Olá amigos leitores do FUTEBOLA!
Como esta é a primeira vez que publico a coluna “Papo Cabeça”, explicarei o que pretendo. Este é um espaço onde vocês terão a oportunidade de saber minhas opiniões sobre assuntos extra-campo. Aqui não serão analisados jogos nacionais ou internacionais, mas sim assuntos importantes para entendermos o momento do nosso futebol. Exemplos? Vários. Limitar a convocação de jogadores que atuam fora do país para a Seleção Brasileira. Treinadores completamente sem experiência no trabalho que assumem importantes seleções nacionais. Adequação do calendário futebolístico brasileiro ao europeu. Entre outros.
Para esta primeira coluna irei utilizar um tema comentado pelo meu amigo Gabriel Coêlho em uma de minhas postagens anteriores. Seria a solução mais adequada para os problemas finaceiros dos grandes clubes brasileiros a venda de jovens promessas? Em minha opinião existem dois diferentes casos que simbolizam a saída de jovens jogadores do nosso país. A divisão chega a ser simples: casos evitáveis e inevitáveis.
Alexandre Pato havia atuado apenas 10 partidas pelo Internacional, e conquistado um Mundial de Clubes, quando o Milan demostrou interesse em sua contratação. Antes de completar 18 anos, Pato tinha em suas mãos a chance de atuar por um dos maiores clubes do planeta. O Internacional e o empresário do atacante dividiram ( desconheço a fatia que cada parte tinha direito ) a fortuna de 20 milhões de dólares. O Milan, por um dinheiro que em nada afetaria suas finanças, compraria um diamante que, mesmo não lapidado, já brilhava incessantemente. Existe algum motivo para o negócio não ser fechado? Não consigo encontrar. Para não ser repetitivo, vou ser mais sucinto ao dar o exemplo de Robinho. Robinho, aos 21 anos, já era um jogador bi-campeão brasileiro quando o Real Madrid, para muitos o maior clube da história do futebol, apresentou uma proposta de 30 milhões de dólares ao seu clube, o Santos. Óbvio que a tranferência foi concretizada. E todos saíram da mesa de negócios com um sorriso de uma orelha até a outra.
Não considero as transferências citadas acima como culpadas pelo fraco nível técnico visto em nossos gramados. O problema está presente nas negociações de jogadores das divisões de base, estas sim evitáveis. Os clubes brasileiros possuem todo o direito de limitar as ações de empresários em suas dependências. Os clubes brasileiros podem fixar multas rescisórias altas, nos contratos, para diminuir o assédio dos dólares. Os clubes brasileiros, ao invés de repatriar alguns jogadores à peso de ouro, podem pagar salários mais pomposos aos jovens jogadores que acreditam ser qualificados. Vamos então dar nomes aos bois.
Um dos exemplos citados por Gabriel, que inspirou esta coluna, foi a venda do atacante flamenguista Pedro Beda. O jogador que vinha se destacando nas divisões de base do clube foi vendido à Traffic por, tenho até vergonha de citar o valor, 1,2 milhões de reais. Não passem batidos pela moeda, o valor é mesmo em reais. A Traffic repassou o jogador ao Heerenveen da Holanda. Sem nem tocar no assunto dos valores irresponsáveis do negócio, faço outra interrogação. Será que o Flamengo não poderia utilizar o jogador aos poucos antes de vendê-lo? O próprio Pedro Beda, em entrevista ao site globoesporte.com, nos responde: "Eu não guardo mágoa do Flamengo, mas não vou esconder que gostaria de ter jogado no profissional. Fiquei sete anos na base e não tive oportunidade de mostrar meu futebol. Mas a minha vinda para cá foi boa, foi uma decisão melhor para a minha família". Continuando no futebol carioca, mais um triste exemplo. O lateral esquerdo Marcelo chegou ao Real Madrid, em janeiro de 2007, vendido por 7 milhões de euros pelo Fluminense. O jovem lateral não havia realizado 30 jogos pelo tricolor e foi negociado por uma quantia razoável para os nossos padrões. Porém, em 2008, o Fluminense vende para o Manchester United os gêmeos Rafael e Fábio, laterais direito e esquerdo, respectivamente, por 4 milhões de euros. Isso mesmo. Parece até promoção. Compre um e ganhe outro igualzinho. Duas jóias raras vendidas de graça, se é que existe este termo “vender de graça”. Será que os dirigentes tricolores são tão incompetentes que não tiveram a idéia de conversar com a patrocinadora Unimed para manter os garotos por mais tempo? Será que entre as contratações de Leandro Amaral, Washington e Dodô, uma não poderia ser sacrificada em prol das promessas?
