quinta-feira, 30 de outubro de 2014

COPA DO BRASIL 2014 – SEMIFINAL – FLAMENGO X ATLÉTICO MINEIRO


 


Flamengo 2 x 0 Atlético Mineiro – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Com gols de Cáceres e Chicão e uma jogada antológica de Gabriel, Mengão bate Atlético Mineiro por 2 a 0 e consegue grande vantagem na luta por uma vaga na decisão da Copa do Brasil.

Se a primeira etapa não foi tão intensa como prometia após a defesaça do arqueiro atleticano Victor em arremate do Eduardo da Silva com apenas um minutinho, ela esteve longe de ser fria. Principalmente pelas ações tomadas pelos rubro-negros. Reconhecidamente dono de um perigoso contra-ataque, o Flamengo, na maior parte do primeiro tempo, precisou rodar a bola na busca por brechas na defesa atleticana. Defesa esta que não esteve muito bem, pois o Fla ainda fez Victor realizar mais duas difíceis defesas (chegada de Everton e desvio contra do zagueiro Jemerson).

Diferente de Victor, Paulo Victor levou uma vida relativamente fácil na etapa inicial, mas esta começou a ficar ameaçada após o intervalo, pois o Galo voltou cheio de iniciativa. O novo cenário do confronto, com o Atlético rodando a bola em busca de espaços e o Flamengo querendo espaços sem ter a bola, ficou mais definido com a entrada de Nixon no Fla, aos 13, e ainda mais quando, três minutos depois, Gabriel aproveitou rebote de uma bola na trave de João Paulo e cruzou para Cáceres fazer um a zero.

Nos 10 minutos seguintes o jogo não andou, com um total de duas contusões e cinco substituições. De todas estas trocas de jogadores e de posicionamentos uma se mostraria determinante: o meia Gabriel ganhou toda liberdade do mundo para comandar os contra-golpes rubro-negros. Foi assim que, aos 31, ele iniciou em seu próprio campo uma arrancada mágica que nem Marcos Rocha, nem Edcarlos, nem Josué foi capaz de parar. Ou melhor: Josué a parou, mas com um pênalti que Chicão converteu para fazer o segundo do Mengo.

Daí até o final, o Atlético, sem um pingo de criatividade, começou a alçar bolas na área de tudo quando era canto. Em uma delas, Marion, primeiro, e Dátolo, depois, obrigaram Paulo Victor a duas defesas enormes, que garantiram a não enorme, mas ótima, vantagem flamenguista para a volta.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Samir e João Paulo; Cáceres e Canteros (Amaral); Márcio Araújo, Gabriel e Eveton (Luiz Antônio); Eduardo da Silva (Nixon). Técnico: Vanderlei Luxmburgo.

Atlético Mineiro: Victor; Marcos Rocha, Edcarlos, Jemerson e Douglas Santos; Josué e Pierre (Luan); Carlos (Marion), Dátolo e Maicosuel; Diego Tardelli. Técnico: Levir Culpi.

domingo, 26 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 31ª RODADA – FLUMINENSE X ATLÉTICO PARANAENSE


 

Fluminense 2 x 1 Atlético Paranaense – Maracanã, Rio de Janeiro

Fred marca no fechar das cortinas, Fluzão bate o Atlético Paranaense e volta com tudo à briga pela vaga na próxima Libertadores.

Por ser o mandante, o time com maiores pretensões no jogo e no campeonato e pelo estilo de posse de bola, o Fluminense não poderia ter deixado a etapa inicial ser tão aberta quanto foi. Sem dúvidas o Tricolor necessitava ir à frente, mas mais importante do que atacar a qualquer custo, precisava se impor e controlar o ritmo do embate, algo que não conseguiu, vide os espaços que o Atlético não só para contra-atacar, mas também para atacar.

A dinâmica aberta da partida e as tenebrosas falhas nas bolas aéreas proporcionadas pelas defesas atleticana e tricolor poderiam ter transformado o primeiro tempo num festival de bolas nas redes. Poderia, mas os arqueiros Diego Cavalieri e Weverton estavam em jornada excepcional, realizaram defesas dificílimas e belíssimas e foram os grandes responsáveis pelo intervalo chegar com o placar ainda inalterado.

