Olá, amigos do FUTEBOLA!
Na seção “Gênios das Palavras” de hoje, o blog tem a honra de apresentar uma coluna do magistral José Lins do Rego que é uma obra de valor inestimável quando o assunto é elogiar a atuação de um craque. As palavras e expressões de Zé Lins neste texto a seguir são de arrepiar qualquer amante das artes de jogar futebol e de escrever.
Para situar melhor os amigos antes da crônica, vale um punhado de informações sobre o jogo e o craque que estão em questão. O duelo entre América e Vasco ocorreu em 18 de abril de 1945 e terminou com o placar de 2 x 1 para os vermelhos, que, com o triunfo, se sagraram Campeões do Torneio Relâmpago de maneira invicta. Maneco, autor dos dois gols da vitória e personagem principal da crônica, foi um dos maiores jogadores da história do América e formou ao lado de China, César, Lima e Jorginho a famosa linha “tico-tico no fubá”, apelidada assim pelo saudoso Ary Barroso. Por fim, a ressalva de que o Leônidas citado no texto é o “Diamante Negro” Leônidas da Silva. Vamos, pois, à crônica de Zé Lins.
Maneco
Para aqueles milhares de espectadores do estádio do Fluminense, Maneco apareceu como uma grande estrela, e com o brilho das grandes estrelas que vão morrendo. Na noite temperada, a figura do negro, ágil e malicioso, como um demônio, tomava conta do gramado, como se ele fosse maior que a força natural de todos nós. Não era um homem de carne e osso aquele Saci Pererê que corria, de um lado para o outro, com uma agilidade de flecha, que vencia a bravura impetuosa de Dino, fazendo do másculo centro-médio do Vasco, um boneco de suas fintas, de seus golpes, de suas diabólicas improvisações. Ali estava o triunfo maior da inteligência sobre a força bruta. Maneco agitava-se na cancha com manobras que nos arrebatavam. Revi o Leônidas dos melhores dias, e tudo isso sem máscaras, sem cavilações de prima Donna, todo um feixe de músculos e nervos que se conjugavam em diabruras intermináveis. Para aquela vitória maravilhosa do América, era ele o grande artista, a cabeça e a fibra que se aliaram para uma lição de futebol de primeira grandeza.
Registo a vitória do América, mas registo mais ainda a grandeza real deste Maneco, que, na noite de quarta-feira, firmou-se como um craque autêntico dos nossos gramados.
Jornal dos Sports
20/04/1945
Retirado do livro “Flamengo é puro amor”, editora José Olympio
Na seção “Gênios das Palavras” de hoje, o blog tem a honra de apresentar uma coluna do magistral José Lins do Rego que é uma obra de valor inestimável quando o assunto é elogiar a atuação de um craque. As palavras e expressões de Zé Lins neste texto a seguir são de arrepiar qualquer amante das artes de jogar futebol e de escrever.
Para situar melhor os amigos antes da crônica, vale um punhado de informações sobre o jogo e o craque que estão em questão. O duelo entre América e Vasco ocorreu em 18 de abril de 1945 e terminou com o placar de 2 x 1 para os vermelhos, que, com o triunfo, se sagraram Campeões do Torneio Relâmpago de maneira invicta. Maneco, autor dos dois gols da vitória e personagem principal da crônica, foi um dos maiores jogadores da história do América e formou ao lado de China, César, Lima e Jorginho a famosa linha “tico-tico no fubá”, apelidada assim pelo saudoso Ary Barroso. Por fim, a ressalva de que o Leônidas citado no texto é o “Diamante Negro” Leônidas da Silva. Vamos, pois, à crônica de Zé Lins.
Maneco
Para aqueles milhares de espectadores do estádio do Fluminense, Maneco apareceu como uma grande estrela, e com o brilho das grandes estrelas que vão morrendo. Na noite temperada, a figura do negro, ágil e malicioso, como um demônio, tomava conta do gramado, como se ele fosse maior que a força natural de todos nós. Não era um homem de carne e osso aquele Saci Pererê que corria, de um lado para o outro, com uma agilidade de flecha, que vencia a bravura impetuosa de Dino, fazendo do másculo centro-médio do Vasco, um boneco de suas fintas, de seus golpes, de suas diabólicas improvisações. Ali estava o triunfo maior da inteligência sobre a força bruta. Maneco agitava-se na cancha com manobras que nos arrebatavam. Revi o Leônidas dos melhores dias, e tudo isso sem máscaras, sem cavilações de prima Donna, todo um feixe de músculos e nervos que se conjugavam em diabruras intermináveis. Para aquela vitória maravilhosa do América, era ele o grande artista, a cabeça e a fibra que se aliaram para uma lição de futebol de primeira grandeza.
Registo a vitória do América, mas registo mais ainda a grandeza real deste Maneco, que, na noite de quarta-feira, firmou-se como um craque autêntico dos nossos gramados.
Jornal dos Sports
20/04/1945
Retirado do livro “Flamengo é puro amor”, editora José Olympio
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