quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

MULTICAMPEÕES ESTADUAIS - REGIÃO SUDESTE


A história dos multicampeões sudestinos é de extremos. De um lado, o Decacampeão América Mineiro. Do outro, os “apenas” Tetras Paulistano, Fluminense e Botafogo, já que a maior força competitiva do Paulistão e do Cariocão não permitiu surgir, nestes Estados, uma hegemonia mais longa.

Dez títulos conquistados de forma consecutiva. Esta é a marca alcançada pelo América, e igualada somente nos anos 40 pelo ABC de Natal. Entre 1916 e 1925, Atlético Mineiro e Palestra Itália (que no início dos anos 40 mudaria o nome para Cruzeiro) não foram páreos para o “Coelho” do goleador Satyro Taboada, que marcou, neste vitorioso período, os gols que lhe tornariam o maior artilheiro do clube em todos os tempos. Numa época onde o futebol ainda era elitista e amador, e os jovens jogadores se dividiam entre os campos de jogo e de estudo, este campeoníssimo América pôde contar em seu time com Otacílio Negrão de Lima, futuro Prefeito de Belo Horizonte, e Lucas Machado, um dos médicos fundadores do Hospital São Lucas.

Vale dizer, apenas por registro e sem a intenção de manchar a façanha americana, que o Campeonato de 1925 teve apenas alguns poucos jogos antes de ser declarado inexistente por uma assembleia entre os clubes. Até hoje, historiadores debatem sobre a legitimidade deste titulo tricolor.

Em São Paulo, não tem para Charles Miller, Neco, Romeu, Leônidas, Pelé, Ademir da Guia, Sócrates, Rogério Ceni... O único Tetracampeão do mais antigo Estadual do país foi o Paulistano de Arthur Friedenreich. A campanha teve início em 1916, com o título da Associação Paulista de Esportes Atléticos, quando o futebol paulista era dividido, e seguiu até 1919, com mais três triunfos em certames já unificados. O lendário Fried, autor de 49 gols nos dois últimos títulos da sequência, teve a companhia de inesquecíveis nomes do amadorismo como Rubens Salles e Sergio. Depois de ser o primeiro clube brasileiro a excursionar para a Europa, o que o fez com enorme sucesso em 1925, o Paulistano, contrário ao profissionalismo, fechou as portas do seu departamento de futebol em 1929.

Neste há pouco iniciado Paulistão de 2013, o Santos terá a oportunidade de igualar a marca do Paulistano, e, caso consiga, Neymar abrilhantará sua trajetória com um feito que, como contou o último parágrafo, craques do mais elevado quilate não conseguiram.

O primeiro Multicampeão do Rio de Janeiro nasceu junto com o próprio torneio. De 1906, ano de estreia do Cariocão, até 1909, o Fluminense dominou o então aristocrático futebol da cidade. Nos campos – fosse o da Rua Guanabara, nas Laranjeiras, da Rua Ferrer, no bairro de Bangu, ou da Rua da Constituição, na cidade de Niterói – o futebol ainda era mais britânico do que brasileiro, e existiam até brindes ao Rei da Inglaterra após alguns confrontos. Foi neste cenário que o Fluzão dos irmãos Etchegaray, Victor, zagueiro elegante, e Emile, goleador nato, de Edwin Cox, irmão do pioneiro do futebol carioca, Oscar Cox, e de Horácio dos Santos, autor tanto do primeiro gol da história do clube quanto do campeonato, alcançou suas primeiras glórias.

Vale dizer que, oficialmente, o Tetra tricolor só foi reconhecido em 1996, quando da decisão da FERJ de dividir o título de 1907 entre Fluminense e Botafogo. Ambos haviam terminado o torneio com o mesmo número de pontos e não chegaram a um consenso para decidir o vencedor.

Se o Tetra do Flu foi conquistado num momento historicamente único para o futebol carioca, o do Botafogo não fica atrás. No início dos anos 30, a questão do profissionalismo atingiu o ápice de sua importância até então, e não tardou para o futebol carioca se dividir. Entre os anos de 1933 e 1936, o panorama no Rio era o seguinte: amadores para um lado, profissionais para o outro. E foi entre os amadores que o Botafogo da inesquecível dupla Nilo e Carvalho Leite – que, juntos, marcaram quase 500 gols pelo Glorioso – chegou ao Tetra. Tudo começou com o título de 1932, quando o campeonato ainda era unificado, e terminou em 1935, com uma linha ofensiva que, além dos já citados Nilo e Carvalho Leite, teve Leônidas da Silva e Russinho, duas lendas do futebol carioca.

Menos prestigiado e poderoso dos torneios sudestinos, o Campeonato Capixaba também tem muita história para contar. Seu maior Campeão consecutivo é o Rio Branco, Hexa entre os anos de 1934 e 1939 com o envolvente “Ataque Ping-Pong”, que ganhou o apelido pelos rápidos passes que Cícero Nonato, Marciolínio, Alcy Simões, Lacínio e Renato trocavam até o gol adversário. No Estadual de 1936, por exemplo, foram nada menos do que 57 gols em 11 jogos (média de 5,2 tentos por partida). Esta mesma linha de frente daria enorme trabalho para Fluminense, Portuguesa e Atlético Mineiro na Copa dos Campeões Estaduais de 1937, quando o Rio Branco terminou invicto como mandante – com uma histórica vitória por 4 a 3 sobre o Flu –, mas não conseguiu repetir as atuações fora de casa e terminou na 3ª colocação.

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