quinta-feira, 31 de outubro de 2013

DIEGO COSTA É, ANTES DE TUDO, UM CORAJOSO


Uns vão o chamar de louco, outros tantos de vendido, alguns mais de apátrida. Todos, porém, vão concordar: Diego Costa é um corajoso. Sem muitos floreios, apenas o preto no branco, Diego Costa disse não à Seleção Brasileira e sim à Seleção Espanhola, às vésperas de uma Copa do Mundo que será realizada no Brasil.

Diz a história que a maior vaia que já se escutou em gramados tupiniquins foi direcionada a Julinho Botelho, em um amistoso entre Brasil e Inglaterra, no Maracanã, logo após a Copa do Mundo de 1958. Todos os milhares de presentes queriam ver Garrincha, mas foi Julinho quem entrou em campo com a camisa sete, barrando o Anjo das Pernas Tortas. O estádio quase virou pó, tamanha a vaia, mas Julinho, como grande craque que sempre foi, deu um show de bola e saiu de campo aplaudido. Agora, com a decisão de Diego Costa, este “recorde” de Julinho está com os dias contados.

Não importa em qual dos superfaturados estádios da Copa de 2014 a Espanha jogar, a aversão ao atual artilheiro do Campeonato Espanhol será maior do que a qualquer outro participante do Mundial. Existe fortemente no Brasil a ideia de que a Seleção é a “Pátria de Chuteiras” – expressão criada por Nelson Rodrigues –, e o crescimento do sentimento patriótico com aproximação da Copa, crescimento este que já foi visto e ouvido na última Copa das Confederações, fará com que todos vejam Diego Costa como alguém que negou não só a Seleção Brasileira, mas que negou o Brasil.


Diego Costa não foi o primeiro (e nem será o último) nascido no Brasil a defender as cores de outra Seleção. Porém, foi o primeiro a receber dois convites simultaneamente e, com toda a imprensa e atenção sobre ele, negar a camisa amarela para vestir outra. Os motivos que o levaram a tal escolha dizem respeito apenas ao próprio e aos seus familiares, mas, agora, ele terá de arcar com as consequências, pois sua decisão de defender a Fúria será retribuída com muita fúria por parte dos torcedores brasileiros. 

COPA DO BRASIL 2013 - SEMIFINAL - GOIÁS X FLAMENGO

Goiás 1 x 2 Flamengo – Serra Dourada, Goiânia (GO)

Flamengo vence Goiás com gols de Paulinho e Chicão – Vítor marcou para os anfitriões – e sai na frente na briga pela vaga na final da Copa do Brasil.

Pode parecer ilógico, mas os primeiros minutos após o apito inicial mostraram que tanto o Goiás quanto o Flamengo queriam jogar pelo regulamento. O Esmeraldino, com receio de levar o temível gol como mandante, pouco se abria para atacar, enquanto o Rubro-Negro, apoiado no fato de que jogará a volta no Maracanã, não injetava calor na sua estratégia de contra-atacar.

Assim, como os times não se desarrumavam, os espaços não surgiam, e somente uma jogada refinada seria capaz de alterar o cenário. E ela veio por parte do Flamengo, aos 24, quando André Santos trabalhou com Paulinho pela esquerda e este, após descompassar o zagueiro Rodrigo, marcou um golaço. Foi a senha para abrir o jogo. O Goiás, que até então não atacava por seu lado direito, justamente para bloquear o Paulinho, começou a forçar as jogadas pelo setor com o ponta Roni e o lateral Vítor, que aproveitou bobeada de Elias na saída de bola e igualou o escore, aos 38.

O torcedor goiano mal havia se ajeitado na arquibancada, poltrona de casa ou cadeira do bar após a comemoração e o Flamengo voltou à frente do placar em cobrança de falta certeira de Chicão. Agora, o Rubro-Negro tinha uma grande vantagem. Tão grande que decidiu ignorar o ataque na etapa final e apenas se defender, rifar bolas para onde o nariz apontava e, raramente, tentar fazer o relógio andar com passes laterais. O recuo flamenguista foi tamanho que não tinha como o Goiás não crescer na partida. Com o tanque cheio pelas três substituições realizadas, o Esmeraldino criou raízes no campo de ataque e levou perigo ao Paulo Victor com Paulo e duas vezes com Welinton Junior, sem, no entanto, chegar às redes.

Para fazer valer a possibilidade de poder empatar ou até perder por um a zero no Maracanã, é aconselhável que o Flamengo não repita a postura excessivamente recuada do segundo tempo no Serra Dourada. A vantagem rubro-negra é grande, mas nada está definido.

Goiás: Renan; Vítor, Ernando, Rodrigo e William Matheus; Thiago Mendes e David; Eduardo Sasha (Welinton Junior), Hugo e Roni (Renan Oliveira); Júnior Viçosa (Paulo). Técnico: Enderson Moreira.


Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Amaral, Luiz Antônio e Elias; Carlos Eduardo (Diego Silva) e Paulinho (Gabriel); Hernane (Nixon). Técnico: Jayme de Almeida. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

FUTEBOL É ARTE























Radicado em Baltimore (EUA) – se graduou na Maryland Institute College of Art – o ilustrador sul-coreano Meen Choi tem no futebol um de seus temas prediletos. Segundo o próprio, suas obras refletem seu apreço pelos grandes mestres europeus, desenhos orientais em nanquim e estilo surrealista. Na sessão “Futebol é Arte” de hoje, podemos ver o nosso maior craque da atualidade em uma das ilustrações de Choi.

domingo, 27 de outubro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 - 31ª RODADA - FLUMINENSE X VITÓRIA









RESULTADOS
Botafogo 1 x 0 Atlético Mineiro
Cruzeiro 5 x 3 Criciúma
Corinthians 1 x 1 Santos
Bahia 1 x 1 Atlético Paranaense
Internacional 2 x 3 São Paulo
Ponte Preta 2 x 1 Vasco
Portuguesa 0 x 0 Flamengo
Fluminense 2 x 3 Vitória
Náutico 0 x 2 Goiás
Coritiba 4 x 0 Grêmio

ARTILHARIA
16 Gols – Éderson (Atlético Paranaense)
14 Gols – Gilberto (Portuguesa) e William (Ponte Preta)
13 Gols – Hernane (Flamengo) e Fernandão (Bahia)

Fluminense 2 x 3 Vitória – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Mesmo com um homem a mais desde os 15 minutos do primeiro tempo, Fluminense repete erros recentes e perde para o Vitória.

Sempre que sai atrás do placar – fato que ocorreu 11 vezes nas últimas 12 partidas, uma marca assustadora – o Fluminense se desespera. Parece que todos os seus jogadores ficam com os rostos como o do famoso quadro “O Grito”, de Edvard Munch. Desta feita, contra o Vitória, o Flu levou um tento quando já tinha um jogador a mais (Kadu fora expulso após entrada em Diguinho, aos 15, e Marquinhos foi às redes aos 24), e, com mais de uma hora de jogo pela frente, não teve paciência para colocar a bola no chão e pensar melhor suas tramas. Nem após o empate, aos 27, em jogada de Biro Biro que Ayrton completou contra o próprio patrimônio.

Disse que os jogadores se desesperam, mas o técnico Luxemburgo não fica atrás. Se suas escalações iniciais já são cheias de improviso, suas alterações deixam o time como um bando. Seu pecado maior, desta vez, foi mudar o posicionamento do Rafinha, que, na etapa inicial, era o mais bem sucedido em dar profundidade aos ataques tricolores e, após o intervalo, voltou como primeiro volante. Mesmo assim, abafando o Vitória em seu campo, o Flu chegou à virada, aos 12, na sua única jogada refinada na partida: de Felipe para Biro Biro para Sóbis para o fundo do barbante.

