Romero Britto – nascido em Recife, a 6 de outubro de 1963 – é
o que podemos chamar de cidadão do mundo, e não seria exagero dizer que ele alcançou
um status talvez nunca alcançado por nenhum pintor brasileiro. Assim como seus
oito irmãos – um deles, Baltemar Britto, é inclusive treinador e já foi
auxiliar de José Mourinho –, o artista pernambucano é apaixonado por futebol.
Hoje, na atual função de embaixador da Copa do Mundo 2014, Britto empresta as
cores, a vida e a peculiaridade de sua arte para o esporte mais popular do
planeta.
segunda-feira, 28 de abril de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 2ª RODADA – CORINTHIANS X FLAMENGO
Corinthians 2 x 0 Flamengo – Pacaembu, São Paulo (SP)
Na despedida alvinegra do Pacaembu, Flamengo joga mais de um
tempo com um homem a menos e cai diante de um Corinthians que fez apenas o
suficiente para vencer.
Os dois clubes de maior torcida do Brasil fizeram um primeiro
tempo tão pobre, mas tão pobre, que deu até pena. Fora o gol corintiano, aos 9
minutos, nascido em córner e bem concluído pelo Guilherme, nada foi criado
ofensivamente que merecesse aplausos. Nem por alvinegros, nem por rubro-negros.
Pelo lado do Flamengo, muito da pobreza ofensiva pode ser
creditada à escolha do lento e previsível André Santos como único meia armador,
posição que, em princípio, deveria ser ocupada por um jogador criativo, de
pensamento rápido e qualidade no passe capaz de obedecer a este pensamento. Já
pelo lado do Corinthians, a infertilidade com a bola nos pés pode ser colocada
na conta de uma vontade de se resguardar tão grande que beirou a preguiça.
A expulsão de Léo Moura, no fim da etapa inicial, e uma bela
finalização no travessão do Fábio Santos, logo após o início do segundo tempo,
deram a entender que o Corinthians iria deixar a cautela excessiva de lado e
tomar as rédeas do confronto. Que nada! De maneira até surpreendente, o
Flamengo, principalmente quando já formava como o trio Mugni, Paulinho e Nixon,
começou a rondar a área alvinegra e dar trabalho ao goleiro Cássio.
O crescimento rubro-negro fez com que ali pela metade do
segundo tempo o gol de empate flamenguista parecesse até maduro. Porém, minuto
após minuto, as forças do Fla se esvaíram e o Corinthians, numa das raras vezes
que conseguiu tramar um lance de ataque, deu números finais ao embate em
cruzamento de Fábio Santos e desvio do zagueiro Gil.
Pela festa realizada pelos quase 40 mil presentes nas
arquibancadas, pela histórica despedida do estádio que sempre o recebeu de
coração aberto e por ter jogado um tempo inteiro com um homem a mais, o
Corinthians poderia (e deveria) ter apresentado um melhor futebol. Quanto ao
Flamengo, resta juntar os cacos da derrota rapidamente e começar a buscar um
rumo antes que a briga contra o rebaixamento não se torne o seu único objetivo.
Corinthians: Cássio; Fagner, Cleber, Gil e Fábio Santos; Guilherme,
Ralf, Jádson e Petros (Danilo); Romarinho (Malcom) e Guerrero (Luciano).
Técnico: Mano Menezes.
Flamengo: Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir e João Paulo;
Cáceres, Márcio Araújo, Luiz Antônio e Paulinho; André Santos (Mugni);
Alecsandro (Nixon). Técnico: Jayme de Almeida.
sábado, 26 de abril de 2014
JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - PALMEIRAS X FLUMINENSE - 2012
Palmeiras 2 x 3 Fluminense
Campeonato Brasileiro 2012 – 35ª rodada
Prudentão, Presidente Prudente (SP)
11 de Novembro de 2012
Palmeiras: Bruno; Wesley, Maurício Ramos, Henrique (Román) e
Juninho; João Denoni, Marcos Assunção (Luan), Correa e Patrick Vieira; Obina
(Maikon Leite) e Barcos. Técnico: Gilson Kleina.
Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Diguinho), Leandro
Euzébio, Gum e Carlinhos; Edinho, Jean e Thiago Neves; Wellington Nem (Marcos
Júnior), Fred e Rafael Sóbis (Valencia). Técnico: Abel Braga.
Gols: Fred (Fluminense), aos 45’ de primeiro tempo; Maurício
Ramos (Palmeiras-contra), aos 8’; Barcos (Palmeiras), aos 16’; Patrick Vieira
(Palmeiras), aos 19’ e Fred (Fluminense), aos 42’ do segundo tempo.
