Nos anos 60, um telegrama do craque santista Mengálvio se
tornou uma das mais brilhantes pérolas do nosso futebol. Nele se lia: “Chegarei
de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG”. Este cômico anunciar
da surpresa é justamente a maior graça do Brasileirão, onde, em seu início,
fazemos previsões já sabendo que estas não valem um dólar furado. Começamos a
assistir o torneio já à espera de surpresas, que certamente vão ocorrer. A metade
do Brasileirão 2013 que nos diga.
Comecemos pelo começo, ou seja, pelo líder. O fato de o
Cruzeiro não ver ninguém a sua frente na tábua de classificação, ter um
retrospecto com mais de 70% de aproveitamento e uma média de 2,21 gols por jogo
surpreende por um único motivo: com 19 contratações em 2013, seria difícil
imaginar que a Raposa conseguisse, em pouco tempo, montar um time capaz de
jogar uma bola tão redonda. A força coletiva celeste é tamanha que fica até
difícil saber quem é o maior destaque, apesar da fase brilhante de Éverton
Ribeiro.
Dos que atualmente se encontram na zona nobre da tabela, a
dupla paranaense Atle-Tiba atrai olhares diferentes, tanto pela posição que
ocupa como pelo futebol impetuoso dos rubro-negros e mágico do coxa-branca
Alex. Já Botafogo, Corinthians e a dupla Gre-Nal fazem o aguardado, com
pequenas variações para mais ou menos. Uma dose de inesperado apenas em relação
ao fato de o Botafogo insistir em contrariar uma suposta fragilidade do seu elenco
e, rodada após rodada, ignorar os desfalques por negociações, suspensões e
contusões para se manter na briga pelo caneco.
Pela meiúca da tabela, nada para se esbugalhar os olhos em
termos clubísticos. Já em termos de jogador... O que o rústico Walter fez pelo
Goiás neste primeiro turno do Brasileiro – principalmente após as “férias” da
Copa das Confederações – não está no gibi. A contradição entre sua forma física
e sua qualidade técnica é magnetizadora. Está na briga para fazer parte da
Seleção do Campeonato. E, sem exageros, é um dos favoritos para vestir a camisa
de centroavante.
Do Goiás de Walter (8º colocado) para baixo, todo mundo
luta contra a degola. Um verdadeiro pandemônio. Incrível que, ao fim do
primeiro turno, mais da metade dos clubes possuam pulgas atrás da orelha em
relação ao rebaixamento. Poucas pulgas no caso do Santos, que jogou apenas 17
vezes, e algumas mais para o Vasco – que aponta para um returno melhor. A dupla
baiana Ba-Vi e o Criciúma vivem de fases e também sentem incômodos nos ouvidos.
Chegamos, enfim, à zona da morte. Ponte Preta, Portuguesa
e Náutico já eram cartas marcadas ao início do torneio, enquanto o Flamengo
reflete em campo a política de praticamente jogar um ano futebolístico fora
adotada por sua diretoria. Mas quem esperava encontrar neste inferno o trio Atlético
Mineiro, Fluminense e São Paulo, respectivamente os atuais campeões da
Libertadores, Brasileiro e da Copa Sul-Americana?
O Atlético se escora no sentimento interior de que já
cumpriu seu papel em 2013. O Fluminense sofre por acreditar que Diego Cavalieri
e Fred viveriam eternamente a fase magnífica de 2012 e seriam capazes de
segurar o rojão após as saídas de Thiago Neves e Wellington Nem. O São Paulo...
bom, o Tricolor Paulista vive tamanho caos dentro e fora de campo que é até
difícil de acreditar que este é o mesmo clube que há poucos anos era referência.
Com o campeonato já em sua metade, as previsões para os
próximos meses possuem um pouco mais de sustentação. Mas, acreditem, amigos,
muitas surpresas ainda virão pela frente.
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