quinta-feira, 31 de julho de 2014

ESTAGNADOS NO TEMPO


No futebol brasileiro, todos nós sabemos, o treinador de um time hoje será o de outro time amanhã e voltará para o primeiro time depois de amanhã. A rotatividade dos mesmos nomes é tão intensa que é uma tarefa árdua lembrar a ordem dos últimos técnicos de cada clube ou dos últimos clubes de cada técnico. A coluna do Mauro Beting no jornal Lance! desta quinta-feira trouxe uma ilustração claríssima sobre o assunto: há quase 20 anos, em 1995, assim como hoje, Vanderlei Luxemburgo treinava o Flamengo, Levir Culpi o Atlético Mineiro, Abel Braga o Internacional e Luiz Felipe Scolari o Grêmio.

Esta semelhança, que está longe de ser uma coincidência, pode levantar diversos assuntos. O mais atual talvez seja o seguinte: taticamente, o que Luxemburgo, Levir, Abel e Scolari podem oferecer hoje e que não poderiam há 19 anos. Em outras palavras, o que este quarteto evoluiu em termos táticos no passar de quase duas décadas? A resposta, curta e um pouco grossa, é: nada. Nenhum dos quatro treinadores aqui citados estudou o suficiente para ter condições de promover, num futuro próximo, qualquer diferencial tático em suas equipes. Flamengo, Atlético Mineiro, Internacional e Grêmio podem até alcançar resultados positivos, principalmente os gaúchos, mas os triunfos que vierem estarão mais associados a fatores técnicos, físicos e psicológicos do que táticos.

Muitos definiam as visões do treinador, cronista e comentarista esportivo João Saldanha como adiantadas em relação ao seu tempo. Na apresentação do livro Na Boca do Túnel, lançado em 1968, há quase meio século, Saldanha dizia que o futebol, “em sua evolução vertiginosa, apoiado pela ciência, está agora desafiando diariamente os técnicos. Aquele que estagnar ficará superado”. Já na orelha do livro Tática Mente, do jornalista Paulo Vinicius Coelho, lançado neste ano de 2014, Luiz Felipe Scolari diz que seu negócio no futebol nunca foi “essa coisa de ler livros e tal”. Bom, em se tratando do tema treinadores de futebol no Brasil, parece que João Saldanha era não só adiantado ao seu tempo, mas também ao tempo dos nossos técnicos de hoje.

COPA DO BRASIL 2014 – 3ª FASE – VASCO X PONTE PRETA


Vasco 2 x 1 Ponte Preta – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

Vasco volta a superar a Ponte Preta pela Copa do Brasil e se garante nas oitavas de final da competição.

Antes de falar do que rolou em São Januário, vale dar uma passada na partida de volta da semifinal da Libertadores entre o uruguaio Defensor e o paraguaio Nacional. O Nacional havia vencido o duelo de ida por 2 a 0 e entrou em campo no segundo jogo apenas para se defender, catimbar e tentar fazer o relógio correr mais rápido. Resultado: passou 90 minutos sem criar sequer uma trama ofensiva, levou um gol, duas bolas na trave e por pouco não ficou fora da decisão do principal torneio sul-americano. 

É bem provável que o treinador vascaíno Adilson Batista não tenha assistido este confronto pela Libertadores, pois os técnicos brasileiros dão todos os indícios de que não acompanham muito o futebol que rola lá fora. No entanto, o grande mérito cruz-maltino diante da Ponte Preta foi não se comportar como o paraguaio Nacional para fazer valer a vantagem de 2 a 0 conquistada no jogo de ida. Do apito inicial ao final, o Vasco teve as rédeas da partida em suas mãos.

O camisa 10 Douglas foi o grande nome em campo. Além de distribuir suaves e certeiros passes tanto na transição como próximo à área pontepretana, Douglas abriu o placar, aos 17, em cobrança de pênalti e bateu o córner que Rafael Costa desviou contra a própria rede, aos 40, para recolocar o Vasco na frente (Cafu havia empatado para a Ponte Preta dois minutos antes). Mas o Vasco teve mais.

Os laterais Carlos César e Diego Renan foram figuras constantes no campo ofensivo, o leonino Guiñazu destruiu diversas tentativas de contra-atacar da Ponte Preta, Dakson justificou sua escalação com um pênalti sofrido e bons arremates, Lucas Crispim entrou ligado, Fabrício acertou uma cabeçada no travessão, Kléber e Thalles finalizaram de dentro da área e o zagueiro Rodrigo, que bobeou feio no gol pontepretano, mandou duas bombas em cobrança de falta que quase ampliaram a boa vitória.

Além do triunfo e da classificação, o Vasco conseguiu uma atuação que, se não foi excelente, pode servir de espelho para uma evolução na Série B e nos próximos jogos da Copa do Brasil.

Vasco: Martín Silva; Carlos César, Rodrigo, Douglas Silva e Diego Renan; Fabrício e Guiñazu; Douglas e Dakson (Montoya); Thalles (Edmilson) e Kléber (Lucas Crispim). Técnico: Adilson Batista.

Ponte Preta: Roberto; Daniel Borges, Raphael Silva, Luan e Magal; Adilson Goiano, Juninho e Alef (Rossi); Adrianinho (Rodolfo); Rafael Costa (Alexandro) e Cafu. Técnico: Guto Ferreira.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

LUZ, CÂMERA, GOL! - HERMANO (2010)

Laços sanguíneos realmente importam na constituição de uma família? Um mesmo cenário, no caso um bairro pobre e violento em Caracas (Venezuela), pode proporcionar caminhos de vida diferentes? Quais são as consequências da omissão por querer o bem do próximo? Existem limites na busca por um sonho? Estes são alguns questionamentos que os bons de bola Daniel “Gato” (Fernando Moreno) e Júlio (Eliú Armas) vão vivenciar nesta narrativa em que o futebol faz simultaneamente o papel de pano de fundo e de protagonista.

Título original: Hermano
Título no Brasil: Hermano – Uma Fábula sobre Futebol
Direção: Marcel Rasquin
Roteiro: Rohan Jones e Marcel Rasquin
Elenco: Fernando Moreno e Eliú Armas



  

domingo, 27 de julho de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 12ª RODADA – FLAMENGO X BOTAFOGO


Flamengo 1 x 0 Botafogo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

No retorno de Luxemburgo, Flamengo vence clássico contra o Botafogo com gol de Alecsandro e escapa da lanterna do Brasileirão.

Ninguém com um mínimo de conhecimento acerca dos atuais times de Flamengo e Botafogo poderia esperar um clássico refinado e valioso tecnicamente. Hoje, o que Fla e Bota têm a oferecer é dedicação, luta e entrega. E principalmente por mais ter se dedicado, lutado e se entregado, o Rubro-Negro saiu vitorioso do Maracanã.

O apito inicial deu a largada para uma batalha física pesada. Que nos digam o botafoguense Airton e flamenguista Cáceres, os que mais se sentiram a vontade naquele cenário de pura transpiração. Um cenário com o Flamengo levemente superior, maior posse de bola e mais liberdade. Lucas Mugni, por exemplo, conseguiu criar pelo meio, pela direita e pela esquerda, setor onde iniciou a jogada que João Paulo cruzou perfeitamente para Alecsandro, de cabeça, abrir o placar.

O relógio marcava 31 minutos. Daí em diante, o Flamengo iria segurar a vitória com unhas, dentes, foices, espadas e o que mais tivesse em mãos. Mesmo sem saber como, o Botafogo só tinha uma opção: atacar. Vontade para ir à frente não faltou ao Alvinegro, mas as limitações técnicas e táticas pareciam uma barreira intransponível à criação de qualquer trama capaz de superar Cáceres, Marcelo e Wallace.