Porém, a fragilidade defensiva, talvez o maior problema do Flu nesta campanha horripilante, não permitiria a conquista dos três pontos. O Rubro-Negro Baiano – que teve como maior mérito a capacidade de em nenhum momento parecer estar jogando com dez, apesar da postura naturalmente mais defensiva – se aproveitou dos erros técnicos e táticos da retaguarda tricolor e alcançou a vitória com gols de Juan (aos 16 minutos) e William Henrique (aos 19), ambos com participação decisiva de Marquinhos, que ainda perdeu uma oportunidade na pequena área.

Com Edinho e Leandro Euzébio de atacantes, mais um símbolo do desespero, o Fluminense ouviu o apito final chegar para decretar seu sétimo jogo seguido sem vitória.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum (Felipe), Leandro Euzébio e Igor Julião (Ronan); Edinho, Diguinho (Marcos Junior) e Jean; Rafinha, Biro Biro e Rafael Sóbis. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Vitória: Wilson; Ayrton, Victor Ramos, Kadu e Juan; Cáceres e Michel (Luiz Gustavo); Renato Cajá (William Henrique) e Escudero; Marquinhos e Dinei (Euller). Técnico: Ney Franco.

CURTINHAS PELO BRASILEIRÃO

- Se em termos de tabela cada uma das 38 rodadas do campeonato possui o mesmo peso, quando o assunto é o psicológico não podemos dizer o mesmo. E é justamente aí, no valor psicológico, que a vitória do Botafogo sobre o Atlético Mineiro se coloca como uma das mais importantes conquistadas pelo Glorioso na competição. Tanto para diminuir o abalo da eliminação traumática na Copa do Brasil como para se proteger do perigoso crescimento de Goiás e Vitória.

- Tantos são os culpados pela situação caótica em São Januário que seria impossível listá-los. No entanto, não tem como poupar os goleiros vascaínos. Que fique claro que eles, Diogo Silva e Alessandro, não são os únicos culpados pelos resultados negativos que se sucedem, mas que fique mais claro ainda que um clube da grandeza do Vasco não pode contar com arqueiros com tantas deficiências técnicas.


- E quando o Coritiba dava todos os indícios de que não conseguiria se reerguer, vem uma vitória heroica contra o líder Cruzeiro e uma goleada maiúscula diante do Grêmio. Se a situação coxa-branca ainda não é tranquila, muitos, inclusive torcedores do próprio clube, pensavam que ela seria infernal ao fim desta 31ª rodada.

sábado, 26 de outubro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CORINTHIANS X SANTOS - 2002

Corinthians 2 x 3 Santos

Campeonato Brasileiro 2002 – Segundo Jogo da Final

15 de Dezembro de 2002

Morumbi, São Paulo (SP)

Público: 74.592

Corinthians: Doni; Rogério, Fábio Luciano, Anderson e Kléber; Vampeta, Fabinho (Fabrício), Renato (Marcinho) e Deivid; Guilherme (Leandro) e Gil. Técnico: Carlos Alberto Parreira.

Santos: Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Léo; Paulo Almeida, Renato, Elano e Diego (Robert) (Michel); Robinho e William (Alexandre). Técnico: Émerson Leão.

Gols: Primeiro tempo – Robinho (Santos), aos 37’. Segundo tempo –  Deivid (Corinthians), aos 30’; Anderson (Corinthians), aos 39’; Elano (Santos), aos 43’; Léo (Santos), aos 47’.


A decisão do Brasileiro de 2002, entre Santos e Corinthians, foi o jogo dos dribles ilusionistas do ainda menino Robinho ou o das defesas impossíveis do goleiro Fábio Costa? Não dá para escolher, amigos. Foi um e outro. E foi também um dos clássicos entre os alvinegros paulistas com mais alternâncias de sensações nos seus 100 anos de vida. Que nos digam os santistas. Tudo começou quando o relógio mal tinha chegado aos 10 segundos e o camisa 10 da Vila, Diego, sentiu uma lesão na coxa e teve que ser substituído. Tensão no lado santista, que perdurou durante boa parte da etapa inicial, para ser mais exato, até o minuto 35, quando Robinho engatou aquela histórica sequência de pedalas que ninguém que hoje seja maior de idade consegue esquecer. Derrubado na área por Rogério, o próprio Robinho igualou o placar em cobrança de pênalti. Confiança no lado santista, que crescia ainda mais com as defesas milagrosas que Fábio Costa começou a realizar no segundo tempo. “Hoje é o dia do nosso goleiro! Não tem pra ninguém!”, pensavam os santistas. Até que aos 30 e aos 39, primeiro com Deivid depois com Anderson, o Corinthians virou o placar e ficou a um gol de tirar a vantagem de 2 a 0 estabelecida pelo Peixe no jogo de ida e, consequentemente, levar o caneco para o Parque São Jorge. Desespero no lado santista, o desespero de quem vê o sonho a cair por entre os dedos. Mas Robinho tratou de recolher todos os sonhos escorregadios e devolver para a galera. Como se esperasse os momentos críticos para aparecer, Robinho iniciou as jogadas que Elano e Léo transformariam em 3 a 2, em título, em alegria no lado santista.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

LETAL E CIRÚRGICO VERSUS RÚSTICO E REFINADO

Por ordem alfabética: André, Barcos, Borges, Diego Tardelli, Emerson “Sheik”, Fred, Forlán, Guerrero, Jô, Kléber “Gladiador”, Leandro Damião, Luis Fabiano, Pato, Rafael Sóbis e Scocco. Uns pelo que jogaram recentemente e outros pelo que já fizeram num passado mais distante, mas qualquer um destes nomes não causaria espanto e surpresa se chegasse a este fim do mês de outubro como o grande atacante do momento. No entanto, os dois homens que brigam por este posto não se encontram nesta lista. A esta altura, creio que o amigo leitor já sabe que falo do rubro-negro Hernane e do esmeraldino Walter.

Se você quer alguém para trabalhar jogadas de pivô, prender a redonda enquanto os meias não chegam, ajudar a valorizar a posse de bola ou abrir espaços para quem vem de trás, não conte com o Hernane. Agora, se você quer alguém que consegue transformar qualquer jogada em gol, seja ela bem tramada ou cadavérica, aí é só chamar o Brocador. No instinto, no reflexo, sem nem arrumar o corpo, com uma confiança que chega a ser visível, bem posicionado – mas, às vezes, até mesmo na hora errada e no lugar errado –, Hernane não para de balançar as redes. E sempre de primeira, como se isso fizesse seus adversários sentirem menos dor. Aquela história do “puxa rápido o esparadrapo que dói menos”.

Walter é um poço de técnica. Tem tanta, mas tanta categoria, que seus companheiros lhe mandam granadas, jacas, tijolos e, com um domínio que parece mais simples que desenhar a bandeira do Japão, Walter transforma tudo em flores, pedaços de algodão e doce suspiro. Aos seus pés a bola parece cumprir ordens, sejam estas a de ir dormir no fundo das redes ou de encontrar um esmeraldino na cara do gol. Mas o futebol de Walter, amigos, é bipolar. De repente, quando ninguém espera, ele descobre um chute certeiro, violento, cheio de veneno e sem misericórdia, deixando a própria bola sem entender nada.

O rústico e refinado Walter e o letal e cirúrgico Hernane comandam Goiás e Flamengo nesta reta decisiva da temporada. Cada um a sua maneira, mas com uma semelhança que é o que mais importa: o destino final da bola.


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

COPA DO BRASIL 2013 - QUARTAS DE FINAL - FLAMENGO X BOTAFOGO


Flamengo 4 x 0 Botafogo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Léo Moura esbanja, Paulinho voa, Hernane não perdoa e Flamengo goleia o Botafogo para avançar à fase semifinal da Copa do Brasil.

