segunda-feira, 30 de setembro de 2013

GÊNIOS DAS PALAVRAS - FERREIRA GULLAR


A esfera desce
do espaço
         veloz
ele a apara
no peito
e a para
no ar
         depois
com o joelho
a dispõe à meia altura
onde
iluminada
a esfera
         espera
o chute que
         num relâmpago
a dispara
         na direção
         do nosso
         coração.


Ferreira Gullar

sábado, 28 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – GOIÁS X FLUMINENSE – 24ª RODADA


Goiás 1 x 2 Fluminense – Serra Dourada, Goiânia (GO)

Com mais uma virada, Fluzão vinga a eliminação na Copa do Brasil, ultrapassa Goiás na tabela e chega à sexta colocação.

Amaral, Dudu Cearense e David (que jogou um pouco mais adiantado) do lado do Goiás. Edinho, Diguinho e Jean pelo Fluminense. A partida teve seu apito inicial com nada menos que seis volantes em campo. Muita cautela para dois times que têm o direito de sonhar com uma arrancada rumo ao G4 e que, justamente pela falta de ousadia, nas escalações e nas ações, realizaram um primeiro tempo pobre de dar dó em tramas ofensivas. Melhor para o Goiás, que se não abriu o placar em defesaça de Cavalieri após arremate de Roni, o fez, aos 35, após William Matheus aproveitar lance iniciado com um bicão para o alto do Walter e bobeada da defesa tricolor.

Luxemburgo percebeu que o Flu encontrava enormes dificuldades para dar um destino a sua maior posse de bola e lançou mão do meia Eduardo no lugar do volantão Diguinho – Bruno também deu lugar a Igor Julião, no intervalo. Logo aos 6 minutos, Jean chegou com tudo à área e empatou, mas, verdade seja dita, o Tricolor continuou sem muito saber o que fazer com a redonda. E para piorar a situação fluminense, as trocas realizadas pelo Enderson Moreira – a mais notável foi a de Dudu Cearense por Renan Oliveira – deram mais corpo ao Goiás. Se estava longe de uma apresentação de destaque, inclusive por parte de Walter, “O Rústico Refinado”, o Goiás, agora, pelo menos rondava a cozinha tricolor e fazia Cavalieri gastar as luvas.

E foi num cenário no qual o Esmeraldino já havia arregaçado as mangas da camisa e partido para o combate que Felipe, aos 39, sacou sua batuta de maestro, lançou Biro Biro em contra-ataque e o garoto, mostrando que é possível pensar em velocidade, esperou o momento certo e deixou Rafael Sóbis livre para decretar mais uma virada tricolor. A terceira nos últimos quatro jogos de um Flu que agora está mais perto da zona nobre do que da degola.

Goiás: Renan; Yuri (Thiago Mendes), Valmir Lucas, Rodrigo e William Matheus (Eduardo Sasha); Dudu Cearense (Renan Oliveira) e Amaral; Ramon, David e Roni; Walter. Técnico: Enderson Moreira.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Igor Julião), Gum, Leandro Euzébio e Carlinhos; Edinho, Jean e Diguinho (Eduardo); Rhayner (Felipe), Biro Biro e Rafael Sóbis. Técnico: Vanderlei Luxemburgo


JOGOS HISTÓRICOS DO BRASILEIRÃO - INTERNACIONAL X CRUZEIRO - 1975

Internacional 1 x 0 Cruzeiro

Campeonato Brasileiro 1975 – Final

14 de dezembro de 1975

Beira-Rio, Porto Alegre (RS)

Público: 82.568

Internacional: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Paulo César Carpegiani e Falcão; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula. Técnico: Rubens Minelli.

Cruzeiro: Raul; Nelinho, Morais, Darci Menezes e Isidoro; Piazza, Zé Carlos e Eduardo (Souza); Roberto Batata (Eli), Palhinha e Joãozinho. Técnico: Zezé Moreira.