Bolatti, que não passava certo e ainda dava espaços, saiu para a entrada de Zeballos e nada mudou. Yuri Mamute, que ironicamente sucumbiu ao jogo muito físico, saiu para a entrada de Daniel e nada mudou. Carlos Alberto, que mais se jogou do que jogou, saiu para a entrada de Wallyson e nada mudou. Ninguém era capaz de dialogar com Emerson Sheik, que tentou se movimentar mas não se criou no meio do “pega-pra-capá”.

No finzinho, o zagueiro flamenguista Marcelo, até então em boa estreia, se embaralhou com a bola e deu origem aquela que seria a melhor chance de o Bota empatar o clássico, mas Zeballos e Wallyson, cara a cara com Paulo Victor, desperdiçaram e o Flamengo, que ainda viu Cáceres ser expulso, voltou a vencer no Brasileiro.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Marcelo, Wallace e João Paulo; Cáceres, Luiz Antônio e Everton (Gabriel); Mugni (Canteros); Paulinho (Negueba) e Alecsandro. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Botafogo: Jefferson; Edílson, Bolívar, Dória e Julio Cesar; Airton, Bolatti (Zeballos) e Gabriel; Carlos Alberto (Wallyson); Yuri Mamute (Daniel) e Emerson Sheik. Técnico: Vagner Mancini.

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - BOTAFOGO 6 X 0 FLAMENGO - 1972


Botafogo 6 x 0 Flamengo

Campeonato Brasileiro 1972 – Primeira fase – 20ª rodada

Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Público: 46.279 pagantes

15 de novembro de 1972

Botafogo: Cao; Mauro Cruz, Osmar, Valtencir e Marinho Chagas; Carlos Roberto, Nei Conceição e Ademir (Marco Aurélio); Zequinha, Fischer (Ferreti) e Jairzinho. Sebastião Leônidas.

Flamengo: Renato; Moreira, Chiquinho, Tinho, Rodrigues Neto; Liminha, Zanata (Mineiro) e Paulo Cézar Caju; Rogério (Caio Cambalhota), Fio e Humberto. Técnico: Zagallo.

Gols: Jairiznho (Botafogo), aos 16’; Fischer (Botafogo), aos 35’ e Fischer (Botafogo), aos 41’ do primeiro tempo; Jairiznho (Botafogo), aos 23’; Jairiznho (Botafogo), aos 38’ e Ferreti (Botafogo), aos 42’ do segundo tempo.

A primeira fase do Brasileirão chegava próxima ao seu fim, e Botafogo e Flamengo, cada um em seu grupo, se encontravam na briga para seguirem vivos no torneio. Para o clássico válido pela 20ª de 25 rodadas, o Fla não poderia contar com seus dois craques gringos, o zagueiro paraguaio Reyes, machucado, e o atacante argentino Doval, suspenso, desfalques que, sem dúvidas, tornariam menos pedregoso o caminho que o Botafogo teria pela frente.

Um caminho que desde cedo se mostrou repleto de flores, cores e doces para os alvinegros. Jairzinho “Furacão” e “El Lobo” Fischer, as maiores esperanças botafoguenses de bola na rede, estiveram impossíveis, imparáveis, incontroláveis, inigualáveis... O um a zero que Jairzinho colocou no placar, Fischer transformou em três a zero ainda no primeiro tempo. E como a máxima diz que “três vira, seis fecha”, Jairzinho seguiu infernal após o intervalo: fez o quarto e o quinto, este de letra.

Enquanto os rubro-negros choravam como cataratas o presente de aniversário que recebia naquele 15 de novembro de 1972, os sorrisos dos botafoguenses quase circundavam toda a cabeça de tão largos. E ficaram ainda mais abertos e iluminados com a falta de misericórdia de Ferreti, que anotou o sexto tento. Pelos nove anos que se seguiram, não teve um flamenguista Brasil afora que não tenha escutado um botafoguense a exclamar: “Nós gostamos de voSEIS”! Nove anos, pois, em 1981, o Flamengo celebraria a vingança. Mas esta, amigos, é uma outra história...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

SCHWEINSTEIGER, SCHWARZENEGGER, SCHUMACHER e STEINHAEGER


Recém-contratado para salvar o Flamengo do fundo do poço sem fundo, Vanderlei Luxemburgo comentou a decisão da Copa do Mundo pelo canal de TV Fox Sports. Ao escalar um treinador como analista, espera-se uma leitura tática do jogo, mas Luxemburgo encontrou um problema enorme pela frente: ele não conseguia falar Schweinsteiger. Tentou a primeira vez e não saiu. Tentou a segunda, e nada. Na terceira, optou por chamar o craque alemão de “o camisa sete”.

O ponto aqui não é exigir que os treinadores brasileiros sejam poliglotas, o que, diga-se de passagem, até que seria excelente para que eles pudessem se manter em dia com o que rola pelo Planeta Bola. Se Luxemburgo não conseguisse pronunciar nomes bósnios, iranianos, sul-coreanos e até de muitos outros alemães não teria um pingo de problema.

A questão é que ao demonstrar não ter nenhuma familiaridade com o nome do Schweinsteiger, Luxemburgo deu indícios de que este meio-campista impecável e atualmente inigualável não faz parte de suas conversas cotidianas. Ora bolas, que treinador atual pode se dar ao luxo de não conversar sobre o que Schweinsteirger faz em campo? Que futebol ele assiste?

Um técnico de futebol não ter familiaridade com Schweinsteiger demonstra a mesma falta de capacidade profissional de um expert em filmes de ação que gagueja ao falar de Arnold Schwarzenegger, de um estudioso de Formula 1 que se enrola para dizer Schumacher ou um garçom veterano que não sabe pedir um Steinhaeger ao barman.

Muitos levaram o embolar de língua de Luxemburgo para o lado cômico, algo como o inglês de Joel Santana, mas tem um ponto muito sério no fato de um dos treinadores mais renomados do país não conseguir falar Schweinsteiger. Este é mais um exemplo de que os nossos técnicos não assistem, não debatem e não estudam o futebol que se joga nos principais centros do mundo. E podem incluir o Dunga nesta lista...

COPA DO BRASIL 2014 – TERCEIRA FASE – PONTE PRETA X VASCO


Ponte Preta 0 x 2 Vasco – Estádio Moisés Lucarelli, Campinas (SP)

Vasco faz bom segundo tempo, vence a Ponte Preta no Moisés Lucarelli e encaminha classificação para a próxima fase da Copa do Brasil.

Taticamente, Ponte Preta e Vasco se apresentaram para o confronto com formações idênticas. Quatro zagueiros para um lado e quatro para o outro. Três volantes aqui e três ali. Um meia lá e outro acolá. Uma dupla de atacantes pra cá e outra pra lá. Na prancheta, tudo era exatamente igual.

O Vasco foi quem teve a oportunidade de gol mais clara de toda a etapa inicial – Thalles finalizou bizarramente para fora logo aos cinco minutos –, mas, antes do intervalo, foi a Ponte Preta quem melhor se desencaixou dos esquemas táticos espelhados. O camisa dez Adrianinho teve mais liberdade do que poderia, o lateral-esquerdo Magal foi presença constante no ataque, o volante Juninho escapuliu por mais de uma vez sem ser acompanhado e o atacante Alexandro, sozinho dentro da área, quase fez um belo gol por cobertura.