O Flu voltou para a segunda etapa com Carlinhos no lugar do pouco participativo Chiquinho na lateral-esquerda, e a intenção de Cristóvão Borges de aumentar o poderio tricolor pelo setor deu resultado relâmpago. Aos dois minutos, Carlinhos cruzou milimetricamente e Wágner foi certeiro para, de cabeça, enfim superar Weverton. Com a vantagem no escore e os perigosos ataques do Furacão na memória, o Fluminense decidiu adotar uma postura mais conservadora, mas acabou por chamar demais o adversário para o seu próprio campo.

De início, os paranaenses assustaram um pouco, até que o confronto chegou ao seguinte cenário: o Atlético, montado para explorar ataques em velocidade, encontrava dificuldades para encontrar brechas, enquanto o Fluminense, mais pesado e sem avantes rápidos, não encaixava contra-golpes nem valorizava a posse de bola.

Assim o jogo parecia caminhar para o final, porém as defesas ainda tinham mais falhas aéreas guardadas, falhas estas que resultaram no gol de empate atleticano através do zagueiro Cléberson, de cabeça, aos 45, e no arremate redentor do Fred, já nos acréscimos, para recolocar o Tricolor na briga dos cachorros grandes.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 30ª RODADA – FLAMENGO X INTERNACIONAL



 Flamengo 2 x 0 Internacional – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Gabriel volta a barbarizar, Paulo Victor vence duelo particular contra Nilmar e Flamengo bate o Internacional para praticamente escapar da degola.

O primeiro tempo no Maraca foi mais moroso do que aqueles amistosos com cara de amistosos, algo até certo ponto inaceitável para um Flamengo que entrou em campo ainda assombrado pelo perigo do rebaixamento e um Internacional que, em caso de derrota, corria grandes riscos de sair da zona de classificação para a Libertadores (o que acabaria por se confirmar). Fora um lindo lance vermelho finalizado por Nilmar e defendido milagrosamente por Paulo Victor (o primeiro de três duelos que o goleiro levou a melhor sobre o atacante) e uma ótima aparição de Gabriel (a primeira de quatro em toda a partida), a etapa inicial foi mais brigada no meio-campo do que bem jogada, ou seja, rendeu mais frutos amargos do que doces.

Apesar de o Flamengo quase ter inaugurado o placar no início do segundo tempo, depois de refinada trama de Gabriel e Léo Moura e arremate de Eduardo da Silva, foi Vanderlei Luxemburgo quem decidiu tentar mudar a cara do jogo. Enquanto Abel Braga apenas observava o seu Internacional sofrer absurdamente pela ausência da criatividade do contundido D’Alessandro, Luxemburgo, em pouco mais de 10 minutos, lançou mão de Luiz Antônio, Nixon e Elton, mudanças que se mostraram decisivas quando, aos 24, Elton fez o pivô na transição, Nixon arrancou e, num passe esteticamente maravilhoso, encontrou Gabriel, que fez um a zero.

Foi somente aí que Abel decidiu descruzar os braços para tentar colocar fim à infertilidade colorada, mandando a campo, quase que de uma vez, Rafael Moura, Wellington Paulista e Valdívia. Repleto de avantes e todo esburacado atrás, o Inter alçava bolas na área na base do bumba-meu-boi e levava seguidos contra-golpes. Numa destas bolas levantadas, Paulo Victor voltou a evitar gol de Nilmar. Num destes contra-golpes rubro-negros, Gabriel, aos 45, fechou o triunfo flamenguista, pois, depois de seu segundo gol, só houve tempo para mais uma defesa brilhante de Paulo Victor em chute de Nilmar.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Samir e João Paulo; Cáceres, Márcio Araújo (Luiz Antônio), Canteros, Gabriel e Everton (Elton); Eduardo da Silva (Nixon). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Internacional: Alisson; Wellington Silva, Ernando, Alan Rocha e Fabrício; Willians e Aránguiz; Jorge Henrique (Wellington Paulista), Alex (Rafael Moura) e Alan Patrick; Nilmar. Técnico: Abel Braga.


 

O SACRIFÍCIO DE TARDELLI E A INCOMPETÊNCIA DA CBF


 
Entre os dias 11 e 21 de outubro, Diego Tardelli realizou uma das melhores apresentações de sua carreira, quando marcou os dois gols da vitória brasileira sobre a Argentina, na China; participou da goleada verde-e-amarela contra o Japão, em Cingapura; viajou mais de 24h para chegar ao Mineirão e ajudar seu Atlético Mineiro a eliminar o Corinthians da Copa do Brasil de forma histórica; e ainda atuou em duas rodadas do Brasileirão. Cinco partidas e meio planeta viajado em 10 dias e algumas horas. Incrível! Desumano!
 
