Mil novecentos e cinquenta e dois foi o ponto de partida de
dois momentos-chave do futebol olímpico. Os Jogos de Helsinki foram os
primeiros a contar com a participação da Seleção Brasileira e marcaram o início
de uma longa supremacia dos países do bloco comunista, cujos atletas eram
“sustentados” pelo governo e, por isso, considerados amadores. A mágica Hungria
de Puskás (1952), a científica União Soviética do “Aranha Negra” Yashin (1956)
e a poderosa Polônia de Lato (1972) foram os maiores destaques do período, que
ainda viu os títulos da Iugoslávia (1960), mais dois da Hungria (1964 e 1968),
Alemanha Oriental (1976) e Checoslováquia (1980).
A superioridade dos comunistas era tamanha que os times
brasileiros nem faziam cosquinhas. Um exemplo: em 1972, nos Jogos de Munique, a
Verde-Amarela formada por nomes como Falcão, Roberto Dinamite, Dirceu, Pintinho,
Rubens Galaxe e Abel Braga foi eliminada ainda na 1ª fase após derrotas para
Dinamarca e Irã e um empate diante da Hungria. Na edição seguinte, em Montreal,
1976, com o goleiro Carlos, Edinho, Júnior “Capacete” e Batista, o Brasil
chegaria um pouco mais longe, porém as derrotas para a Polônia de Lato e a
União Soviética de Blokhin – olha a força do bloco comunista mais uma vez! – dariam
fim ao sonho da primeira medalha olímpica no futebol.
Primeira medalha olímpica esta que seria de prata e chegaria em
1984, quando o estádio Rose Bowl, em Los Angeles, recebeu mais de 100 mil
presentes na derrota decisiva da equipe brasileira de Gilmar Rinaldi, Mauro
Galvão e Dunga para a França. Quatro anos mais tarde, em Seul, com um elenco
que contava com os futuros Campeões do Mundo de 1994 Taffarel, Jorginho,
Mazinho, Bebeto e Romário, alem de craques do quilate de Ricardo Gomes, Andrade,
Valdo, Neto e Geovani, a Seleção voltaria a cair diante dos comunistas. Vitória
da União Soviética por 2 a 1 na final e mais uma prata para o Brasil.
A Espanha de Guardiola e Luis Enrique fizeram a alegria do
seu povo ao levar o ouro em Barcelona, 1992, e, em seguida, seria a vez dos
africanos. Depois de começar a colocar as manguinhas de fora com uma monumental
goleada de 4 a 0 da Zâmbia sobre a Itália, em 1988, e com o bronze de Gana, em
1992, a África se tornaria um capítulo especial do futebol olímpico através do
futebol extrovertido da Nigéria de Kanu e do Camarões de M’Boma, que traumatizaram
os brasileiros e subiram ao lugar mais alto do pódio em Atlanta (1996) e Sydney
(2000). Se nos Estados Unidos o Brasil de Ronaldo “Fenômeno”, Bebeto, Rivaldo e
Roberto Carlos teria o consolo da medalha de bronze, na Austrália nem isso.
E para deixar os torcedores brasileiros ainda mais sedentos
pela inédita medalha dourada, a Argentina atropelou todo mundo que se colocou na
sua frente – 12 vitórias em 12 partidas – e ficou com o ouro em Atenas (2004) e
Pequim (2008). Na China, o Brasil, depois de ser engolido por Riquelme e Messi,
terminou, mais uma vez, bronzeado.
Daqui a poucos dias, pela terceira vez em Londres, o futebol
fará sua 25ª aparição nas Olimpíadas, e os olhos dos amantes deste esporte
estarão voltados não só para um possível e histórico embate entre Brasil e
Espanha, mas para o retorno do Uruguai à competição após 84 anos, para as
surpresas não mais tão surpreendentes que vêm da África, para o papel que a
Seleção da Grã-Bretanha poderá desempenhar como anfitriã, para os sempre
presentes em futebol de alto nível México, Japão e Coreia do Sul... Que comecem
os Jogos!
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