O segundo tempo voltou com uma Ponte Preta mais incisiva e perigosa, e, em menos de 10 minutos, Edno e Adilson Goiano já haviam assustado o goleiro Martin Silva. Seria exagero dizer que a Macaca pressionava, mas não que vivia seu melhor momento no jogo. Foi neste cenário que todo o espaço que o Vasco suava e não encontrava se abriu para Douglas descobrir um passe magistral e Diego Renan fazer um a zero para os cruz-maltinos. A Ponte ruiu e pouco depois, aos 16, Thalles aproveitou rebote de chute forte de Kleber para ampliar o escore.

Com dois a zero de vantagem, o Vasco foi inteligente o suficiente para não deixar a Ponte Preta abafar e rondar a sua meta. Nesta última meia hora, destaques para Dakson, que entrou bem no lugar de Douglas e fez a bola girar, e Kleber, que prendeu a redonda no ataque e sofreu faltas que não só amarelaram os marcadores como aceleraram o relógio. A vaga para as oitavas de final está em mãos cruz-maltinas.

Ponte Preta: Roberto; Daniel Borges, Raphael Silva, Luan e Magal; Adilson Goiano, Juninho e Alef; Adrianinho; Alexandro (Rafael Costa) e Edno (Rossi). Técnico: Parraga


Vasco: Martín Silva; Carlos Cesar (André Rocha), Luan, Douglas Silva e Diego Renan; Aranda, Fabrício e Guiñazu; Douglas (Dakson); Thalles (Yago) e Kleber. Técnico: Adilson Batista.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

CENTENÁRIO DA SELEÇÃO BRASILEIRA


Não é todo dia que se completam cem anos, mas confesso que ainda estou na dúvida se a hora é boa para comemorar. Sei que tenho muitas coisas maravilhosas para relembrar, mas faz menos de duas semanas que eu passei pela maior vergonha de minha história, numa baita festa que dei aqui em casa, com convidados de todos os cantos do planeta. Estou abalada e triste. Na vida, às vezes a gente acaba na mão de pessoas egoístas e aproveitadoras, e é assim que me sinto neste momento, cheia de sanguessugas presas no meu corpo. Quer saber, é melhor mesmo buscar o passado na memória.

Parece que foi ontem que nasci, no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Dizem que foi uma festona muito animada e que o pessoal foi embora com gostinho de quero mais. Minha primeira grande lembrança vem de quando eu tinha quase cinco anos, em 1919. Que loucura aquele encontro nas Laranjeiras com meus amiguinhos sul-americanos. Foi ali que eu comecei a descobrir o meu enorme dom para fazer as pessoas sorrirem. Quando eu era criança, na década de 20, alguma coisa dentro de mim me dizia um dia eu seria mundialmente conhecida.

Nos anos 30 e 40 eu já viajava pra tudo quanto era lado. Nunca vou me esquecer dos dias que passei na França, em 1938. Pela primeira vez me senti livre para voar. E voei longe! E acho que iria ainda mais longe se não fosse a Segunda Guerra Mundial, mas fazer o quê? Aí chegou o tal do ano de 1950. Diferente do que muitos pensam, não tenho problemas em falar dele. Não vou negar que às vezes me pego pensando naquele silêncio todo e choro. É difícil sentir na própria pele uma descida tão rápida do céu ao inferno, mas são cicatrizes assim que formam uma pessoa melhor. E, afinal, não dizem que a vida começa mesmo depois dos 40?

Que bom que decidi relembrar o passado. Não sei se fico mais arrepiada com o espetáculo que eu dei em 1958, 1962 ou 1970. Um em cada canto de um mundo que não se cansava de me aplaudir. Até consagrada como símbolo de arte eu fui! A felicidade que eu proporcionava para o meu país era tão grande que até os políticos tentaram tirar uma casquinha do meu sucesso. Sem dúvidas eu vivi mágicos momentos na década de 80, mas nada que se compare à minha Era de Ouro, quando me sentia uma majestade, me sentia a alegria do povo.

De 1990 pra cá eu venho me sentindo menos artística. Tenho lembranças maravilhosas dos meus shows nos Estados Unidos, em 1994, e no Japão e na Coreia do Sul, em 2002, mas as pessoas não tiram da memória os meus anos dourados e às vezes pegam exageradamente no meu pé. Mas eu entendo as críticas. Sei que boa parte da cobrança vem de quem conhece o meu potencial e só quer o melhor para mim. O problema são estas sanguessugas presas no meu corpo, que só querem saber de me usar.

Se eu pudesse fazer um desejo... Opa, eu posso! Hoje é o meu aniversário de 100 anos! Agora me empolguei! Vou sair para comprar um bolo e cem velinhas. Na hora de cantar parabéns, vou apagar cada uma delas bem devagarzinho e desejando com todas as minhas forças que estas sanguessugas saiam para sempre do meu corpo.

domingo, 20 de julho de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 11ª RODADA – FLUMINENSE X SANTOS


Fluminense 1 x 0 Santos – Estádio da Cidadania, Volta Redonda (RJ)

Com golaço de Conca, Fluminense bate o Santos e assume a terceira colocação do Campeonato Brasileiro.

O primeiro tempo teve uma fase de estudos que durou 45 minutos mais os acréscimos. O Fluminense, devagar quase parando, trocou passes nas proximidades da linha central e nas raras vezes que buscou uma jogada mais aguda seus meias, principalmente Conca e Wágner, os mais ofensivos, deixaram a desejar.

O Santos, por sua vez, buscou encaixotar o adversário no meio-campo e sair em velocidade com Rildo, Geuvânio e Gabriel. O objetivo defensivo foi cumprido, pois o Flu não conseguiu tramar nada, mas nenhum mísero contra-ataque praiano foi engatado. Diante de tamanha falta de apetite para atacar por parte de tricolores e alvinegros, a etapa inicial terminou com o placar mudo.

O Fluminense voltou mais assanhado do intervalo. Não que o Tricolor tenha se lançado ao ataque como se não houvesse amanhã, longe disso, mas suas ações ofensivas se tornaram mais consistentes, principalmente pelos avanços de Cícero, que chegou a marcar um gol anulado pela arbitragem.

O resultado da evolução carioca se transformou em vantagem no placar aos 16 minutos, quando Conca acertou um chutaço primoroso de fora da área. A partir daí, entrou em cena uma limitada e medíocre estratégia cada vez mais comum no Brasileirão: abdicar do ataque e segurar a vantagem com unhas, dentes e bicudas para frente.

Assim como fizeram o Corinthians contra o Internacional, na última quinta-feira, e o Cruzeiro diante do Palmeiras, neste domingo, bastou o Fluminense ficar em vantagem para se concentrar apenas em defender a própria meta. No entanto, mesmo todo socado em seu próprio campo, o Flu deu enorme liberdade para a visão do meia Lucas Lima e para a profundidade do lateral-esquerdo Mena.

Nos últimos 20 minutos, o Peixe criou raízes no campo de ataque e construiu quatro boas oportunidades de gols, sem ser capaz, porém, de empurrar a redonda pro fundo do barbante. E o Fluminense, apesar de ter passado longe de uma atuação digna de aplausos, retorna à zona mais nobre da tabela.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Henrique e Chiquinho; Jean e Cícero; Rafael Sóbis (Kenedy), Conca e Wágner (Valencia); Walter (Samuel). Técnico: Cristóvão Borges.


Santos: Aranha; Cicinho, Bruno Uvini, David Braz e Mena; Alison e Arouca; Geuvânio (Jorge Eduardo), Lucas Lima e Rildo (Diego Cardoso); Gabriel (Stéfano Yuri). Técnico: Oswaldo de Oliveira.

sábado, 19 de julho de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - VITÓRIA X CORINTHIANS 1974


Vitória 1 x 0 Corinthians

Campeonato Brasileiro de 1974 – Segunda Fase – 2ª rodada

Estádio Fonte Nova, Salvador (BA)

Vitória: Joel Mendes; França, Válter, Dutra e Roberto; Paulo Valença, Natal e Mário Sérgio; Osni, Davi e André Catimba. Técnico: Bengalinha.

