terça-feira, 9 de outubro de 2012

ELEIÇÕES 2012 - MEXEU COM MEU TIME? ENTÃO NÃO TE PERDOO!


Em época de eleições, torna-se ainda mais visível o quão passional o brasileiro é quando o assunto é futebol. Não são raros na nossa história os exemplos de bem sucedidas candidaturas políticas de quem já havia sido chutado, escorraçado, enxotado – não nos esqueçamos de que Fernando Collor de Mello é hoje, neste exato segundo, um dos senadores do nosso país. No entanto, alguns candidatos ligados ao Planeta Bola estão longe de contar com a mesma complacência e o perdão dos cidadãos.

O exemplo mais claro de como bola na rede e voto na urna caminham de mãos dadas tem nome Eurico e sobrenome Miranda. No dia 4 de outubro de 1998, o vascaíno não cabia dentro de si de tanto orgulho. O “Gigante da Colina” não só comemorava o seu centenário como, em um intervalo de meses, conquistara o Campeonato Brasileiro de 1997 e a Copa Libertadores de 1998. Todo o amor do torcedor cruz-maltino foi derramado nas urnas e Eurico Miranda, então um vice-presidente com cara de presidente do clube, foi reeleito Deputado Federal com nada menos do que 105.969 votos.

Um salto no tempo e chegamos a 2006. Dentro das quatro linhas, o Vasco está a quilômetros do esquadrão de Edmundo e Juninho Pernambucano, enquanto fora dele, Eurico Miranda se vê envolto em situações tão nebulosas quanto os ambientes que ele poluía com seus inseparáveis charutos. Desta vez, as urnas não foram doces e o então presidente vascaíno, com 30.531 votos, não pôde voltar a ser um Deputado Federal, cargo que já não exercia desde 2002.

Quando o passado cede vez ao presente, o Vasco dá lugar ao seu maior rival, o Flamengo. Durante os últimos 12 anos, a lista de presença na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro sempre contou com o nome de Patrícia Amorim. A ex-nadadora foi eleita em 2000, reeleita em 2004 e eleita pela terceira vez consecutiva em 2008, sempre com mais de 20.000 votos (24.651, 23.036 e 21.140, respectivamente). Em 2009, no meio de seu terceiro mandato como vereadora, Patrícia se tornou presidenta do Flamengo, que então acabara de se consagrar Hexacampeão Brasileiro. Com certeza ela não esperava o tsunami que viria pela frente.

A política interna do Flamengo se tornou o antônimo de paz, e até Zico, maior símbolo e ídolo da história do clube, foi apedrejado pela estrutura que, se não foi criada pela Patrícia, conta com o aval da presidenta. A contratação de Ronaldinho inaugurou um banquete, ou melhor, um rodízio de críticas. Quem quiser procurar equívocos na relação craque-diretoria vai os encontrar sob qualquer ponto de vista. Mais por culpa dos que vestem roupa social do que do que calça as chuteiras, diga-se de passagem. Com a pelota a rolar, o Flamengo repete em 2012 o mesmo desempenho pífio de 2010, quando terminou o Brasileiro a dois pontos da zona de rebaixamento.

Não precisa jogar búzios, ler palma de mão ou consultar números e cartas para saber o que as urnas das eleições municipais de 2012 guardavam para Patrícia Amorim: 11.687 votos e sua primeira não eleição nos anos 2000. E assim, o brasileiro mostra, na “Festa da Democracia” – quanta ironia em uma só expressão! –, que é até capaz de perdoar as rasteiras que um político lhe passa, desde que este, na visão do torcedor, não prejudique seu clube do coração.

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