Oração do Atleticano
por Roberto Drummond
Retirado do livro Uma Paixão em Preto e Branco
Senhor apague o sol,
Apague a lua
Anoiteça os olhos da amada
Mas não deixe o Atlético capitular
Não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe nosso goleiro vacilar.
De asas de pássaros ao goleiro
Dê os braços dos amantes ao goleiro
Faça-o abraçar esse pássaro sem asas
Como se fosse à mulher mais esperada
Mais desejada,
Mais sonhada,
Mais amada,
Mais adiada.
Senhor, tire o pão nosso de cada dia,
Corte nossa água
Nos condene à fome e a sede
Proíba nossos amores
Exile as amadas na China
Ou na Conchinchina
Decrete a solidão nas esquinas,
Nos bares e em nosso coração.
Faça de nós, Senhor, um bolero,
Faça de nós um tango
Faça de nós uma guarânia
Ou uma balada
Faça de nós a mais desesperada canção
Nos mate não apenas da sede de água
Mas da sede da boca da amada
Mas transforme nossa defesa num muro
Numa barreira, numa trincheira
Num obstáculo intransponível.
Mate a todos nós da fome de amor
Que é pior que a fome de verdade
Mas não deixe, Senhor, o adversário passar
Senhor, dispare a inflação
Mingúe nosso feijão
Aprisione nossa ilusão
Prenda de vez nosso coração
Mas espalhe luz sobre os caminhos do Atlético
Sobre a grama verde onde pisam nossos heróis
Acenda uma estrela na chuteira deles
E não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe o Atlético capitular
Senhor, nos faça descobrir o amor
Para depois tirá-lo de nós
Faça-nos sofrer de amor
Mate-nos de amor, se preciso
Mas quando nosso atacante pegar a bola, Senhor
Iluminado seja o seu caminho
Cheio de estrelas e de dribles
E de passes mágicos e de cruzamentos
E de gols seja feito o seu caminho
Encantada seja a sua chuteira
E que nos seus pés
Na sua cabeça
Bendita seja a vitória do Atlético!
E depois de tudo, Senhor
Depois que o Atlético cantar
Aí, Senhor, se julgar necessário nos tomar algum fruto
Após tanta recompensa
Prive-nos de tudo o que quiser
Exile a amada no Equador
E outra vez, Senhor
Nos mate de amor!
Mas não deixe o adversário passar!
Apague a lua
Anoiteça os olhos da amada
Mas não deixe o Atlético capitular
Não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe nosso goleiro vacilar.
De asas de pássaros ao goleiro
Dê os braços dos amantes ao goleiro
Faça-o abraçar esse pássaro sem asas
Como se fosse à mulher mais esperada
Mais desejada,
Mais sonhada,
Mais amada,
Mais adiada.
Senhor, tire o pão nosso de cada dia,
Corte nossa água
Nos condene à fome e a sede
Proíba nossos amores
Exile as amadas na China
Ou na Conchinchina
Decrete a solidão nas esquinas,
Nos bares e em nosso coração.
Faça de nós, Senhor, um bolero,
Faça de nós um tango
Faça de nós uma guarânia
Ou uma balada
Faça de nós a mais desesperada canção
Nos mate não apenas da sede de água
Mas da sede da boca da amada
Mas transforme nossa defesa num muro
Numa barreira, numa trincheira
Num obstáculo intransponível.
Mate a todos nós da fome de amor
Que é pior que a fome de verdade
Mas não deixe, Senhor, o adversário passar
Senhor, dispare a inflação
Mingúe nosso feijão
Aprisione nossa ilusão
Prenda de vez nosso coração
Mas espalhe luz sobre os caminhos do Atlético
Sobre a grama verde onde pisam nossos heróis
Acenda uma estrela na chuteira deles
E não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe o Atlético capitular
Senhor, nos faça descobrir o amor
Para depois tirá-lo de nós
Faça-nos sofrer de amor
Mate-nos de amor, se preciso
Mas quando nosso atacante pegar a bola, Senhor
Iluminado seja o seu caminho
Cheio de estrelas e de dribles
E de passes mágicos e de cruzamentos
E de gols seja feito o seu caminho
Encantada seja a sua chuteira
E que nos seus pés
Na sua cabeça
Bendita seja a vitória do Atlético!
E depois de tudo, Senhor
Depois que o Atlético cantar
Aí, Senhor, se julgar necessário nos tomar algum fruto
Após tanta recompensa
Prive-nos de tudo o que quiser
Exile a amada no Equador
E outra vez, Senhor
Nos mate de amor!
Mas não deixe o adversário passar!
Aí o canto ecoou!
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