Até o minuto 11 da etapa final, quando o impossível Hernane foi às redes pela terceira vez no clássico e efusivamente comemorou com o gesto de “acabou”, o confronto entre Flamengo e Botafogo se caracterizava por uma batalha de estilos, com o time da Gávea a demonstrar uma supremacia assustadora sobre o de General Severiano.

Na batalha de estilos, o Flamengo se defendia ferrenhamente e se lançava ao ataque pela esquerda, com a velocidade de Paulinho, que fez os mais antigos reviverem o tempo dos ariscos pontas. O lateral-direito alvinegro Gilberto, sem ninguém para ajudá-lo no seu setor, levou um baile do inspirado Paulinho, e foi por ali que a vitória rubro-negra foi conquistada. Dois cruzamentos do André Santos e um rebote de Jefferson em finalização de Paulinho encontraram Hernane dentro da área, e, sempre com apenas um toque na redonda, o “Brocador” não teve misericórdia e a colocou três vezes no fundo do barbante.

Até o referencial minuto 11 do segundo tempo, o Botafogo se esforçava para tentar ludibriar a retaguarda flamenguista com muita movimentação. Seedorf, Gegê, Lodeiro e Rafael Marques trocavam de posições e buscavam aproximações, porém não mostravam poder ofensivo para transformar as jogadas nascentes em perigo ao goleiro Felipe. “E o que explica o triunfo do estilo flamenguista sobre o botafoguense?”, o amigo leitor pode perguntar.

Pois bem, explica-se pela superioridade física, psicológica e técnica apresentada pelo Fla no confronto. Física a ponto de Jayme só realizar sua primeira substituição a cinco minutos do fim, mesmo com toda a intensidade da disputa.  Psicológica por saber absorver toda a atmosfera de uma partida decisiva em um Maracanã lotado. Técnica por ter caprichado nos mais diversos fundamentos – marcação, saída em contra-ataque, cruzamento, finalização, passe, drible... –, com destaque para o aniversariante Léo Moura, impecável para roubar bolas, sair para o jogo e fechar a goleada ao converter o pênalti sofrido por Hernane (Dória foi expulso no lance).

Sem dúvidas a melhor atuação do Flamengo no ano. Com algumas pequenas dúvidas, a melhor em anos.

Flamengo: Felipe; Léo Moura (Rafinha), Chicão, Wallace e André Santos; Elias, Amaral, Luiz Antônio e Paulinho (Bruninho); Carlos Eduardo (Adryan); Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.


Botafogo: Jefferson; Gilberto, Bolívar, Dória e Julio Cesar; Renato (Lucas Zen) e Marcelo Mattos (Sassá); Seedorf (Dankler), Lodeiro e Gegê; Rafael Marques. Técnico: Oswaldo de Oliveira.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

FAZER O SIMPLES TAMBÉM PODE DAR CERTO

Muito se fala na ausência de inovações táticas no futebol brasileiro dos tempos recentes, o que acaba por tornar os jogos muito parecidos e, rodada após rodada, vemos apenas mais do mesmo. Não seria tão radical a este ponto, e consigo enxergar alguns trabalhos refinados e interessantes nos últimos meses – Tite (Corinthians), Cuca (Atlético Mineiro) e Oswaldo de Oliveira (Botafogo). No entanto, acredito que, em certos momentos, a simplicidade tática é essencial para o bom funcionamento de uma equipe. Vejamos os casos de Vasco e Fluminense, ambos em situação pra lá de preocupante no Brasileirão.

Desde a 21ª rodada, o Vasco se encontra ou na zona de degola ou na beirada dela. Quando Juninho Pernambucano não está em campo, o Cruz-Maltino é de uma fraqueza técnica de dar dó. Uma maneira de amenizar tal fraqueza técnica seria investir em uma estrutura tática simples, que não rendesse mais problemas do que a equipe já tem e pudesse ser facilmente repetida. Em outras palavras, o Vasco deveria ser um time de totó, com os jogadores a ter funções de fácil compreensão e execução. No entanto, Dorival Júnior tenta fazer de Pedro Ken um regista (o meio-campista que se posiciona à frente dos zagueiros para iniciar as tramas de ataque, à la Pirlo) e de Dakson, Jhon Cley e até Montoya um “falso nove”, ao invés de utilizar um homem de referência na área. 

No Fluminense, que não vence há seis jogos e se encontra em queda livre na tabela, Vanderlei Luxemburgo não faz por menos. Uns podem defender o Luxa com a afirmação de que o departamento médico tricolor vive cheio. No entanto, vejo este como apenas mais um motivo para evitar invenções, improvisações e mudanças constantes. Mais do que nunca, o Flu precisava ter uma forma de jogar simples e definida, onde a alteração de nomes não influenciasse o já baixo rendimento. O que se vê, todavia, é Rafinha, que nem é lateral, jogar nas duas laterais; Edinho se alternar entre volante e terceiro zagueiro; Rhayner se movimentar de forma aleatória em campo; o lateral-direito Bruno jogar até de meia; Rafael Sóbis ora aberto, ora como referência... Fora quando Luxemburgo não decide realizar as três substituições possíveis ainda no intervalo.


Amigos, o futebol pode até não ser como dizia Neném Prancha, o “Filósofo do Futebol” – “o futebol é muito simples: quem tem a bola, ataca; quem não tem, defende”. Contudo, parece que tem gente que gosta de complicar...  

domingo, 20 de outubro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 30ª RODADA – BOTAFOGO X VASCO







RESULTADOS
Fluminense 1 x 1 Ponte Preta
Náutico 1 x 5 Santos
Corinthians 1 x 0 Criciúma
Bahia 0 x 1 São Paulo
Internacional 2 x 2 Grêmio
Goiás 3 x 0 Atlético Paranaense
Atlético Mineiro 1 x 0 Flamengo
Botafogo 2 x 2 Vasco
Coritiba 2 x 1 Cruzeiro
Portuguesa 1 x 1 Vitória

ARTILHARIA
15 Gols – Éderson (Atlético Paranaense)
14 Gols – Gilberto (Portuguesa) e Willian (Ponte Preta)
13 Gols – Fernandão (Bahia) e Hernane (Flamengo)

Botafogo 2 x 2 Vasco – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Repleto de reservas, Botafogo abre dois gols de vantagem maneira avassaladora, mas Juninho Pernambucano comanda a reação do Vasco com duas assistências e clássico termina empatado.  

Antes mesmo de a partida ter início já se encontrava na mesa o principal assunto a ser debatido. Com o Goiás a apenas três pontos de distância, o Botafogo entrava em campo mais da metade de seus titulares, todos poupados. Sem pelos na língua, opino: um ato inconsequente. E esta seria minha opinião mesmo que o Botafogo goleasse por quatro ou cinco, o que poderia ter acontecido pelo filme de terror que foi a defesa vascaína. O bota fez dois a zero antes do minuto seis, gols de Dankler e Lodeiro, ambos em falhas do goleiro Diogo Silva, e poderia ter feio muito mais.

Concordo que o calendário sufocante, que faz o apito final de um jogo se misturar ao inicial do seguinte, exige que as comissões técnicas tomem medidas para poupar seus jogadores e evitar contusões. No entanto, invariavelmente, estas comissões mostram que não possuem um planejamento para diminuir o desgaste dos atletas. Ao invés de poupar um nome em uma rodada e dois, ou no máximo três, em outra, de forma a reduzir o impacto no rendimento da equipe, as comissões, apoiadas na desculpa já formada do péssimo calendário, se sentem livres para escalar quase um time inteiro de suplentes. Uma decisão que não gasta neurônios, diferente do que seria a de montar uma planilha de rodízios.

