quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O SACRIFÍCIO DE TARDELLI E A INCOMPETÊNCIA DA CBF


 
Entre os dias 11 e 21 de outubro, Diego Tardelli realizou uma das melhores apresentações de sua carreira, quando marcou os dois gols da vitória brasileira sobre a Argentina, na China; participou da goleada verde-e-amarela contra o Japão, em Cingapura; viajou mais de 24h para chegar ao Mineirão e ajudar seu Atlético Mineiro a eliminar o Corinthians da Copa do Brasil de forma histórica; e ainda atuou em duas rodadas do Brasileirão. Cinco partidas e meio planeta viajado em 10 dias e algumas horas. Incrível! Desumano!
 
Aos 29 anos, Tardelli tem jogado como nunca. Tecnicamente, é imprevisível e dono de arremates letais. Fisicamente, se entrega sempre e tem energia para fazer tudo o que foi falado no primeiro parágrafo. Psicologicamente, apesar da expulsão contra o Bahia nesta terça-feira, amadureceu demais em relação ao garoto lançado pelo São Paulo em 2005 e que depois passou um tempo não muito frutífero na Europa. Taticamente, se movimenta pelos dois flancos, recua para iniciar as tramas ofensivas, puxa contra-ataques, faz o papel de centroavante, faz o papel de “falso” centroavante, entra em diagonal, parte verticalmente como uma flecha...
 
Tardelli sabe que nunca esteve tão próximo de se tornar um jogador de confiança da Seleção Brasileira e que nunca foi tão idolatrado por uma torcida como atualmente é pela atleticana. Sua entrega heroica com as camisas amarela e alvinegra é totalmente compreensível. O que é inaceitável é que um dos melhores jogadores do nosso país tenha a necessidade de tamanho sacrifício porque a CBF não possui competência sequer para organizar um calendário.
 
Nesta quinta-feira, Dunga convocará a Seleção para os últimos amistosos do ano. Não se sabe ainda se serão chamados os jogadores que atuam por aqui, pois, caso sejam, estes poderão desfalcar seus clubes em até três rodadas do Brasileiro e na primeira partida final da Copa do Brasil. Assim, chegamos na seguinte situação: ou os clubes saem perdendo, se seus atletas forem convocados, ou a Seleção sai perdendo, se não forem. De qualquer forma, porém, o torcedor e o próprio jogador perdem. E a CBF? Ela só quer saber se o volume do seu bolso aumentará.
 
 

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