Seria cômico se não fosse trágico. Dos dez clubes melhores
colocados do último Campeonato Brasileiro, sete começarão 2014 com um técnico
diferente. Em alguns casos a decisão de mudança partiu dos próprios clubes. Em
outros, dos treinadores. E em ambos podemos confirmar que continuidade é uma
palavra que não tem muito valor no nosso futebol.
Grêmio e Atlético Paranaense, segundo e terceiro
colocados, decidiram não contar mais com os trabalhos de Renato Gaúcho e Vagner
Mancini. Nos dois casos, pelo menos aparentemente, nada de grave ocorreu nos
bastidores que possa ter superado os bons resultados, pois tanto Renato como
Mancini exalaram elogios e agradecimentos nas declarações sobre suas
respectivas saídas. O Santos (sétimo), por sua vez, já parecia haver demitido Claudinei
Oliveira há séculos.
Osvaldo de Oliveira acredita que terá neste mesmo Santos
melhores condições para realizar seu trabalho em 2014 do que no Botafogo
(quarto). Enderson Moreira viu na troca do Goiás (sexto) por Grêmio um grande
salto na carreira. Cuca deixou o Atlético Mineiro (oitavo) para encher os
cofres na China. De todos os casos, o mais emblemático é o de Tite. Idolatrado
pelos torcedores, adorado pelos jogadores e respeitado pelos diretores, por que
diabos Tite saiu do Corinthians?
Diante deste troca-troca ensandecido, é possível observar
uma enorme contradição: os treinadores são, simultaneamente, poderosos e
descartáveis. Ao mesmo tempo em que recebem salários astronômicos e possuem mais
poderes do que deveriam para montar elencos e apontar diretrizes táticas,
técnicas, físicas e psicológicas (lembrando que é comum a comissão técnica ser
escolhida pelo próprio técnico), os treinadores não têm ideia de como será o
amanhã. São todos interinos, mas interinos com autoridade.
Em um país capitalista pessoas submetem a tudo sem qualquer pudor.
ResponderExcluir