigodinho bem cultivado, Araken mostrava elegância também com a pelota nos pés. Além de muito habilidoso, Araken sabia como sacudir o filó. Pelos lados do campo, o Sampa possuía dois dos que viriam a ser figurinhas obrigatórias em qualquer eleição dos maiores pontas da história do futebol brasileiro. Pela direita, Luizinho Mesquita mostrava um futebol repleto de qualidades. É uma tarefa quase impossível escolher uma característica principal dentre as muitas que o craque possuía, já que era um ponta de grande velocidade, driblador nato e parecia jogar com uma régua amarrada nas chuteiras, tamanha a precisão de seus cruzamentos e chutes. Vale ressaltar que todas estas qualidades de Luizinho estiveram a serviço da Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1934 e 1938. Se em 1933 Luizinho já era um dos pilares do Tricolor, sendo importantíssimo desde a conquista do caneco paulista em 1931, no outro lado, pela ponta-esquerda, um novato começaria a mostrar seu futebol neste ano. Apenas uma coisa era mais forte e potente do que os chutes do ponta que chegara ao São Paulo, vindo do Juventus. Era seu nome: Hércules. Uma frase sensacional de Geraldo Romualdo da Silva, um dos nossos grandes cronistas esportivos, definiu bem o futebol de Hércules. De acordo com ele, Hércules possuía “um canhão no pé esquerdo e um míssil no direito”. Esta frase foi dita durante a passagem de Hércules pelo Fluminense, na segunda metade dos anos 30, quando ele se consagrou como um dos maiores pontas da história do futebol brasileiro.

Assim como Hércules, um outro futuro cracaço de bola começava a mostrar sua categoria com a camisa tricolor. Sabem aquele tipo de jogador que faz gols como se fosse a coisa mais fácil do mundo? Pois é, Waldemar de Brito era um deles. Só para ilustrar a relação estreita que Waldemar possuía com as redes, na sua primeira temporada pelo São Paulo, esta mesmo de 1933, ele se sagrou artilheiro do Campeonato Paulista e Torneio Rio-São Paulo. Entretanto, assim como o goleiro do Santos Athiê, que ficou mais famoso após abandonar as quatro-linhas, Waldemar de Brito também escreveu seu nome na eternidade após largar os gramados. O motivo? Ter levado para o Santos um escurinho que ele assistiu nos campinhos de Bauru e que mais tarde se tornaria o maior jogador de futebol de todos os tempos. Foi o artilheiro tricolor Waldemar de Brito quem “descobriu” Pelé.

Bom, acredito que um ataque que contava com Luizinho, Waldemar de Brito, Araken Patuska e Hércules já tiraria o sono de qualquer sistema defensivo que teria a missão de pará-lo. Mas acreditem, ainda faltava a estrela principal, o maior jogador brasileiro da era do amadorismo: Arthur Friedenreich. Reza a lenda que Fried marcou mais de 1000 gols na carreira, o que está escrito até mesmo no Guiness Book Of Records. Estes gols foram contabilizados por seu pai e mais tarde por um amigo, cuja a família perdeu os dados após seu falecimento. Mas Fried fazia tantos, mas tantos gols, que uma recontagem feita pelo pesquisador Alexandre Costa para o livro “O Tigre do Futebol”, que diga-se de passagem é um livraço que já li duas vezes, apontou 556 gols em 561 partidas, o que resulta em uma média de 0,99 gols por jogo. Além desta capacidade extraterrestre de marcar gols, Fried também era um leão, ou melhor, um tigre em campo. Foi no Sul-Americano de 1916, o primeiro realizado, que Friedenreich recebeu o apelido de “El Tigre”, devido à sua grande agilidade e ainda maior garra. Apesar do nome e da descendência alemã, Fried era um brasileiro como poucos. Uma passagem do citado livro de Alexandre Costa nos mostra isso com perfeição: “Os confrontos entre Brasil e Argentina sempre foram regados a muita rivalidade, violência e até um pouco de futebol. Em 1921, o Paulistano foi convidado para uma rápida excursão aos nossos vizinhos platinos. Mais técnicos, os brasileiros suportaram bem a pressão adversária, arrancando um suado 1 x 0. Inesquecível, porém, foi o que aconteceu perto do fim da partida. A torcida local, enfurecida, afinal sua seleção perdia para um clube, ateia fogo em uma bandeira do Brasil. Do campo, Friedenreich vê a chocante cena e fica louco da vida. Abandona o jogo e sai correndo, alucinado, em direção à bandeira que se esvaia em chamas. Com sua camisa, apaga o incêndio e consegue salvar um pequeno pedaço do manto que, para Fried, seria uma relíquia guardada até sua morte. O estádio inteiro ficou impressionado com a atitude do Tigre brasileiro. Foram longos 60 segundos de um silêncio ensurdecedor.”

A partida estava datada para o dia 12 de março e uma curiosidade marcava a escalação do São Paulo. O goleiro, os zagueiros e os médios tricolores, todos, sem nenhuma exceção, fariam sua primeira partida com a camisa do São Paulo. Destes estreantes, o médio Zarzur era o destaque. Recém-contratado junto ao Vasco, clube onde formou junto com o uruguaio Figliola e o argentino Dacunto a famosa linha-média conhecida como “Três Mosqueteiros”, Zarzur possuía liderança e qualidade defensiva que seriam de gigantesca importância para o São Paulo. Mais duas novidades estavam presentes na escalação são-paulina. Para a alegria dos tricolores, Friedenreich, que era dúvida para o jogo, pois estava contundido, foi confirmado. Por outro lado, Luizinho amanheceu doente e seria substituído por Patrício. Muitos torcedores do Sampa viajaram até Santos para assistir ao confronto e, como sempre ocorreu na história do futebol, aproveitaram para tirar sarro dos santistas chamando-os de “peixeiros”. O que os tricolores não sabiam era que esta simples brincadeira com o povo praiano originaria o apelido de “Peixe” que até hoje acompanha o Santos. Como se não bastasse a importância do duelo que estava por começar, um grande fato já estava sendo escrito na história do futebol paulista, afinal em qualquer canto deste Brasil Santos e “Peixe” são sinônimos.