Gol: Figueroa (Internacional), aos 11’ do 2º tempo

Alguns confrontos ficam para sempre por um gol. Outros, por atuações memoráveis do goleiro, a antítese do gol. Alguns são mais especiais por valerem título. E ainda tem os que colocam frente a frente verdadeiras constelações de craques. Pois a decisão do Brasileirão de 1975, entre Internacional e Cruzeiro, se tornou inesquecível por todos estes ingredientes. Os colorados contavam com Manga, Figueroa, Carpegiani, Falcão, Valdomiro, Lula e Flávio. Os celestes tinham Raul, Nelinho, Piazza, Zé Carlos, Roberto Batata, Palhinha e Joãozinho. Não é exagero dizer que os mais de 80 mil presentes ao Beira-Rio presenciaram um embate entre verdadeiras Seleções. E para a felicidade da maioria destes, o xerifão chileno Figueroa, aos 11 minutos da segunda etapa, subiu de cabeça para marcar o único gol da partida. Se os gols que valem canecos já são inesquecíveis por conta própria, este foi ainda mais por uma participação especial da natureza. Ao subir para cabecear, Figueroa se encontrava no único espaço do gramado que tinha o privilégio de estar iluminado pelo sol. Daí a história o eternizar como “Gol Iluminado”. Mas, justiça seja feita, muito do lugar do “Gol Iluminado” na eternidade se deve a três defesas monumentais realizadas pelo goleiro Manga – duas delas em arremates vindos da assustadora perna direita de Nelinho –, que garantiram ao Internacional seu primeiro título do Brasileirão. 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O CALENDÁRIO

Tal qual um jogador de poker em modo “nada a perder” coloco todas as minhas cartas à mesa: uma mudança no calendário do futebol brasileiro é urgente e os jogadores devem usar até de greves para tal; os Estaduais precisam ser enxugados, mas nunca exterminados; não sou a favor de uma adequação do nosso calendário ao europeu; a Copa do Brasil não ficou legal com oito meses.

Craques não rendem o suficiente por desgaste físico, jogadores que, de maneira louvável, não conseguem não se doar por inteiro passam mal a cada apito final; cartões amarelos são forçados e viram alternativas para poupar os extenuados; todo segundo tempo de uma peleja é imensamente inferior em qualidade e intensidade ao primeiro; times cogitam escalar os juniores e juvenis para disputar os Estaduais; convocações para a Seleção Brasileira desfalcam os que brigam na parte nobre da tabela e dão direito ao torcedor de ter raiva do Escrete Nacional... E 2014 ainda é ano de Copa do Mundo! Amigos, qualquer um que tenha apreço pelo futebol jogado aqui no país consegue enxergar a urgência de mudanças no calendário nacional.

A primeira alteração gritada por muitos tem os Campeonatos Estaduais como alvo. Utilizemos o Carioca 2013 como exemplo de incoerência. É um absurdo reservar mais de 20 datas para um campeonato no qual sete dos 16 times sequer participam quarta divisão nacional. Dez ou doze times seriam aceitáveis. O que não é aceitável, porém, é o fim dos Estaduais. Tradicionalmente, o torcedor brasileiro, seja ele de qualquer canto, valoriza as vitórias e conquistas sobre os grandes rivais. Além de que, em um país repleto de clubes que se consideram grandes, triunfos contra adversários históricos inflam o ego de maneira positiva.

Os defensores do fim dos Estaduais se posicionam com a comparação de que estes não existem na Europa. Ora, não é porque Londres, Milão ou Madrid não possui torneio regional que devemos fazer igual. Assim como não é essencial uma adequação total e completa ao calendário do “Velho Mundo”. Podemos desocupar as datas-FIFA, contar com pré-temporadas mais volumosas e conseguir período de excursões de uma maneira tupiniquim. É muito precipitado acreditar que só o fato de não estarmos em meio de temporada enquanto a janela de transferências estiver aberta irá melhorar o nível do futebol por aqui.

Por fim, mas não menos importante, a questão da Copa do Brasil. Espaçar o agora único torneio mata-mata de caráter nacional ao longo de todo o ano tira muito do seu calor. A distância de um mês entre a ida e volta da fase quartas de final desta edição é um exemplo pontual. Fora o fato de que, quanto mais longo for a Copa do Brasil, mas difícil será o aparecimento das surpresas, uma das maiores graças desta competição – os amigos recordam os títulos de Criciúma (1991), Santo André (2004) e Paulista (2005), todos times que não eram da Série A, certo?