Aos 29 anos, Tardelli tem jogado como nunca. Tecnicamente, é imprevisível e dono de arremates letais. Fisicamente, se entrega sempre e tem energia para fazer tudo o que foi falado no primeiro parágrafo. Psicologicamente, apesar da expulsão contra o Bahia nesta terça-feira, amadureceu demais em relação ao garoto lançado pelo São Paulo em 2005 e que depois passou um tempo não muito frutífero na Europa. Taticamente, se movimenta pelos dois flancos, recua para iniciar as tramas ofensivas, puxa contra-ataques, faz o papel de centroavante, faz o papel de “falso” centroavante, entra em diagonal, parte verticalmente como uma flecha...
 
Tardelli sabe que nunca esteve tão próximo de se tornar um jogador de confiança da Seleção Brasileira e que nunca foi tão idolatrado por uma torcida como atualmente é pela atleticana. Sua entrega heroica com as camisas amarela e alvinegra é totalmente compreensível. O que é inaceitável é que um dos melhores jogadores do nosso país tenha a necessidade de tamanho sacrifício porque a CBF não possui competência sequer para organizar um calendário.
 
Nesta quinta-feira, Dunga convocará a Seleção para os últimos amistosos do ano. Não se sabe ainda se serão chamados os jogadores que atuam por aqui, pois, caso sejam, estes poderão desfalcar seus clubes em até três rodadas do Brasileiro e na primeira partida final da Copa do Brasil. Assim, chegamos na seguinte situação: ou os clubes saem perdendo, se seus atletas forem convocados, ou a Seleção sai perdendo, se não forem. De qualquer forma, porém, o torcedor e o próprio jogador perdem. E a CBF? Ela só quer saber se o volume do seu bolso aumentará.
 
 

domingo, 19 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 29ª RODADA – INTERNACIONAL X CORINTHIANS



 Internacional 1 x 2 Corinthians – Estádio Beira-Rio, Porto Alegre (RS)


Corinthians vence Inter no Beira-Rio e termina a rodada a apenas um ponto da zona de classificação para a Libertadores.

Podemos dizer que tanto o Corinthians como o Internacional não cumpriram com excelência suas estratégias no Sul, mas os paulistas foram mais eficientes e, por isso, voltarão para casa com três pontos pra lá de importantes na bagagem.

O primeiro gol conseguido logo aos três minutos, através do atacante Guerrero, o artilheiro dos jogos importantes, fez com que o Corinthians adotasse a estratégia de recuar por completo para bloquear as ações ofensivas vermelhas e, se possível, tentar acionar o mesmo Guerrero através de bolas longas. Esta postura se manteria inalterada por todo o confronto, até porque, no finalizinho da etapa inicial, aos 53 (o primeiro tempo contou com 13 minutos de acréscimos devido a atendimentos ao goleiro Cássio) o zagueiro Gil ampliou a vantagem corintiana.

“Mas por que o Corinthians não cumpriu com excelência seu plano de jogo se conseguiu uma vitória tão maiúscula?”, o amigo poderia perguntar. Pois bem, apesar da postura completamente recuada (o volante Elias e o lateral Fágner, por exemplo, sequer ultrapassaram a linha do meio de campo), o Timão permitiu que os gaúchos pressionassem bastante e criassem chances de gols suficientes para reverter o resultado.

Porém, enquanto o Corinthians esbanjou eficiência ao marcar dois gols e acertar uma bola na trave (com Fábio Santos) em apenas três chegadas incisivas ao ataque, o Inter viveu uma jornada péssima no quesito finalizações e foi incapaz de transformar o grande volume ofensivo em três pontos. Aránguiz acertou a trave, Fábricio perdeu chance incrível de cabeça, Alex tentou de fora da área e o atacante Nilmar, autor do gol, aos 27 do segundo tempo, após cena de comédia pastelão de Gil e Cássio, não esteve com a pontaria afiada.

Como a justiça no futebol é a justiça dos gols, o Corinthians chegou ao retrospecto magnífico de seis vitórias e dois empates contra os quatro primeiros colocados na tabela (Cruzeiro, São Paulo, Internacional e Atlético Mineiro).

