É difícil precisar o momento inicial exato, mas já faz um bom
tempo que a maioria dos cartolas de entidades e clubes, dos jogadores e dos
torcedores compartilha a opinião de que jogar a segunda partida de um duelo de
ida e volta em casa é uma grande vantagem. No entanto, o futebol não permite
verdades absolutas, e ser o mandante na ida tem sim seus pontos positivos.
Exemplos não faltam na história dos torneios com fase
mata-mata, e o mais recente deles foi dado pelo Bayern de Munique, na atual
edição da Champions League. Contra Juventus e Barcelona, respectivamente
quartas e semifinal, os bávaros foram magníficos na Allianz Arena e com
vitórias maiúsculas deram passes gigantescos para triunfar nos duelos de 180
minutos. E é justamente aí que reside a principal vantagem de ser anfitrião
antes de visitante: a possibilidade de aproveitar o apoio da torcida e outros
benefícios de jogar em seu próprio estádio para fazer a hora e não esperar
acontecer. Em outras palavras, usar o fator casa para largar na frente.
A torcida, por sua vez, quando mandante, se comporta de maneira
mais paciente e apoiadora em jogos de ida do que de volta, principalmente por
estar menos nervosa. É difícil escutar vaias ao time da casa no primeiro duelo de
um mata-mata. Na partida de volta, porém, os resultados parciais negativos são
menos tolerados e a impaciência dos torcedores acaba por se tornar um obstáculo
a mais.
Além das influências no psicológico de jogadores e
torcedores, existe também a questão da estrutura tática de uma equipe. Se fizer
o dever de casa, um time tem a possibilidade de atuar o segundo jogo com o regulamento
debaixo do braço. Cabe ao técnico optar por jogar no contra-ataque ou valorizar
a posse de bola para tirar o calor da peleja de volta, mas o fato de iniciar a
metade final do confronto de 180 minutos com a vantagem de poder empatar ou até
perder é mais do que considerável. Principalmente em brigas de cachorro grande.
Desde 2000, brasileiros já fizeram nove finais de
Libertadores contra estrangeiros, e em todas elas foi o mandante do jogo de
volta. O retrospecto? Seis vices e três títulos para o “futebol tupiniquim”. Neste
ano de 2013, foram quatro (Palmeiras, Corinthians, Atlético Mineiro e
Fluminense) os brasileiros que fizeram o jogo de ida das oitavas da principal
competição sul-americana como visitante, e apenas o Galo saiu de campo
vitorioso.
É claro, lógico e evidente que decidir a classificação, ou
até o título, em casa também tem suas vantagens. Contudo, estas vantagens não
são superiores ou maiores que as de decidir como visitante. O caminho mais
coerente seria permitir que, antes do início da fase mata-mata, os times com
melhores campanhas pudessem escolher se querem ser anfitriões na ida ou na
volta.
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