Corinthians: Armando; Galli, Vágner, Baldochi e Wladimir; Tião, Washington (Severo) e Adãozinho; Marco Antonio Visgo, Vaguinho e Roberto Miranda. Técnico: Luisinho.

Gol: Osni (Vitória), aos 28’ do segundo tempo.

O retorno do Campeonato Brasileiro deste ano de 2014 apenas três dias após o fim da Copa do Mundo é um dos sintomas da desorganização do nosso futebol, pois evidencia a falta de prestígio da principal competição nacional frente à CBF, que a organiza a toque de caixa. No entanto, amigos, acreditem, já foi pior.

No mesmo dia 3 de julho de 1974 em que a Holanda de Cruyff não deu chances à seleção brasileira, em Dortmund, e se garantiu na decisão da Copa do Mundo, foram realizados nada menos do que do que dez jogos do Brasileirão. E não jogos quaisquer, mas sim partidas quase decisivas para apontar quem seriam os semifinalistas. Caso de Vitória versus Corinthians.

Na fase inicial, o Vitória havia feito excelente campanha com apenas duas derrotas em 19 jogos, mas o revés para o Nacional logo na rodada de abertura da segunda fase colocava o Leão Baiano em situação delicada: triunfar contra o Corinthians, na Fonte Nova, era essencial e, para isso, o Rubro-Negro precisaria de uma jornada inspirada do seu inesquecível trio ofensivo formado por Mário Sérgio, André Catimba e Osni.

O Alvinegro Paulista contava com grandes jogadores como Baldochi e Roberto Miranda, tricampeões Mundiais com o Brasil em 1970, além do ídolo Wladimir, mas podemos dizer que a missão baiana se tornou, digamos, menos difícil pelas ausências dos craques corintianos Zé Maria e Rivellino, a serviço da seleção na Copa do Mundo.

No fim, o Vitória soube “agradecer” o presente dado pela seleção brasileira e venceu por um a zero, gol do pequenino e infernal Osni, e seguiu vivo até a última rodada, quando um empate com o futuro campeão Vasco o tirou das semifinais.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - PALMEIRAS X SANTOS - 1997


Palmeiras 5 x 0 Santos

Campeonato Brasileiro 1997 – Primeira Fase – 20ª rodada

Data: 21/09/1997

Estádio Palestra Itália, São Paulo (SP)

Palmeiras: Velloso; Pimentel, Roque Júnior, Agnaldo Liz e Júnior (Wágner); Rogério, Galeano, Zinho e Alex (Eriberto); Oséas (Euller) e Viola. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Santos: Zetti; Baiano (Ânderson Lima), Ronaldão, Narciso e Rogério Seves; Jean (Marcelo Passos), Arinélson (Alexandre), Marcos Bazílio e João Santos; Caio e Macedo. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Gols: Oséas (Palmeiras), aos 16’; Oseás (Palmeiras), aos 42’; Alex (Palmeiras), aos 45’ do primeiro tempo. Viola (Palmeiras), aos 9’ e Viola (Palmeiras), aos 40’ do segundo tempo.

Diz o dito popular, longe de qualquer comprovação científica, que nada melhor para se curar uma ressaca oriunda de bebedeira do que mandar ver na cerveja. Assim, seguindo esta linha um tanto quanto insana, nada seria melhor para curar a ressaca causada por uma goleada do que sofrer uma nova goleada, certo? Com certeza não. Que nos diga o Santos...

Quando o Alvinegro Praiano foi ao Palestra Itália, em setembro de 1997, a cabeça ainda estava inchada pelo 6 a 0 sofrido para o Palmeiras, pouco mais de um ano antes, pelo Campeonato Paulista. E por uma daquelas peças que o futebol adora pregar, Vanderlei Luxemburgo, que era o treinador palmeirense nos 6 a 0, agora comandava o Santos na busca por curar a enxaqueca. Quem também fizera história pelo Alviverde e agora defendia as cores santistas era o goleiro Zetti, que como goleiro palmeirense na década de 80 havia conseguido a façanha de passar 1.238 minutos sem sofrer gols.

Num cenário típico do futebol brasileiro, Djalminha, Rivaldo, Muller e Luizão, os arquitetos ofensivos palmeirenses no 6 a 0 de 1996, já haviam deixado o clube. No Brasileiro de 1997, quem tentava fazer o Alviverde imponente era o quarteto formado por Zinho, Alex, Oséas e Viola. Um baita quarteto! O Palmeiras não teve piedade da dor de cabeça santista e foi enfiando uma bola atrás da outra no fundo do barbante praiano. Um a zero com Oséas, dois a zero com Oséas, três a zero com Alex, quatro a zero com Viola e cinco a zero com Viola. Um verdadeiro show de bola!

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 10ª RODADA – FLAMENGO X ATLÉTICO PARANAENSE


Flamengo 1 x 2 Atlético Paranaense – Moacyrzão, Macaé (RJ)

Desordenado e limitado, Flamengo perde para o Atlético Paranaense e terminará a rodada na lanterninha do Brasileiro.

Sendo curto e um pouco grosso, o cenário do Flamengo é o seguinte: um técnico que teria dificuldades para tirar leite de vaca tentando tirar leite de pedra. Os 45 dias longe do gramado não trouxeram, pelo menos nesta partida, nada de positivo ao clube da Gávea, que segue com uma pobreza tática somente comparável à pobreza técnica.

O Flamengo iniciou o embate com um trio de zagueiros, Alecsandro como centroavante e seis – seis! – homens concentrados no setor de meio-campo. No entanto, assim como o poder ofensivo de uma equipe não está associado ao número de atacantes, nem o defensivo ao de zagueiros, o empacotamento de meio-campistas proporcionado por Ney Franco não resultou num domínio flamenguista no setor.

Enquanto o Flamengo se mostrava incapaz de criar uma jogada de ataque trabalhada, o Atlético se aproveitou para fazer funcionar sua estratégia de chegar à meta adversária o mais rápido possível e escapuliu para abrir o placar com Douglas Coutinho, aos 19. Placar que o Fla empatou, aos 34, com Samir, de cabeça, em jogada de bola parada.

O intervalo fez bem ao Flamengo, que voltou com Léo Moura assanhado pela direita e começou a esboçar um domínio territorial. Aos 10, Alecsandro acertou o travessão e deu a impressão de que o gol carioca estava maduro, mas quem teve frutos para celebrar foi o Furacão: aos 19, mesmo com toda a defesa flamenguista dentro da área, Sueliton encontrou o zagueiro Cléberson, que não perdoou: dois a um Furacão.

Com cerca de meia hora por jogar, Ney Franco mexeu aqui, mexeu ali e o Flamengo se lançou para abafar um Atlético que se defendia com unhas, dentes e bicudas para frente. Luiz Antônio, Mugni e Alecsandro até acertaram a meta, mas o bom goleiro Weverton estava ligado o suficiente para garantir o triunfo paranaense e empurrar o Flamengo para a posição mais horripilante de toda a tabela.