Foi épico! Foi vibrante! Foi de tirar o fôlego! O que
Fluminense e Palmeiras fizeram naquele domingo foi de ressuscitar defunto. Os
tricolores adentraram o gramado com chances de sair dele como campeões
brasileiros, chances estas que se tornaram quase certeza quando Fred e Maurício
Ramos, contra, colocaram dois a zero no placar e o vascaíno Alecsandro fez o
gol de empate diante do Atlético Mineiro, único rival do Flu na briga pelo
título. Se tudo seguisse assim, o caneco já poderia ser endereçado para as
Laranjeiras.
Porém, o desesperado Palmeiras, que vivia uma árdua luta
contra o rebaixamento, tirou forças sabe-se lá de onde e num piscar de olhos
igualou tudo, com Barcos e Patrick Vieira. Faltavam uns 30 minutos para o fim.
E que minutos! O Alviverde se mostrava imponente e ostentava sua fibra. O
Tricolor lutava com amor e vigor. E nesse momento, fez a diferença em favor do
Fluzão o fato de contar com os dois melhores jogadores daquele campeonato.
O goleiro Diego Cavalieri, que salvou milagrosamente o que
seria o tento da virada palmeirense, e o artilheiro Fred, que com a precisão de
quem sabe tudo de grande área fez o gol do ponto final, o gol da vitória histórica,
o gol do título.
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Jogos Inesquecíveis do Brasileirão
quinta-feira, 24 de abril de 2014
A VANTAGEM IMPOSTA
Já há algum tempo ganhou tom de verdade absoluta futebolística
que em um confronto de ida e volta é melhor ser visitante primeiro e anfitrião
depois. Dito de outro modo, jogar os últimos 90 de um duelo de 180 minutos em
casa se tornou uma vantagem inegável. E realmente seria?
O grande benefício de ser mandante na segunda partida de uma
mata-mata é estar ao lado da torcida nos momentos derradeiros. Este, porém, é um
benefício bem relativo, pois uma combinação entre resultado desfavorável e atuação
ruim no caminhar do jogo de volta inquieta o antes esperançoso torcedor e o
apoio das arquibancadas tem grandes possibilidades de se transformar em
desestabilizadoras vaias.
Outro dito ponto positivo de mandar a partida de volta é
entrar em seu próprio campo já sabedor do resultado que precisa fazer para se
classificar. Ora, bolas, onde está a vantagem em saber, por exemplo, que é
necessário vencer por três, quatro ou cinco gols de diferença? Para um time de
psicológico fraco, como são muitos no futebol brasileiro, a necessidade de golear
para passar de fase é suficiente para desorganizá-lo taticamente, fragilizá-lo
tecnicamente e esgotá-lo fisicamente.
A intenção aqui não é a de inverter os polos, ou seja,
decretar que é melhor jogar a primeira partida em casa e a segunda fora. Ser
visitante na volta também tem seus problemas. Na verdade, vantagem mesmo seria
um time poder olhar para si próprio, para o seu departamento médico, para o calendário
da competição (com o intuito de compará-lo com outros torneios simultâneos), para
o adversário e para a casa do adversário (altitude? caldeirão? viagem longa?) e
decidir qual seria a ordem do mando de campo que ele considera mais vantajosa. Isso
sim seria vantagem, não a imposição que atualmente é feita.
COPA LIBERTADORES 2014 - OITAVAS DE FINAL - SAN LORENZO X GRÊMIO
San Lorenzo 1 x 0 Grêmio – Estádio Nuevo Gasometro, Buenos
Aires (Argentina)
Em jogo truncado e de poucas oportunidades de gols, Grêmio
perde para o San Lorenzo e precisará vencer em Porto Alegre para seguir adiante
na Libertadores.
Durante os 90 minutos, o mérito gremista foi o de não deixar
o calor das arquibancadas descer ao gramado e inflamar os anfitriões. Em outras
palavras, não existiu pressão do San Lorenzo no Nuevo Gasometro. Para critérios
de comparação, vale ressaltar que, diante do Tricolor Gaúcho, os argentinos construíram
apenas três oportunidades de gols, um número pequeno, ainda mais se comparado
com as 10 chances que foram criadas na vitória por três a zero que eliminou o
Botafogo.
