Não é chorar pela lágrima derramada, mas o triunfo argentino nos
pênaltis sobre a Holanda também ajuda a entender porque a seleção brasileira
passou pela maior humilhação de sua história quase centenária.
Aqui e acolá se tenta comparar a “messidependência” argentina
com a “neymardependência” brasileira. Inquestionavelmente os dois craques são
os líderes técnicos de suas equipes, aqueles que vão até o brejo buscar a vaca
para devolvê-la ao pasto. No entanto, há uma diferença enorme no aproveitamento
de ambos. O Brasil não se organizou para Neymar. Na verdade, o Brasil sequer se
organizou nos cinco jogos em que teve o seu dez. A Argentina, diferentemente, é
armada para Messi armar. E driblar. E arrancar. E apanhar. E passar. E
finalizar.
Mesmo quando Messi não participa intensamente a Argentina
está lá, montadinha. É verdade que não foi assim nos primeiros jogos, mas o
treinador Sabella encontrou a forma de jogar na vitória sobre a Bélgica. Trocou
o zagueiro Fernández pelo caudillo
Demichelis e, a principal mudança, sacou Gago – bom de toque, mas cheio de não
me toques – para a entrada do leão Biglia. À frente da defesa, Biglia forma
dupla com Mascherano, que parece deixar uns três anos de vida em cada jogo. O
carrinho que Mascherano deu nos acréscimos do segundo tempo para evitar o gol
do Robben foi o maior desarme deste Mundial. Pelos lados, Lavezzi e Pérez (na
final será o essencial Di María) compõem o meio. Na frente, Higuaín é a
referência. Tudo encaixado para esperar Messi esfregar a lâmpada mágica.
Tão encaixado que Bélgica, de 38 finalizações contra os EUA,
assustou apenas quatro vezes o goleiro Romero nas quartas. A Holanda, dona do
melhor ataque da Copa até a catástrofe brasileira, criou apenas dois perigos em
120 minutos. Nenhum gol sofrido nestes dois jogos e apenas 21 faltas cometidas.
Para critérios de comparação, o Brasil fez 31 faltas somente contra a Colômbia.
A estratégia argentina não é apenas esperar que Messi resolva. Ela se arma e se
dedica 60 segundos por minuto para isso.
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HISTÓRIA DA COPA DO MUNDO
De todas as seleções que conquistaram pelo menos uma Copa do
Mundo, apenas Brasil e Espanha não levantaram o caneco em casa. Uruguai (1930),
Itália (1934), Inglaterra (1966), Alemanha (1974), Argentina (1978) e França
(1998) se sagraram campeões quando sediaram o Mundial.
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