Há alguns anos atrás, quando meu interesse pela história do futebol estava apenas começando, meu tio me deu um conselho do qual nunca mais esqueci: “Nunca discuta futebol. Converse sobre futebol”. Confesso que algumas vezes fica difícil não subir o tom de voz e tentar impor minha opinião quando o assunto é o esporte bretão, mas, na maioria das vezes, sigo o conselho do meu tio e escuto o que o outro tem a dizer.
Na realidade, em um bate-papo futebolístico, não apenas escuto o que dizem, mas também penso no que dizem. Tento descobrir o que levou o próximo a dar aquela opinião. Nos dias de hoje, onde informações e opiniões surgem de tudo quanto é lugar e a qualquer momento, é cada vez mais necessário matutar antes de reproduzir o que lhe foi passado. E é por isso, por exemplo, que meu cérebro está mastigando e processando até hoje uma frase de um amigo que possui mais de 60 anos e era rato de Maracanã na época em que o Santos jogava no estádio: “Messi é tão bom quanto era o Pelé”. Outra frase que fica martelando a minha mente não foi dita, mas escrita pelo jornalista e colunista do jornal Lance!, o Mauro Betting, declarando que o Barcelona é o melhor time que ele já viu jogar desde que começou a acompanhar futebol, nos meados dos anos 70.
Opiniões fortes – fortíssimas! – como estas, merecem um tempo para serem processadas. Ninguém diz ou escreve algo deste porte sem um motivo. No entanto, existe uma frase que nunca em minha vida futebolística vou aceitar, e recentemente tenho a ouvido muito, sempre associada a um triunfo do Barcelona. A frase? “Venceu o futebol!”. Amigos, o Barcelona não é uma metonímia do futebol. Você pode achar que lâmina de barbear e gillete, esponja de aço e bombril, são a mesma coisa, mas não pode pensar que Barcelona e futebol são sinônimos. Como o Santos de Pelé ou o Real Madrid de Puskas e Di Stéfano também não o foram. Nestes últimos três anos, é mais do que normal um apreciador do futebol considerar o time catalão como o melhor do mundo. Os números, os títulos e o jogo de alto nível espelham tal opinião. Porém, esquecer tudo o que se faz e dizer que o Barcelona é a imagem que representa o futebol é um exagero.
Com mais de um século de vida o futebol já viu incontáveis Campeões. Existiram times vencedores que primavam por uma defesa forte e a saída rápida para os contra-ataques, times que eram mestres em alçar a pelota na area em busca do homem-referência, times que transformavam a bola parada no elixir da vitória… O futebol possui uma variedade enorme de estrátegias e uma delas não pode ser eleita para representá-lo. Mesmo que está seja aquela que mais encanta o público, como é o caso da estratégia do Barcelona, o grande expoente do futebol-arte na atualidade. Era neste ponto que eu queria chegar. Quando o Barça vencer uma partida, diga que o futebol-arte venceu, mas não que o futebol venceu.
Na decisão da Copa do Rei, o que o Real Madrid fez com o Barcelona não pode ser nunca ignorado. Marcação forte no meio-campo, passes rápidos e certeiros do Ozil, utilização da mobilidade do Cristiano Ronaldo como centroavante, ótimo aproveitamento nas bolas cruzadas – lembrando que o gol da vitória merengue foi do Cristiano Ronaldo, de cabeça, e o Pepe acertou uma cabeçada na trave. Isso também é futebol! Não é somente o que o senso comum classifica como futebol-arte que deve ser considerado futebol. Esta idéia reduziria um esporte que possui uma infinidade de estrátegias e formas de jogo, cada qual com seus pontos positivos e negativos, em uma música de uma nota só. Mesmo que essa nota seja aquela que por questões culturais melhor soe aos ouvidos da maioria.
O Manchester United, com sua mais do que sólida dupla de zaga formada por Rio Ferdinand e Vidic, não sofreu sequer um golzinho atuando for a de casa na Champions League. Ryan Giggs prova a cada rodada o nível evolutivo da preparação física do século XXI e parece o Benjamin Button do futebol. Alex Ferguson é um dos maiores treinadores da história do esporte. Wayne Rooney voltou a jogar a bola de antes da última Copa do Mundo. O goleiro van der Sar, na contagem regressiva para se aposentar, não deixa passar nem pensamento. No dia 28 de maio, tem tudo para Barcelona e Manchester estarem decidindo a final da Champions League. Quanto vai ser o jogo? Não tenho nem idéia. Pode ser uma goleada do Barcelona, como foi o não tão distante 5 x 0 sobre o Real Madrid, ou o Manchester United pode passar os 90 minutos sem ser ameaçado e vencer o duelo com tranquilidade. Só não aceito que, ao final da partida, alguém venha me dizer que no caso da segunda possibilidade o futebol saiu perdendo.