Claro, lógico e evidente que não tenho a pretensão de ser definitivo. As alternativas de mudanças são as mais variadas, e estas são apenas opiniões de quem é apaixonado pelo futebol brasileiro e só lhe deseja o melhor, mesmo sendo conhecedor da incompetência dos que o administram.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

COPA DO BRASIL 2013 - QUARTAS DE FINAL - BOTAFOGO X FLAMENGO

Botafogo 1 x 1 Flamengo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Bota e Fla fazem jogo com muitas chances de gols desperdiçadas e empatam em 1 a 1 na ida da fase quartas de final da Copa do Brasil.

Para tentar aliviar o abatimento pelas duas derrotas seguidas no Brasileirão, o Botafogo entrou em campo escalado pelo Oswaldo de Oliveira no 4-2-3-1 com: Jefferson; Edilson, Dankler, Dória e Julio Cesar; Marcelo Mattos e Gabriel; Hyuri, Seedorf e Lodeiro; Rafael Marques. Com campanha horripilante nos pontos corridos e todas as fichas apostadas no mata-mata, o Flamengo foi organizado pelo Jayme de Almeida no 4-3-2-1 com: Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir e João Paulo; Amaral, Luiz Antônio e André Santos; Paulinho e Carlos Eduardo; Hernane.

O confronto entre alvinegros e rubro-negros no Maracanã teve não duas, mas três caras diferentes. Um verdadeiro jogo-camaleão. Com apenas um minutinho do primeiro tempo, Hernane arriscou um perigoso chute de fora da área e deu início a uma sucessão de oportunidades que o Flamengo criaria em toda a etapa. Diante de um Botafogo inofensivo e esburacado, Luiz Antônio fez tudo o que se esperaria do suspenso Elias, caso este estivesse em campo, e comandou um time que ainda contou com um futebol surpreendentemente produtivo, pelos flancos e pelo meio, de Carlos Eduardo e Paulinho. O Fla abriu o placar em circense assistência de Paulinho para cabeçada de André Santos, aos 11, e poderia tê-lo ampliado tivesse mais poder de finalização ou Jefferson não realizado uma defesa daquelas que mostra o porquê de ser considerado por muitos o melhor goleiro do país na atualidade.

A sensação com o caminhar da segunda etapa era a de que Oswaldo de Oliveira tinha aproveitado os minutos do intervalo para desfibrilar seus jogadores – menos Seedorf, que faria uma metade final tão apagada quanto a inicial. A apatia alvinegra se converteu em impetuosidade de Hyuri, movimentação e sede de gol de Rafael Marques e confiança de Edilson, que se lançou ao ataque para bater cruzado e, após desvio em Samir, igualar o escore, aos 11. Escore que só não foi virado pois, assim como o Fla pecara no primeiro tempo, o Bota desperdiçou seguidas chances, a mais clara delas após uma linda tabelinha entre Lodeiro e Rafael Marques.  A pressão alvinegra durou até o minuto 20. A partir daí, a partida mostraria sua terceira face. Uma face onde tanto o clube da Gávea como o de General Severiano adotaram a cautela e deixaram transparente a satisfação com o empate.


Ficou tudo para o jogo da volta, que, por causa da “ideia europeia” de alongar o calendário da Copa do Brasil, será somente daqui a um mês, o que torna qualquer previsão um tiro no escuro.  

terça-feira, 24 de setembro de 2013

NOMES DOS ESTÁDIOS - FONTE NOVA

Antes era Estádio Fonte Nova. Hoje, Arena Fonte Nova, como se a palavra “arena” fosse sinônimo de modernidade. Contudo, tanto no Estádio, inaugurado em 1951, como na Arena, nascida em abril deste 2013, o nome do político e membro da Academia Brasileira de Letras Octávio Mangabeira (1886-1960) encontra-se estampado como forma de homenagem. Entre 1908, quando foi eleito Vereador de Salvador, e 1960, ano em que faleceu durante o mandato como Senador, Octávio Mangabeira viveu uma intensa vida política na qual exerceu também as funções de Deputado Federal, Ministro do Exterior e Governador da Bahia, além de, por ser um forte opositor de Getúlio Vargas, acabar exilado em duas oportunidades. A esta vida política soma-se uma longa história como engenheiro civil, jornalista, professor, orador e ensaísta. E por causa de tudo isto, um dos principais palcos do futebol brasileiro chama-se Complexo Esportivo Cultural Octávio Mangabeira.