Fechadinho em seu próprio campo e sempre chegando junto (os ligados
volantes Edinho e Riveros que nos digam), o Grêmio dificultou muito a vida dos
meias e laterais argentinos. Piatti, por exemplo, esteve em campo por mais de
uma hora e nada – nadica de nada – conseguiu produzir em termos ofensivos. O
mesmo vale para o Villalba, e também valeria para o arisco Correa, mas este
soube aproveitar a única dormida no ponto dos gaúchos para fazer um a zero, aos
6 minutos do segundo tempo.
Até se ver em desvantagem, a única alternativa gremista para
buscar o ataque era a velocidade do Dudu, que exerceu muito bem a função de
auxiliar a defesa e iniciar os contragolpes. Porém, assim que o San Lorenzo foi
às redes, Ramiro deu lugar a Luan e o Tricolor se aproveitou de um
surpreendente acanhamento dos argentinos para buscar o ataque com mais
convicção. Sem muito refino, o mais perto que o Grêmio esteve do empate foi uma
cobrança de falta na linha da pequena área (recuo para o goleiro) que Barcos
mandou por cima da meta.
No finzinho, um arremate do Cavallaro quase ampliou a
vantagem argentina, o que seria um golpe enorme nas pretensões tricolores. No
entanto, a pelota não entrou e derrota por um a zero é perfeitamente reversível
em Porto Alegre.
San Lorenzo: Torrico; Buffarini, Valdés, Gentiletti e Más;
Mercier e Ortigoza; Villalba (Cavallaro), Correa (Elizari) e Piatti (Kannemann);
Matos. Técnico: Edgardo Bauza.
Grêmio: Marcelo Grohe; Pará, Werley, Pedro Geromel e Léo Gago
(Breno); Riveros, Edinho e Ramiro (Luan); Zé Roberto (Maxi Rodríguez) e Dudu;
Barcos. Enderson Moreira.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
GÊNIOS DAS PALAVRAS
El Juramento
Por Gabriel García
Márquez
[Crônica do ícone da
literatura sul-americana sobre a primeira vez que foi a um estádio de futebol.
A partida em questão é o duelo colombiano entre Junior de Barranquilla, do
atacante brasileiro Heleno de Freitas, contra o Millonarios, do argentino
Alfredo Di Stéfano, realizado no dia 14 de junho de 1950]
Y entonces resolví
asistir al estadio. Como era un encuentro más sonado que todos los anteriores,
tuve que irme temprano. Confieso que nunca en mi vida he llegado tan temprano a
ninguna parte y que de ninguna tampoco he salido tan agotado.
Alfonso y Germán no
tomaron nunca la iniciativa de convertirme a esa religión dominical del futbol,
con todo y que ellos debieron sospechar que alguna vez me iba a convertir en
ese energúmeno, limpio de cualquier barniz que pueda ser considerado como el
último rastro de civilización, que fui ayer en las graderías del municipal. El
primer instante de lucidez en que caí en la cuenta de que estaba convertido en
un hincha intempestivo, fue cuando advertí que durante toda mi vida había
tenido algo de que muchas veces me había ufanado y que ayer me estorbaba de una
manera inaceptable: el sentido del ridículo. Ahora me explico por qué esos
caballeros habitualmente tan almidonados, se sienten como un calamar en su
tinta cuando se colocan, con todas las de la ley, su gorrita a varios colores.
Es que con ese solo
gesto, quedan automáticamente convertidos en otras personas, como si la gorrita
no fuera sino el uniforme de una nueva personalidad. No sé si mi matrícula de
hincha esté todavía demasiado fresca para permitirme ciertas observaciones
personales acerca del partido… En primer término, me pareció que el Junior
dominó a Millonarios desde el primer momento. Si la línea blanca que divide la cancha
en dos mitades significa algo, mi afirmación anterior es cierta, puesto que muy
pocas veces pudo estar la bola, en el primer tiempo, dentro de la mitad
correspondiente a la portería del Junior. (¿Qué tal va mi debut como
comentarista de futbol?).
Por otra parte, si
los jugadores del Junior no hubieran sido ciertamente jugadores sino
escritores, me parece que el maestro Heleno habría sido un extraordinario autor
de novelas policíacas. Su sentido del cálculo, sus reposados movimientos de
investigador y finalmente sus desenlaces rápidos y sorpresivos le otorgan
suficientes méritos para ser el creador de un nuevo detective para la novelística
de policía. Haroldo, por su parte, habría sido una especie de Marcelino
Menéndez y Pelayo, con esa facilidad que tiene el brasileño para estar en todas
partes a la vez y en todas ellas trabajando, atendiendo simultáneamente a once
señores, como si de lo que se tratara no fuera de colocar un gol sino de
escribir todos los mamotretos que don Marcelino escribiera. Berascochea habría
sido, ni más ni menos, un autor fecundo, pero así hubiera escrito setecientos
tomos, todos ellos habrían sido acerca de la importancia de las cabezas de
alfiler. Y qué gran crítico de artes habría sido Dos Santos –que ayer se portó
como cuatro– cortándole el paso a todos los escribidorcillos que pretendieran
llegar, así fuera con los mayores esfuerzos, a la portería de la inmortalidad.
