Imagine um zagueiro, às vésperas de enfrentar um craque duas vezes eleito melhor do mundo e essencial para o Brasil conquistar um Mundial. Bom, amigos, aposto minhas fichas que este defensor não teria uma tranquila noite de sono. Nada pior para um beque do que tomar um drible desconcertante de uma estrela. Ser entortado por um “Zé Ninguém” é uma coisa, por um cobra é outra. E outra muito pior. Querem uma prova? Quantas vezes os amigos já viram os elásticos que Alcir Portela levou do Rivelino e o Amaral do Romário? Aposto mais fichas que foram muitas. Se estes lances não tivessem as assinaturas do “Patada Atômica” e do “Baixinho”, certamente não seriam tão lembrados.
Fiz esta breve introdução para utilizá-la como o primeiro argumento na defesa de que Ronaldinho, seja no Flamengo ou na Seleção Brasileira, deve virar atacante. Não um atacante que volta para armar jogo ou que caia pelas pontas, mas um atacante nato, daquele que inferniza a vida dos zagueiros até quando a bola está longe. Antes que o amigo pense que defendo este novo posicionamento do Gaúcho somente pela possibilidade de ele deixar alguns zagueiros no chão, compartilharei o meu motivo principal para tal.
Em uma retrospectiva rápida pelo desempenho de Ronaldinho em seus últimos jogos pelo Flamengo, perceberemos que todo o pouco que o camisa 10 produziu foi com um posicionamento central. Se não, vejamos. No duelo contra o Nova Iguaçu, o primeiro gol rubro-negro nasceu de um genial passe da meiúca de Ronaldinho para o estreante Love. Jogo seguinte do Carioca e o Gaúcho, de cabeça, iniciou a virada do Fla sobre o Resende. Ainda pelo Estadual, a única vez que o nome do “Dentuço” foi falado no clássico semi final contra o Vasco foi quando, em uma rápida passagem pelo meio da área cruzmaltina, ele levou a marcação dos defensores e permitiu que o Love marcasse um golaço de fora da área. Do Carioca para a Libertadores, temos o golaço de Ronaldinho contra o Potosí, após deixar um rival perdidinho dentro da área e colocar, mansamente, a criança para dormir. São, ou não, todas jogadas dignas de um atacante nato?
Troquemos a camisa vermelha e negra do Flamengo pela amarela da Seleção Brasileira. Não teria Ronaldinho sido muito mais útil contra a Bósnia se estivesse próximo do Leandro Damião, dentro da área rival, abrindo espaços nos lados do campo para os ofensivos laterais Marcelo e Daniel Alves e para nossa maior esperança, Neymar?
O passar dos anos transformou o impetuoso e explosivo ponta-direita Renato Gaúcho, do Grêmio Campeão Mundial de 1983, no homem do histórico gol de barriga de 1995. Hoje, está mais do que evidente que o ponta-esquerda do Barcelona não mais voltará e as arrancadas à la Brasil x Inglaterra na Copa de 2002 serão raríssimas. Portanto, assim como para o outro Gaúcho, o Renato, a proximidade do gol pode fazer um bem enorme para Ronaldinho.
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