A partir do apito inicial, cada segundo de jogo seria marcante. Teria o futebol profissional brasileiro o seu primeiro escanteio, a primeira falta, o primeiro lateral... E adivinhem quem foi o encarregado de ser o autor do gol de número 1 da história do profissionalismo? Isso mesmo, só poderia ter sido ele. Aos 18 minutos da 1ª etapa Fried dribla seu marcador e, de canhota, sacode o barbante. O São Paulo permanece mostrando seu poder ofensivo e o futuro presidente Athiê sofria para tentar contê-los. Já no finalzinho do 1º tempo, aos 45 minutos, Fried inicia mais uma jogada e, desta vez, rola a pelota para Araken Patuska ampliar o placar. Logo após o intervalo, o atacante santista Logu diminui a vantagem tricolor e parece que vai colocar fogo no jogo, mas os torcedores tricolores nem se assustaram, pois com Waldemar de Brito em campo, não tem placar em branco. Em menos de 10 minutos, mais precisamente aos 21 e 29 da 2ª etapa, Waldemar balançou as redes duas vezes e transformou o jogo em goleada. O Santos não tinha nem idéia do que fazer para parar o “Esquadrão de Aço”. Fechando o caixão praiano, Fried e Araken tabelam novamente e o último colocou 5 x 1 no placar.

Somente em 1937, após muitas disputas e jogos de interesses entre defensores do amadorismo e do profissionalismo, o futebol profissional se consolidou no Brasil quando, em troca de se manter no comando do futebol do país, a CBD aceitou o profissionalismo. E tudo começou lá em 1933, quando o “Esquadrão de Aço” de Friedenreich, Araken Patuska e cia goleou o Santos em plena Vila Belmiro.

Santos 1 x 5 São Paulo
12 de março de 1933
Vila Belmiro – Público: desconhecido
Gols: 1º tempo: Friedenreich (SPa) aos 18’ e Araken (SPa) aos 45’; 2º tempo: Logu (San), Waldemar de Brito (SPa) aos 21’, Waldemar de Brito (SPa) aos 29’ e Araken (SPa) aos 41’.
Santos: Athiê; Meira e Garcia; Waldomiro, Bisoca (Dino) e Alfredo (Bisoca); David, Armandinho (Victor), Catitu (Strauss), Seixas e Logu.
São Paulo: Moreno; Sylvio Hoffmann e Iracino; Ferreira, Zarzur e Orozimbo (Rapha); Patrício, Waldemar de Brito, Friedenreich, Araken e Hércules.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2010 - 1ª FASE

Universidad Católica 2 x 0 Flamengo – San Carlos de Apoquindo, Santiago (CHI)

Em uma partida que devia ser tratada como uma final pelo Flamengo, o Rubro-Negro preferiu passear em campo e deixou a decisão de sua classificação, que agora não depende mais apenas de suas próprias forças, para a última rodada.

Posso estar enganado e acredito que muitos irão discordar de minha opinião, porém acredito que Adriano e Kléberson são responsáveis diretos por esta atuação ridícula do Flamengo em Santiago. Mas se eles nem jogaram, como podem ser culpados? Explico. Para mim, toda esta apatia que o Flamengo apresentou em campo tem relação direta com as recentes atitudes de Adriano, como não estar se esforçando nem um pouco para entrar em campo em jogos de extrema importância e, quando presente, não demonstrar nenhuma felicidade por estar ali. O fato de não estar comemorando os gols que marca é o claro exemplo da apatia do “Imperador”. Lembram quando, em 2002, o centroavante Luizão utilizou o Grêmio para se recuperar de lesão e ir para a Copa do Mundo? O mesmo parece estar acontecendo no momento com o volante Kléberson, que claramente não está com a cabeça no Flamengo. Este ano não foram raras as vezes em que ele evitou dividir bolas com o medo de se contundir e, devido à esta falta de profissionalismo, seu futebol caiu absurdamente, sendo o Flamengo o maior prejudicado. Se dois dos principais jogadores do Flamengo, justamente os que estão (estavam?) mais perto de disputar a Copa do Mundo, demonstram tamanha apatia, nada mais normal do que os companheiros serem contagiados. Pode até ser que nos próximos jogos, mais importantes até do que os últimos, o Flamengo amarre as chuteiras com as veias e mostre a raça que os torcedores admiram, entretanto não é o que eu acredito que irá ocorrer.

Falando sobre o duelo em Santiago, o Flamengo foi literalmente engolido pela Universidad Católica. Se os chilenos entravam em campo como franco atiradores, pois é quase impossível eles conseguirem se classificar, a situação deles ficou ainda mais tranquila após abrirem o placar logo aos 2 minutos. Em uma jogada iniciada e finalizada pelo argentino Díaz, que para variar contou com a colaboração da estabanada defesa rubro-negra, a Universidad abriu o placar e pôde atuar o restante da partida leve como uma pluma. Com dois meias muito técnicos e criativos, o próprio Díaz e Mirosevic, a Universidad usou e abusou da fragilidade defensiva do Fla para criar oportunidades de gols. E não foram só os habilidosos meias que infernizaram o goleiro Bruno. O participativo centroavante Morales e os alas Valenzuela, presença constante no campo de ataque, e Silva, autor do segundo gol, no fim do 1º tempo, se juntavam à Díaz e Mirosevic e o Flamengo não tinha nem idéia de como impedir a avalanche de oportunidades criadas. Vale muito ressaltar que, apesar de não estarem realizando uma partida decisiva, a Universidad teve uma atuação de altíssimo nível em todos os aspectos. Tanto tecnicamente quanto taticamente os chilenos deram um banho de bola no Flamengo.

Após o intervalo, Andrade tentou modificar a postura do Flamengo com as entradas de Vinícius Pacheco e Fierro nos lugares de Petkovic e Willians, porém a equipe não evoluiu muito. Melhorou um pouquinho, mas os contra-golpes chilenos levavam mais perigo ao Bruno do que os ataques rubro-negros aos goleiro Garcés. Na principal chance flamenguista Juan acertou um chute cruzado na trave, porém logo depois os chilenos responderam com uma tabela entre Días e Mirosevic que Morales chutou para a fora após receber a pelota a uma distância de alguns palmos do gol. Placar final: Universidad Católica 2 x 0 Flamengo. Merecidíssimo.

A próxima semana talvez seja a mais importante do ano para o Flamengo. Andrade e seus comandados devem entender isso o mais rápido possível, ou a Gávea irá tremer.

JOGADA RÁPIDA!

Vasco e Fluminense conquistaram importantes vitórias fora de casa na Copa do Brasil contra, respectivamente, Corinthians-PR e Portuguesa. Após a eliminação no Carioca, encaminhar a classificação para a próxima fase da Copa do Brasil foi o melhor que poderia acontecer à dupla.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

UMA IMAGEM...