O Botafogo não fechou o caixão cruz-maltino e o bando que era o Vasco ganhou alguns contornos de time com as entradas no intervalo de Juninho Pernambucano e do centroavante Thalles. A vibração que faltava ao time da cruz de malta viria com o gol de cabeça de Jomar, aos oito. O time se inflou e se lançou à frente, o que resultou em mais espaços atrás, é verdade, mas também no gol de empate, com Pedro Ken, aos 23. Daí até o final, um Botafogo perdido com a alternância de cenário do duelo e um Vasco esgotado fisicamente estiveram próximos da vitória. O Bota com Daniel e Lodeiro, e o Vasco em cobrança de falta de Juninho que Jefferson voou para buscar já nos acréscimos.

Assim, o apito final veio para decretar um empate que, em termos de tabela, foi péssimo para botafoguenses, que agora têm o Goiás no cangote, e vascaínos, mais distantes do alívio.

CURTINHAS DO BRASILEIRÃO

- As perdas por negociações, primeiro, e por contusões, depois, fizeram do time do Fluminense uma verdadeira colcha de retalhos. Repetir a escalação é missão quase impossível pelo lado das Laranjeiras. Nestas situações, seria mais coerente apostar em uma estrutura tática simples e que pudesse ser constantemente repetida, porém Vanderlei Luxemburgo insiste complexidades e improvisações. Rafinha é lateral-direito e lateral-esquerdo mesmo sem ser lateral; o volante Edinho faz as vezes de terceiro zagueiro; o lateral Bruno já foi meio-campo; Rhayner, quando joga, parece não ter ideia de sua posição; num jogo Samuel é referência, no outro, não tem referência nenhuma na área; às vezes, no início do segundo tempo, Luxemburgo já fez as três alterações embolando o que já estava embolado... Hoje, em termos táticos, o Flu precisaria ser como um time de totó, com jogadores fixos e conscientes de seus papéis em campo.

- Num Gre-Nal lutado, como sempre, e aberto, como raramente, chamou atenção mais um desempenho apático dos centroavantes Leandro Damião e Barcos. O brasileiro colorado e o argentino tricolor vivem uma fase ruim tecnicamente e de pouca confiança no próprio taco. E, amigos, nada como confiança para quem é responsável por colocar a redonda no fundo do gol, por infernizar os zagueiros, por estar no lugar certo na hora certa...  É mais do que compreensível a perda de espaço dos dois em suas Seleções que vão disputar a Copa do Mundo.


- E o Walter, ein? Impressionante como o atacante goiano consegue, em um mesmo lance, dominar a bola com a delicadeza de uma dama e arrematá-la com a potência de um trator. E no ritmo do rústico e refinado Walter, o Goiás está a quatro pontos da zona da Libertadores e a um empate da semifinal da Copa do Brasil. 

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - INTERNACIONAL X GRÊMIO - 1988


Internacional 2 x 1 Grêmio

Campeonato Brasileiro 1988 – Segundo jogo da fase semifinal

Beira-Rio, Porto Alegre (RS)

12 de fevereiro de 1989

Internacional: Taffarel; Luis Carlos Winck, Aguirregaray, Nenê e Casemiro; Norberto, Leomir (Diego Aguirre) e Luis Carlos Martins; Mauricio (Norton), Nilson e Edu Lima. Técnico: Abel Braga

Grêmio: Mazarópi; Alfinete, Trasante, Luis Eduardo e Airton; Bonamigo, Cuca e Cristóvão; Jorginho (Reinaldo Xavier), Marcos Vinicius e Jorge Veras (Serginho). Técnico: Rubens Minelli.

O nome já diz tudo: Gre-Nal do Século. Assim entrou para a história o duelo entre colorados e tricolores gaúchos pela semifinal do Brasileiro de 1988, um clássico com uma atmosfera como poucas vezes se viu. Após o empate mudo no jogo de ida, no Olímpico, o Beira-Rio recebia quase 80 mil fanáticos. A vantagem do Inter de poder empatar quase foi para o brejo logo no início, em bola de Jorginho na trave, e para lá foi aos 25 minutos, quando Marcos Vinícius fez um a zero Grêmio. Sem alternativas a não ser atacar, o Inter foi à frente e começou a criar oportunidades, mas, aos 37, um baque: Casemiro fez falta duríssima no zagueiro Trasante e foi mais cedo para o chuveiro. Antes mesmo do intervalo, uma bomba de Bonamigo na trave e uma infiltrada de Cuca pelo meio por pouco não deixaram a situação gremista mais confortável. Mesmo com um a homem menos, Abel Braga lançou mão do atacante Aguirre no lugar do volante Leomir, mas tudo apontava para uma festa branca, preta e azul, ainda mais depois que o segundo tempo iniciou com um Grêmio senhor do jogo. Foi quando veio o lance que mudaria a história da partida. Ou melhor, a história do clássico Gre-Nal. Um quase-córner na esquerda foi parar na cabeça de Nilson e o artilheiro do Campeonato não perdoou. Um a um. O empate no tempo normal e na prorrogação daria a classificação ao Inter, mas, logo depois de Luís Carlos Winck carimbar a trave em cobrança de falta, Nilson, em jornada iluminada, completou cruzamento de Maurício, aos 26, para virar o escore. O último trilar do apito, que viria para fazer a parte vermelha do Beira-Rio explodir de alegria, não viria sem antes Taffarel salvar uma cabeçada de Serginho que por pouco não mudou – mais uma vez – a história deste confronto inesquecível.


sábado, 19 de outubro de 2013

GÊNIOS DAS PALAVRAS - CENTENÁRIO DE VINICIUS DE MORAES

Olá, amigos do FUTEBOLA!

O “Gênios das Palavras” de hoje é uma homenagem ao centenário de Vinicius de Moraes, áureo símbolo da música e poesia brasileiras e que brindou o futebol com toda a sua inspiração e criatividade. A seguir, deliciem-se, amigos, com a crônica “Canto de Amor e de Angústia à Seleção de Ouro do Brasil”, um texto assim mesmo, corrido, sem pontuações, sem parágrafos, sobre a campanha brasileira na Copa do Mundo de 1962, no Chile.

