Como falar de técnica se o Brasil não tentava um passe para frente e errava os
para trás? Como falar de prancheta tática se a Alemanha defendia com onze e
atacava com uns quinhentos? Como falar de físico se os brasileiros não tinham
forças sequer para se sustentar sobre as próprias pernas, quem dirá para ganhar
um pé de ferro? Como falar sobre os melhores momentos se a memória não lembra
sequer quem fez os gols germânicos? Como falar de psicológico se já
queríamos, jogadores e nós, ouvir o apito final antes mesmo do minuto 20 da
primeira etapa? Como prever o futuro se o presente é uma derrota que vai doer
para sempre?
Contra México e Chile, o Brasil pecou (muito!) em
termos técnicos, táticos, físicos e psicológicos e permitiu que o adversário
aflorasse todo o seu potencial. Fez o mesmo na semifinal, só que o potencial
alemão não tem limites. Deu no que deu... A palavra que define a seleção
brasileira nesta Copa é submissão, pois nem mesmo nos raros bons momentos ela
conseguiu dominar, controlar o adversário, se sentir dona do pedaço.
Manchetes começarão a pipocar falando sobre um Mineirazo, o que não condiz com o cenário atual. Em 1950, no Maracanazo, o Brasil chegou exalando confiança para enfrentar
o Uruguai após esmagar a Suécia (7 x 1) e a Espanha (6 x 1). A Seleção entrou
em campo com a vantagem do empate e tinha a taça nas mãos até o minuto 34 da
etapa final, quando se fez o silêncio maior. Desta vez, o Brasil não chegou
embalado e o gosto da classificação durou pouco mais de 10 minutos.
Difícil mensurar o quanto, mas esta humilhação
incomparável sofrida pelo Brasil tem um quê do treinador Guardiola, que através
do Bayern de Munique, seu clube atual, mudou o modo de jogar da seleção alemã,
apesar de Joachim Löw ter muitos méritos. Não
é coincidência a sapatada levada pelo Brasil lembrar os massacres que o
Barcelona impôs sobre o Santos na final do Mundial de Clubes de 2011 (4 x 0) e
em amistoso no ano passado (8 x 0). Não que o Brasil deva copiar exatamente o
repertório do antigo Barcelona ou do novo Bayern de Munique, não é isso. O que
não pode é não ter repertório algum.
Texto objetivo e muito bom. Uma das poucas análises sérias e inteligentes que vi até agora sobre o vexame que ocorreu em BH.
ResponderExcluir