Existem até situações mais graves, como a venda da promessa vascaína Philippe Coutinho por 3,8 milhões de euros para a Inter de Milão. A atitude de Eurico ao vender o jovem jogador, foi apenas para prejudicar a diretoria que estava prestes a assumir o poder. O agora ex-vice-presidente de marketing vascaíno José Henrique Coelho foi perfeito em sua explicação do caso. A venda de Philippe Coutinho pelo Eurico foi semelhante à Nero colocando fogo em Roma. Já no Botafogo, durante a presidência de Bebeto de Freitas, as divisões de base do clube foram ignoradas. Nem jogador para atrair os dólares e euros o clube conseguia produzir, tamanho desleixo da diretoria perante às categorias inferiores.
Não sou contra a idéia de o clube vender um atleta, muito pelo contrário. A realização de uma negociação inteligente pode ajudar, e muito, um clube brasileiro. Com finanças vindas da venda de jogadores, São Paulo, Santos e Internacional conseguiram evoluir em nível estrutural. Construções de centros de treinamento e melhorias nos estádios são apenas dois exemplos do que fazer com o dinheiro obtido em transferências. É praticamente um ciclo. Quanto mais você investe em estrutura, mais jogadores são revelados. Quanto mais bem sucedida for a negociação de um jogador, mais dinheiro será obtido. Quanto mais dinheiro o clube possuir, mais investirá em sua estrutura. Simples não? Parece que não, para dirigentes como Márcio Braga, Kléber Leite, Roberto Horcades e Bebeto de Freitas.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
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Falou tudo.
ResponderExcluirNão há como fugir da realidade, que revela uma diferença absurda entre as finanças de equipes da europa em relação às brasileiras. Na virada do século, a situação se agrava ainda mais com o surgimento de mercados compradores emergentes e periféricos (Europa Oriental, alguns países árabes, Japão, China, Coréia e até o México). Seja quando o jovem se firma como destaque do futebol nacional após uma ou algumas temporadas, seja quando já surge nos profissionais como uma promessa de craque mundial, não tem como evitar a venda.
O que os clubes devem fazer é tirar o máximo de proveito da situação. E enquanto não ocorre uma maior valorização do jovem no mercado internacional, como Diano bem falou, existem várias fórmulas de segurá-lo por mais tempo no clube. Assim além do atleta poder ajudar o próprio time nas competições nacionais e internacionais, quando vendido não sai por preço de banana, e sim por cifras que possam efetivamente auxiliar o clube a saldar suas dívidas que tanto atrapalham os orçamentos, investir em CT para a base e para os profissionais, estádio... Poderia haver maior investimento até mesmo na área de marketing, tão pouco explorada no futebol brasileiro.
Dessas vendas bem planejadas há retorno em todos os aspectos para o clube. Como resultado a longo prazo, mais jovens de qualidade são revelados e mais cifras entram no clube. Como Diano falou, é um ciclo.
E claro, parte da grana pode servir para contratações pontuais, realizadas de maneira financeiramente responsável, de jogadores que coloquem o elenco profissional em condições de ganhar títulos. Algumas dessas contratações, inclusive, podem ser feitas visando não só a melhora do time como também em futuras negociações dos atletas contratados. A Traffic vem usando o Palmeiras exatamente para isso, por que os clubes, quando tiverem capital disponível, não podem fazer igual?
Os clubes cariocas precisam reformular seu planejamento, largando o imediatismo de planos mirabolantes a curto prazo e passando a investir em estratégias a médio-longo prazo. Só com essa mudança de postura poderão se fortalecer economicamente, diminuindo inclusive a vulnerabilidade em relação ao assédio dos clubes estrangeiros.
Para acabar com esse problema de venda prematura dessas "jóias da base" é tentar negociar com as entidades máximas do futebol para por limites de jogadores estrangeiros nos campeonatos nacionais como o presidente da UEFA Michel Platini propôs que cada time tenha no máximo 4 estrangeiros em cada time independente se ele tiver passaporte ou nacionalidade estrangeira para valorizar as categorias de base nos países europeus que estão revelando poucos jogadores.
ResponderExcluirE agora está indo Welington Silva de 15 anos.. Tem que se fazer alguma coisa. e este vai de graça e o Flu não faz nada.
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