Minha seleçãozinha de ouro da Copa do Mundo de 1962 eu vos suplico que não jogueis mais futebol internacional não porque o meu pobre coração não agüenta tanto sofrimento eu juro que prefiro ver vocês disputando só aqui dentro do gramado nacional porque aqui a gente já sabe como é e embora eu torça pelo Botafogo ninguém vai morrer mas não é mesmo a não ser talvez o meu bom Ciro Monteiro quando o Flamengo entra bem porque nós somos todos irmãos e briga entre irmãos se resolve em casa mas lá fora tudo é diferente eu quase tive um enfarte eu quase tive uma embolia tinha uma coisa que bolia dentro do meu cérebro eu acho que era o Puskas chutando minha massa cinzenta de tanta raiva filho de uma boa senhora vocês deviam é ter-lhe dado um pontapé no cóccix vá ser oriundi ele sabe onde mas você Amarildo garoto lindo do meu Botafogo você representou o Rei à altura coitado do meu Pelé com aquela distensão na virilha se estorcendo em dores para maior glória do futebol brasileiro ele é que devia ser primeiro-ministro do nosso Brasil trigueiro sabe Pelé eu nunca chamei ninguém de gênio porque acho besteira mas você eu chamo mesmo no duro você e o meu Garrincha que eu louvo a santa natureza lhe ter dado aquelas pernas tortas com que ele botou a Espanha entre parêntesis garoto bom passou o primeiro passou o segundo o terceiro o quarto chutou GOOOOOOOOOL DOOO BRAAAAASIL que beleza maior beleza não tem nem pode ter toda raça vibrando com uma dispnéia coletiva ah que vasoconstrição mais linda o sangue entrando verde pelo ventrículo direito e saindo amarelo pelo ventrículo esquerdo e se fundindo no corpo amoroso de pobres e ricos doentes de paixão pela pátria e até a revolução social em marcha pára maravilhada para ver "seu" Mané balançar o barbante e aí ela prossegue seu caminho inflexível contente da vida de estar marchando nessa terra em que são todos irmãos até mesmo os que amanhã podem estar regando com o seu generoso sangue este solo nativo onde seremos enterrados enrolados moralmente na bandeira brasileira ao som de "Cidade maravilhosa" mas como eu ia dizendo não me façam mais aquilo do primeiro tempo com a Espanha porque senão vai ter um poeta a menos no mundo eu sei que poeta não resolve não dribla não encaçapa a não ser o Paulinho Mendes Campos a gente fica só mesmo é driblando a angústia o medo e amor a morte poxa eu estou agora meio doente acordo em sobressaltos eu acho que nem vou poder ouvir o jogo final senão eu faço feito aquele cara que estourou a cabeça contra um poste no fim do primeiro tempo com a Espanha porque é demais tanta ansiedade eu já não sou criança as coronárias não agüentam brasileiro é mesmo sentimental a gente chora porque a vida dói muito em nós conforme disse o Carlinhos Oliveira aqui não tem Marienbad não é tudo gleba feita do barro natal e lágrimas do amor até grã-fino sofre e é capaz de não ir ao Jirau para ver Didi mestre sereno da arte do balipédio Einstein da folha-seca ou então os professores Nilton e Djalma Santos que precisam ser canonizados porque nunca pensam em si mesmos só em Gilmar pobrezinho mais sozinho do que Cristo no Horto no meio daquele retângulo abstrato no vórtice do qual se esconde o hímen da pátria-menina que todos nós havemos de defender até a última gota do nosso sangue dá-lhe San Thiago porque olhe que eu sou até um cara que não é dessas coisas mas juro que estou ficando com uma xenofobia de lascar e só de me lembrar do Puskas vou até tomar um tranqüilizador senão eu dou uma bomba aqui nesta máquina de escrever que vai ser fogo e aí morro porque eu não agüento mais tanta agonia por favor ganhem logo e voltem para casa com a Taça erguida bem alto para a transubstanciação do nosso e do vosso júbilo o Rio de Janeiro a vossos pés e muito papel picado caindo das sacadas da avenida Rio Branco e da cabeça dos políticos é só o que eu lhes peço voltem porque senão a revolução em marcha não caminha ela fica também encantada com a vossa divina mestria e por favor poupem o coração deste e de 70 milhões de poetas cuja vida pulsa em vossos artelhos enquanto vos dirigis para a vitória final inelutável com a ajuda de Nossa Senhora da Guia nosso pai Xangô e "seu" Mané Garrincha. Olé!


Vinicius de Moraes

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS














Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.

Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani.


CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 29ª RODADA – FLAMENGO X BAHIA


Flamengo 2 x 1 Bahia – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Com gol de Hernane – sempre ele! – e defesa milagrosa de Felipe no último lance da partida Flamengo vence Bahia e se afasta da zona da degola.

Bem que o Flamengo queria poder manter todos seus homens atrás da linha da bola e apostar nos contra-golpes desde o apito inicial. Porém, como este também era o desejo do Bahia, o Fla, por ser o mandante, acabou na obrigação de ter que fazer um jogo mais pensado e passado do que veloz. E neste cenário, o Rubro-Negro até conseguiu trabalhar bem a redonda e acionar constantemente Elias e Paulinho, mas seus arremates ou iam para fora ou paravam nas mãos de Marcelo Lomba. O Bahia, por sua vez, teve em William Barbio sua maior arma de ataque. O cabeludo avante mostrou sua velocidade pela direita, esquerda, meio, levou perigo ao goleiro Felipe e foi caçado pelos defensores rubro-negros.

Assim transcorreu o duelo até o minuto 5 da etapa final, quando uma bela trama entre Elias e André Santos terminou em cabeçada de Paulinho para o fundo do barbante. Um a zero, que quase virou dois em chute longo do Hernane que, incrivelmente, bateu na trave, no Marcelo Lomba e na outra trave. Com a vantagem no marcador, o Flamengo, enfim, pôde adotar a postura que tem caracterizado o período Jayme Almeida, ou seja, a de chamar o adversário e sair rápido para o ataque. No entanto, o Fla pecou. Pecou por chamar muito o Bahia e não conseguir escapar em velocidade. Pecou por deixar os tanques Souza e Fernandão trabalharem na entrada de sua área. Resultado: aos 33, um chute seco de Fernandão igualou o placar.

Com a saída de Elias, contundido, os torcedores flamenguistas mais pessimistas aceitaram o empate em suas mentes. Os otimistas, lembraram que Hernane ainda não tinha balançado as redes. E como tem feito em jogo sim, em outro também, o “Brocador” deu alegria à galera aos 38, depois de completar grande jogada de Léo Moura. Alegria que só não foi interrompida pois, no último lance da partida, Felipe salvou felinamente um chute forte de Raul.  

Flamengo: Felipe; Léo Moura, Chicão, Wallace e João Paulo (Luiz Antônio); Amaral, André Santos e Elias (Val); Paulinho, Carlos Eduardo (Gabriel) e Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.


Bahia: Marcelo Lomba; Madson, Lucas Fonseca, Titi e Raúl; Feijão, Rafael Miranda e Hélder (Anderson Talisca); Wallyson (Marquinhos Gabriel), William Barbio (Souza) e Fernandão. Técnico: Cristóvão Borges. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CORINTHIANS X GRÊMIO - 1982

Corinthians 1 x 2 Grêmio

Campeonato Brasileiro 1982 – Primeiro jogo da Semifinal

11 de abril de 1982

Morumbi, São Paulo (SP)

Público: 51.279

Corinthians: César; Zé Maria, Gomes, Wagner Basílio e Wladimir; Paulinho, Eduardo Amorin (Mário) e Biro Biro; Zenon (Joãozinho), Sócrates e Casagrande. Técnico: Mário Travaglini.

Grêmio: Leão; Paulo Roberto, De León, Vantuir e Paulo César; Tonho Gil (China), Batista e Bonamigo; Paulo Isidoro, Tarciso e Baltazar (Paulinho). Técnico: Ênio Andrade.

Gols: Paulo Roberto (Grêmio), aos 5’ do primeiro tempo; Tarciso (Grêmio), aos 19’ do primeiro tempo e Sócrates (Corinthians), aos 5’ do segundo tempo.


Em outono de 1982, o Corinthians de Zenon, Wladimir, Casagrande e Sócrates começava a dar passos históricos. Dentro de campo, o Timão voltava aos eixos após uma péssima temporada em 1981 e construía o caminho do Bi Paulista 82/83. Fora dele, Waldemar Pires, recém-eleito presidente do clube, Adilson Monteiro, diretor, e os jogadores plantavam as sementes da futuramente conhecida Democracia Corintiana. Na aprazível Porto Alegre, o Grêmio, na busca pelo Bi Brasileiro, também vivia as vésperas de uma fase inigualável em sua história. Aos 19 anos, com aparições aqui e acolá, Renato Gaúcho começava a mostrar o futebol que o tornaria o protagonista de um 1983 que abrilhantaria a sala de troféus do clube com o caneco mundial. Mas se em 1982 Renato Gaúcho ainda não era a estrela da companhia, é válido dizer que o Grêmio contava com um timaço: Leão, De León, Batista, Paulo Isidoro, Tarciso, Baltazar... E a fase semifinal do Brasileirão de 1982 colocou frente a frente esta nascente Democracia Corintiana e este Grêmio que começava a ficar no ponto para conquistar a América e o Mundo. Não seria exagero dizer o Tricolor Gaúcho precisou de apenas 19 minutos para encaminhar sua classificação para a decisão, pois este foi o tempo necessário para Paulo Roberto e Tarciso colocarem dois a zero para os gremistas no placar do Morumbi, no jogo do ida. Sócrates ainda diminuiria para o Alvinegro Paulista, aos 5 minutos da segunda etapa, mas o Grêmio acabou por fazer valer o início avassalador na “Terra da Garoa”, garantiu a vitória como visitante e, três dias depois, em casa, confirmou sua vaga na finalíssima. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

DO SONHO AO PESADELO, DO PESADELO AO SONHO


O Brasileirão 2013 chegou a um ponto no qual apostar em seus jogos se tornou um completo tiro no escuro, tal qual o jogo do bicho. E se no jogo do bicho não existe zebra, no Campeonato só podemos invocar o simpático animal listrado para algumas vitórias do Náutico. Fora isso, é tudo tão equilibrado que a surpresa se tornou rotina e, por isso mesmo, deixou de ser surpresa.