sábado, 21 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 23ª RODADA – FLUMINENSE X CORITIBA

Fluminense 1 x 1 Coritiba – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Fluminense volta a sair atrás do placar, empata com o Coritiba no Maracanã segue na meiúca da tabela

O Fluminense entrou em campo com cinco partidas de invencibilidade e em busca de uma vitória para começar a sonhar com objetivos mais nobres do que apenas fugir da degola. Para tal, Vanderlei Luxemburgo organizou o time no 4-2-3-1 com: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Anderson e Carlinhos; Diguinho e Edinho; Rafinha, Wagner e Rhayner; Rafael Sóbis. Sem poder contar com o craque Alex e há três jogos sem triunfar, o Coritiba foi para o jogo montado pelo Marquinhos Santos no 4-3-2-1 com: Vanderlei; Victor Ferraz, Luccas Claro, Chico e Escudero; Gil, Robinho e Bottinelli; Lincoln e Vitor Júnior; Jânio.

Pode-se dizer que a maioria – seriam todos? – dos mais de 30 mil presentes ao Maracanã ansiava por um futebol mais bem talhado do Fluminense do que o apresentado. No primeiro tempo, então, faltou de tudo ao Tricolor. Técnica e taticamente os pecados foram os mais diversos. Pelas laterais, Carlinhos não foi acionado, enquanto Bruno, quando o foi, se mostrou descalibrado. Rafinha e Rhayner, responsáveis por aumentar a velocidade ofensiva do time, foram presas fáceis para a postura mais acuada do Coritiba, enquanto Wagner não conseguiu armar nem arrematar e Sóbis apenas se movimentou. Falando em movimentação, o ataque do Flu foi de uma desorganização digna de feira matinal. E daquelas em dia de promoção.

Diante de tamanha infertilidade, o Coxa não só não encontrou problemas para se defender como, quando foi ao ataque, acertou a trave, em chute longo de Vitor Júnior, abriu o placar, em cabeçada de Lincoln, livre entre os zagueiros, e quase o ampliou, com Robinho. As entradas de Biro Biro e Ronan no intervalo – saíram Diguinho e Carlinhos – deixaram o Flu mais impetuoso. O gol de empate marcado por Gum, logo aos 5, e a bomba que Wagner acertou no travessão, aos 13, deram indícios de que uma nova virada tricolor, como as recentemente conseguidas diante de Portuguesa e Criciúma, se encaminhava. A meia hora final, no entanto, transformou a expectativa da torcida em poeira.


O Tricolor teve a bola em seus pés quase que integralmente, mas encontrou homéricas dificuldades até para tramar jogadas simples, como alçar a bola na área para o espigão Samuel. Viu uma boa jogada de Biro Biro e Sóbis pela esquerda e uma falta cobrada por Wagner levarem perigo à meta alviverde, mas, ao apito final, a sensação acabou sendo o alívio por um contra-ataque do Coritiba, já nos acréscimos, terminar em bola na trave do Gil e arremate para fora do Dudu. Rafinha acabou expulso por uma falta dura no desenrolar deste lance, mas o torcedor tricolor, que respirava fundo pelo quase-gol sofrido, nem deve ter percebido.

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CORINTHIANS X CRUZEIRO - 1998

Corinthians 2 x 0 Cruzeiro
 
Campeonato Brasileiro 1998 – Terceiro jogo da final
 
Morumbi, São Paulo (SP)
 
Corinthians: Nei; Índio, Batata (Cris), Gamarra e Silvinho; Vampeta, Rincón, Ricardinho (Amaral) e Marcelinho Carioca; Mirandinha (Dinei) e Edílson. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.
 
Cruzeiro: Dida; Gustavo (Alex Alves), Marcelo Djian, João Carlos e Gilberto; Valdir (Marcelo Ramos), Djair, Ricardinho (Caio) e Valdo; Müller e Fábio Júnior. Técnico: Levir Culpi.
 
