Como descobrimos através da genialidade incomparável de Nelson Rodrigues, o Fla-Flu nasceu 40 minutos antes do nada. E já que seria de uma petulância sem perdão discordar do mestre, vale ressaltar que o comemorado neste 7 de julho de 2012 não serão os 100 anos de existência do Fla-Flu, mas, sim, o centenário da primeira vez que estes dois colossos duelaram em um campo de futebol.
Fla-Flu. Uma expressão pequenina, que qualquer criança poderia dizer antes mesmo de mamã ou papá, mas de um valor imensurável. Graças à iluminada sabedoria de Mário Filho, que transformou o na época sem apelo termo Fla-Flu – usado pela primeira e até então praticamente única vez em 1925, para batizar um selecionado composto apenas por jogadores dos dois clubes – na mais perfeita representação de um clássico do futebol. Daí para a invenção do Gre-Nal, San-São, Atle-Tiba, Ba-Vi foi um pulo. O poder do Fla-Flu é tão grande que transcende o futebol. Quem nunca ouviu uma tentativa de valorização de um clássico não-futebolístico através da frase: “Fulano contra Beltrano é o Fla-Flu deste esporte”.
E Mário Filho faria muito mais por este patrimônio do esporte além de reinventar o termo Fla-Flu. Com suas palavras mágicas, estimulou o sadio duelo entre as torcidas rubro-negra e tricolor. Quem levaria mais bandeiras? Mais balões? Faria a batucada mais animada? Soltaria mais foguetes? Como disse Nelson Rodrigues, “Mário Filho transformou o domingo de Fla-Flu num domingo de carnaval”. Nada contra alvinegros ou celestes, mas, convenhamos, amigos, não existe embate de cores mais lindo do que o de um Fla-Flu. Seja nas arquibancadas ou no gramado, entre os uniformes.
Listar os personagens que fizeram história ao longo dos cem anos de rubro-negros contra tricolores só é menos impossível do que contar todas as pelejas inesquecíveis. Até mesmo porque, como uma vez falou Stan Lee, lenda das revistas em quadrinhos, toda revistinha é a primeira de algum leitor. Na mesma linha de raciocínio, todo Fla-Flu é o primeiro de algum torcedor, o que por si só já faz com que muitos dos jogos aparentemente não tão históricos tenham um sabor especial no coração de incontáveis.
Quando Flamengo e Fluminense estiverem perfilados, segundos antes do primeiro trilar do apito para o clássico deste domingo, pelo Campeonato Brasileiro, a atmosfera estará repleta das mais inadjetiváveis memórias. Memórias que nasceram no distante 1912, quando pai e filho rebelde se enfrentaram pela primeira vez, sem terem a ideia de que davam o pontapé inicial na mais bela rivalidade clubística do futebol mundial.
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