No Estádio Mané Garrincha, que quando totalmente pronto terá custado aos cofres públicos cerca de R$ 1,6 bilhão, o embate entre Santos e Flamengo alcançou a renda de R$ 6.948.710, a
maior da história do futebol brasileiro. No mesmo jogo, o Flamengo estreava a
nova camisa da Adidas, fornecedora de material esportivo que pagará no mínimo R$
350 milhões por 10 anos de contrato. Vendido ao Barcelona por aproximadamente R$
93 milhões, Neymar fazia sua despedida do Santos, clube que ficará com R$ 50
milhões do montante. No Barça, a Joia receberá R$ 18,5 milhões por ano, fora o
que os 11 patrocinadores particulares depositarão em sua conta. Mas, no meio de
todos estes cifrões, veio o choro de Neymar para recordar que o futebol é mais
do que um simples representante do capitalismo.
Só o próprio Neymar sabe o que passava em sua cabeça
enquanto o hino brasileiro ecoava pelo Mané Garrincha e as lágrimas escorriam
por seu rosto. Talvez uma mescla entre a realização do sonho de poder jogar
futebol ao lado dos melhores do mundo com a sensação de missão cumprida com a
histórica camisa branca do Santos. Ou poderia ser a insegurança de trocar a
Vila Belmiro, casa onde é querido, idolatrado, endeusado, pelo “estranho mundo
novo” catalão. Impossível saber. Nem mesmo o Neymar seria capaz de reproduzir
com palavras, diante de dezenas de microfones, a origem de sua emoção. No
entanto, podemos estar certos que o craque não pensava na sua conta corrente ou
poupança.
Assim como nas últimas semanas, não foi o capitalismo a
força motriz dos choros de Seedorf, ao vencer o Carioca, e Beckham, ao pendurar
as chuteiras. Com extratos bancários repleto de dígitos – principalmente o
inglês – ambos foram às lágrimas por motivos estritamente futebolísticos. Ainda
dentro de campo, diante de milhares de torcedores e milhões de telespectadores,
os dois veteranos não conseguiram conter a emoção. E apesar de toda
racionalidade no qual o futebol moderno se encontra submerso, é ela, a emoção,
a protagonista dos momentos eternos.
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