Grupo A
Brasil 2 x 0 México – Castelão, Fortaleza (CE)
Itália 4 x 3 Japão – Arena Pernambuco, Recife (PE)
Chutar para longe a fase de estudos e mostrar quem é o
favorito o mais rápido possível. Este tem sido o ponto forte do Brasil na Copa
das Confederações. Contra o Japão, um golaço de Neymar tirou o frio que uma
estreia deixa na barriga antes mesmo do terceiro minuto de jogo. Agora, contra
o México, o mesmo Neymar foi o autor de nova pintura, aos 8 minutos, que tornou
um pouco menos encardido o embate contra um adversário que parece gostar de
enfrentar a Amarelinha. E sobre este duelo diante dos mexicanos vale abrir um
parêntese para falar do arrepiante momento do hino nacional, que foi um
combustível daqueles de foguete para a Seleção Brasileira.
No raro momento em que pipocam país afora manifestações
contra as mazelas não-naturais brasileiras, Juninho Pernambucano, um dos nossos
poucos atletas que não possuem um discurso enlatado, sugeriu que os jogadores
da Seleção, como forma de apoio aos protestos, cantassem o hino nacional de
costas para a bandeira. Uma opinião forte, que gerou concordâncias e
discordâncias. Pessoalmente, sou contrário à atitude, pois a nossa bandeira e
nosso hino não deveriam pagar, mesmo que simbolicamente, pela desonestidade e
incapacidade dos que no momento comandam o país. E os jogadores brasileiros não
só não viraram as costas para o hino como, fortemente abraçados e emocionados,
o cantaram com o apoio dos mais de 50 mil presentes ao Castelão. Cantaram como
poucas vezes se viu em um campo de futebol.
A emoção abasteceu a Seleção de uma força que nenhuma preleção
de treinador com vídeos motivacionais conseguiria. Ali, de Julio César a Neymar,
os jogadores viveram na pele a Pátria de Chuteiras criada por Nelson Rodrigues.
E pareciam querer eternizar o momento, pois a cada bola que saía pela lateral
eles pediam o grito da galera. Foi neste cenário de êxtase que Neymar – como a
camisa 10 lhe fez bem! – esculpiu mais uma obra de arte para abrir o placar que
Jô fecharia nos acréscimos ao fazer o seu segundo gol nas Confederações – num total
de apenas 23 minutos em campo.
Na Copa do Mundo de 1954, a mágica Hungria de Puskás, que
seria vice-campeã, conseguiu a incrível marca de abrir 2 a 0 em todos os seus
adversários antes de o relógio chegar ao minuto 20 da etapa inicial. E não o
fizera por acaso, mas por acerto em uma estratégia física que envolvia um
aquecimento forte e o ignorar da chamada fase de estudos. Na Seleção Brasileira
desta Copa das Confederações, a estrutura responsável pela blitz nos minutos
iniciais é a psicológica, e não a física. E para esta estratégia continuar
sendo bem sucedida, o apoio das arquibancadas é imprescindível.
FUTEBOL OU TOURADA?
Feliz é aquele que esteve presente à Arena Pernambuco para o eletrizante confronto entre Japão e Itália. Os japoneses virtuosos na troca de passes e
fulminantes na produção ofensiva. Os italianos, duros de matar e com uma
concentração ímpar que os permitiu arquitetar a histórica vitória mesmo
enquanto eram dominados completamente. Como se fosse uma tourada, o touro
japonês atacou todo o tempo e, no fim, sofreu o golpe fatal do toureiro
italiano.
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