Assim como muitos escolhem livros pela capa, escolhi um dos meus primeiros ídolos pelo nome. Milagres. Nome portentoso para quem é goleiro. Só o conhecia através dos álbuns de figurinhas, mas mesmo assim cheguei a ter uniforme de goleiro e luvas para imitá-lo quando defendia o portão branco do vizinho que meus amigos e eu transformávamos em baliza. Bastava uma defesa qualquer para soltar a garganta num estrondoso grito de “Milaaaaaaaaaaagres!!!”.
E pela idolatria ao arqueiro Milagres, o América Mineiro, time que ele defendia na época, acabou por se tornar um dos meus preferidos na infância. Já mais velho e interessado na história do esporte bretão, descobri que o Milagres é o jogador com mais partidas disputadas pelo América e que o que não falta na vida do Tricolor Mineiro são jogadores com nome ou apelido atrativos. Como Satyro Taboada. Taboada que é quase tabuada. Que lembra números. Números os de Satyro que são exuberantes. Nove gols em uma mesma partida e 167 em toda a carreira com a camisa americana. Simplesmente o maior artilheiro do clube em todos os tempos e essencial na conquista de troféus que compuseram o Decacampeonato Mineiro, entre 1916 e 1925. Isso mesmo, amigos. Decacampeão!!!
Logo atrás de Satyro na lista de maiores goleadores estão Petrônio e Gunga. Dois nomes que também marcam. Petrônio, Campeão Mineiro em 48. Gunga, em 1957. Ambos conhecedores do caminho das redes. Assim como o grande Jair Bala, para muitos o maior ídolo da história americana. O nome do título mineiro invicto de 1971. Se Jair era Bala por acidentalmente ter levado um tiro e o projétil ter se alojado em sua coxa, Euller era o “Filho do Vento” pela sua velocidade descomunal. Euller que estreou e pendurou as chuteiras no “Coelho”, sempre com títulos inesquecíveis em momentos turbulentos. O Mineiro de 1993, que colocou fim a 22 anos de fila, a Série B Estadual de 2008 e a Série C Nacional de 2009.
Na histórica e vitoriosa campanha da Segundona de 1997, coube a Tupãzinho ser o herói e escrever seu nome na galeria de ídolos tricolores. Ele, que já era xodó da torcida corintiana, foi o artilheiro da competição que recolou o América na elite nacional. Três anos mais, em 2000, foi a vez de uma dupla – que bem poderia ser sertaneja pelo nome – comandar a conquista de um cobiçado caneco. Pintado e Palhinha colocaram seus gloriosos currículos em campo e o “Coelho” levantou a disputadíssima Copa Sul-Minas. Logo depois, em 2001, Ruy “Cabeção” foi um dos responsáveis pela última taça na elite estadual.
Satyro Taboada, Petrônio, Gunga, Jair Bala, “Filho do Vento”, Tupãzinho, Pintado, Palhinha, “Cabeção”, Milagres... Nomes e apelidos divertidos, que junto com outros “normais”, como Celso Mascarenhas, Otacílio Negrão de Lima, Hélio Lazzarotti, Éder Aleixo, Gilberto Silva, Fábio Júnior e tantos mais, ajudaram a escrever a belíssima história do América Mineiro. Uma história que hoje completa 100 anos.
PARABÉNS, AMÉRICA!!!
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