terça-feira, 3 de setembro de 2013

A GENTE VENDE CRAQUE E NÃO CONSEGUE LUCRAR

Não é de agora que o estrangeiro vê nos clubes brasileiros uma fonte de craques. Muito pelo contrário, este foi um dos motivos pelos quais o profissionalismo foi adotado em meados da década de 30. Em outras palavras, há quase um século nos colocamos como exportador de pé de obra no Planeta Bola. E é triste constatar que estes quase 100 anos não fizeram os clubes daqui aprenderem a negociar jogadores de futebol.

Seria um equívoco ignorar a maior força de dólares, euros e libras sobre o nosso real. Ou que qualquer sub-15 no Brasil já tem o sonho de jogar na Europa, mesmo em um time que, no máximo, vá brigar pela meiúca da tabela. “E ainda os empresários, umas verdadeiras raposas”, vão lembrar alguns. No entanto, estes não são fatores suficientes para justificar a incapacidade dos cubes brasileiros em negociar seus valores. Incapacidade que se torna assustadora se comparada ao que alguns clubes europeus conseguem.

Um exemplo é o suficiente para ilustrar: em um intervalo de poucos dias, o ucraniano Shakthar Donetsk veio ao Brasil e, tal qual um colonizador do século XVI, pegou a matéria-prima que quis. Gastou cerca de 60 milhões de euros e levou Fred (do Internacional, por 15M) Fernando (do Grêmio, por 13M), Wellington Nem (do Fluminense, por 8M) e Bernard (do Atlético Mineiro, por 25M). Quatro diamantes que não passam dos 21 anos. Pois bem, o Atlético de Madrid, que assim como o Shakthar está longe de ser uma potência do futebol mundial, conseguiu os mesmos 60 milhões de euros ao negociar Falcão Garcia, de 27 anos, com o Monaco.

Não há dúvidas de que Falcão vive uma fase monumental, balançando as redes de tudo quanto é maneira, mas as cifras de sua negociação mostram o quanto nossos clubes ainda são amadores no mercado da bola. Isso porque seria covardia colocar em questão a recente venda do galês Bale por mais de 90 milhões de euros, do Tottenham para o Real Madrid.


Além de contar com milhões de torcedores e não conseguir encher os estádios e de ter um público apaixonado e não conseguir realizar ações de marketing, os clubes brasileiros, há anos, querem vender craques e ainda não saíram do jardim de infância no assunto. Difícil não lembrar de “Inútil”, o rock do Ultraje a Rigor que canta:  “A gente faz música e não consegue gravar. A gente escreve livro e não consegue publicar. A gente escreve peça e não consegue encenar. A gente joga bola e não consegue ganhar...”

Um comentário:

  1. O que alguns presidentes fizeram, e fazem até hoje com alguns clubes, é de envergonhar qualquer cidadão. Pois não conseguem enxergar toda essa fonte de arrecadação. Exemplo disso é a torcida... É como chamamos no marketing: CLIENTE POTENCIAL. Cliente esse que não se cansa de gritar bem alto: “EU ACREDITO NO PRODUTO”! O que não dá pra acreditar é como são tão cegos e levianos ao mesmo tempo. O “simpático”, empresário, é só um bode expiatório, por parte daqueles que tinham como missão administrar tudo isso.

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