Quando o Vasco perdeu, quase que numa tacada só, Fagner, Allan, Rômulo e Diego
Souza para o futebol estrangeiro, foi uma demonstração de que, apesar do ótimo
momento que vivia dentro dos gramados, o clube de São Januário fraquejava
administrativa e economicamente. Depois, a saída para os Estados Unidos de
Juninho Pernambucano, maior ídolo recente da história cruz-maltina, expôs ainda
mais a anemia. Nenhuma destas perdas, porém, deixa transparecer mais a situação
caótica vivida na Colina do que a negociação de Dedé com um clube brasileiro –
provavelmente o Cruzeiro, talvez o Corinthians.
O que Dedé jogou em 2010 e, principalmente, 2011, não está no
gibi – diriam os antigos. Em São Januário, deixou de ser o atabalhoado zagueiro
que havia feito dupla com Júnior Baiano no Volta Redonda para se tornar “O Mito”,
“Dedeckembauer”, “Não vi Pelé, mas vi Dedé”... Brincadeiras e exageros à parte,
os torcedores vascaínos tinham argumentos diante de um confronto contra o
Santos do Neymar, o São Paulo do Lucas, o Flamengo do Ronaldinho Gaúcho... “Nós
temos o melhor zagueiro do Brasil!” – gritavam. E isso os fazia um bem enorme.
Sérgio Cabral, o pai, Vasco de corpo e alma, chegou a declarar: “Vejo futebol
há mais de 60 anos e nunca vi um zagueiro brilhar tanto”.
A venda de Dedé para o futebol europeu, árabe, japonês,
norte-americano, zimbabuano, surinamês, lunar ou marciano deixaria o cruz-maltino
triste. Mas não humilhado. Ver o zagueiro com a camisa azul cruzeirense ou a
alvinegra corintiana, porém, será a declaração carimbada, timbrada e assinada da
atual fraqueza do Vasco, que não permite sequer segurar um ídolo diante do
assédio de rivais. E não porque Dedé seja ganancioso e parta em busca de alguns
tostões a mais, mas porque o Vasco não possui condições de arcar com os mínimos
compromissos para mantê-lo.
Como dizia o jornalista Benjamin Wright, “o futebol é uma
caixinha de surpresas”. O Palmeiras deixou o ídolo argentino Barcos ir embora
para o Grêmio e, mesmo assim, consegue caminhar no Paulistão e na Libertadores.
É impossível decretar, agora, o futuro vascaíno em caso de saída do Dedé, mas
as previsões são as de que a nau cruz-maltina encarará um baita de um maremoto.
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