Internacional: Alisson; Wellington Silva (Wellington Paulista), Ernando, Paulão e Fabrício; Willians (Jorge Henrique) e Aránguiz; D’Alessandro, Alex e Allan Patrik (Valdívia); Nilmar. Técnico: Abel Braga.

Corinthians: Cássio; Fágner, Gil, Anderson Martins e Fábio Santos; Bruno Henrique (Guilherme Andrade) e Elias; Petros, Renato Augusto (Danilo) e Jadson (Lodeiro); Guerrero. Técnico: Mano Menezes.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

COPA DO BRASIL 2014 - QUARTAS DE FINAL - FLAMENGO X AMÉRICA DE NATAL


Flamengo 1 x 0 América de Natal, Maracanã (RJ)

Mengão volta a vencer o América de Natal com gol de Gabriel e avança às semifinais da Copa do Brasil para pegar o Atlético Mineiro.

Quem quiser saber o que significa no jargão futebolístico a expressão “encaixotar o adversário” basta ver o que o América fez com o Flamengo na etapa inicial no Maracanã. Com destacada determinação tática, os americanos ocuparam os espaços com tanta inteligência que não permitiram que os rubro-negros chegassem sequer nas proximidades da meta defendida pelo goleiro Andrey.

Aberto pela esquerda, Thiago Cristian tomava conta de Léo Moura. Na direita, Paulinho não deixava João Paulo respirar. Pelo centro, Jéferson e Andrezinho fechavam qualquer tentativa de escapada do Canteros. E assim, bloqueado pelos flancos e pelo meio, o Fla nada produziu nos primeiros 45 minutos. Mas vale ressaltar que o América, muito dedicado na marcação e limitado tecnicamente, também não exigiu nenhuma defesa do arqueiro Paulo Victor.

Um pouco pelo desgaste dos americanos, e muito pelas entradas de Nixon e Gabriel, o Flamengo voltou mais solto do intervalo. Everton, João Paulo e Léo Moura, então encaixotados, começaram a encontrar espaços pelas beiradas e as tramas enfim floresceram. Foi neste cenário que, aos 18, Gabriel iniciou, organizou e finalizou uma bela jogada para fazer um a zero.

O gol fez um bem enorme ao Gabriel, que logo depois levou uma machadada que resultou na expulsão do defensore Lázaro. Diferente do que se esperava, o Flamengo, com um gol e um homem de vantagem, não tirou o calor do jogo. Tão quente que, aos 28, o zagueiro Marcelo também recebeu o vermelho, deixando o campo mais aberto e o jogo também.

Quando Isac, primeiro, e Rodrigo Pimpão, depois, obrigaram Paulo Victor a realizar duas defesaças, muitos devem ter se recordado do milagre conseguido pelo América diante do Fluminense. Porém, com cerca de 10 minutos por jogar, o Flamengo respirou fundo, tranquilizou-se e começou a valorizar a posse de bola e a sofrer faltas para deixar o tempo passar e a classificação para à semifinal chegar.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Marcelo, Samir e João Paulo; Cáceres, Canteros, Márcio Araújo (Gabriel) e Everton; Eduardo da Silva (Nixon) e Alecsandro (Muralha). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

América de Natal: Andrey; Cléber, Edson Rocha e Lázaro; Walber, Judson, Andrezinho (Rivaldo), Jéferson (Rodrigo Pimpão) e Thiago Cristian; Paulinho (Paulo Henrique) e Isac. Técnico: Roberto Fernandes.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

CONTRA-ATACAR NÃO É PECADO


 
Além de dar mais corpo à nova caminhada do Dunga no comando da Seleção, os triunfos contra Argentina e Japão também serviram para enfraquecer uma crença que ganhou muitos adeptos nos últimos anos: a de que o futebol bem jogado é somente aquele que prioriza a posse de bola.
 
Os espetáculos do nem tão antigo Barcelona de Guardiola, os anos de domínio da Espanha no Planeta Bola e a chinelada alemã que sofremos no último Mundial fizeram, ou melhor, fazem com que muitos classifiquem qualquer estratégia que não seja a de valorização da posse de bola como uma forma de anti-futebol. Para estes, priorizar no contra-ataque é um pecado mais grave do que beber cachaça no cálice de Cristo. Pois as quase duas dezenas de lances incisivos e imprevisíveis que a Seleção criou diante de Argentina e Japão mostram que não é bem assim, que é possível ser refinado sem ter a bola por muito tempo nos pés.
 
