Manchester United 1 x 2 Real Madrid – Old Trafford, Manchester
(Inglaterra)
A coluna “Olho Tático” sobre o tenso embate entre Manchester
United e Real Madrid bem poderia se chamar “Olho Psicológico”. A vitória e a consequente
classificação dos “Merengues”, em pleno Old Trafford, representou, sem tirar
nem pôr, a importância da estrutura psicológica para o funcionamento de um
sistema tático. Na verdade, o ideal seria observar por um outro referente e
analisar o quanto a ausência de concentração pode botar água abaixo a solidez
de um esquema.
Com a vantagem do empate mudo para poder se classificar, o
Manchester United entrou em campo com duas linhas de quatro homens, Welbeck à
frente e van Persie ainda mais à frente. Em números, seria o 4-4-1-1. Rooney
estava barrado e Welbeck, seu substituto, tinha como uma de suas missões não
deixar o volante Xabi Alonso com liberdade. A etapa inicial e os 10 primeiros minutos
da final se foram sem que o Real Madrid conseguisse encaixar seu jogo. Foram 55
minutos onde os espanhóis não só ficaram encaixotados no bem distribuído “mar
vermelho” com viram Sérgio Ramos empurrar a redonda contra a própria meta e
fazer Manchester um a zero.
Em outras palavras, tudo caminhava da maneira desejada por
Ferguson. Porém, aos 10 minutos do 2º tempo, Nani esticou a perna mais do que
deveria e acertou Arbeloa. Para uns uma baita de uma voadora. Para outros,
apenas um choque de jogo. O árbitro fazia parte do primeiro grupo e deixou os “Red
Devils” com 10 homens em campo. É claro, lógico e evidente que a perda de um
homem causa um dano enorme a qualquer esquema bem montado. Em questão de
segundos o Manchester se encontrava taticamente em frangalhos.
No entanto, o que fez os ingleses levarem a virada em menos
de 15 minutos após a expulsão não foi somente a ausência do Nani. Os fatores responsáveis
pela queda vermelha foram a desconcentração, o nervosismo causado pelo “o que
vamos fazer?”, sentir exageradamente o “agora ferrou!”.
As quatro estruturas que norteiam não só uma grande atuação
como também um grande time – técnica, física, tática e psicológica, cada qual
de semelhante relevância – não funcionam isoladamente. Não existe solidez
tática sem a técnica para exercer uma boa marcação, sem o físico para aguentar
o ritmo intenso ou sem o psicológico para não perder o foco diante de uma
mudança de cenário. E foi justamente neste último que o Real Madrid encontrou a
oportunidade que necessitava para avançar na Champions League.
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