A maior prova de amor à Camisa Canarinho.

domingo, 11 de abril de 2010

TAÇA RIO - SEMI-FINAL PARTE 2

Olá amigos do FUTEBOLA!

Flamengo 2 x 1 Vasco – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Apoiado sobre o futebol dos seus dois melhores jogadores em 2010, Vágner Love e Léo Moura, o Flamengo bateu o Vasco, se classificou para a finalíssima da Taça Rio e duelará novamente contra o Botafogo.

A partida no Maraca começou quentíssima, com o Vasco tendo um gol anulado logo aos 4 minutos, pois Élton se apoiou sobre Juan antes cabecear e colocar a pelota no fundo do gol. O Flamengo, diferente do que estamos acostumados a ver, não tentava manter o controle da posse de bola, mas sim atraía o Vasco para o seu campo e buscava o contra-golpe. E foi assim que o Rubro-Negro abriu o placar. Aos 11 minutos, o centroavante Bruno Mezenga recebeu a bola longe da área e lançou Vágner Love, que driblou Fernando Prass e sacudiu o barbante. Vale dizer que dois minutinhos antes, Bruno Mezenga também havia lançado Váner Love que não foi feliz na finalização. Uma equipe como o Vasco, que atua com três volantes (Souza/Rafael Carioca/Léo Gago), não pode sofrer dois contra-ataques em menos de 3 minutos e, em ambos, sua dupla de zaga se encontrar completamente desguarnecida. Após o gol marcado, o Flamengo deu mais campo ainda para o Vasco que, por sua vez, não sabia aproveitar a posse da bola. Sem nenhuma criatividade e jogadas pelos lados do campo, o gol vascaíno só poderia surgir em uma jogada de bola parada, como ocorreu aos 31 minutos, quando Fágner cruzou e o zagueiro Thiago Martinelli livre, leve e solto, empatou o marcador. Chamou muito a atenção nesta 1ª etapa do “Clássico dos Milhões” a falta de qualidade do passe de ambas as equipes, que erraram por atacado.

Após a volta do intervalo, o Flamengo enfim resolveu jogar, o que não fez em praticamente todo o 1º tempo. E o principal responsável pelo crescimento ofensivo rubro-negro foi o lateral-direito Leonardo Moura, que esteve muito preso em seu campo de defesa durante os primeiros 45 minutos. Assim como em seus melhores dias, que acredito estarem retornando, Léo Moura explorou muito sua velocidade e capacidade de chegar na linha de fundo. Apesar de não impor uma grande pressão ao Vasco, o Flamengo esteve melhor em campo na primeira metade desta etapa e chegou ao gol da virada pouco depois de levar um grande susto. Aos 19 minutos, Léo Gago acertou lindo passe para Philippe Coutinho arrematar no pé da trave. Logo depois, aos 25, Léo Moura deu uma sensacional arrancada e foi empurrado por Márcio Careca dentro da área. Pênalti para o Flamengo que Vágner Love, com sua já característica corrida repicada, cobrou com categoria e colocou o Fla na frente. Sou suspeito para comentar sobre o Léo Moura, pois sou um grande fã de seu futebol, mas acredito que a única Seleção que disputará a Copa do Mundo e que ele não possui vaga é justamente a brasileira. Coisas do futebol...

Restava ao Vasco correr em busca do empate, o que se tornou ainda mais óbvio após a expulsão de Juan, aos 33 minutos. Porém, mesmo com a entrada de Carlos Alberto, o Cruzmaltino permaneceu sem nenhuma inspiração. Até o apito final, nenhuma jogada foi bem arquitetada pelo setor ofensivo vascaíno, que só levou perigo ao goleiro Bruno em um cruzamento do Fágner para o Élton. Aos 41 minutos, em uma bola alçada na área, o Vasco reclamou pênalti em uma bola que bateu no esticado braço do flamenguista Willians. Em minha opinião, foi um pênalti claríssimo que o juiz não viu, mas não viu por sua culpa, por estar pessimamente posicionado.

Com a vitória, resta ao Flamengo ter a atitude que Vágner Love citou na entrevista pós-jogo: “Agora é tudo ou nada pelo título carioca”. E ao Botafogo, resta saber explorar a necessidade do Flamengo de vencer de qualquer maneira. Vai ser um jogaço!

JOGADA RÁPIDA!

O Santos deu um grande passo rumo à decisão do Paulista com a vitória de 3 x 2 sobre o São Paulo, em pleno Morumbi. Porém, os “Meninos da Vila” devem saber que ainda não venceram nada. Nesta mesma partida no Morumbi, o São Paulo, com um homem a menos (Marlos foi expulso aos 33 do 1º tempo), foi buscar o empate após estar perdendo por 2 x 0. Se não conseguiu segurar o empate, o Tricolor mostrou que não pode ser considerado morto.

sábado, 10 de abril de 2010

TAÇA RIO - SEMI-FINAL PARTE 1

Olá amigos do FUTEBOLA!

Botafogo 3 x 2 Fluminense – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Em uma partida muito movimentada e cheia de emoção, o Botafogo bateu o Fluminense e está a um passo do paraíso, pois só precisa de mais uma vitória para ser Campeão Carioca.

O jogão no Maraca já começou à 100 por hora. Uma cobrança de falta de Túlio Souza, o substituto do Lúcio Flávio e que, diga-se de passagem, só acertou esta jogada em toda a partida, chegou na cabeça de Loco Abreu. O resultado de bola na cabeça de Abreu todos conhecem... Gol do Fogão. Porém, o resultado de o Botafogo adquirir vantagem rapidamente também é bem previsível, pois invariavelmente a equipe recua excessivamente após abrir o marcador. Neste “Clássico Vovô” não foi diferente e o Flu logo teve oportunidade de igualar o placar em uma penalidade marcada pelo juiz Péricles Bassols, após a pelota tocar na mão de Leandro Guerreiro dentro da área. Opinião minha? Não foi penal. Na cobrança, Fred descartou a paradinha e se deu mal, mandando uma bomba no travessão. Assim como, também contra o Bota, na terceira rodada da fase de grupos, o Fred não sentiu o fato de ter perdido um incrível gol debaixo das traves, desta vez ele novamente não se abalou com uma grande chance jogada no lixo. Um Botafogo absurdamente rcuado, dava total liberdade para o volante tricolor Éverton participar da partida. Entretanto, se Éverton e Conca, que se não estava em excelente noite pelo menos tentava algumas jogadas, não tiveram êxito em fazr o Flu virar o jogo, Diguinho, o outro volante do Flu, chamou a responsabilidade. Aos 27 ele cruzou perfeita bola na cabeça de Fred que se aproveitou do escorregão do defensor Antônio Carlos e colocou no fundo das redes. Somente 5 minutinhos mais tarde, Diguinho deu lindo lançamento para Alan que cruzou rasteirinho para o artilheiro tricolor girar sobre Fábio Ferreira e novamente deixar sua marca. Diante do recuo alvi-negro que, acreditem, não acertou sequer um contra-ataque, a vitória parcial do Flu era óbvia.

