Espanha 0 (7) x (6) 0 Itália – Castelão, Fortaleza (CE)
Uma equipe vencedora, campeã, multicampeã, floresce dos mais
diferentes tipos de vitória. Inclusive –e diria principalmente – daquelas
vitórias contra adversários fortes que jogaram no limite de sua capacidade. Exatamente
como conseguiu a gigante Espanha diante da Itália, na semifinal da Copa das
Confederações. Mas por a Fúria não ter estado em um dos seus mais inspirados
dias, e a Itália ter jogado tudo o que sabia, as próximas linhas serão dedicadas à Squadra Azzurra.
O primeiro tempo italiano em Fortaleza só não foi perfeito
pela incapacidade de superar o goleiro Casillas. Fora isso, todas as estruturas
essenciais para um desempenho completo a Itália demonstrou no mais alto nível.
Fisicamente, nomes como Maggio, De Rossi, Candreva e Giaccherini foram de um
vigor incomum para quem está em fim de temporada. Taticamente, as variações do
3-4-2-1 para o 5-4-1 ocorriam com a mesma naturalidade em que se alternavam um
posicionamento compacto atrás da linha da bola e uma forte marcação pressão –
que, acreditem, obrigava a Espanha a se utilizar de chutões. Psicologicamente,
toda a Itália estava integralmente focada na partida, e nenhuma movimentação
espanhola ocorria sem sua percepção. Por fim, e igualmente importante às outras
três estruturas, tecnicamente todos os italianos marcaram e jogaram de maneira
refinada, com um repertório que incluía roubadas de bola, antecipações, passes
curtos, lançamentos – que Pirlo e De Rossi fazem como poucos –, jogadas pelo
flanco – os alas Maggio e Giaccherini foram os mais perigosos do time– infiltrações
pelo meio...
Foi assim que a Azzurra anulou a Espanha por 45 minutos e
criou nada menos do que seis “melhores momentos”. Após o intervalo, os cansaços
físico – jogar às quatro da tarde em Fortaleza não é mole para um europeu – e psicológico
– tampouco o é a concentração ininterrupta em uma estratégia – fizeram a Itália
diminuir a intensidade. E a cada minuto que passava, até o fim da prorrogação,
a queda nos rendimentos corporal e mental dos italianos fez com que a técnica
da Roja ganhasse mais espaço no confronto e a prorrogação terminasse com os
espanhóis mais próximos da vitória. Vitória que, no entanto, viria somente nas penalidades.
É visível, por parte da mídia e dos torcedores, um certo menosprezo
ao estilo de jogo adotado pelos italianos. Principalmente pelos olhos que só
enxergam o que ficou convencionado como futebol-arte. Os comentários dão a
entender que é fácil imitar o que fizeram os comandados de Cesare Prandelli,
quando, na verdade, a excelência neste estilo é tão difícil quanto em qualquer
outro. A excelência em um estilo de jogo exige a ausência de buracos em cada
uma das quatro estruturas, e esta Itália ainda não possui excelência no estilo que adota. Foi a queda nos rendimentos físico e psicológico
após o intervalo, com consequentes abalos tático e técnico – como Pirlo exibiria
sua técnica se nem sequer conseguia trotar em campo? – que impediu a Azzurra de
repetir o excepcional primeiro tempo. E aí que a Espanha renasceu...
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