Barreira do
Inferno. Assim ficou conhecida a defesa vascaína comandada por Abel Braga e que
passou todos os 14 jogos do segundo turno do Carioca de 1977 sem levar gols,
numa campanha que culminaria com o título estadual. Conta o folclore que Abelão
e seus companheiros sequer escovavam os dentes nos dias dos jogos, para tornar
a vida dos atacantes mais desconfortável. Uma outra arma era traçar uma marca
no gramado com as chuteiras e ameaçar as pernas de qualquer intruso que se
arriscasse a ultrapassá-la.
Estratégias
intimidadoras como as eternizadas pela Barreira do Inferno talvez sejam tão
antigas quanto o futebol. Muitos se amedrontam diante delas. Alguns respiram
fundo e partem para a batalha. E existem uns raros que gostam deste tipo de
ambiente e se enchem de ímpeto diante da hostilidade palpável. Neste último
grupo se encontra a estrela-mor do futebol brasileiro atual. Sabedor de toda
sua imensurável habilidade, Neymar parece gostar cada dia mais de enfrentar
defensores que amarram as chuteiras com arames farpados. Deixemos o Barcelona
um pouquinho de lado e vamos nos focar nos amistosos da Seleção Brasileira.
Diante da
Coréia do Sul, mais ainda contra Portugal e muito mais no embate com Honduras,
Neymar foi caçado em
campo. Chung-Yong Lee , Bruno Alves, Pepe, Peralta, Bernárdez
e outros sul-coreanos, portugueses e hondurenhos entenderam que a chance de
parar o brasileiro estaria no “chegar junto”. Talvez tivessem em mente a já
mundialmente conhecida fama de cai-cai de Neymar e pensaram: “este aí não aguenta
o tranco”. Ledo engano.
Neymar não só
encarou os confrontos físicos como os buscou. Pediu a bola, foi para cima do
marcador, driblou umas tantas vezes, apanhou outras mais, se levantou,
discutiu, catimbou... Para resumir em uma única palavra: batalhou. E os
adversários que queriam deixá-lo em frangalhos fisicamente acabaram em
frangalhos psicologicamente, sem saber o que fazer diante de tanta habilidade e
valentia.
O ano para a
Seleção Brasileira parecia ter acabado junto com a vitória épica sobre a Espanha
na decisão da Copa das Confederações. Porém, estes amistosos nada amistosos
engrandeceram mais a Seleção e Neymar do que podíamos esperar. Que venham novas
guerras pré-Copa!
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