terça-feira, 2 de outubro de 2012

E TOME ISSO, SOCIEDADE!


Uma punhalada social. A ordem do árbitro Leandro Vuaden para a retirada da faixa através da qual os torcedores do Náutico exalavam a indignação contra a arbitragem nacional foi um golpe na sociedade brasileira.

O pênalti não marcado sobre o atacante do “Timbu” Kim, no apagar das luzes do duelo contra o Fluminense, pela 26a rodada, foi apenas mais um dentre os incontáveis erros do apito no Brasileiro. Longe de ser o primeiro. A quilômetros de ser o último. Ao invés de mandar o juiz para os lugares mais obscuros ou de desonrar sua mãe, os alvirrubros decidiram protestar por escrito: “Não irão nos derrubar no apito!”

Ofendido e se sentindo na missão de defender sua classe, Vuaden ordenou a retirada da faixa e os policiais obedeceram sem um “ai”, numa ação que retardou, por cerca de 20 minutos, o início do confronto entre Náutico e Atlético Goianiense.

A questão não é perguntar quem o Leandro Vuaden pensa que é para escurecer uma manifestação contra a arbitragem, pois ninguém teria o direito de impedi-la. Nem a Presidente Dilma Roussef, nem o Ministro Joaquim Barbosa, nem o Papa Bento XVI. Ninguém! O Estatuto do Torcedor proíbe, corretamente, manifestações racistas e xenófobas, porém não existe, neste país, sequer um parágrafo que impeça um cidadão de declarar sua insatisfação com a incompetente arbitragem.

É o momento onde as autoridades nacionais deveriam vir a público para esclarecer a ilegitimidade do poder que Leandro Vuaden acreditou – talvez ainda acredite – possuir. Ou outros árbitros se sentirão no mesmo direito de tomar decisões ditatoriais diante de futuras manifestações contrárias a dirigentes, clubes, federações, confederações, organizadores da Copa do Mundo ou das Olimpíadas... E assim, o processo para transformar o torcedor brasileiro em boneco de gesso dará um enorme passo.

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