Dentro do seleto grupo de craques, existem aqueles, raros,
que além de brindarem os torcedores com lances plasticamente encantadores e relevantemente
decisivos, fazem os companheiros renderem melhor. O fim de semana de Copa das
Confederações mostrou que Pirlo e Iniesta são assim. Gigantes da bola cuja luz
própria ilumina o time como um todo.
Aos 34 anos, Pirlo parece jogar no modo “piloto automático”. Flutua
pelos espaços vazios do campo com a naturalidade de quem sai do quarto e vai à
cozinha para beber uma água. Em sua cabeça, as opções se tornam decisões em um
estalar de dedos. Está na defesa para não permitir que os zagueiros rifem a
bola – e, assim, eles, os zagueiros, parecem menos brutos e limitados. Quando
na meiúca, Pirlo facilita a vida dos meio-campistas ao ser sempre a opção mais
fácil. Sabem aquele famoso “toca pra quem sabe”? Pois então, Pirlo, “o que sabe”
está sempre ali, a poucos metros, para ajudar o “que não sabe”. E se adentra o
campo ofensivo, Pirlo tem uma capacidade sobrenatural de antever a movimentação
dos avantes, o que quase sempre resulta em passes açucarados e “melhores
momentos”.
Iniesta não volta tanto à defesa para ajudar a saída de bola
quanto Pirlo o faz. Não volta porque não precisa, pois no estilo de jogar dos
espanhóis a bola já sai redonda. E não fosse Iniesta em campo, a bola da
Espanha ficaria “redondando” de um lado para o outro ainda mais tempo do que já
fica. O pequenino camisa seis não só não erra passes como é o principal
responsável por dar mais fúria à troca de bola “ad infinitum” de sua equipe. É
ele, Iniesta, quem puxa o gatilho, quem vira a chave, quem faz a mágica
acontecer. E sua importância está não somente em ser o espanhol com maior
criatividade ofensiva, mas em saber, com precisão cirúrgica, a hora em que a
retaguarda rival perdeu a paciência e deixou aquele espaço que não poderia.
A vitória da Itália sobre
o México rendeu a Pirlo, autor de um golaço de falta, o prêmio de melhor em
campo. A da Espanha no Uruguai, premiou Iniesta. No entanto, mais do que
comerem a bola, estes dois gênios fizeram seus companheiros jogarem um futebol
mais refinado, se sentirem mais craques.
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