De Latour habría escrito versos. Inspirados poemas de largometraje, cosa que no
podría decirse de Ary. Porque de Ary no puede decirse nada, ya que sus
compañeros del Junior no le dieron oportunidad de demostrar al menos sus más
modestas condiciones literarias.
Y esto por no entrar
con los Millonarios, cuyo gran Di Stéfano, si de algo sabe, es de retórica.
No creo haber
perdido nada con este irrevocable ingreso que hoy hago –públicamente– a la
santa hermandad de los hinchas. Lo único que deseo, ahora, es convertir a
alguien. Y creo que va a ser a mi distinguido amigo, el doctor Adalberto Reyes,
a quien voy a convidar a las graderías del Municipal en el primer partido de la
segunda vuelta, con el propósito de que no siga siendo –desde el punto de vista
deportivo– la oveja descarriada”.
domingo, 20 de abril de 2014
CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 - 1ª RODADA - SÃO PAULO X BOTAFOGO
São Paulo 3 x 0 Botafogo – Morumbi, São Paulo (SP)
Frágil e tímido, Botafogo não resiste ao São Paulo no Morumbi
e estreia no Brasileirão com uma sonora derrota por três a zero.
Pelo pouco tempo de trabalho no clube, era totalmente
compreensível que o estreante Vágner Mancini optasse por uma formação
semelhante à que vinha sendo utilizada pelo ex-técnico Eduardo Hungaro. O que
nem de longe foi possível de se compreender, porém, foi a postura de
coadjuvante do Botafogo. Em poucas palavras, a atuação alvinegra em nada mudou
se comparada com aquela apatia enorme mostrada diante do San Lorenzo, pela
Libertadores, há cerca de duas semanas.
Logo após o apito inicial o cenário do confronto já estava
desenhado: o Botafogo foi ao jogo com a proposta de se fechar em seu próprio
campo, deixar a bola nos pés tricolores e aguardar pelos espaços para
contra-atacar. Porém, os alvinegros foram tão frágeis defensivamente que o São
Paulo teve a bola e os espaços para construir tramas ofensivas quando bem
entendesse.
Com o trio Bochilia, Ganso e Pato repleto de liberdade para
esbanjar técnica, o Tricolor criou nada menos do cinco dos chamados melhores momentos
na etapa inicial e foi para o intervalo com uma ótima vantagem de 2 a 0, gols
de Antônio Carlos, aos 12, e Douglas, aos 21, este último após perfeita assistência
de Pato.
Na busca por dar vida ao seu time, Mancini lançou mão de
Bolatti e Zeballos no intervalo, mas, aos 10, uma trama refinadíssima entre
Pato, Ganso e Luís Fabiano terminou em gol do centroavante e colocou fim a qualquer
esperança botafoguense de sair do Morumbi com um bom resultado. Abre parêntese.
Apesar de não ter ido às redes, Pato fez um partidaço e foi essencial para o
triunfo tricolor. Fecha parêntese.
Já sem maiores pretensões na partida, o Bota conseguiria
criar, através do Zeballos, seus únicos bons lances ofensivos, mas o ligado
Rogério Ceni impediu que o adversário chegasse sequer ao gol de honra. Ainda é
cedo para qualquer previsão mais contundente, mas, sem dúvidas, este é um
preocupante início de Brasileirão para os de General Severiano e um empolgante
começo para os do Morumbi.
São Paulo: Rogério Ceni; Douglas, Rodrigo Caio, Antônio
Carlos e Alvaro Pereira (Reinaldo); Maicon e Souza; Boschilia (Pabón), Ganso e
Pato (Osvaldo); Luís Fabiano. Técnico: Muricy Ramalho.
Botafogo: Jefferson; Edilson (Lucas), Bolívar, Dória e Júlio
César; Gabriel e Marcelo Mattos; Lodeiro, Jorge Wágner (Bolatti) e Wallyson
(Zeballos); Ferreyra. Técnico: Vágner Mancini.
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