Gols: Edílson (Corinthias), aos 25' do 2º tempo e Marcelinho Carioca (Corinthians), aos 35' do 2º tempo.
 
Sem exagerar nem um pouco, o Corinthians de 1998, treinador pelo Wanderley Luxemburgo – ainda escrito assim, com “W” e “Y” – tinha um cracaço em cada posição de linha: na defesa era o paraguaio Gamarra, que acabara de se consagrar na Copa do Mundo por atuações brilhantes e nenhuma falta cometida. No meio-campo, Marcelinho Carioca, que conquistou de tudo e mais um pouco pelo Timão. Já no ataque, Edílson apagava os resquícios do passado palmeirense e infernizava toda e qualquer defesa a sua frente. Para completar, o Alvinegro do Parque São Jorge também contava com Vampeta, Ricardinho, Rincón e o amuleto Dinei... um timaço, que realizou a melhor campanha da primeira fase, passou por Grêmio e Santos e chegou a decisão para enfrentar o Cruzeiro de Gottardo, Valdo, Muller e Fábio Júnior, uma equipe que era, como diria João Saldanha, “carne de pescoço”. Os empates nas duas primeiras partidas da final mostraram que quem quisesse ser o campeão precisaria deixar todo seu futebol no Morumbi, no último confronto decisivo. E o Corinthians deixou cada gotinha. Mesmo com a vantagem do empate, o Timão teve uma atuação de gala e com gols de Edílson e Marcelinho levou o segundo Brasileirão de sua história. 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS















Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.

Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - ATLÉTICO PARANAENSE X FLAMENGO - 1983

Atlético Paranaense 2 x 0 Flamengo

Campeonato Brasileiro de 1983 – Jogo de volta da semifinal

Couto Pereira, Curitiba (PR)

Público: 67.391 presentes

Atlético Paranaense: Roberto Costa; Sotter, Flávio, Jair e Sérgio; Detti, Nivaldo e Assis; Capitão, Washington e Abel. Técnico: Hélio Alves

Flamengo: Raul; Leandro, Marinho, Mozer e Júnior; Vitor, Adílio e Zico; Elder, Baltazar (Robertinho) e Júlio Cesar (Figueiredo). Técnico: Carlos Alberto Torres

Gols: Washington (Atlético Paranaense), aos 29’ e aos 32’ do 1º tempo.


Outono de 1983. Dia 15 de maio, para ser mais exato. Com precisão extrema, vale dizer que era um domingo. Um tradicional domingo de futebol, no qual o Paraná viu o maior público já presente em um de seus estádios de futebol. Inacreditáveis 67.391 num Couto Pereira cuja capacidade atual não passa de 40 mil. Foi neste cenário que o Atlético Paranaense recebeu o Flamengo de Leandro, Júnior, Adílio e Zico para a partida de volta da semifinal do Campeonato Brasileiro. A vitória por 3 a 0 conquistada pelo Fla no jogo de ida, no Maracanã, parecia definitiva. Apenas parecia... Com pouco mais de meia hora no pulsante Couto Pereira, dois gols do centroavante Washington – que já formava com Assis, no Atlético, o “Casal 20” que faria história no Fluminense – o Furacão deu mais uma lição da imprevisibilidade que faz do futebol o que ele é. Como o Atlético precisava de apenas mais um gol para realizar uma missão que parecia impossível e o Flamengo de Zico e Cia sempre foi um time voltado para o ataque, o jogo seguiu aberto e eletrizante até o apito final. Do lado carioca, Raul fazia defesas impressionantes, enquanto, do paranaense, Roberto Costa – que receberia a Bola de Ouro da revista Placar como melhor jogador do torneio – não deixava por menos. Assim, o dois a zero se manteve até o final e o Flamengo garantiu seu lugar na decisão. Decisão esta que viria a se transformar em título com o triunfo sobre o Santos.

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 22ª RODADA – CRUZEIRO X BOTAFOGO

Cruzeiro 3 x 0 Botafogo – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Seedorf perde pênalti em momento crítico e Botafogo sucumbe diante do Cruzeiro, agora mais líder do que nunca, com sete pontos de vantagem.