Nomes como Diego Tardelli, Willian, Oscar, Kaká, Robinho e, principalmente, Neymar, o melhor jogador de seleção do mundo, são tão imprevisíveis tática e tecnicamente que não precisam de muito tempo para encontrar espaços. Espaços que surgem ainda mais facilmente quando a opção por contra-atacar encaixa, como ocorreu após a primeira meia hora contra a Argentina e em todo o embate diante do Japão. Com um repertório que inclui alternâncias de posições, toques curtos, dribles paranormais e capacidade de construir tramas requintadas e letais em segundos, a Seleção pode colocar a valorização da posse de bola como algo secundário. 
 
Vejam bem, amigos, disse secundário, e não descartável, pois quando o adversário não permitir espaços para o contra-golpe ou quando as imprevisibilidades táticas e técnicas não encaixarem, uma Seleção da magnitude da brasileira tem a obrigação de ter no seu repertório a capacidade de trocar de passes de pé em pé em pé em pé em pé até que estes espaços apareçam. Assim como saber contra-atacar deve fazer parte do cardápio de um grande time que priorize a posse de bola, saber trocar passes é fundamental para um grande time que aposte mais nos contra-golpes.

domingo, 12 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO - 28ª RODADA – INTERNACIONAL X FLUMINENSE



Internacional 2 x 1 Fluminense – Beira-Rio, Porto Alegre (RS)

Fluminense sucumbe à categoria de D’Alessandro, perde para o Internacional no Beira-Rio e vê a zona de classificação para a Libertadores mais distante.

O pecado capital do Fluminense em Porto Alegre foi dar toda a liberdade possível para que o cerebral meia colorado D’Alessandro deixasse aflorar sua enorme categoria. Enquanto os volantes vermelhos Bertotto e Willians chegavam junto e não davam sossego para Conca, Cícero e Wágner organizarem o Flu, os cabeças de área tricolores Jean e Diguinho (mais tarde Rafinha e mais tarde ainda Edson) permitiram que D’Alessandro fizesse o que bem entendesse com a redonda. E como entende o argentino!

O espaço dado a D’Alessandro pelo Flu foi tamanho que dos dez “melhores momentos” criados pelo Internacional em todo o duelo o camisa dez construiu nada menos do que sete, ora com lançamentos milimétricos, como o que deixou Alex livre para encobrir Diego Cavalieri e fazer um a zero, aos 6 minutos da etapa final, ora com passes curtos e letais, como o que deu para Valdívia decretar a vitória vermelha, aos 41.

Além de todo o estrago feito por D’Alessandro, é possível ilustrar a fragilidade da marcação tricolor no setor de meio-campo por uma outra maneira. Em seus momentos mais produtivos, que ocorreram entre a parte final do primeiro tempo e o início da segunda etapa, o Internacional sempre forçou o jogo pela esvaziada meiúca tricolor, fragilidade esta que deixava completamente exposta a dupla de zaga formada por Marlon e Elivélton.

Por sua vez, o Fluminense encontrou tantas dificuldades em criar pela faixa central da retaguarda vermelha que só conseguiu acionar o Fred em três bolas alçadas na área. Em uma delas o centroavante, cheio de estilo, cabeceou para marcar o que poderia ser o gol de empate, pois o relógio já marcava 40 minutos.

Poderia, mas não foi, e depois de conquistar apenas um ponto em confrontos contra Atlético Mineiro e Internacional, rivais diretos, o Flu começa a dar indícios de que não terá forças para sustentar a briga na zona nobre da tabela.

Internacional: Alisson; Diogo, Ernando, Paulão e Fabrício; Willians e Bertotto; D’Alessandro, Alex (Ygor) e Alan Patrick (Valdívia); Wellington Paulista (Nilmar). Técnico: Abel Braga.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Edson), Elivélton, Marlon e Chiquinho; Diguinho (Rafinha) e Jean; Cícero (Rafael Sóbis), Conca e Wágner; Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A BARREIRA DO CONHECIMENTO TÁTICO



Questionado recentemente pelo apresentador-locutor Galvão Bueno sobre os motivos de os treinadores brasileiros não terem sucesso nas principais ligas europeias, Vanderlei Luxemburgo se utilizou da barreira do idioma para defender sua classe: “nós temos a dificuldade da língua”, afirmou o atual técnico do Flamengo. Sendo curto e grosso, esta foi uma desculpa bem inconsistente.