Flamengo: Felipe; Wallace, Chicão e Samir (Nixon); Léo Moura, Elano (Luiz Antônio), Recife e André Santos; Everton e Paulinho (Mugni); Alecsandro. Técnico: Ney Franco

Atlético Paranaense: Weverton; Sueliton, Cléberson, Léo Pereira e Lucas Olaza; Otávio e Derley (Paulo Dias); Douglas Coutinho, Bady (Marcelo) e Marcos Guilherme; Éderson (João Paulo). Técnico: Doriva.

terça-feira, 15 de julho de 2014

PRÊMIO FUTEBOLA COPA DO MUNDO 2014
















FUTEBOLA DE OURO – ARJEN ROBBEN (HOLANDA)

FUTEBOLA DE PRATA – BASTIAN SCHWEINSTEIGER (ALEMANHA)

FUTEBOLA DE BRONZE – JAMES RODRÍGUEZ (COLÔMBIA)


SELEÇÃO FUTEBOLA

GOLEIRO – KEYLOR NAVAS (COSTA RICA)
Manuel Neuer sai do Mundial consolidado como o melhor goleiro do planeta. Dono de posicionamento e visão de jogo estupendos, às vezes parece até que o alemão já jogou antes o jogo que está sendo jogado. No entanto, nenhum arqueiro foi mais esplêndido e decisivo na Copa do que Keylor Navas, com no mínimo dez defesas monumentais e protagonismo em todas – todas! – as cinco partidas costarriquenhas, principalmente as duas do mata-mata, contra Grécia e Holanda.

LATERAL-DIREITO – PHILIPP LAHM (ALEMANHA)
Transformado em volante no Bayern de Munique pelo treinador Guardiola, Lahm iniciou o Mundial na meiúca e somente ocupou a lateral-direita nos últimos três jogos. Foi o suficiente para mostrar que os meses ausentes da posição não influenciaram em nada seu jogo impecável pelo flanco direito. Defende, ataca, pensa, corre, passa, cruza... Ninguém no mundo conhece tanto os ofícios de um lateral como este alemão.

 ZAGUEIRO-CENTRAL – MATS HUMMELS (ALEMANHA)
Hummels deu uma aula nesta Copa do Mundo e representou brilhantemente a escola defensiva alemã. Tecnicamente é muito bom por baixo, melhor ainda pelo alto (1,92) e ótimo nos desarmes (cometeu apenas quatro faltas, nenhuma para cartão, em todo o torneio). Destacou-se também por estar sempre atento e pela inteligência tática. Como se não bastasse, ainda anotou dois gols, um deles decisivo contra a França.

QUARTO-ZAGUEIRO – EZEQUIEL GARAY (ARGENTINA)
Na fase de grupos, período em que o sistema defensivo argentino não inspirava confiança, Garay já se mostrava o mais sóbrio e sólido de todos os defensores. Nos últimos três jogos, depois que o treinador Sabella conseguiu dar mais consistência tática à retaguarda albiceleste, o jogo de Garay cresceu assustadoramente. Diferente dos zagueiros brasileiros, o argentino chegou à Copa com um cartaz pequenininho e sai dela muito prestigiado.

LATERAL-ESQUERDO – DALEY BLIND (HOLANDA)
Quando foi escalado como zagueiro (diante do Chile e na prorrogação contra a Argentina) e como volante (contra o México), o holandês Blind não se saiu nada bem. Pela ala esquerda, porém, seu futebol foi outro. Um futebol de dinâmica tática e de passes precisos e até preciosos (o lançamento para o gol de peixinho de van Persie é inesquecível).

VOLANTE CENTRAL – JAVIER MASCHERANO (ARGENTINA)
Como de costume, Mascherano errou alguns passes fáceis e cometeu algumas faltas exageradas, mas sua dedicação foi algo tão surreal que apaga qualquer equívoco cometido. Ninguém nesta Copa deixou mais a alma em campo do que o volante argentino. Às vezes era preciso olhar para os seus pés para ter certeza de que amarrar as chuteiras com as veias continuava a ser apenas uma metáfora. O desarme sobre Robben nos acréscimos da semifinal fica para a eternidade.

VOLANTE DIREITO – BASTIAN SCHWEINSTEIGER (ALEMANHA) – PRÊMIO FUTEBOLA DE PRATA
Sabem aquela máxima que diz que volante tem que roubar a bola e dar para quem sabe? Pois Schweinsteiger incorpora um leão, rouba a bola, levanta a cabeça, descobre que ninguém sabe mais do que ele, e inicia, o próprio, a saída de jogo alemã. Potente, dinâmico, forte, técnico, tático... A definição de futebol moderno ainda é meio nebulosa, mas é impossível não olhar para Schweinsteiger e ver a personificação da modernidade.

VOLANTE ESQUERDO – TONI KROOS (ALEMANHA)
Kroos foi uma peça essencial para a Alemanha esbanjar com a bola de pé em pé em pé em pé. Mas não foi só. Além de encaixar perfeitamente no estilo troca de passes ad eternum, Kroos lança como poucos, alça bolas na área com perfeição e ainda aparece para chutar de longe. Coroou sua magnífica Copa do Mundo com uma atuação estratosférica diante do Brasil. Todos os alemães mereceram nota dez na nossa tragédia, mas Kroos ficou com um dez e meio.

MEIA OFENSIVO – JAMES RODRÍGUEZ (COLÔMBIA) – PRÊMIO FUTEBOLA DE BRONZE
Os números de James Rodríguez falam por si só: dos 12 gols colombianos no torneio, o craque anotou os seis que lhe garantiram a artilharia e participou de outros cinco. Mas estes assustadores números não contam a arte que Rodríguez esculpiu nos gramados brasileiros. Deixou zagueiros sentados com dribles, acertou o chute mais lindo da Copa depois da matada mais linda de muitas Copas, e distribuiu passes de tudo quanto é maneira. Pode parecer só impressão, mas a brazuca parecia mais feliz em seus pés.

ATACANTE – LIONEL MESSI (ARGENTINA)
Pela primeira vez este jogador de outro mundo quase ganhou a Copa do nosso mundo. É verdade que Messi não foi aquele que nos fazia duvidar da realidade, mas foi protagonista como nunca havia sido com a camisa de sua seleção. De seus pés nasceram os triunfos contra a Bósnia e Herzegovina, o Irã, a Nigéria e a Suíça. Não fez pouco. Pelo contrário, fez muito, demais, mas não o suficiente para dar o título a uma seleção que dependia exclusivamente que ele esfregasse a lâmpada mágica.

ATACANTE – ARJEN ROBBEN (HOLANDA) – PRÊMIO FUTEBOLA DE OURO
Sempre que se falar na Copa do Mundo de 2014 terá que se falar nas arrancadas deste carequinha holandês. Quando Robben dinamitou a Espanha, parecia uma daquelas atuações individuais que não se repetem, mas, aí, a Copa seguiu seu rumo e Robben seguiu tirando o rumo de todos os adversários. Sozinho foi capaz de destruir defesas com sua movimentação tática, sua técnica para driblar ou sua explosão física. Dizem que se mede um craque pela quantidade de jogadores necessária para contê-lo: a Argentina, a única que conseguiu, precisou de nove e um carrinho papal de Mascherano aos 45 do segundo tempo.

TREINADOR – JOACHIM LÖW (ALEMANHA)

Löw não somente conhece seu elenco de cabo a rabo, mas soube como fazer seu time render o máximo neste Mundial. O treinador tem muitos méritos no estilo de jogo alemão, um estilo que mescla e alterna a troca infinita de passes com um jogo potente, e demonstrou todo o seu domínio na hora de realizar as substituições. Basta lembrar que o gol do título nasceu dos pés do reserva Schürrle e foi marcado pelo também reserva Götze.

domingo, 13 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 – FINAL – ALEMANHA X ARGENTINA


Diz o ditado que a derrota necessita ser explicada, mas a vitória não pede teorias. Ora bolas, como não teorizar a conquista desta impecável Alemanha? Seria um desperdício imperdoável não buscar entender o que fez este time de jogadores grandiosos se tornar um grandioso time de jogadores.