O Cruzeiro entrou em campo ostentando uma série de sete vitórias seguidas e montado pelo Marcelo Oliveira no 4-2-3-1 com: Fábio; Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Egídio; Nilton e Lucas Silva; Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian; Borges. Com uma sequência de quatro vitórias, o Botafogo entrou em campo organizado pelo Oswaldo de Oliveira no 4-2-3-1 com: Jefferson; Edílson, Bolívar, André Bahia e Julio Cesar; Renato e Marcelo Mattos; Rafael Marques, Seedorf e Lodeiro; Elias.

O confronto com maior caráter decisivo que um torneio por pontos corridos pode proporcionar teve duas etapas distintas. Em ambas, porém, o que se viu foi um Botafogo a cometer pecados que não fazem parte de seu repertório neste Brasileiro e um Cruzeiro avassalador ofensivamente, fosse qual fosse a estratégia adotada.

Tudo bem que durante toda a primeira etapa o Cruzeiro fez uma forte marcação por pressão, mas o que a retaguarda alvinegra bobeou nas saídas de bola foi um exagero. Era erro atrás de erro, o que proporcionou à Raposa um punhado de oportunidades. Oportunidades estas que não se concretizaram, ora por segundos, em jogadas pelos flancos que os avantes azuis chegaram atrasados, ora por centímetros, com Jefferson a realizar difíceis defesas com as pernas. Nas poucas vezes em que usou o bom passe e a dinâmica de seu ataque, o Botafogo até levou perigo ao goleiro Fábio, mas a superioridade azul no primeiro tempo acabou por se transformar em um a zero quando Nilton, já nos acréscimos, completou córner com um movimento digno dos mais famosos bailarinos russos.

Com apenas uns minutinhos após o intervalo já era possível perceber uma nova postura cruzeirense: chamar o adversário para seu campo e sair em velocidade. No entanto, esta é uma estratégia que exige cautela por parte de quem a adota, pois existe uma linha tênue que separa a busca por contra-ataques e os chutões seguidos para onde o nariz aponta. E o Cruzeiro atravessou esta linha num primeiro momento, exagerou nas bolas rifadas, o Bota cresceu, Rafael Marques sofreu pênalti de Bruno Rodrigo e... Seedorf, aos 10, bateu pessimamente para fora. O Alvinegro acusou o golpe e, para piorar sua situação, enquanto as alterações realizadas por Oswaldo não mudavam o time, as feitas por Marcelo deram vida aos contra-ataques cruzeirenses.


Principalmente a entrada de Julio Baptista, que, aos 35, em pênalti cometido por Bolívar em Everton Ribeiro, e, aos 41, após linda tabelinha com Dagoberto, foi duas vezes às redes para decretar a maiúscula vitória azul. E uma pergunta flutua no ar: “Quem vai parar o Cruzeiro?”

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O UM E O NOVE

Duas atitudes relativamente recentes do treinador do nosso escrete nacional reforçaram uma ideia que sempre foi bem sólida em minha cabeça: dentre todos os onze componentes de um time, são o goleiro e o centroavante os que mais necessitam de confiança para render o que deles se espera.

Ainda no calor da vitória histórica sobre a Espanha, na decisão da Copa das Confederações, Fred, que começara a competição pressionado por um jejum de gols, agradeceu a Felipão, que lhe prometera manter como titular até o fim do torneio independente de qualquer circunstância. O resultado da decisão de Scolari todos se lembram.

Mais recentemente, Felipão confirmou em entrevista que “entre os três goleiros do Mundial, Júlio César tem um lugar”. Decretar a convocação de Júlio com tamanha antecedência é uma atitude com a clara intenção de dar confiança ao goleiro, que defenderá, nesta temporada, a última antes da Copa, um time da segunda divisão inglesa.

Já não é mais novidade que a estrutura psicológica de uma equipe de futebol requer cuidados. E vou mais longe, amigos: a considero tão importante para o desempenho de um time quanto as estruturas técnica, tática e física. E pensando no dinâmico e imprevisível jogo que ocorre dentro das quatro linhas, ninguém necessita de mais confiança do que os camisas um e nove.