Não precisamos de mais que dois simples exemplos para refutar a argumentação de Luxemburgo. O primeiro é que se o idioma fosse mesmo um grande problema, os treinadores brasileiros não seriam vitoriosos, como são, no Japão e no chamado mundo árabe. Segundo, são raros – raríssimos – os brasileiros que tiveram sucesso como treinadores de clubes portugueses. Pois se não é pelo idioma, por que os nossos “professores” não brilham no Velho Continente?
 

Sem dúvidas esta não é uma pergunta para ser respondida em poucas linhas, mas sim para debatida por todos os setores do nosso futebol. No entanto, de uma maneira bem incipiente e rascunhada, podemos culpar a falta de solidez tática dos treinadores tupiniquins. Escutamos e às vezes elogiamos um “quadrado mágico”, um “time de guerreiros” ou uma “equipe-família”, mas há quanto tempo que um onze brasileiro não é chamado de carrossel?
 

Em outras palavras, já faz algumas primaveras que produzimos times que brilham mais pela técnica, pelo físico e pelo psicológico do que pela tática. E com certeza, amigos, não é coincidência a fragilidade tática dos times nacionais e a ausência de técnicos brasileiros nos clubes de ponta da Europa, onde o sistema de jogo tem mais valor.
 

Os treinadores brasileiros precisam estudar não somente outras línguas, mas também se dedicar ao estudo acerca do futebol que atualmente se joga nos grandes centros, pois, além da barreira do idioma, existe também a barreira do conhecimento tático.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 27ª RODADA – FIGUEIRENSE X FLAMENGO



 Figueirense 1 x 2 Flamengo – Orlando Scarpelli, Florianópolis (SC)

Atacante Nixon entra no fim, muda o rumo do jogo e dá vitória ao Flamengo sobre o Figueirense no fechar das cortinas. 

O Flamengo saiu na frente do placar logo aos 4 minutos, quando João Paulo acertou um cruzamento tão milimétrico que Eduardo da Silva não precisou nem pular para sacudir o filó. Como o Figueirense acusou o golpe de sofrer um gol tão cedo, o Rubro-Negro teve a chance de seguir no comando das ações ofensivas, o que o fez por mais um tempinho, somente até decidir, de maneira precipitada, a fazer cera e tentar adiantar o relógio.

A postura flamenguista recolou os catarinenses no jogo. Com seus laterais, volantes, meias e avantes no campo de ataque, o Figueira ganhou volume ofensivo e começou a levar perigo à meta flamenguista nas bolas aéreas. Na melhor oportunidade dos mandantes, Marcão desviou de cuca e a bola passou perto do poste.

O duelo voltou do intervalo com o Figueirense ainda forte nas bolas aéreas, mas, agora, o Flamengo já se arriscava um pouco mais no ataque, a ponto de desperdiçar duas chances claríssimas, uma com o zagueiro Marcelo e outra com Eduardo da Silva, que, acreditando estar impedido, finalizou de calcanhar nas mãos do goleiro Tiago Volpi. Ato contínuo à falta de atenção do atacante rubro-negro, aos 11, o Figueirense chegou ao empate através do impetuoso Mazola.

A empolgação catarinense com o empate foi tanta que os ataques na busca pela virada começaram a vir de todas as formas: pelo lado, pelo meio, por baixo, pelo alto, de perto, de longe... Por duas vezes, ambas aos 17 minutos, Marcão teve em seus pés (e cabeça) chances para marcar, mas faltou tranquilidade e qualidade.

Vendo seu time abatido e acuado, Luxemburgo lançou mão de Gabriel e Muralha para reestruturar o meio-campo. O técnico foi bem, mas foi melhor ainda aos 33, quando mandou Nixon a campo. Ligado como nunca, Nixon ressuscitou o Flamengo e, em pouco mais de 10 minutos, deixou Canteros na cara do gol, acertou a trave e, já nos acréscimos, fez o gol que deu ao Fla um triunfo pra lá de importante.

Figueirense: Tiago Volpi; Willian Cordeiro (Jefferson), Nirley, Thiago Heleno e Marquinhos Pedroso; Paulo Roberto, Marco Antônio, França (Mazola) e Giovanni Augusto; Clayton e Marcão (Everaldo). Técnico: Argel.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Marcelo, Chicão e João Paulo; Márcio Araújo, Canteros, Luiz Antônio (Gabriel) e Everton; Eduardo da Silva (Nixon) e Alecsandro (Muralha). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A ÁREA DO DESESPERO



A ausência de Muricy Ramalho do banco de reservas do São Paulo nos últimos dias, devido a problemas cardíacos, é uma ilustração definitiva do estresse que os treinadores inspiram e expiram durante, mas não apenas, os 90 minutos de uma partida. De uns tempos para cá, coisa de no máximo duas décadas, a chamada área técnica tornou-se uma área de desespero, com treinadores de olhos esbugalhados, veias saltitantes e gestos agressivos.