Na realidade, em um bate-papo futebolístico, não apenas escuto o que dizem, mas também penso no que dizem. Tento descobrir o que levou o próximo a dar aquela opinião. Nos dias de hoje, onde informações e opiniões surgem de tudo quanto é lugar e a qualquer momento, é cada vez mais necessário matutar antes de reproduzir o que lhe foi passado. E é por isso, por exemplo, que meu cérebro está mastigando e processando até hoje uma frase de um amigo que possui mais de 60 anos e era rato de Maracanã na época em que o Santos jogava no estádio: “Messi é tão bom quanto era o Pelé”. Outra frase que fica martelando a minha mente não foi dita, mas escrita pelo jornalista e colunista do jornal Lance!, o Mauro Betting, declarando que o Barcelona é o melhor time que ele já viu jogar desde que começou a acompanhar futebol, nos meados dos anos 70.
Opiniões fortes – fortíssimas! – como estas, merecem um tempo para serem processadas. Ninguém diz ou escreve algo deste porte sem um motivo. No entanto, existe uma frase que nunca em minha vida futebolística vou aceitar, e recentemente tenho a ouvido muito, sempre associada a um triunfo do Barcelona. A frase? “Venceu o futebol!”. Amigos, o Barcelona não é uma metonímia do futebol. Você pode achar que lâmina de barbear e gillete, esponja de aço e bombril, são a mesma coisa, mas não pode pensar que Barcelona e futebol são sinônimos. Como o Santos de Pelé ou o Real Madrid de Puskas e Di Stéfano também não o foram. Nestes últimos três anos, é mais do que normal um apreciador do futebol considerar o time catalão como o melhor do mundo. Os números, os títulos e o jogo de alto nível espelham tal opinião. Porém, esquecer tudo o que se faz e dizer que o Barcelona é a imagem que representa o futebol é um exagero.
Com mais de um século de vida o futebol já viu incontáveis Campeões. Existiram times vencedores que primavam por uma defesa forte e a saída rápida para os contra-ataques, times que eram mestres em alçar a pelota na area em busca do homem-referência, times que transformavam a bola parada no elixir da vitória… O futebol possui uma variedade enorme de estrátegias e uma delas não pode ser eleita para representá-lo. Mesmo que está seja aquela que mais encanta o público, como é o caso da estratégia do Barcelona, o grande expoente do futebol-arte na atualidade. Era neste ponto que eu queria chegar. Quando o Barça vencer uma partida, diga que o futebol-arte venceu, mas não que o futebol venceu.
Na decisão da Copa do Rei, o que o Real Madrid fez com o Barcelona não pode ser nunca ignorado. Marcação forte no meio-campo, passes rápidos e certeiros do Ozil, utilização da mobilidade do Cristiano Ronaldo como centroavante, ótimo aproveitamento nas bolas cruzadas – lembrando que o gol da vitória merengue foi do Cristiano Ronaldo, de cabeça, e o Pepe acertou uma cabeçada na trave. Isso também é futebol! Não é somente o que o senso comum classifica como futebol-arte que deve ser considerado futebol. Esta idéia reduziria um esporte que possui uma infinidade de estrátegias e formas de jogo, cada qual com seus pontos positivos e negativos, em uma música de uma nota só. Mesmo que essa nota seja aquela que por questões culturais melhor soe aos ouvidos da maioria.
O Manchester United, com sua mais do que sólida dupla de zaga formada por Rio Ferdinand e Vidic, não sofreu sequer um golzinho atuando for a de casa na Champions League. Ryan Giggs prova a cada rodada o nível evolutivo da preparação física do século XXI e parece o Benjamin Button do futebol. Alex Ferguson é um dos maiores treinadores da história do esporte. Wayne Rooney voltou a jogar a bola de antes da última Copa do Mundo. O goleiro van der Sar, na contagem regressiva para se aposentar, não deixa passar nem pensamento. No dia 28 de maio, tem tudo para Barcelona e Manchester estarem decidindo a final da Champions League. Quanto vai ser o jogo? Não tenho nem idéia. Pode ser uma goleada do Barcelona, como foi o não tão distante 5 x 0 sobre o Real Madrid, ou o Manchester United pode passar os 90 minutos sem ser ameaçado e vencer o duelo com tranquilidade. Só não aceito que, ao final da partida, alguém venha me dizer que no caso da segunda possibilidade o futebol saiu perdendo.
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