Contrariando todos aqueles que o chamam de retranqueiro (não sou um deles, apenas acho que o “Papai” Joel sabe organizar um sistema defensivo), Joel Santana trocou Túlio Souza e Sandro Silva por Caio e Edno e o Bota mudou por completo. Tanto a postura tática quanto a atitude em campo mostradas pelo Fogão no retorno do intervalo foram, enfim, de um time grande. Resumo da ópera: o Botafogo começou a jogar bola. Apesar de o Flu ter assustado o goleiro Jefferson em duas oportunidades, com a dupla Fred/Alan, o Glorioso era mais ativo ofensivamente e, aos 15 minutos, Edno alçou a pelota na área e o zagueiro/volante Fahel completou para o fundo do gol. Devido à postura ofensiva que o Botafogo tomava, os volantes tricolores não podiam mais se mandar para o ataque e o Flu diminuiu muito sua produção. Com 26 minutos, o talismã Caio, que para variar corria bastante em campo, colocou o Fogão em vantagem. Após um córner cobrado, Caio matou o rebote no peito e acertou o cantinho do goleiro Rafael. Terceiro gol do Bota e terceiro originado em bolas alçadas na área. Vale ressaltar que se a arbitragem errou ao assinalar pênalti na bola que bateu na mão do Leandro Guerreiro, também se equivocou ao não assinalar impedimento do Herrera que fez o corta-luz em condição irregular, após o chute do Caio.

O Flu tentou Welington Silva, que apesar de entrado bem não foi suficiente. O Botafogo recuou novamente, mas desta vez com inteligência nos contra-golpes, como mostraram as jogadas em que o Caio sofreu falto do zagueiro Cássio, que acabou sendo expulso, e a clara oportunidade que Loco Abreu desperdiçou após passe de Herrera. Placar final: Fogão 3 x 2 Fluzão.

O Botafogo teve uma atuação digna de “O médico e o Monstro”, e os dois tempos merecem ser lembrados nos treinamentos. Os primeiros 45 minutos devem ser vistos e revistos pelo elenco alvi-negro para não tornar a se repetir. Já a 2ª etapa foi um exemplo de que, se quiser, o Fogão sabe colocar a bola no chão e jogar um bom futebol.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

UMA IMAGEM...



O "Kaiser" Franz Beckenbauer na partida semi-final da Copa do Mundo de 1970 contra a Itália. A Itália venceu a partida, que é considerada quase por unanimidade como a maior da história das Copas, por 4 x 3 na prorrogação, porém nada neste duelo foi mais marcante do que Beckenbauer permanecendo em campo com a clavícula fraturada.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2010 1ª FASE

Olá amigos do FUTEBOLA!

Flamengo 2 x 2 Universidad de Chile – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Bobeou demais! Após conseguir uma difícil virada no placar, aos 37 minutos da 2ª etapa, o Flamengo fez tudo que não podia e permitiu que a Universidad de Chile empatasse o duelo no Maraca.

Sei que existe uma grande máxima no futebol que diz “o jogo só termina quando o juiz apita”. Porém, um time maduro e tecnicamente qualificado, como acredito ser o Flamengo, não pode perder uma partida nos minutos finais, após tanto sacrifício para tomar a frente no placar. E nem estou falando sobre artifícios como são a cera e as faltas, já que a Libertadores não suspende jogadores por acúmulo de cartões amarelos e permite estas sujas artimanhas. Com a vitória parcial e aproximadamente 10 minutos para o fim do jogo, bastava ao Flamengo trocar passes e rodar a redonda. Uma equipe que conta com Léo Moura, Juan e Petkovic, só para citar três excelentes passadores, e que manteve mais de 60% de posse de bola durante todo o jogo, tinha a obrigação de não sofrer um gol nos acréscimos. Mesmo que a defesa do Flamengo seja um desastre.

Bom, vamos à história do jogo. Durante toda a 1ª etapa, o Flamengo teve o controle da posse de bola e nada soube fazer com ela. Contando com um Kléberson apagadíssimo, o que vem sendo uma constante em todo 2010, e Vinícius Pacheco completamente perdido em campo, o Rubro-Negro só alçava bolas na área, o que era inútil devido à ausência de Adriano como referência. Uma cabeçada e um chute de Love foram os únicos perigos que o Fla levou ao goleiro Conde durante esta etapa, apesar de todo o esforço do Michael, estreando como titular. Aos 43 minutos, o sistema defensivo do Fla resolveu falhar, o que, assim como as péssimas atuações do Kléberson também vem sendo constante. No único contra-ataque bem sucedido puxado pela “La U”, o cruzamento veio pela direita e por baixo e uma falha do Álvaro permitiu que o meia Montillo abrisse o placar.

Para a 2ª etapa, o Flamengo precisaria mudar e o Andrade sacou Kléberson para a entrada de Bruno Mezenga. Falar após o jogo é mais fácil, mas acredito que na ausência de Adriano o Mezenga deve ser o companheiro do Love, ao invés de um Vinícius Pacheco adiantado. O jovem Vinícius ainda não possui qualidade tática o suficiente para saber fazer a dupla função de meia e atacante, ora encostando no Love, ora recuando para buscar o jogo. Se a presença do Bruno Mezenga como referência rapidamente mudou o Flamengo, a entrada do Petkovic no lugar do Pacheco melhorou ainda mais o Rubro-Negro. Dominando inteiramente o setor de meio-campo e com a posse de bola quase que total, o Flamengo pressionava muito a equipe chilena e o gol ficava cada vez mais maduro. Em ordem cronológica: arremate do Mezenga que o goleiro Conde defendeu, Angelim cabeceia cruzamento do Michael perigosamente para fora, Léo Moura cruza com perfeição e Mezenga cabeceia no pé da trave, jogada de Willians que termina com Léo Moura chutando para nova defesa de Conde. E isso tudo em menos de 10 minutos. Então, aos 22 minutos, Vágner Love briga com o goleiro e a pelota sobra para Michael, o melhor jogador em campo, empatar a partida. Se em minha opinião o Andrade errou ao deixar o Mezenga de fora no início do jogo, deu um tiro certeiro em escalar o Michael, que foi um verdadeiro “Multi-Homem” estando em todos os lugares do campo. Com o empate, o Fla manteve o pé no acelerador e, aos 37, depois de ter perdido uma boa chance com o Vágner Love na pequena área, virou o placar. Um lançamento primoroso de Petkovic, daqueles que os saudosistas chegam a suspirar, encontrou Love que dominou errado, se recuperou, tocou para o Michael, como sempre presente nas jogadas de ataque, e a pelota, após desvio na zaga, sobrou para a bomba de Léo Moura estofar as redes.