Não existe apenas um motivo para a postura desesperada que os treinadores demonstram nas proximidades da linha lateral, ao lado de microfones que captam as abelhas africanas, as cobras e os lagartos que eles cospem. No entanto, um motivo que certamente influencia este show de agressividade é o fato dos “professores” desejarem mostrar que estão trabalhando, suando com os jogadores, fazendo de tudo pela vitória do time. De uma forma bem ácida, diria que eles tentam compensar no tempo de jogo o que não fazem no tempo (curto, é verdade) de treinamento.

Sem se sentirem seguros com o trabalho técnico-físico-tático-psicológico realizado nas vésperas, os treinadores apostam no escândalo à beira do campo. Difícil é saber como eles acreditam estar ajudando com seus berros, sejam os direcionados aos comandados ou aos árbitros. Pensemos, por exemplo, na questão da valorização da posse de bola, questão esta que a chinelada alemã de sete transformou em protagonista para o futebol brasileiro. Como esperar que nossos meio-campistas, muitos deles sem muita intimidade com a redonda, tenham concentração e leveza para realizar um jogo de troca de passes enquanto, a poucos metros, seu treinador se esgoela aos berros de “Pega!”, “Toca!”, “Marca!”, “Aqui”, “Ali”, “Falta!”, “Cartão”, “&*%$#!”.

Qualquer porta de banheiro de botequim ou traseira de caminhão diz que tudo tem um lado positivo e um negativo. Confesso, porém, amigos, não encontrar nenhum benefício, para os jogadores, os torcedores, os próprios treinadores e, principalmente, para o jogo em si, de tamanho desespero na área técnica.

domingo, 5 de outubro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 - 25ª rodada - CRUZEIRO X INTERNACIONAL

Cruzeiro  2 x 1 Internacional - Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Cruzeiro mostra força de líder, bate Internacional no Mineirão lotado e abre nove pontos na ponta da tabela.

Intenso como exige um duelo entre candidatos ao caneco, o Cruzeiro tomou conta do Internacional nos primeiros 45 minutos. Muito bem distribuídos no ataque, os azuis não tiveram problemas para trocar passes, sair pelo chão e inverter bolas, mesmo diante de um adversário que se propunha a jogar fechado. Na defesa, os meias ajudavam os laterais a controlar o jogo colorado pelos flancos, enquanto os volantes se mostravam sólidos o bastante para anular a categoria de D'Alessandro. Não seria exagero dizer que a Raposa não encontrou dificuldades para chegar ao intervalo com a vantagem de dois a zero, gols de Marcelo Moreno e Marquinhos.

Com uma ótima vantagem e a vitória bem encamianhada, tirar  calor do jogo seria ótimo para o Cruzeiro, mas o Colorado tão ligado que isso não foi possível. Pelo contrário, os embate viveu n início da etapa final, os seus mais importantes dez minutos, com uma carimbada na trave do D'Alessandro, um pênalti isolado pelo Willian que praticamente fecharia o caixão vermelho e um Alex para recolocar de vez o Inter na partida. Distribuindo passes incisivos, sofrendo faltas e aumentand  ritmo dos ataques, Alex ainda daria mais uns dez minutos de bom futebol aos vermelhos, mas, aos poucos, a força gaúcha se esvaiu e os mineiros conseguiram retomar o controle do duelo.

Não somente retomaram o controle como, principalmente após as entradas de Nilton e Dagoberto, aos 23, começaram a criar chances de gols em sequência. Entre os minutos 34 e 40, o Cruzeiro teve três claras oportunidades de ampliar  escore, mas Marquinhos, Moreno e Dagoberto não finalizaram de forma caprichada e jogo ficou em aberto até o apito final, que só veio após Fábio realizar segura defesa em finalização do Alex e para garantir  triunfo azul. E assim, o Brasileiro chega à seguinte situação: se ainda pace cedo para decretar o título cruzeirense, ninguém é corajoso para apostar no contrário.