Homem mais rápido do mundo, maior ícone olímpico da atualidade e
dono de um carisma sem igual, o jamaicano Usain Bolt esteve no Rio de Janeiro
para competir pela primeira vez no Brasil. Como todos esperavam, venceu a prova
de 150 metros, apesar de não ter conseguido bater a melhor marca na distância,
que também lhe pertence. Entre passinhos de funk e volta olímpica, Bolt recebeu
da galera uma bandeira do Flamengo e desfilou com esta pela pista. Por alguns
instantes se estabeleceu uma intimidade entre o atleta deste início de século e
o time de maior torcida do “País do Futebol”.
Poderia ser uma demonstração da grandeza do Rubro-Negro, mas
as palavras do astro, alguns minutos depois, mostraram a dura realidade: Bolt
não conhecia o Flamengo. E não é culpa do velocista, que é fã de futebol, diz
ter o sonho de disputar uma partida pelo Manchester United e até possui alguma
intimidade com a redonda. A culpa é pura e exclusiva do Flamengo. Ou melhor, de
todos os clubes brasileiros, pois qualquer que fosse a bandeira sacudida por
Bolt, seu desconhecimento seria o mesmo.
Aqui na América – de norte a sul – existe uma infinidade de
apaixonados por futebol. E mais ainda pelo futebol brasileiro, um legado
deixado por Pelé, Garrincha e brilhante companhia. Na Bolívia, por exemplo,
Ronaldinho Gaúcho já foi homenageado duas vezes: recebeu a Medalha do Mérito
Esportivo das mãos do Presidente Boliviano, Evo Morales, e foi presenteado pelo
Governador do Departamento de La Paz, César Cocarico, com três peças de roupa
típicas dos povos indígenas aimarás. No México, então, existe até a Plaza
Brasil, uma praça em homenagem à Seleção Campeã Mundial de 1970, que encantou
toda uma geração de mexicanos.
Diante de tão grande idolatria para com o futebol
brasileiro, o que falta para os grandes clubes tupiniquins iniciarem suas
“Grandes Navegações” pela América? A primeira resposta plausível seria
dinheiro, ou a falta dele. No entanto, com os salários surreais pagos
atualmente por aqui e com o poder internacional das marcas que fornecem
material esportivo para os clubes, a questão financeira parece não ser a grande
responsável. Até porque um projeto de internacionalização pela América, que
disponibilizaria não só produtos, mas a história do clube para países como a
Jamaica, de Usain Bolt, não deve ter um custo tão astronômico assim.
O que os clubes precisam é de criatividade para fazer suas respectivas
histórias serem conhecidas. Talvez um museu móvel, uma embaixada com
ex-craques, um cinema itinerante... Não é apenas questão de marketing, de
vender produtos, mas de se postar como gigantes que o são.
O que falta aos cabeças do futebol brasileiro, na realidade,
é a visão para entender que ações simples podem fazer com que na próxima vez
que um símbolo do esporte visitar o Brasil e receber uma bandeira ele diga:
“Claro que conheço este clube!”
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