Precisamos somente da última semana para ilustrar a loucura do Brasileiro. Vejamos, amigos. Na penúltima rodada, apenas um dos 10 jogos foi vencido por uma equipe que se encontrava melhor classificada que o adversário (o Botafogo bateu o Náutico). Já neste último fim de semana, o cenário se inverteu por completo e apenas duas partidas foram vencidas por um time que iniciou a rodada numa posição inferior ao rival (Criciúma e Atlético Mineiro superaram, respectivamente, Vasco e Cruzeiro).

Os clubes têm campanhas tão inconstantes – verdadeiras montanhas-russas – que temos o seguinte reflexo em termos de tabela. Qualquer sequência de bons resultados faz um time sonhar com a classificação para a Libertadores. Porém, esta sequência é tão pequena que nenhuma ameaça real surge ao quarteto Cruzeiro / Botafogo / Grêmio / Atlético-PR, que desde a 16ª rodada criou raízes no G4.

E não é só isso. Logo ao fim da pequena sequência de resultados positivos, o time vive uma má fase que traz à mente pesadelos em relação à zona de rebaixamento. Com exceção dos torcedores cruzeirenses, botafoguenses e gremistas, todos os outros sentiram pelo menos uma pulguinha do rebaixamento atrás da orelha. Em alguns casos, uma infinidade de pulgas.


E assim seguiremos até 8 de dezembro, num perde, ganha e empata imprevisível e que trará muitos sonhos que não serão realizados e pesadelos que não serão vividos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

JOGOS HISTÓRICOS DO BRASILEIRÃO - ATLÉTICO MINEIRO X CRUZEIRO - 1986

Atlético Mineiro 1 x 1 Cruzeiro

Campeonato Brasileiro 1986 – Segundo jogo da fase quartas de final

Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Público: 90.190 pagantes

Atlético Mineiro: Pereira; Nelinho, Batista, Luisinho e Paulo Roberto Prestes; Elzo, Everton (Paulo Isidoro) e Zenon; Sérgio Araujo, Renato, Edivaldo (Ramon). Técnico: Ílton Chaves.

Cruzeiro: Gomes; Balu, Geraldão, Gilmar Francisco e Genilson; Douglas, Ernani (Eduardo Lobinho) e Heriberto; Robson, Hamílton e Edson. Técnico: Carlos Alberto Silva.

Gols: Renato (Atlético Mineiro), aos 7’ do segundo tempo e Douglas (Cruzeiro), aos 13’ do segundo tempo

Curto e sem ser grosso, os anos oitenta foram de mais sorrisos para os atleticanos do que para os cruzeirenses. Foram anos nos quais o torcedor do Galo comemorou mais títulos mineiros – oito contra apenas dois do rival – cedeu mais craques para a Seleção Brasileira, viu mais ídolos desfilarem em campo e terminou mais vezes à frente no Campeonato Brasileiro. Uma destas vezes foi em 1986, quando os grandes rivais mineiros se enfrentaram por uma vaga na semifinal do Brasileirão. O Atlético contava com nomes do quilate de Luizinho, Nelinho, Elzo, Renato, Paulo Isidoro, Edivaldo (todos com participação em Copa do Mundo no currículo), além dos meias Éverton e Zenon. Um time muito cascudo e talentoso, é verdade, mas que precisou suar litros e mais litros para superar o Cruzeiro de Geraldão, Douglas e Hamilton. Depois do empate mudo no jogo de ida, o Mineirão recebeu mais de 90 mil fanáticos para a volta, na qual o Galo tinha a vantagem do empate. Renato “Pé Murcho” abriu o placar para os alvinegros, aos 7 minutos da segunda etapa, mas em pouco tempo Douglas igualou para os azuis e colocou ainda mais fogo no clássico. Necessitando de mais um tento para avançar, a Raposa se lançou com tudo ao ataque e chegou a acertar a trave em duas oportunidades (com Eduardo e Robson), até que veio o apito final para fazer o torcedor atleticano comemorar a classificação. Não sem antes respirar fundo para aliviar a pressão. 


sábado, 12 de outubro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 28ª RODADA – FLUMINENSE X GRÊMIO


Fluminense 1 x 1 Grêmio – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Gol de Rafael Sóbis no apagar das luzes salva o Fluminense e castiga a postura cautelosa do Grêmio no Maracanã.

Gum, Anderson, Edinho, Jean e Diguinho pelo lado do Fluminense. Saimon, Rhodolfo, Bressan, Ramiro, Adriano e Souza pelo lado do Grêmio. Tinha muita gente em campo cujo objetivo principal era defender, porém, assim como encher um time de atacantes não significa dar-lhe poder ofensivo, lotá-lo de defensores também não o tornará mais seguro.

Mesmo com três zagueiros e três volantes, o Grêmio foi incapaz de tirar os espaços dos cariocas Jean e Wagner, que foram figuras constantes na área gaúcha e só não levantaram o véu da noiva na etapa inicial porque Marcelo Grohe esteve em noite de goleiro macetado de videogame e realizou pelo menos quatro difíceis defesas. A facilidade que os fluminenses encontraram para criar os chamados “melhores momentos” também apareceu para os gremistas. Tanto por baixo, como quando Souza acertou um belo chute no poste, como pelo alto, em cabeçada de Barcos e no gol marcado pelo zagueiro Bressan, que, aos 36, se aproveitou de uma baita caçada de borboleta do arqueiro Kléver.

Luxemburgo voltou do intervalo com Felipe no lugar do zagueiro Anderson, uma alteração que prometia dar mais profundidade e qualidade ao ataque do clube das Laranjeiras. Não deu um, nem o outro, e como o Grêmio usava e abusava das bicudas para frente, o jogo viveu um período de péssimo nível técnico. Com as novas alterações no Flu – entraram os garotos Aílton e Marcos Junior, saíram Bruno e Wagner – começou a desenhar-se uma possível pressão à meta defendida pelo Grohe, mas Biro Biro bobeou feio, tentou cavar um pênalti e, aos 28, foi expulso.

Era a chance de o Grêmio, pela primeira vez na partida, valorizar a posse de bola, fazer o relógio andar e, quem sabe, ampliar sua vitória. No entanto, os comandados de Renato Gaúcho – que só realizou alterações burocráticas em sua equipe – preferiram manter a postura recuada e continuar a ignorar o ataque. Resultado: já nos acréscimos, Sóbis arrancou pela direita, arrematou e, após desvio em Rhodolfo, a pelota foi mansamente dormir no fundo da rede.

Fluminense: Kléver; Gum, Anderson (Felipe) e Edinho; Bruno (Aílton), Jean, Diguinho, Wagner (Marcos Junior) e Rafinha; Biro Biro e Rafael Sóbis. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.


Grêmio: Marcelo Grohe; Saimon, Rhodolfo e Bressan; Pará, Ramiro (Elano), Adriano (Matheus Biteco), Souza e Alex Telles (Wendel); Kleber e Barcos. Técnico: Renato Gaúcho. 