Era para o Flamengo ter feito a partida terminar ali. Os 10 minutos seguintes, deveriam ter sido apenas de passes pra lá e pra cá. Mas não... O Flamengo recuou, deu bola e campo para a Universidad e, em mais uma bobeira da zaga, Montillo cruzou e Rodriguez fechou o jogo. Comentário rápido: este Montillo é muito bom de bola.

Com o empate, o Flamengo precisará vencer a Universidad Católica lá no Chile. Não será um jogo fácil, mas quem mandou cometer erros de equipes sub-15...

terça-feira, 6 de abril de 2010

E NO VELHO CONTINENTE...

Olá amigos do FUTEBOLA!

Barcelona 4 x 1 Arsenal – 2º jogo da fase quartas-de-final da Liga dos Campeões da Europa

Avassaladora! Extraordinária! Monstruosa! Magnífica! Assim pode ser definida a atuação de Lionel Messi na goleada que o Barcelona aplicou no Arsenal, em um lotado Camp Nou, e que garantiu a classificação para enfrentar a Internazionale na semi-final.

Sabem aquela sensação de estar presenciando a história sendo escrita. Pois é... assim que me senti assistindo mais uma apresentação de gala de Lionel Messi. Desde o apito inicial, o argentino já estava mostrando que queria jogo, como comprova duas belas jogadas individuais que assustaram o goleiro Almúnia. Porém, a forte marcação do Arsenal no meio-campo rendeu frutos e um belo contra-ataque organizado por Walcott chegou aos pés de Bendtner e ao fundo do gol. Mesmo que a torcida catalã não tenha parado de cantar após a abertura do placar pelo rival, o Barça tinha tudo para sentir a desvantagem. Deveria sentir o gol sofrido, como sentiu quando o Arsenal diminui o placar no jogo de ida em Londres, o que resultou no empate em 2 x 2. Mas como eu disse, o Messi queria jogo e quando isso ocorre... Sozinho, sem nenhuma ajuda, como se existisse apenas ele vestindo azul-grená, Messi arrancou da ponta direita, chutou, pegou o próprio rebote, limpou a jogada e marcou um golaço. Fez isso tudo com uma velocidade impressionante, sendo marcado por diversos oponentes e parecia fazer a coisa mais simples do mundo. Se alguém possui um projeto para montar um dicionário visual de termos futebolísticos, este gol do Messi é o exemplo perfeito para “chamar a responsabilidade quando o jogo aperta”.

O mais incrível é que era apenas o começo. Parecia haver três “Messis” em campo, um na direita, um na esquerda e um no meio. Em qualquer jogada de ataque arquitetada pelo Barça, lá estava ele. E mais! As vezes ele mesmo iniciava a trama ofensiva, como quando encontrou Abidal na esquerda com um passe milimétrico e adentrou a área para finalizar a jogada e virar o placar. O Arsenal via escorrer pelas mãos o sonho da classificação e não tinha nem idéia do que fazer para impedir isto. Fechando com chave-de-ouro sua atuação na 1ª etapa, Messi recebeu grande passe de Keita e com um categórico toque de cobertura deixou Almúnia perdido e a bola no fundo da rede. Deixando um pouquinho o Messi de lado, se é que isso é possível após um 1º tempo destes, precisamos ressaltar a força do elenco do Barcelona. Sem contar com Piqué, Puyol, Iniesta (que entrou no fim) e Ibrahimovic, o Barça não perdeu em nenhum momento as rédeas da partida e em nada alterou seu estilo de jogar.

Depois do intervalo, o Arsenal não mostrou nenhuma força para assustar o Barcelona, não conseguiu controlar a posse de bola e ainda viu Messi marcar mais uma vez. Após receber passe de Xavi e fazer um carnaval na área londrina, Messi chutou a pelota entre as pernas de Almúnia e empatou com Rivaldo como maior artilheiro do Barcelona na história da Champions League, com 25 gols. E lembremos, o Messi só tem 22 anos...

Se após a vitória do Barça sobre o Stuttgart por 4 x 0, escrevi que o Messi estava crescendo de produção e começando a me preocupar, como torcedor brasileiro, para a Copa do Mundo, agora já posso dizer que estou perdendo o sono.

domingo, 4 de abril de 2010

TAÇA RIO - 8ª RODADA

Olaria 1x2 Madureira
Fluminense 3x1 Macaé
Duque de Caxias 3x4 Vasco
Americano 2x0 Resende
Botafogo 2x2 Bangu
América 2x0 Volta Redonda
Tigres 1x3 Boavista
Friburguense 0x3 Flamengo

Olá amigos do FUTEBOLA!

A última rodada da fase de grupos da Taça Rio foi empolgante. O motivo? A disputa pela classificação para a próxima fase, que foi protagonizada por América e Vasco, e a briga para escapar da Segundona. O Vasco bateu o Duque de Caxias em um excelente jogo e conquistou a vaga para as semi-finais, onde enfrentará o Flamengo. No outro braço semi-final, Botafogo e Fluminense brigarão por uma vaga na decisão. Já no fundo da tabela, o Tigres foi rebaixado para a Série B e um triangular, disputado por Duque de Caxias, Resende e Friburguense, decidirá o outro degolado. Vamos aos comentários do jogo que classificou o Vasco.

Duque de Caxias 3 x 4 Vasco – Raulino de Oliveira, Volta Redonda (RJ)

Para aqueles que achavam que a última rodada da Taça Rio seria chata e previsível, Vasco e Duque de Caxias fizeram um grande jogo e o “Gigante da Colina” só conquistou sua classificação na parte final do duelo.

