segunda-feira, 18 de novembro de 2013

NEYMAR CORAGEM

Barreira do Inferno. Assim ficou conhecida a defesa vascaína comandada por Abel Braga e que passou todos os 14 jogos do segundo turno do Carioca de 1977 sem levar gols, numa campanha que culminaria com o título estadual. Conta o folclore que Abelão e seus companheiros sequer escovavam os dentes nos dias dos jogos, para tornar a vida dos atacantes mais desconfortável. Uma outra arma era traçar uma marca no gramado com as chuteiras e ameaçar as pernas de qualquer intruso que se arriscasse a ultrapassá-la.  

Estratégias intimidadoras como as eternizadas pela Barreira do Inferno talvez sejam tão antigas quanto o futebol. Muitos se amedrontam diante delas. Alguns respiram fundo e partem para a batalha. E existem uns raros que gostam deste tipo de ambiente e se enchem de ímpeto diante da hostilidade palpável. Neste último grupo se encontra a estrela-mor do futebol brasileiro atual. Sabedor de toda sua imensurável habilidade, Neymar parece gostar cada dia mais de enfrentar defensores que amarram as chuteiras com arames farpados. Deixemos o Barcelona um pouquinho de lado e vamos nos focar nos amistosos da Seleção Brasileira.

Diante da Coréia do Sul, mais ainda contra Portugal e muito mais no embate com Honduras, Neymar foi caçado em campo. Chung-Yong Lee, Bruno Alves, Pepe, Peralta, Bernárdez e outros sul-coreanos, portugueses e hondurenhos entenderam que a chance de parar o brasileiro estaria no “chegar junto”. Talvez tivessem em mente a já mundialmente conhecida fama de cai-cai de Neymar e pensaram: “este aí não aguenta o tranco”. Ledo engano.

Neymar não só encarou os confrontos físicos como os buscou. Pediu a bola, foi para cima do marcador, driblou umas tantas vezes, apanhou outras mais, se levantou, discutiu, catimbou... Para resumir em uma única palavra: batalhou. E os adversários que queriam deixá-lo em frangalhos fisicamente acabaram em frangalhos psicologicamente, sem saber o que fazer diante de tanta habilidade e valentia.

O ano para a Seleção Brasileira parecia ter acabado junto com a vitória épica sobre a Espanha na decisão da Copa das Confederações. Porém, estes amistosos nada amistosos engrandeceram mais a Seleção e Neymar do que podíamos esperar. Que venham novas guerras pré-Copa!


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