GÊNIOS DAS PALAVRAS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Meu coração no México

Meu coração não joga nem conhece
as artes de jogar. Bate distante
da bola nos estádios, que alucina
o torcedor, escravo de seu clube.
Vive comigo, e em mim, os meus cuidados.
Hoje, porém, acordo, e eis que me estranho:
Que é de meu coração? Está no México,
voou certeiro, sem me consultar,
instalou-se, discreto, num cantinho
qualquer, entre bandeiras tremulantes,
microfones, charangas, ovações,
e de repente, sem que eu mesmo saiba
como ficou assim, ele se exalta
e vira coração de torcedor,
torce, retorce e se distorce todo,
grita: Brasil! com fúria e com amor.

Carlos Drummond de Andrade
Jornal do Brasil
09/06/1970

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - FLAMENGO X INTERNACIONAL - 1987

Flamengo 1 x 0 Internacional

Campeonato Brasileiro de 1987 – Segundo jogo da final

Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

13 de dezembro de 1987

Flamengo: Zé Carlos; Jorginho, Leandro, Edinho e Leonardo; Andrade, Aílton e Zico (Flávio); Renato Gaúcho, Bebeto e Zinho. Técnico: Carlinhos.

Internacional: Taffarel; Luiz Carlos Winck, Aluísio, Nenê e Paulo Roberto (Beto); Norberto, Luís Fernando e Balalo; Hêider (Manu), Amarildo e Brites: Técnico: Ênio Andrade.

Gol: Bebeto (Flamengo), aos 16’ do primeiro tempo.


No futebol, não existe a fórmula definitiva do sucesso. São várias as maneiras de se chegar ao topo. Em 1987, o Flamengo lá chegou ao mesclar, com cuidado de químico, a juventude de Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto (todos futuramente Campeões da Copa do Mundo de 1994) e a experiência de Zico, Leandro, Andrade, Nunes e Edinho. Os quatro primeiros veteranos traziam a bagagem do esquadrão rubro-negro que, no início da década, conquistara o país, o continente e o mundo, enquanto Edinho fizera parte da Máquina Tricolor do Fluminense, nos anos 70. Entre os meninos e os vovôs, o Fla ainda contava com um Renato Gaúcho em fase esplendorosa, que acabaria por receber o Prêmio Bola de Ouro, dado pela Revista Placar ao melhor jogador do torneio. Falando neste prêmio, o adversário do Fla na decisão da Copa União foi o Internacional, o time com mais representantes no melhor onze do campeonato para a Placar. Taffarel, Luiz Carlos Winck, Aloísio e Norberto eram as feras coloradas selecionadas. O Mengão chegou ao caneco, o seu quarto na história do Brasileirão, com uma vitória por um a zero, num chuvoso domingo no Maracanã. Bebeto fez o gol do título aos 16 minutos da etapa inicial de um confronto completamente dominado pelo Flamengo, que rondou a meta defendida por Taffarel do início ao fim e sempre esteve mais perto de deixar sua vitória mais vistosa do que o Inter de reverter a situação. 

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 27ª RODADA – VASCO X FLUMINENSE


Vasco 1 x 0 Fluminense – Ressacada, Florianópolis (SC)

Vasco bate Fluminense com gol de Cris, mas resultados da rodada não deixam Cruz-Maltino escapar da zona degola, da qual o Tricolor volta a se aproximar perigosamente.

Coisas do futebol: criticado por onze a cada dez vascaínos, o zagueiro Cris foi o grande destaque da vitória Cruz-Maltina sobre o Fluminense. Não só pelo gol marcado, logo aos 10 minutos, mas também pela atuação segura e séria, pelo alto e por baixo, na defesa. Se Cris foi o nome do jogo, o goleiro Diogo Silva – outro que a torcida vascaína enche de apupos – foi o sobrenome, com pelo menos três boas defesas que ajudaram a garantir o triunfo do quadro de São Januário.

O primeiro tempo mostrou um Vasco sem muito apreço pela posse de bola, exagerando nos chutões para frente e com dificuldades para avançar em velocidade, deficiências que, no entanto, não o impediram de abrir o placar, no citado gol do Cris, e de acertar um balaço no travessão com Francismar, em surpreendentemente boa estreia. O Fluminense, por sua vez, teve mais a redonda em seus pés e chegou a criar três dos chamados “melhores momentos”, todos terminados em defesas de Diogo Silva.

A fúria do suspenso Luxemburgo com a atuação de seu time era tamanha que o Flu voltou do intervalo com três novidades: Diguinho, Felipe e Samuel. À primeira vista, o clássico não mudou muito de cara, e as chances de gols seguiam alternadas. Francismar, Jhon Cley e André arremataram pelo Vasco, Felipe e Rafael Sóbis pelo Fluminense. O andar do relógio fez o Tricolor se lançar mais à frente, mas o Cruz-Maltino, com muita pegada no meio-campo e velocidade nos contra-golpes, principalmente pelas respectivas entradas de Sandro Silva e Willie, pareceu sempre mais perto de ampliar a vantagem do que de sofrer o empate.

Não a ampliou, nem o sofreu, e garantiu três pontos essenciais na luta contra degola – Wagner cabecearia nas mão de Diogo Silva a última chance do Flu. Com as vitórias de cinco adversários diretos na batalha inglória, o Vasco segue na zona e o alerta vermelho volta a fazer barulho nas Laranjeiras.

Vasco: Diogo Silva; Fagner, Jomar, Cris e Henrique; Pedro Ken e Fillipe Soutto; Jhon Cley (Wendell), Francismar (Willie) e Marlone (Sandro Silva); André. Técnico: Dorival Júnior.


Fluminense: Kléver; Bruno, Gum, Leandro Euzébio e Igor Julião (Felipe); Edinho e Jean; Biro Biro (Samuel), Wágner e Rhayner (Diguinho); Rafael Sóbis. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O BOTAFOGO ESTÁ DOENTE


Os sintomas são visíveis. Apatia, abatimento, fraqueza, falta de confiança. Amigos, o Botafogo está doente. A DTD (Doença Transmitida por Derrota) foi adquirida em Belo Horizonte, no dia 19 de setembro. O Botafogo enfrentava o Cruzeiro, no Mineirão, e, em caso de vitória, ficaria a um ponto apenas da liderança. Perdeu por três, viu seu líder, Seedorf, desperdiçar um pênalti em momento crítico e, hoje, menos de um mês depois, se encontra a 16 pontos da ponta da tabela.

A sequência após a derrota em Minas é assustadora: em quatro jogos, todos eles no Maracanã, o Botafogo conseguiu apenas um mísero pontinho. Perdeu para Bahia, Ponte Preta e Grêmio e empatou com o Fluminense. No meio destes, também no Maraca, empatou com o Flamengo pela Copa do Brasil. O que aconteceu com o time que jogava o futebol mais prazeroso de se ver do país e que mesclava o jogo bonito com resultados maiúsculos?

À primeira vista, a saída de Vitinho, no momento em que o garoto era um dos destaques do Campeonato Brasileiro, para não dizer o destaque, surge como fator protagonista para a queda alvinegra. Não é. Obviamente o menino faz muita falta, mas vale lembrar que logo após sua saída para a Rússia o Bota emplacou quatro vitórias seguidas.

O desgaste físico alvinegro é evidente – mais ainda o de Seedorf. Porém, qual time do Brasileirão não sente a pesada rotina de jogos onde os apitos final e inicial chegam quase simultaneamente aos ouvidos?

O grande culpado da fase cinzenta vivida é o psicológico. A derrota diante do Cruzeiro, do modo que foi, no momento em que ocorreu, detonou o emocional alvinegro. Foi ela que fez os jogadores perderem a confiança. Hoje, parece que em General Severiano ninguém acredita mais no potencial do time. E pior, no próprio potencial.

