No futebol brasileiro, todos nós sabemos, o treinador de um
time hoje será o de outro time amanhã e voltará para o primeiro time depois de
amanhã. A rotatividade dos mesmos nomes é tão intensa que é uma tarefa árdua lembrar
a ordem dos últimos técnicos de cada clube ou dos últimos clubes de cada
técnico. A coluna do Mauro Beting no jornal Lance! desta quinta-feira trouxe
uma ilustração claríssima sobre o assunto: há quase 20 anos, em 1995, assim
como hoje, Vanderlei Luxemburgo treinava o Flamengo, Levir Culpi o Atlético
Mineiro, Abel Braga o Internacional e Luiz Felipe Scolari o Grêmio.
Esta semelhança, que está longe de ser uma coincidência, pode
levantar diversos assuntos. O mais atual talvez seja o seguinte: taticamente, o
que Luxemburgo, Levir, Abel e Scolari podem oferecer hoje e que não poderiam há
19 anos. Em outras palavras, o que este quarteto evoluiu em termos táticos no
passar de quase duas décadas? A resposta, curta e um pouco grossa, é: nada.
Nenhum dos quatro treinadores aqui citados estudou o suficiente para ter condições
de promover, num futuro próximo, qualquer diferencial tático em suas equipes. Flamengo,
Atlético Mineiro, Internacional e Grêmio podem até alcançar resultados
positivos, principalmente os gaúchos, mas os triunfos que vierem estarão mais
associados a fatores técnicos, físicos e psicológicos do que táticos.
Muitos definiam as visões do treinador, cronista e
comentarista esportivo João Saldanha como adiantadas em relação ao seu tempo.
Na apresentação do livro Na Boca do Túnel,
lançado em 1968, há quase meio século, Saldanha dizia que o futebol, “em sua
evolução vertiginosa, apoiado pela ciência, está agora desafiando diariamente
os técnicos. Aquele que estagnar ficará superado”. Já na orelha do livro Tática Mente, do jornalista Paulo
Vinicius Coelho, lançado neste ano de 2014, Luiz Felipe Scolari diz que seu
negócio no futebol nunca foi “essa coisa de ler livros e tal”. Bom, em se
tratando do tema treinadores de futebol no Brasil, parece que João Saldanha era
não só adiantado ao seu tempo, mas também ao tempo dos nossos técnicos de hoje.
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