São eles, goleiros e centroavantes, os responsáveis pelos momentos os quais apenas um toque na bola pode determinar uma vitória e, no mais extremo, um título. Uma falha é o inferno. Um acerto, o céu. Tudo o que fazem, para o bem ou para o mal, ganha proporções sem limites. Em um esporte onde a coletividade impera, eles são os que mais vivenciam momentos individuais.

Foi justamente por ser conhecedor do pandemônio que é a cabeça dos homens responsáveis por evitar e por fazer gol – “o orgasmo do futebol” segundo Eduardo Galeano – que Felipão adotou medidas fortes para os deixar mais confiantes. Com Fred o resultado foi o melhor possível. Com Júlio César, o inapelável tempo nos responderá.

domingo, 15 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 21ª RODADA – SÃO PAULO X VASCO








RESULTADOS
Cruzeiro 1 x 0 Atlético Paranaense
Fluminense 2 x 1 Portuguesa
Vasco 0 x 2 São Paulo
Corinthians 1 x 2 Goiás
Ponte Preta 1 x 1 Flamengo
Criciúma 0 x 1 Internacional
Coritiba 2 x 2 Bahia
Vitória 2 x 1 Náutico
Grêmio 0 x 1 Atlético Mineiro
Santos 1 x 2 Botafogo

ARTILHARIA
13 gols – Éderson (Atlético Paranaense)
11 gols – William (Ponte Preta)
10 gols – Alex (Coritiba)

Vasco 0 x 2 São Paulo – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

Dono da defesa mais vazada do campeonato com 36 gols sofridos, Vasco falha feio nas bolas aéreas, perde para o São Paulo e entra na zona de rebaixamento.

Para se recuperar da derrota diante da Portuguesa na última rodada e voltar a subir na tabela, o Vasco entrou em São Januário montado pelo Dorival Júnior no 4-2-3-1 com: Diogo Silva; Fagner, Jomar, Cris e Yotún; Felipe Soutto e Abuda; Willie, Juninho Pernambucano e Marlone; André. Desde a nona rodada na zona de rebaixamento, o São Paulo queria aproveitar o embalo da chegada de Muricy Ramalho e foi em busca de sua segunda vitória consecutiva organizado no 4-2-3-1 com: Rogério Ceni; Paulo Miranda, Rafael Tolói, Antônio Carlos e Reinaldo; Rodrigo Caio e Maicon; Jadson, Ganso e Osvaldo; Luis Fabiano.

Pense no aeroporto com pior infraestrutura do país. Pensou? Pois qualquer bola alçada na área do Vasco atualmente proporciona um caos aéreo ainda maior. Em São Januário, diante do São Paulo, uma falha coletiva permitiu Rodrigo Caio cabecear sozinho para abrir o placar, aos 30 minutos do primeiro tempo, e um erro digno dos Trapalhões do goleiro Diogo Silva deixou Antônio Carlos livre para fazer dois a zero, aos 23 do segundo. Assim, fica fácil a constatação de que foram as falhas pelo alto as principais responsáveis pela derrota vascaína. Mas vejam bem, amigos, as principais, não as únicas. Em termos ofensivos, a atuação cruz-maltina foi de filme de terror. E daqueles bem trash.

Os laterais Fagner e Yotún, quando chegavam ao fundo, pecavam na hora de realizar um simples cruzamento. Willie não conseguiu repetir uma de suas boas atuações recentes e chegou até a se embolar com a redonda. Marlone atentou algumas arrancadas e chegadas à área tricolor, mas mandou mal nas finalizações. Juninho Pernambucano, de quem mais o torcedor espera, foi aplaudido mais pela sua habitual determinação do que por jogadas de inspiração.

Depois de uma etapa inicial na qual viveu apenas alguns poucos minutos de ímpeto, que chegariam ao fim com o gol do Rodrigo Caio, o Vasco voltou do intervalo com Reginaldo e Dakson nos lugares de Willie e Abuda. Em menos de cinco minutos, os dois suplentes desperdiçaram as melhores chances cruz-maltinas na partida. Aos 15, Dorival foi para o tudo ou nada, trocou o volante Felipe Soutto pelo centroavante Tenório, e o Vasco se tornou um exemplo típico de que o número de atacantes em campo não é sinônimo de força ofensiva. Com Juninho muito distante dos homens de frente, o máximo que o time conseguiu foi umas poucas tramas sem nenhum refinamento pelo flanco direito.

