Ninguém jogou mais bola nesta Copa América do que os grandes
campeões chilenos. Se não foram imensamente superiores aos rivais, os donos da
casa tiveram o mérito de saber lidar de forma madura com a pressão de ser um
anfitrião na busca por um título inédito. Basta ver que em jogo algum o Chile abdicou
de seu estilo de jogo, um estilo que, cá entre nós, não é coisa para qualquer
time. Marcação pressão, transição pelo chão, deslocamentos imprevisíveis, infiltrações
insistentes pelo meio, passes incisivos, dribles curtos...
Além do mais, todos os chilenos jogaram o que poderiam ou até
mesmo um pouco mais. Bravo foi pura segurança. Isla não só fez o gol salvador
contra o Uruguai como foi presença ofensiva marcante. O leão Medel conseguiu a
façanha de jogar mais contra a Argentina do que havia jogado na Copa do Mundo
contra a Espanha. Aránguiz, como de costume, mostrou primoroso senso de domínio
da meia-cancha. O paradoxal Vidal esbanjou solidez e fluidez. Valdívia foi o
homem dos passes verticais – e que passes! Sánchez chamou sempre o jogo e não
se escondeu jamais. Vargas é peça rara: joga muito mais pela seleção do que por
qualquer clube que tenha defendido.
Hoje, seja em termos psicológicos, físicos, táticos e até técnicos,
o Brasil se encontra em um patamar abaixo dos chilenos. Se as próximas Eliminatórias
tivessem o formato que teve até 1994, quando todos os jogos ocorriam em um
intervalo curto, de no máximo dois meses, a situação brasileira seria delicadíssima.
No entanto, a vida verde e amarela fica um pouco mais facilitada pelo fato de
seleções como Peru (a grande surpresa da Copa América em termos de resultado e
futebol), Paraguai e Venezuela dificilmente conseguirem manter o pique com as Eliminatórias
realizadas em mais de dois anos.
Por fim, a Argentina, Ou melhor, Lionel Messi. É inegável que
Messi é monstruoso, genial, supremo e tudo o mais. Seria leviano contestar o
seu lugar entre os gigantes da história. Porém, enquanto seguir com a rotina de
falta de protagonismo nos jogos decisivos com a camisa argentina, jamais poderá ocupar o trono de “o” melhor de todos os tempos.
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