No quentíssimo jogo de Volta Redonda, os gols não tardaram a sair. Com 21 minutos de bola rolando, o Vasco já havia levado um grande susto, quando o veterano Maurinho abriu o placar para o Caxias após falha feia de Fernando Prass, empatado a partida, em um golaçoaçoaço do bom lateral-direito Fágner, e virado o marcador em belo gol de Élton concluindo mais bela ainda jogada de Léo Gago. Para deixar o embate ainda mais aberto, o vascaíno Nílton e o caxiense Tinoco se engalfinharam na área e o juizão mandou os dois mais cedo para o chuveiro. O jogo então perdeu um pouco de energia e apenas duas chances criadas e desperdiçadas pelo Vasco, uma com Márcio Careca e outra com Philippe Coutinho, merecem destaque.

Se os últimos minutos do 1º tempo não foram de tirar o torcedor da cadeira, após o intervalo o jogo voltou pegando fogo. Logo aos 5 minutos, Márcio Careca e Élton fizeram linda jogada que terminou nos pés de Dodô e no fundo do gol. Parecia que com dois tentos de vantagem no marcador, o Vasco havia acabado com as esperanças do América, que mesmo vencendo o Volta Redonda necessitava de um tropeço do Cruzmaltino. Porém, o inesperado resolveu dar as caras... Primeiro, Júnior cobrou uma falta daquelas que nem dois goleiros debaixo do pau seriam capazes de impedir o gol. Logo depois, Marcelo “Mariola” arrancou em velocidade desde o meio-campo, driblou Fernando Prass com tranquilidade e empatou o jogo. Para aqueles que não lembram do Marcelo “Mariola”, ele é aquele atacante que está ao lado de Pelé e Puskas como os únicos jogadores que marcaram 4 gols contra o Flamengo em uma mesma partida. Marcelo conseguiu este feito em 2007, quando atuava pelo Madureira e foi, ao lado de Dodô, então no Botafogo, artilheiro do Carioca.

Voltando ao jogo, é impossível não criticar a postura adotada pela equipe vascaína após colocar 3 x 1 no placar. Diante de um Duque de Caxias que necessitava sair para o jogo, pois lutava contra o rebaixamento, bastava ao Vasco apenas rodar a pelota e explorar os contra-ataques. Porém, o que se viu foi um Vasco saindo para o jogo como sem nenhuma organização e parecendo precisar marcar mais gols. Resultado: levou o empate em um contra-golpe que não poderia ter sofrido de maneira alguma. Com o 3 x 3 no marcador e o América vencendo seu jogo, aí sim o Vasco precisaria partir com tudo para o ataque. E partiu. Em 5 minutos, entre os 23 e 28, o “Gigante da Colina” criou 4 oportunidades de sacudir as redes. Dodô, Élton, Márcio Careca e Gean desperdiçaram chances em sequência e o desespero começava a atingir os torcedores vascaínos. Mas aos 33 minutos, novamente a dupla Élton/Dodô entrou em ação. Um sensacinal passe de calcanhar de Élton encontrou Dodô na entrada da área e o “Artilheiro dos Gols Bonitos” deu a vitória e a classificação ao Vasco. Sobre a dupla, vale ressaltar mais uma ótima atuação do Élton, que assim como no meio da semana contra o Asa, pela Copa do Brasil, foi o principal responsável pela classificação vascaína, e o poder de decisão de Dodô, que apesar de ter desperdiçado duas boas chances de sacudir o filó, marcou duas vezes e foi importantíssimo novamente.

Continuo com a opinião de que com Carlos Alberto em campo o Vasco tem totais chances de conquistar o título, porém, sem seu capitão, precisará jogar um futebol melhor para bater o Flamengo. Já o Duque de Caxias, precisa apenas repetir a vontade mostrada neste duelo para se salvar da Segundona.


JOGADA RÁPIDA!


Apesar de ter vencido o Ituano por 2 x 0, o Corinthians não depende apenas de suas forças para se classificar no Paulistão. Para um elenco que vem apresentando Tcheco, Iarley e Jorge Henrique como reservas, não vale a desculpa de dar prioridade à Copa Libertadores.

sábado, 3 de abril de 2010

PELA ESTRADA AFORA - COUPE MOHAMMED V 1968

Quando pensamos no futebol carioca da década de 60, rapidamente vem à cabeça o Botafogo. Poderíamos até dizer “os Botafogos”, já que durante esta década o Glorioso contou com dois diferentes esquadrões, o de Nilton Santos, Didi e Garrincha e o de Gérson, Jairzinho e Paulo César Caju. Devido a este grande sucesso do Glorioso, alguns outros grandes times dos anos 60 permanecem escondidos na história, como é o caso do Flamengo de 1968. Desde 1962 ocorria anualmente no Marrocos a Coupe Mohammed V, que recebia este nome em homenagem aquele que foi Sultão do país por mais de vinte anos e também seria rei por mais quatro. Por o Marrocos não ser um país tradicional no planeta bola, e na época era ainda menos, fica a primeira impressão de que o torneio era fraco tecnicamente. Bom, esta é uma conclusão completamente equivocada. Para se ter idéia do alto nível da Coupe Mohammed V, o Boca Juniors de Rattín, um dos principais símbolos do futebol argentino, e o Real Madrid do lendário ponta-esquerda Gento venceram a competição, respectivamente em 1964 e 1966. Para a edição de 1968, pela primeira vez uma equipe brasileira, no caso o Flamengo, fora convidada para a disputa, e, diante de adversários fortíssimos, o futebol canarinho seria perfeitamente representado.

Quando eu disse na linha acima “adversários fortíssimos”, fui muito econômico nas palavras. Cada edição do torneio contava sempre com o atual Campeão Marroquino - em 1968 quem iria fazer as honras da casa era o FAR Rabat. Isto não era nenhuma novidade, pois o FAR Rabat era disparado a maior potencia do futebol do Marrocos na década de 60, como comprova o fato de esta ser a sexta participação da equipe na competição. Se, apesar da hegemonia local, o FAR Rabat não assustava tanto, os outros dois concorrentes ao já tradicional caneco eram das maiores equipes do mundo.

