segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

FENÔMENO ETERNO

Ronaldo Nazário de Lima, Ronaldinho, Ronaldo, “Fenômeno”... Para os que amam o futebol – sim, o esporte, não somente este gênio da bola que é o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo – hoje é um dia triste. Parece que foi ontem que, como se fosse um personagem de filme hollywoodiano, ele deu a volta por cima após duas lesões e foi mais que essencial para o Brasil levantar a Copa do Mundo de 2002. E parece que foi antes de ontem que ele, ainda com cara de menino e vestindo a camisa do Cruzeiro, marcou aquele cômico e inesquecível gol sobre o goleiro Rodolfo Rodríguez.

Mais do que suas gigantescas atuações no “Velho Continente”, por PSV, Barcelona, Internazionale, Real Madrid e Milan, o que nunca vou esquecer será a passagem de Ronaldo pelo Corinthians. E não pelos gols, ou melhor, Golaços – assim mesmo, com “G” maiúsculo – que marcou no Paulistão e na Copa do Brasil de 2009, mas por ele ter dado o pontapé inicial desta fase que o nosso futebol está vivendo. Se hoje em dia o Flamengo consegue contratar um Ronaldinho Gaúcho, se um Neymar ignora os grandes da Europa, muito se deve à parceria firmada entre Ronaldo e o Corinthians. Foi ela que mostrou para os nossos cartolas que vale a pena investir no craque, que são os grandes ídolos que levam o torcedor ao estádio e ainda trazem dinheiro para o clube.

Ronaldo encerrou sua carreira declarando que perdeu para o seu corpo. Parando para pensar, isto é uma baita de uma mentira. Ronaldo sempre ganhou o duelo contra o seu corpo. Em todos os momentos que o seu corpo o tentou derrubar, o “Fenômeno” conseguiu se reerguer, superar seus limites, dar a volta por cima. Foram tantos retornos surpreendentes que é difícil até saber quantos. Pela Seleção no Mundial de 2002, no Milan em 2008, no Timão em 2009... Ronaldo poderia culpar o seu corpo se estivesse se aposentando aos 27 ou 28 anos, porém, com 34, ele está se aposentando porque é normal um jogador pendurar as chuteiras com esta idade. Pelé, por exemplo, se despediu do Santos aos 34 anos, para depois ir brincar nos Estados Unidos.

Quando Ronaldo marcou seu primeiro gol pelo Timão, no empate no clássico contra o Palmeiras, já no final do jogo, liguei na mesma hora para o meu tio que estava trabalhando em São Paulo e lhe pedi para me comprar os jornais do dia seguinte. Precisava ter uma recordação daquele momento histórico em meu quarto. São cada vez menos os jogadores que nos fazem sentir esta sensação de estar presenciando a história acontecer, e quando cai a ficha de que nunca mais vamos ver um destes pisar nos gramados, dá uma baita tristeza.

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