Um tema ainda muito pouco estudado no esporte, em geral, e no
futebol, em particular, é o carisma. No entanto, aposto que foi “culpa” dele,
do carisma, o fato de eu tanto ter me interessado, quando ainda começava meu
caso de amor com a história futebolística, pela vida de Heitor Domingues,
Oberdan Cattani e Ademir da Guia, três palmeirenses até a alma.
Ainda adolescente, com aquela boa mania de decorar tudo que
pudesse ser listado, rapidamente guardei na cabeça que o maior artilheiro da
história alviverde chamava-se Heitor Domingues, centroavante das décadas de 10
e 20. Porém, mais importante ainda foi descobrir que quando ele entrava em
campo para marcar um gol atrás do outro, o Palmeiras ainda se chamava Palestra
Itália. Daí para interessar-me mais pela vida do clube e pela imigração
italiana no Brasil foi um pulo.
Fico triste de não ter conhecido Oberdan Cattani quando ainda
era criança, para ter a oportunidade de gritar “Oberdaaaaaan” a cada bola
catada quando eu fazia às vezes de goleiro para defender o portão do vizinho. Foi
através da biografia deste inigualável arqueiro que também aprendi como as
guerras influenciam o esporte. Em 1942, quando da II Guerra Mundial, o
presidente Getúlio Vargas ordenou a troca de nome dos clubes relacionados com
Itália, Espanha e Alemanha. Assim, o Palestra Itália virou Palestra São Paulo,
que virou Palmeiras, nome que já nasceu campeão, pois logo em seu primeiro jogo
conquistou o Paulista de 1942.
A possibilidade de o futebol ser interpretado como arte e como
poesia eu comecei a tomar conhecimento através do encantamento gerado por qualquer
palavra intencionada em traduzir o jogo do Divino Ademir da Guia. Sempre que me
deparo com o desespero de um jogador diante da bola fico a pensar na calma dos
sábios de Ademir da Guia, gênio capaz de fechar os olhos e dizer a posição de
todos os outros 21 jogadores em campo e até a do juiz. Um dos símbolos de uma
época em que o futebol brasileiro transbordava categoria e o símbolo máximo do
futebol chamado acadêmico.
Ao recordar Heitor Domingues, Oberdan Cattani e Ademir da
Guia, apenas três dos muitos ícones que fizeram a história alviverde, gostaria,
primeiro, de agradecê-los por terem me apresentado muito deste fascinante e
infinito Planeta Bola, e, segundo, parabenizar o Palmeiras pelos primeiros 100
anos de vida.
Parabéns, Verdão!
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