Podemos começar pelo primor técnico dos alemães. Neuer é um absurdo de goleiro, dono de posicionamento e visão de jogo que beiram o perfeito. Atualmente volante, Lahm precisou apenas de três jogos para mostrar que ainda é o melhor lateral-direito do mundo. O sublime Schweinsteiger rouba a bola e a deixa com quem mais sabe: ele mesmo. Kroos passa, lança e chuta como se tivesse uma régua presa às chuteiras. Klose nasceu para jogar Copa do Mundo. Thomas Müller, para dar sequência ao legado de Klose.

Ainda tem Hummels, Boateng, Khedira, Özil, Schürrle e o autor do gol histórico, Götze... É muita gente boa. Gente que tem inteligência tática para mesclar o estilo da bola de pé em pé em pé em pé em pé do Bayern de Munique com muita potência ofensiva e letalidade nas jogadas aéreas. O cardápio ofensivo montado pelo chef Joachin Löw tem muitas páginas, e os que estão em campo têm todas elas decoradas.

As supostas adversidades climáticas a Alemanha a chutou para escanteio. Jogou toda a primeira fase no Nordeste (com duas partidas às 13h e uma média de 28 graus), voou longe para Porto Alegre para vencer a Argélia e o choque térmico causado por uma sensação de cerca de 10 graus e, depois, foi ao Rio de Janeiro para eliminar a França sob outro sol de uma da tarde. Com tudo isso, ainda destroçou fisicamente o Brasil e teve gás para conquistar o mundo na prorrogação.

Ao lado da Holanda, a Alemanha foi a seleção que mais se sentiu em casa no Brasil fora de campo. Mas não foi só. Dentro das quatro linhas, exceto alguns poucos minutos de instabilidade, Schweinsteiger e companhia primaram pela atenção, concentração, autoridade, capacidade de imposição de estilo, compreensão do que o jogo pedia...

O futebol não tem uma única receita para a vitória. No entanto, quando um time reúne estruturas técnica, tática, física e psicológica tão bem desenvolvidas, o caminho para a glória se torna bem menos pedregoso.

PARABÉNS, ALEMANHA!

sábado, 12 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - DECISÃO DO 3º LUGAR - BRASIL X HOLANDA


A derrocada brasileira na Copa do Mundo não foi reflexo de uma única fraqueza, um erro solitário ou um apagão de seis minutos. Pensar desta forma reducionista seria tapar o sol com o Parreira, ops... com a peneira. No entanto, os equívocos táticos da seleção foram tão gritantes que ser repetitivo sobre o tema se torna obrigação. Se por um lado seria inocência acreditar que Felipão tem capacidade e conhecimento para montar uma equipe taticamente primorosa, por outro é inadmissível que um treinador do escrete nacional cometa erros tão básicos.

Às vésperas das oitavas de final, Felipão encheu o peito para dizer que já sabia do potencial do Chile fazia tempos. Em campo, porém, a seleção se viu aos desesperos com a marcação por pressão e a movimentação dos comandados de Jorge Sampaoli. Passamos pelo Chile apenas na disputa de pênaltis, enfiamos o cacete e dois gols de bola parada na Colômbia e chegamos para enfrentar a Alemanha. A Alemanha que qualquer pedregulho sabe ter sua força no preenchimento do meio-campo e na bola de pé em pé em pé em pé em pé.... O que faz Felipão? Decide apostar na alegria das pernas de Bernard e escancara toda a meiúca para Khedira, Kroos e Schweinsteiger.

Humilhados fomos para a inútil disputa pela terceira colocação. Amigos, façam o exercício. Escolham qualquer pessoa de qualquer idade e qualquer sexo que tenha assistido apenas um – basta um – jogo da Holanda nesta Copa e perguntem qual é o ponto mais forte da Laranja. A resposta virá de bate-pronto: a arrancada do Robben. Aí me vem a seleção e perde de três a zero com três gols originados pelos pés do Robben. Fosse antes do jogo ou durante este, Felipão foi incapaz de realizar uma alteração que impedisse o carequinha de nos destruir.

Como foi falado anteriormente, a queda brasileira não se deu apenas por motivos táticos. Tem muito mais para ser dissecado neste defunto. Mas é inaceitável que uma comissão técnica responsável por comandar o Brasil numa Copa do Mundo em casa se mostre tão incompetente a ponto de dar a impressão de sequer ter assistido aos jogos dos adversários.

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
A decisão deste Mundial marcará o sétimo confronto entre Alemanha (contando também o currículo da Alemanha Ocidental) e Argentina na história da competição. Outros dois duelos também ocorreram sete vezes pela Copa do Mundo: Brasil e Suécia e Alemanha (novamente considera-se o retrospecto da Alemanha Ocidental) e Sérvia (levando-se em conta a Iugoslávia).

quarta-feira, 9 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - SEMIFINAL - HOLANDA X ARGENTINA


Não é chorar pela lágrima derramada, mas o triunfo argentino nos pênaltis sobre a Holanda também ajuda a entender porque a seleção brasileira passou pela maior humilhação de sua história quase centenária.

Aqui e acolá se tenta comparar a “messidependência” argentina com a “neymardependência” brasileira. Inquestionavelmente os dois craques são os líderes técnicos de suas equipes, aqueles que vão até o brejo buscar a vaca para devolvê-la ao pasto. No entanto, há uma diferença enorme no aproveitamento de ambos. O Brasil não se organizou para Neymar. Na verdade, o Brasil sequer se organizou nos cinco jogos em que teve o seu dez. A Argentina, diferentemente, é armada para Messi armar. E driblar. E arrancar. E apanhar. E passar. E finalizar.

Mesmo quando Messi não participa intensamente a Argentina está lá, montadinha. É verdade que não foi assim nos primeiros jogos, mas o treinador Sabella encontrou a forma de jogar na vitória sobre a Bélgica. Trocou o zagueiro Fernández pelo caudillo Demichelis e, a principal mudança, sacou Gago – bom de toque, mas cheio de não me toques – para a entrada do leão Biglia. À frente da defesa, Biglia forma dupla com Mascherano, que parece deixar uns três anos de vida em cada jogo. O carrinho que Mascherano deu nos acréscimos do segundo tempo para evitar o gol do Robben foi o maior desarme deste Mundial. Pelos lados, Lavezzi e Pérez (na final será o essencial Di María) compõem o meio. Na frente, Higuaín é a referência. Tudo encaixado para esperar Messi esfregar a lâmpada mágica.

Tão encaixado que Bélgica, de 38 finalizações contra os EUA, assustou apenas quatro vezes o goleiro Romero nas quartas. A Holanda, dona do melhor ataque da Copa até a catástrofe brasileira, criou apenas dois perigos em 120 minutos. Nenhum gol sofrido nestes dois jogos e apenas 21 faltas cometidas. Para critérios de comparação, o Brasil fez 31 faltas somente contra a Colômbia. A estratégia argentina não é apenas esperar que Messi resolva. Ela se arma e se dedica 60 segundos por minuto para isso.