Representando o futebol europeu estava o St. Etienne, que vivia uma época dourada. Campeão Francês em 1964, foi em 1967 que o St. Etienne iniciou um período histórico no futebol do país. Comandados pelo atacante Hervé Revelli, que havia obtido uma média de quase 1 gol por jogo na temporada anterior e que mais tarde alcançaria o posto de maior artilheiro do clube em todos os tempos, os “Le Verts”, como são conhecidos por seu famoso uniforme verde, conquistariam o Tetra-Francês (67/68/69/70). Neste torneio amistoso, Revelli atuaria ao lado do recém-chegado Salif Keita, para muitos o maior jogador da história do futebol de Mali, iniciando a formação de uma dupla inesquecível para os torcedores do clube. Outros jogadores como o consistente e experiente Robert Herbin, muito conhecido por seus cabelos vermelhos e que havia disputado a Copa do Mundo de 1966, e o meia Aimé Jacquet, que em 1998 conquistaria a Copa do Mundo como treinador da Seleção Francesa, também fizeram parte desta verdadeira Seleção Verde.

Apesar de todo o poderio do St. Etienne, o favorito ao título era o Racing, simplesmente o atual Campeão do Mundo. Isso mesmo, a equipe argentina conquistou o Mundial Interclubes em 1967, após bater o escocês Celtic. Como dizem os antigos, o Racing era um timaço do goleiro ao ponta-esquerda. Quem tinha a missão de defender a meta alvi-celeste era o grande arqueiro Cejas, que mesclava grande sobriedade debaixo das traves com vôos e antecipações impressionantes. Em 1973, após sua vitoriosa carreira no Racing, onde se tornou o jogador que mais atuou pelo clube, Cejas conquistaria o Paulistão ao lado de Pelé, no Santos. Semelhante fato ocorreu com o zagueiro Perfumo, um craque de bola que após fazer parte desta histórica equipe do Racing também jogou no futebol brasileiro, quando formou uma intransponível dupla de zaga no Cruzeiro ao lado de Wilson Piazza. Ofensivamente a equipe treinada por Juan José Pizzuti era sensacional. Juan Carlos Cardenas, Jaime Martinolli e Roberto Salomone, que eram jogadores de primeira linha, contavam com a companhia do meia-atacante Humberto Maschio, um gênio do futebol. Maschio jogava tanta bola que uma Seleção só foi pouco para ele. Pela Argentina, foi Campeão e artilheiro da Copa América de 1957, torneio o qual conquistou depois de ter sapecado 3 x 0 no Brasil. Mais tarde, devido ao grande futebol que mostrou em sua passagem pela Itália, foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 1962 pela “Squadra Azzurra”.

O Flamengo teria que ter uma bela equipe para fazer frente a adversários de tamanho calibre. E tinha... No quarteto de defesa, se destacavam os laterais. Murilo, pela direita, e Paulo Henrique, pela esquerda, já possuíam o manto rubro-negro como segunda pele. Juntos, eles já haviam conquistado dois Cariocas pelo Flamengo, o de 1963, que o Fla-Flu decisivo foi o jogo entre clubes de maior público na história do país, com 177.020 pagantes, e o de 1965. Um fato que comprova a qualidade destes defensores foi que na convocação inicial da Seleção Brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1966, ambos estiveram presentes. Murilo acabou perdendo a vaga para Djalma Santos e Fidélis, dois dos maiores laterais que nosso futebol já viu, e Paulo Henrique fez parte do elenco que foi à Inglaterra tentar o Tri.

À frente da defesa, que além dos já citados laterais era formada por Guilherme e Onça, estava uma dupla que ficou conhecida como "Carregador de Piano" e "Violino". Por estes apelidos, já podemos imaginar as características de cada componente desta dupla. O “Carregador de Piano” era Liminha, jogador incansável e que não parava em campo por sequer um minuto. Nesta época, o raçudo Liminha ainda começava a se estabilizar na equipe do Flamengo, por onde atuaria até meados da década de 70, e já tinha a honra de atuar ao lado de um dos maiores jogadores da história do clube: Carlinhos “Violino”. Meia clássico, elegante e com toque de bola muito refinado, era Carlinhos quem tinha a missão de arquitetar as jogadas ofensivas da equipe, o que, diga-se de passagem, ele cumpria com maestria. Quando encerrou sua carreira, ele entregou suas chuteiras para um garoto de 17 anos que ainda iniciava a vida no Flamengo. O nome do garoto? Arthur Antunes Coimbra. Mesmo após largar as quatro-linhas, o “Violino” continuou escrevendo páginas na história do Flamengo, tendo conquistado, como treinador, os Brasileiros de 1987 e 1992.

No comando do ataque rubro-negro estava Silva, um cracaço de bola. Atacante completo, que sabia organizar jogadas para seus companheiros e também finalizar com extrema precisão, Silva era um dos melhores jogadores de sua época, tendo feito dupla com Pelé na Copa do Mundo de 1966. Uma de suas principais características era ser um grande cabeceador, o que tornava a vida dos zagueiros ainda mais complicada. Bola por baixo? Gol de Silva. Bola pelo alto? Gol de Silva. Era chamado de “Batuta”, mas a origem do apelido nunca foi determinada. Uns diziam que era por sua capacidade de liderar tecnicamente uma equipe, parecendo um maestro com sua batuta na mão, outros que era por ele ser um cara legal, gente fina, batuta. Mais tarde, Silva se tornaria um grande ídolo no mesmo Racing que em 68 era adversário na Coupe Mohammed V, e do rival Vasco, onde foi responsável direto por encerrar uma fila de 12 anos sem títulos do Cruz-maltino, com a conquista do Carioca de 1970. Fazendo companhia a Silva no ataque rubro-negro estavam o bom atacante Luís Cláudio, o folclórico Fio Maravilha e Rodrigues Neto, que mais tarde se tornaria um dos excelentes laterais-esquerdo do país, conquistando títulos com o Fla, fazendo parte da “Máquina Tricolor” de Rivelino e Paulo César Caju, e disputando a Copa do Mundo de 1978.

O torneio seria disputado no estilo clássico dos torneios amistosos. Duas semi-finais e depois decisão de 3º lugar e final. Simples, rápido e absurdamente divertido. Como gostaria que os clubes brasileiros ainda disputassem torneios deste tipo... O Flamengo iniciaria sua participação enfrentando o time da casa, o FAR Rabat, enquanto Racing e St. Etienne fariam um duelo do maior nível possível. Diante de um empolgado adversário, como se mostrava o mandante time do FAR Rabat, o Flamengo precisou suar a camisa para vencer por 2 x 1. Luís Cláudio foi o autor dos dois gols rubro-negros, sendo o segundo deles, o da vitória, aos 41 minutos da 2ª etapa. Vale registrar aqui um fato curioso. O atacante Luís Cláudio poderia até ter saído da partida com um hat-trick, ou seja, três gols marcados, mas uma decisão estranhíssima do árbitro anulou um gol seu. Depois de uma bola ter saído pela lateral, o banco de reservas do Flamengo recolocou em jogo uma bola de fabricação brasileira. Quando Luís Cláudio sacudiu o filó, o juiz percebeu a origem da pelota e cancelou o gol.

