Sobre o aumento do número
limite de estrangeiros por time brasileiro para cinco, dois assuntos se tornam
de debate obrigatório. O primeiro deles é se o nosso futebol se tornará menos
revelador de craques pela possibilidade de se escalar quase meio time com
estrangeiros, um fenômeno bem conhecido na Europa. O segundo é saber se os
clubes tupiniquins estão preparados para buscar o melhor que se encontra nos vizinhos
sul-americanos. E é no segundo assunto que este bate-papo se debruça, e, de
supetão, afirmo: os clubes brasileiros têm um conhecimento mínimo sobre o pé de
obra no restante do continente.
Crentes de que um punhado de
DVDs com melhores momentos montados pelos empresários dos jogadores é
suficiente, os clubes brasileiros não possuem a estrutura capaz de fornecer conhecimento
acerca dos jogadores sul-americanos. Qual foi a revelação do último Apertura
Chileno? Quem foi o goleiro menos vazado do Apertura Uruguaio 2013,
recém-terminado? De todas as ligas sul-americanas, quem foi o jogador com menos
de 23 anos e mais gols marcados no ano passado? Conheceria um meio-campista
experiente e cerebral? Um zagueiro jovem e alto? Um centroavante trombador? Um
lateral de cruzamento certeiro? Um volante com melhor passe do que poder de
marcação?
Pois bem, amigos, qualquer que
tenha sido clube alvo destas perguntas, as respostas não seriam facilmente
acessadas. Muito por estes clubes serem reféns dos empresários dos jogadores e
mais ainda pela ausência de, digamos, comissões de observadores. Não precisa
ser um grande entendedor de economia para saber que o salário de um jogador graúdo,
repleto de zeros, seria suficiente para manter uma comissão de observadores em
cada um dos outros nove países sul-americanos. In loco, estes observadores assistiriam às partidas ao vivo (nada
de montagens com alguns lances), acompanhariam os debates existentes na
imprensa local, buscariam informações contratuais e organizariam planilhas e
planilhas de conhecimento técnico, tático, físico e psicológico
(comportamental) dos jogadores.
Como destino final, todas estas
informações seriam centralizadas no departamento responsável por realizar as
contratações. Aí sim os interesses do clube estariam menos contaminados pelos
dos empresários, os elencos realmente se tornariam mais fortes e o aumento do
número de vagas para estrangeiros acabaria por resultar num Campeonato
Brasileiro de maior nível. Do jeito que está o aumento de vagas traz apenas
mais oportunidades de se atirar no escuro.
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