Uma
punhalada social. A ordem do árbitro Leandro Vuaden para a retirada
da faixa através da qual os torcedores do Náutico exalavam a
indignação contra a arbitragem nacional foi um golpe na sociedade
brasileira.
O
pênalti não marcado sobre o atacante do “Timbu” Kim, no apagar
das luzes do duelo contra o Fluminense, pela 26a rodada,
foi apenas mais um dentre os incontáveis erros do apito no
Brasileiro. Longe de ser o primeiro. A quilômetros de ser o último.
Ao invés de mandar o juiz para os lugares mais obscuros ou de
desonrar sua mãe, os alvirrubros decidiram protestar por escrito:
“Não irão nos derrubar no apito!”
Ofendido
e se sentindo na missão de defender sua classe, Vuaden ordenou a
retirada da faixa e os policiais obedeceram sem um “ai”, numa
ação que retardou, por cerca de 20 minutos, o início do confronto
entre Náutico e Atlético Goianiense.
A
questão não é perguntar quem o Leandro Vuaden pensa que é para
escurecer uma manifestação contra a arbitragem, pois ninguém teria
o direito de impedi-la. Nem a Presidente Dilma Roussef, nem o
Ministro Joaquim Barbosa, nem o Papa Bento XVI. Ninguém! O Estatuto
do Torcedor proíbe, corretamente, manifestações racistas e
xenófobas, porém não existe, neste país, sequer um parágrafo que
impeça um cidadão de declarar sua insatisfação com a incompetente
arbitragem.
É
o momento onde as autoridades nacionais deveriam vir a público para
esclarecer a ilegitimidade do poder que Leandro Vuaden acreditou –
talvez ainda acredite – possuir. Ou outros árbitros se sentirão
no mesmo direito de tomar decisões ditatoriais diante de futuras
manifestações contrárias a dirigentes, clubes, federações,
confederações, organizadores da Copa do Mundo ou das Olimpíadas...
E assim, o processo para transformar o torcedor brasileiro em boneco
de gesso dará um enorme passo.
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