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
De todas as seleções que conquistaram pelo menos uma Copa do Mundo, apenas Brasil e Espanha não levantaram o caneco em casa. Uruguai (1930), Itália (1934), Inglaterra (1966), Alemanha (1974), Argentina (1978) e França (1998) se sagraram campeões quando sediaram o Mundial.

terça-feira, 8 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - SEMIFINAL - BRASIL X ALEMANHA


Como falar de técnica se o Brasil não tentava um passe para frente e errava os para trás? Como falar de prancheta tática se a Alemanha defendia com onze e atacava com uns quinhentos? Como falar de físico se os brasileiros não tinham forças sequer para se sustentar sobre as próprias pernas, quem dirá para ganhar um pé de ferro? Como falar sobre os melhores momentos se a memória não lembra sequer quem fez os gols germânicos? Como falar de psicológico se já queríamos, jogadores e nós, ouvir o apito final antes mesmo do minuto 20 da primeira etapa? Como prever o futuro se o presente é uma derrota que vai doer para sempre?

Contra México e Chile, o Brasil pecou (muito!) em termos técnicos, táticos, físicos e psicológicos e permitiu que o adversário aflorasse todo o seu potencial. Fez o mesmo na semifinal, só que o potencial alemão não tem limites. Deu no que deu... A palavra que define a seleção brasileira nesta Copa é submissão, pois nem mesmo nos raros bons momentos ela conseguiu dominar, controlar o adversário, se sentir dona do pedaço.

Manchetes começarão a pipocar falando sobre um Mineirazo, o que não condiz com o cenário atual. Em 1950, no Maracanazo, o Brasil chegou exalando confiança para enfrentar o Uruguai após esmagar a Suécia (7 x 1) e a Espanha (6 x 1). A Seleção entrou em campo com a vantagem do empate e tinha a taça nas mãos até o minuto 34 da etapa final, quando se fez o silêncio maior. Desta vez, o Brasil não chegou embalado e o gosto da classificação durou pouco mais de 10 minutos.

Difícil mensurar o quanto, mas esta humilhação incomparável sofrida pelo Brasil tem um quê do treinador Guardiola, que através do Bayern de Munique, seu clube atual, mudou o modo de jogar da seleção alemã, apesar de Joachim Löw ter muitos méritos.  Não é coincidência a sapatada levada pelo Brasil lembrar os massacres que o Barcelona impôs sobre o Santos na final do Mundial de Clubes de 2011 (4 x 0) e em amistoso no ano passado (8 x 0). Não que o Brasil deva copiar exatamente o repertório do antigo Barcelona ou do novo Bayern de Munique, não é isso. O que não pode é não ter repertório algum.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 – SEMIFINAL


Não faz sequer um ano que o treinador Guardiola estreou pelo Bayern de Munique e a seleção alemã já troca passes ad eternum nos gramados brasileiros. Os germânicos são quem mais tentam passes (3577 em cinco jogos), mais completam passes (2938 em cinco jogos), possuem o maior índice de acerto de passes (82%) e contam com cinco dos dez jogadores que mais acertaram passes no Mundial. Estes cinco são Lahm, Kroos, Mertesacker, Boateng e Schweinsteiger, todos jogadores do meio-campo para trás, o que nos conta muito sobre o estilo de jogo alemão.

A Alemanha não bica para o mato porque o jogo é de campeonato. Nada disso. A bola invariavelmente chega redondinha ao trio formado por Özil, Müller e mais um (Götze, Klose, Schürrle ou Podolski). E é este trio de ataque que transforma o bola pra lá, bola pra cá, em melhores momentos televisivos. A troca infinita de passes é a protagonista do repertório ofensivo alemão. Um repertório que também tem as bolas paradas precisas alçadas na área pelo Kross e um jogo potente para, se necessário, ir para o abafa.

O estilo de jogo alemão pede um Brasil mais povoado no meio de campo, por isso retornar o descansado e incansável Luiz Gustavo no lugar do gênio da imprevisibilidade Neymar se mostra uma boa opção. À frente de Maicon, Dante, David Luiz e Marcelo (ótima linha, mesmo sem Thiago Silva), o Brasil teria um trio central com Luiz Gustavo, Paulinho e Fernandinho para bater com o trio central alemão (Schweinsteiger, Kroos e Khedira).

O combativo Oscar, que tem defendido com uma ferocidade que não condiz com seus traços físicos, ficaria com a missão de levar a bola bem saída à dupla de ataque, formada por Hulk e Fred. Hulk abrindo pelos lados e fechando em diagonal. Fred saindo para o pivô e entrando para a finalização. Mas Oscar, Hulk e Fred não devem buscar o gol sozinhos. Marcelo sabe tudo de ataques pela esquerda, e Fernandinho e Paulinho conhecem os atalhos pela meiúca.

Números, pranchetas, setas, estatísticas... tudo muito importante, sem dúvidas, mas somente quando a bola rolar que a história vai se desenrolar.

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
Em 6 de maio de 2001, o togolês Souleymane Mamam, então com 13 anos e 310 dias, se tornou o jogador mais jovem a participar de uma partida eliminatória para a Copa do Mundo, no duelo entre Togo e Zâmbia. Em Mundiais, porém, é o norte-irlândes Norman Whiteside, com 17 anos e 41 dias, o mais novo a entrar em campo. Isso ocorreu no confronto contra a Iugoslávia, que abriu a participação da Irlanda do Norte na Copa do Mundo de 1982.

sábado, 5 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - QUARTAS DE FINAL


A Copa do Mundo em solo tupiniquim encanta pelos mais variados motivos. Dentre tantos, temos gols em profusão e para todos os gostos, técnica individual refinada, jogo coletivo encaixado, entrega emocional completa, dedicação física sem pensar no amanhã e atuações memoráveis de goleiros. Na vitória holandesa sobre a Costa Rica, nos pênaltis, o espetáculo proporcionado pelos arqueiros Tim Krul e Keylor Navas não só foi uma homenagem a todas as defesas dignas de moldura já vistas neste Mundial, como também um tributo aos que têm a missão de impedir a pelota de beijar o barbante.

Há uns 20 anos, o joguinho futebolístico de videogame então em moda permitia um macete através do qual o goleiro se tornava instransponível. As finalizações vinham de todas as direções, formas e distâncias e nada de bola na rede. Suspeita-se que os costarriquenhos descobriram como aplicar este macete na vida real, pois o que fez o arqueiro Keylor Navas nesta Copa foi desequilibrador. Fora uma única mísera caçada de borboleta, Navas não cometeu um equívoco sequer em todo o torneio. Sofreu apenas dois golzinhos: um de pênalti, do Uruguai, e outro da Grécia, que veio em rebote de uma defesa sensacional sua. Em cinco jogos, fez no mínimo 15 defesaças. Após tudo o que pegou contra a Holanda, não falta mais nada para colocá-lo ao lado de David Luiz, James Rodríguez, Messi e Robben como os maiores nomes do Mundial até este momento.

O anoitecer na Fonte Nova, porém, não foi do macetado Navas, o grande responsável pelo placar mudo. Foi de Tim Krul, goleiro reserva holandês. Um reserva que entrou somente aos 120 minutos de bola rolando para decidir a disputa por pênaltis. Krul pode não ostentar a maior altura deste Mundial, mas sua confiança era tamanha que ele parecia ter que ficar de cócoras para caber sob o travessão. Com todos os seus metros e uma técnica sublime para catar tiros da marca da cal, Krul acertou o lado de todas as cobranças costarriquenhas, pegou duas delas e a Holanda vai encarar a Argentina por uma vaga na final.

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
Ao ser escalado para arbitrar o embate entre Holanda e Costa Rica, o uzbeque Ravshan Irmatov se tornou, com nove partidas, o juiz que mais jogos apitou na história do Mundial. Outro recorde de Irmatov, este estabelecido em 2010, é o de mais partidas arbitradas em uma única edição da Copa do Mundo: cinco, assim como o mexicano Benito Archundia (2006) e o argentino Horacio Elizondo (2006).

sexta-feira, 4 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - QUARTAS DE FINAL - BRASIL X COLÔMBIA


O texto da boa vitória sobre a boa Colômbia estava pronto. Faltava só publicar quando a rede mundial de computadores, esta internet que tudo sabe e sabe rápido, avisou: Neymar está fora da Copa do Mundo.