E devido à já citada rotina de partidas no meio e no fim da semana, o Botafogo não tem condições para respirar fundo, colocar a cabeça em ordem e entender o momento pelo qual está passando. O paciente não tem tempo para repousar e tomar as precauções necessárias a quem está enfermo. A recuperação terá que ocorrer no calor do dia a dia.

domingo, 6 de outubro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 26ª RODADA – FLAMENGO X VASCO








RESULTADOS
Botafogo 0 x 1 Grêmio
São Paulo 3 x 2 Vitória
Flamengo 1 x 1 Vasco
Internacional 1 x 0 Fluminense
Náutico 1 x 4 Cruzeiro
Atlético Mineiro 0 x 0 Corinthians
Atlético Paranaense 2 x 1 Coritiba
Bahia 1 x 1 Ponte Preta
Goiás 1 x 1 Criciúma
Portuguesa 3 x 0 Santos

ARTILHARIA
15 Gols
Éderson (Atlético Paranaense)
13 Gols
Gilberto (Portuguesa)
William (Ponte Preta)
Flamengo 1 x 1 Vasco – Mané Garrincha, Brasília (DF)

Flamengo e Vasco empatam em partida de nível técnico sofrível e mostram em campo o que suas posições dizem na tabela.

Pelas deficiências técnica e tática das retaguardas rubro-negra e cruz-maltina, o duelo em Brasília poderia ter sido repleto em lances de gols. Poderia, não fosse a infertilidade dos sistemas ofensivos de ambos os quadros. Em outras palavras, os fracos ataques pouco se aproveitaram da horripilância das defesas no Clássico dos Milhões.

Nos primeiros 45 minutos, o Vasco se viu perdido na ideia de Dorival de jogar sem um centroavante e sequer chegou a rondar a área defendida por Paulo Victor. Nem mesmo Juninho Pernambucano – visivelmente desgastado fisicamente – parecia lúcido. O Flamengo, por sua vez, muito longe de qualquer brilhantismo, tinha nos pés rápidos de Paulinho e nos pés sedentos de Hernane o seu plano de ataque. Foi assim que o “Brocador” quase abriu o placar, aos 30, e o abriu, três minutinhos depois, em falha acrobática de Cris. 

Com 6 minutos do segundo tempo, Chicão, de falta, quase ampliou a vantagem do Fla. No entanto, as substituições promovidas no intervalo (Willie e André entraram nos lugares de Juninho e Edmilson) deram nova vida ao Vasco. Mais consciente ofensivamente, o Cruz-Maltino chegou ao empate na jogada mais bem trabalhada do clássico: Fillipe Soutto e Marlone iniciaram, Jhon Cley intermediou, João Paulo falhou e Willie finalizou. O relógio apontava 8 minutos e, pela situação em que se encontram na tabela, criou-se uma esperança de que o jogo poderia ganhar em emoção.

Não ganhou. A bola continuou a mais sobrevoar o gramado do que a rolar por ele e, fora um contra-golpe flamenguista, em nova paçocada de Cris, e uma ultrapassagem do vascaíno Yotún pela esquerda, nenhum torcedor teve motivos para se levantar da poltrona, cadeira de bar ou arquibancada. O apito final decretou um empate ruim para os dois rivais, mas pior ainda para o Vasco, que começa a semana na inglória zona da degola. 

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Chicão, Wallace e João Paulo; Amaral, Elias e André Santos (Gabriel); Carlos Eduardo (Luiz Antônio) e Paulinho (Rafinha); Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.

Vasco: Diogo Silva; Fagner, Cris, Jomar e Totún; Pedro Ken, Fillipe Soutto e Juninho Pernambucano (Willie); Edmilson (André), Marlone e Jhon Cley (Wendell). Técnico: Dorival Júnior.

CURTINHAS PELO BRASILEIRÃO

- Torcedor ferrenho do Grêmio, o jornalista e escritor Eduardo Bueno insiste que para vestir a camisa tricolor é necessário, acima de tudo, se entregar em campo, e reverencia nomes da antiga como o do uruguaio Hugo De León e o do “Cangaceiro dos Pampas” Dinho. De maneira até cômica, cita que Airton Pavilhão, zagueiro histórico dos anos 50 e 60, se tornou um dos maiores ídolos da história gremista apesar de seu refino. Pois Bueno deve estar encantado com o atual time do Grêmio, que faz de cada jogo uma guerra e consegue vitórias maiúsculas com um futebol de raça, disposição, luta, batalha, suor...

- Volto mais no tempo e de Eduardo Bueno chego ao incomparável Nelson Rodrigues, que, lá nos anos 50, disse: “Cuida-se das canelas, mas ninguém se lembra de preservar a saúde interior, o delicadíssimo equilíbrio emocional do jogador”. É claro que o desgaste físico – principalmente o de Seedorf – tem sua parcela de culpa na queda de rendimento do Botafogo. No entanto, o grande responsável por o Alvinegro passar a jogar um futebol irreconhecível da noite para o dia – diria até da noite para a madrugada, tamanha a instantaneidade do declínio – é a estrutura psicológica. Em campo, o Bota parece um time anêmico, sem forças, sem ímpeto, sem confiança. De um minuto para o outro deixaram de acreditar no que podem render, e, isto, não é por motivos físicos.


- Na tarde que Paulo Baier decide o Atle-Tiba descobrimos que os dirigentes do Furacão não desejam que ele atue a próxima temporada com a camisa do clube. Qualquer dia os cartolas brasileiros vão entender que, às vezes, um “quarentão” é muito mais importante que um “vintinho”. 

sábado, 5 de outubro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - FLAMENGO X VASCO - 1997

Flamengo 1 x 4 Vasco

Campeonato Brasileiro 1997 – Segunda fase

Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

3 de dezembro de 1997

Público: 75.493

Flamengo: Clemer, Leandro, Júnior Baiano, Juan e Gilberto; Jamir, Bruno Quadros (Renato Gaúcho), Iranildo (Lê) e Athirson; Lúcio e Sávio. Técnico: Paulo Autuori.

Vasco: Carlos Germano, Filipe Alvim (Maricá), Alex, Mauro Galvão e César Prates; Nasa, Nélson, Juninho Pernambucano (Moisés) e Ramon; Edmundo e Evair (Fabrício). Técnico: Antônio Lopes dos Santos.

Gols: Edmundo (Vasco), aos 16’ do primeiro tempo; Edmundo (Vasco), aos 10’ , Júnior Baiano (Flamengo), aos 39’ ; Edmundo (Vasco), aos 42’ e Maricá (Vasco), aos 45’ do segundo tempo.

Poucos são os times na história que reuniram tantos ídolos de uma torcida. Vejam bem, amigos, não falo apenas de cracaços de bola ou estrelas, mas de jogadores que criaram um laço de paixão com o torcedor, laço este que é cada dia mais difícil de se ver. Assim era o Vasco Campeão Brasileiro de 1997, com Carlos Germano, Mauro Galvão, Juninho Pernambucano e Edmundo. Um Edmundo impiedoso, autor de seis gols em uma só partida, contra o União São João (marca até hoje não superada). Um Edmundo insaciável, que chegaria ao então recorde de 29 gols em uma edição do torneio (hoje, a marca pertence a Washington, com 34 gols). Um Edmundo destruidor, capaz de massacrar o rival Flamengo numa das vitórias mais celebradas da vida cruz-maltina. Era a penúltima rodada da segunda fase do Brasileiro. O cenário, o seguinte: ao Vasco bastava um empate para se garantir antecipadamente na decisão, enquanto o Flamengo tinha a obrigação da vitória para poder jogar suas últimas fichas na rodada seguinte, a derradeira. Veio o apito inicial e a cada vez que Edmundo pegava na bola o torcedor vascaíno parecia dentro de um filme de comédia e o flamenguista numa película de terror. Imparável, o Animal fez um, dois, três gols – o último antológico – e garantiu o Gigante da Colina na finalíssima. Junior Baiano diminuiu para o Fla, quando o placar ainda apontava dois a zero, e Maricá fechou a goleada vascaína, mas estes foram apenas lances coadjuvantes numa noite onde Edmundo fez história.