Antes mesmo de Racing e St. Etienne entrarem em campo, já era esperado um jogo equilibrado. Novamente vou mostrar minha tristeza com a ausência deste tipo de competições nos dias de hoje, pois por falta delas, deixamos de assistir duelos de futebol únicos e inesquecíveis. Ou alguém tem dúvidas de que o confronto entre o Racing e St. Etienne, em pleno ano de 1968, período mágico para ambos os clubes, foi inesquecível? Apesar de toda a força ofensiva dos franceses, o Racing conseguiu segurar o jogo e marcou o tento da vitória com Solomones, aos 20 minutos da 2ª etapa.

Na disputa pelo 3º lugar, a espetacular dupla ofensiva dos “Les Verts” Keita/Revelli foi responsável pela vitória do St. Etienne sobre o FAR Rabat, com cada um tendo marcado um tento e fechando o placar em 2 x 0.

Para o confronto decisivo, o Estádio Honneur Marcel Cerdan, de Casablanca, estava lotado, afinal não era sempre que marroquinos teriam o prazer de assistir um duelo entre Brasil x Argentina. Se o Flamengo já esperava um jogo duro, a situação ficou ainda mais complicada quando Cardenas abriu o placar para os Alvi-Celestes logo aos 5 minutos de jogo. Com a vantagem, o Racing pôde atuar com mais tranquilidade e o Flamengo foi buscar um gol ainda na 1ª etapa, para não necessitar voltar do intervalo se expondo demais. Foi então que entrou em ação Silva, o genial atacante do Mengão, e, aos 44 minutos, quando tudo que o Racing queria estava ocorrendo, acertou um belo chute e igualou o marcador. Com o empate, o Flamengo teve um intervalo bem mais calmo e conseguiu voltar para a 2º tempo com tranquilidade para mostrar todo seu futebol. Na metade da etapa, quando o equilíbrio era a tônica do jogo, o Mengão conseguiu marcar dois gol e garantir o triunfo. Primeiro, o “motorzinho” Liminha chegou ao ataque e virou a partida. Cinco minutinhos depois, aos 30, Silva – sempre ele – utilizou seu famoso cabeceio para colocar 3 x 1 no placar. O Racing ainda diminuiu com Solomones, mas já era tarde demais para impedir a derrota do Campeão Mundial e que o capitão rubro-negro, Paulo Henrique, tivesse a honra de receber o troféu das mãos do Rei Hassan II.

Com a conquista da Coupe Mohammed V, o Flamengo mostrou que, apesar da precoce eliminação da Seleção Canarinho na Copa do Mundo de 1966, o futebol brasileiro não estava em decadência, muito pelo contrário. A prova final viria dois anos mais tarde, na Copa do Mundo do México, quando o Brasil conquistou o Tri de maneira avassaladora.

Equipe-base: Marco Aurélio; Murilo, Onça, Guilherme e Paulo Henrique; Liminha e Carlinhos; Néviton, Fio, Silva e Rodrigues Neto.

Também atuaram: Claudinei, Cardosinho, Luís Cláudio e Diogo

quinta-feira, 1 de abril de 2010

COPA LIBERTADORES DA AMÉRICA 2010 1ª FASE

Cruzeiro 3 x 0 Vélez Sarsfield – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Com uma atuação de altíssimo nível, o Cruzeiro sapecou 3 x 0 no Vélez e assumiu a ponta do grupo 7 da Libertadores. Agora, a equipe mineira só depende de suas forças, leia-se vencer o Colo-Colo no Chile, para garantir a vaga na próxima fase.

Contrariando minhas expectativas, o Vélez entrou em campo somente para se defender. Acompanhei os dois duelos entre Vélez e Colo-Colo (empate em 1 x 1 no Chile e vitória do Vélez por 2 x 1 na Argentina) e acredito que a equipe argentina possui jogadores de qualidade o suficiente para não apenas se retrancar diante da equipe cruzeirense. O trio ofensivo argentino, formado pelo meia Morález e pela dupla de ataque López e Santiago Silva, poderia muito bem dar trabalho ao setor defensivo adversário, porém eles nem sequer foram vistos em campo. Já o Cruzeiro, fez o seu papel e dominou o jogo do primeiro ao último minuto. Com exceção do meia Gilberto, que mais uma vez não fez uma boa partida e nada produziu ofensivamente, toda a equipe azul esteve em uma grande noite, principalmente a dupla de ataque.

Os que acompanham o futebol brasileiro com o mínimo de regularidade sabem que o “Gladiador” Kléber é um dos melhores atacantes do país. Jogador que nunca desiste de uma jogada e que tem um imenso poder de finalização, Kléber é um perigo constante para qualquer sistema defensivo. Nesta partida contra o Vélez, ele deixou sua marca em duas oportunidades e alcançou 6 gols na competição. Já seu parceiro de ataque não recebe os mesmos holofotes que ele, apesar de estar jogando um bolão. Autor das duas assistências que resultaram nos gols de Kléber, Thiago Ribeiro ainda abriu o placar para o Cruzeiro, fato que deixou a equipe bem mais tranquila. Com uma movimentação impressionante, parecendo estar presente nos dois lados do campo, Thiago Ribeiro vem se tornando um jogador infernal. No Brasileirão do ano passado, durante o período em que o próprio Kléber esteve contundido, era Thiago quem decidia os jogos para a equipe, sendo um dos principais responsáveis, talvez o principal, por a equipe estar disputando esta edição da Libertadores. Vale ressaltar também que nas quatro partidas disputadas no Mineirão nesta Taça Libertadores, o Cruzeiro marcou nada menos do que 16 gols, ou seja, uma média de 4 gols por jogo. Surreal! Em se tratando de dupla de ataque, lembremos que o Santos atua com um trio de atacantes, acredito que Kléber/Thiago Ribeiro fique atrás apenas de Adriano/Vagner Love.

Agora, como citei anteriormente, resta ao Cruzeiro não bobear contra o Colo-Colo lá em Santiago. Que esta medíocre atuação do Vélez sirva de lição para o Cruzeiro saber o que não deve fazer fora de casa.

JOGADA RÁPIDA!

Quem não assistiu Arsenal 2 x 2 Barcelona, pelas quartas-de-final da Champions League, aconselho procurar o vt urgentemente. Isso sim é futebol!