Foram quinze dias em Londres, para a cobertura dos Jogos
Paralímpicos que ficarão para a história como um divisor do esporte adaptado. O
motivo? Devido ao acolhimento dos londrinos – impressionante como a qualquer
hora e dia os 80 mil lugares do maravilhoso Estádio Olímpico estavam lotados –
e da mídia – quando, por exemplo, o brasileiro Alan Fonteles venceu o ícone Oscar Pistorius,
ele foi, simplesmente, a capa inteira do jornal “The Times”. O crescimento do movimento paralímpico, nível dos atletas, presença do público, índices de audiência,
patrocínios, espaço na mídia, entre Pequim 2008 e Londres 2012 foi enorme,
e as previsões são ainda mais otimistas para o próximo ciclo que se encerra no Rio de
Janeiro, em 2016.
Mas falemos de futebol. Dentre as memórias que trouxe de Londres, como algumas conversas com senhores que presenciaram a conquista inglesa da Copa do Mundo de 1966, uma, importante, vem da Holanda. Uma palestra, um abraço, um rápido bate-papo e uma foto com Johan Cruyff, o símbolo da Holanda de 1974, a inesquecível “Laranja Mecânica”.
Esta alegria se juntaria a outras mais e também a algumas decepções. Amigos, confesso que não foi a melhor das
sensações visitar uma loja de artigos esportivos de exagerados seis andares
(!!!) e não encontrar sequer uma peça referente a um clube brasileiro. Uma
criança londrina pode ter o uniforme de clubes gregos, portugueses, escoceses...
mas não pode comprar a camisa do Santos de Neymar, por exemplo. Em um mundo
como o de hoje, jogar a culpa na distância entre América e Europa seria uma
baita hipocrisia, até mesmo porque nenhum de nós encontraremos dificuldades
para comprar, por aqui, um uniforme inteirinho de um clube europeu.
Porém, antes de conquistar o além-mar, os clubes brasileiros
precisam pensar em dominar a própria terra. No Rio de Janeiro, é possível
encontrar lojinhas dos grandes. Uma do Botafogo aqui, do Flamengo acolá, do
Fluminense ali, do Vasco acá... Lojinhas bonitinhas, arrumadinhas, bem
feitinhas e dignas de pena para quem teve a oportunidade visitar a loja do West
Ham. E olha que, apesar de tradicionalíssimo, como a maioria dos ingleses, o
West Ham está longe de ser um protagonista no futebol que hoje se joga lá na “Terra
da Rainha”. Amigos, que loja! Gigantesca. Nela encontra-se tudo dos “Hammers” e
de seus grandes craques, do passado e do presente. Minha idolatria pelo lendário
zagueiro Bobby Moore duplicou minutos após entrar naquele mundo violeta e azul
claro. Seria inconveniente pensar que os clubes brasileiros, que pagam folhas
salariais de milhões de reais, pudessem ter mega lojas como esta citada?
Um salto das lojas esportivas para as livrarias. É
praticamente impossível descrever o sorriso de um fanático por livros ao
entrar na maior livraria de Londres, perguntar onde era a seção de esportes e se
deparar com mais de uma dezena de grandes estantes. Só de futebol eram mais de 300 obras. Coleções completas das mais interessantes, biografias de craques consagrados, de desconhecidos e de jogadores ainda em início de carreira, guerra e
futebol, política e futebol, sociologia e futebol... Se a moeda local não fosse quase quatro vezes mais valiosa do que a nossa, uma mala nova se faria
necessária. Já por aqui, não é comum sair de sebos com dores nas costas, pois a
pequena prateleira de esportes se encontra no fundo da última estante.
Uma vez acompanhei uma discussão sobre qual outra cidade do
mundo, além do Rio de Janeiro, teria quatro grandes clubes. Londres
surgiu como resposta e como mais lenha no fogoso debate. Sem querer estabelecer
uma comparação entre a tradição dos cariocas (ou brasileiros) e dos londrinos,
a ideia de que o meu, o seu, os nossos clubes têm muito a aprender com os de
lá se tornou ainda mais sólida após 15 dias recebendo a inspiração do Big Ben.
Parabéns, Dianão! Belo texto!
ResponderExcluirGrande Marquinhos! Muito obrigado pelos elogios! São por eles que o FUTEBOLA segue - e seguirá por muito tempo - firme e forte. Abração, meu amigo!
ResponderExcluirMuito bom, cara! Parabéns!
ResponderExcluirE ainda deve estar cheio de histórias pra contar né?
Grande abraço!
Faaaala, Gustavo! Trouxe ótimas memórias de Londres, sem dúvidas. Foi uma experiência muito valiosa, tanto pessoal quanto profissionalmente. Grande abraço, meu camarada!
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