Neste exato o momento, a Seleção tem duas saídas. A primeira delas é começar a listar o que se perde sem o camisa dez. Esta lista iria exigir incontáveis páginas do Word e o triplo de minutos. Reescrever a Bíblia em folha pautada e letra de forma seria mais rápido. Pode-se ir mais longe e perguntar: teria fim uma lista com os malefícios de perder um gênio como Neymar?

Não, amigos, a melhor saída não é chorar a ausência daquele que, desde meados de 2013, é o melhor jogador de seleção do mundo. A Seleção não pode se abraçar às desculpas formadas, igual àqueles times que já entram derrotados para jogar na altitude porque sabem que a justificativa pelo revés vai ser aceita por todos. Os uruguaios passaram dias pensando na mordida do Luís Suárez e se esqueceram de deixar a alma no Maracanã, contra a Colômbia. Não podemos repetir este erro.

Encarar um duelo com a Alemanha, valendo uma vaga na final de uma Copa do Mundo realizada em nosso solo, sem Neymar e o suspenso Thiago Silva, talvez seja o maior desafio da história quase centenária da Seleção. Não podemos entrar com desculpas pré-fabricadas neste momento. Se a Seleção vinha jogando por 200 milhões, agora terá que jogar por 200 milhões e mais dois.

Então, é hora de gritar mais forte o hino, de endurecer mais o pé nas divididas, de cada um correr por três quando já se pede que se corra por dois, de cobrir os espaços até do companheiro que não deixa espaços. Estamos longe de ser um time de pernas de pau, mas se não der pra ir na técnica, que vá no físico, no tático e no psicológico. Vai que dá! Vamos que dá!

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO

Na primeira fase da Copa do Mundo de 1986, Uruguai e Escócia empataram sem gols. Foi neste duelo que, aos 56 segundos de jogo, o uruguaio Batista um recebeu cartão vermelho dado pelo árbitro francês Joel Quiniou, naquela que é a expulsão mais rápida da história dos Mundiais.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - QUARTAS DE FINAL


A conquista maiúscula da Copa das Confederações, com direito à atuação esplêndida na final contra a merecidamente badalada Espanha, encheu o Brasil de imponência para a Copa do Mundo. No entanto, a aparente perda de poder do hino nacional gritado, a necessidade de todo o talento de Neymar para vencer Croácia e Camarões, e os duelos encardidos e iguais contra México e Chile parecem ter tirado a Seleção do pedestal.

Um passeio pela imprensa colombiana nos permitirá ver um exalar de confiança que seria incomum há alguns anos, para não dizer dias, diante de um embate contra o Brasil no Brasil. Colunistas do jornal El Tiempo, Diego Umaña diz que “hoje, como estão jogando, Colômbia é muito mais”, enquanto André Viveros afirma que “não se sabe se no futuro existirá outra oportunidade como a de amanhã, com uma grande Colômbia e um Brasil não tão bom”.

A imprensa colombiana já percebeu que é quando a bola rola que a história se desenrola. E esta deve ser a mensagem, com outras palavras, que o treinador José Pekerman não se cansa de passar aos seus comandados. James Rodríguez está esbanjando. Cuadrado está voando. Os cafeteros jogam tudo o que se esperava e não veio em 1994. O estilo do time colombiano é o de tomar a iniciativa, o que dá indícios de que eles virão para cima. Agora, mais do que nunca neste Mundial, é hora de o Brasil se agigantar.

É hora de o hino gritado voltar a ser combustível para uma infernal pressão inicial. É hora dos mais privilegiados tecnicamente deixarem a individualidade aflorar. É hora de não permitir o rival se impor taticamente. É hora de ganhar as divididas, o corpo a corpo. É hora de chamar a torcida a cada lateral conquistado. É hora dos  colombianos viverem o pesadelo que os espanhóis viveram no Maracanã, há um ano. É hora de os jogadores fazerem as cinco estrelas da camisa brasileira brilharem, e não esperar que as cinco estrelas os façam brilhar.  

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
Na Copa do Mundo de 2002, brasileiros e alemães se enfrentaram pela primeira vez na história dos Mundiais. O duelo ocorreu na final e foi a sétima decisão disputada tanto pelo Brasil, que se sagrou campeão com a vitória por 2 x 0, quanto pela Alemanha. Com esta marca de sete aparições, Brasil e Alemanha são os recordistas de participações em finais do Mundial.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

COPA DO MUNDO 2014 - OITAVAS DE FINAL


Todas as seleções que passaram pela fase de grupos na primeira colocação avançaram às quartas de final. Brasil, Holanda, Alemanha, França e Argentina entraram em campo como favoritas (quase) indiscutíveis e viveram momentos delicados. Os goleiros Júlio César, Ospina, Ochoa, Navas, Neuer, M’Bolhi e Howard protagonizaram atuações cinematográficas, com defesas que nos deixam mais exigentes quanto ao que é impossível sob as traves. É muito assunto no ar, amigos, e o escolhido por esta coluna será a atuação da Bélgica na suada vitória sobre os Estados Unidos.

Como um olhar artístico viu o triunfo belga: Que atuação estratosférica a dos Diables Rouges! Foram incríveis 38 finalizações, 27 delas na direção da meta americana. A Bélgica não economizou em termos ofensivos. Atacou com seis, sete e até oito homens ao mesmo tempo. Os laterais, Vertonghen e Auderweireld, avançavam sem medo de ser feliz. Os meias pelo centro, De Bruyne e Fellaini, atacavam como se não houvesse amanhã. Mais à frente, Hazard, Mertens (depois Mirallas) e Origi (depois Lukaku) só recebiam e entregavam bola no pé. Foi uma avalanche com ataques de todas as direções, altura e velocidade. A arte em forma de futebol chegou à vitória na prorrogação.

Como um olhar pragmático viu o triunfo belga: É inaceitável a quantidade de chances de gol desperdiçadas pela Bélgica. Uma equipe que se propõe a jogar e a deixar jogar não pode se permitir perder tantas oportunidades. Mais assustador do que criar 21 dos chamados “melhores momentos televisivos” em uma única partida é desperdiçar 19 deles e converter apenas dois. Pela primeira vez nesta Copa do Mundo a Bélgica conseguiu impor seu estilo de bola no pé, de técnica individual refinada e de jogo coletivo com um quê de carrossel. No entanto, foi incapaz de nocautear o adversário e até passou um sufoco no final. Se o Lukaku não entrasse como um trem bala na prorrogação, a impressão era a de que os belgas ficariam a perder gols para sempre. A Bélgica não pode se esquecer de que a única justiça no futebol é a justiça dos gols.

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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
Como já era de se esperar, Pelé possui diversos recordes na Copa do Mundo. Em 1958, ele se tornou o jogador mais jovem a marcar um gol, a marcar três gols em um mesmo jogo e a balançar as redes em uma final de Mundial. Pelé está ao lado do também brasileiro Vavá, de Zinedine Zidane (FRA) e de Geoff Hurst (ING) como os que conseguiram anotar três gols em finais de Copa do Mundo. Ao lado dos alemães Uwe Seeler e Miroslav Klose, Pelé sacudiu o barbante e quatro diferentes edições da Copa do Mundo. Por fim, e o seu principal recorde, Pelé é o único a ter conquistado três títulos mundiais.