E foi neste cenário de pobreza ofensiva vascaína que o Tricolor deu o golpe de misericórdia com Antônio Carlos, escapou da zona de degola e deixou o pepino nas mãos do Vasco.

CURTINHAS PELO BRASILEIRÃO

- Como o Cruzeiro está redondo! O conjunto azul tem se mostrado tão forte que fica quase impossível apontar um destaque apenas ao final de suas vitórias. Contra o Atlético Paranaense, Dedé, Lucas Silva, Nilton, Willian e Ricardo Goulart bateram um bolão. E as qualidades técnicas e táticas da Raposa se sobressaem ainda mais quando turbinadas pela energia arrepiante que torcida emana nos jogos no Mineirão.

- O Fogão colocou fim à invencibilidade de mais de um ano do Santos na Vila Belmiro – a última derrota do Peixe na sua casa havia ocorrido a 30 de agosto de 2012 – e alcançou seu quarto triunfo seguido no Brasileirão. Na próxima rodada, o Fogão encara outra invencibilidade: desde a reinauguração do Minerão o Cruzeiro possui 18 vitórias e um empate em 19 jogos. Sem exageros: na quarta-feira, o Glorioso tem pela frente um dos jogos mais importantes de sua história recente.

- Wagner e Rafael Sóbis foram pilares de fortíssimos times do Cruzeiro e do Internacional, respectivamente, nesta década. Após as saídas de Wellington Nem e Thiago Neves, a aposentadoria de Deco e a contusão de Fred, o Fluminense precisa, mais do que nunca, do futebol destes dois. Nos últimos quatro jogos eles corresponderam, o Tricolor papou oito de 12 pontos possíveis e se afastou do purgatório.


- Seja qual a posição final do Coritiba após a última rodada, em dezembro, o craque Alex já tem um capítulo à parte garantido no livro que contará a história do Brasileirão 2013.

sábado, 14 de setembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - SÃO PAULO X VASCO - 1989

São Paulo 0 x 1 Vasco 

Campeonato Brasileiro de 1989 – Final

Morumbi, São Paulo (SP)

Público: 71.552

Vasco: Acácio; Luís Carlos Winck, Marco Aurélio, Quinoñez e Mazinho; Zé do Carmo, Boiadeiro e Bismark; William, Bebeto e Sorato. Técnico: Nelsinho Rosa.

São Paulo: Gilmar; Neto, Adilson, Ricardo Rocha e Nelsinho; Flávio, Bobô e Raí; Mário Tilico, Nei e Edivaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva.

Gol: Sorato (Vasco), aos 5’ do 2º tempo.

Se tem uma palavra que define o Brasileirão de 1989 esta é “equilíbrio”. Os finalistas, Vasco e São Paulo, por exemplo, só se garantiram na decisão após vitórias como visitantes na última rodada da fase classificatória, contra Internacional e Portuguesa, respectivamente. E para se consagrarem campeões, cruz-maltinos e tricolores precisariam suar ainda mais as camisas no Morumbi, no dia 16 de dezembro de 1989. Os mais de 70 mil presentes ao estádio naquele sábado presenciaram um jogão de bola, recheado de tensão, emoção e grandes craques. Formado por um projeto ambicioso de sua diretoria, que sonhava com o Mundial Interclubes – nas palavras do então dirigente Eurico Miranda –, o time do Vasco contava com Acácio, Luís Carlos Winck, Mazinho, Boiadeiro, Tita (que, contundido, não jogaria a final) e Bebeto, além dos garotos Bismarck e Sorato. Um timaço, assim como o São Paulo de Gilmar Rinaldi, Ricardo Rocha (que receberia o prêmio Bola de Ouro, da revista Placar, como melhor jogador do torneio) e dos meias Bobô e Raí. O Gigante da Colina tinha a vantagem do empate, mas nem mesmo após o gol de cabeça de Sorato, aos 5 minutos da segunda etapa, o torcedor cruz-maltino conseguiu soltar a respiração, parar de roer as unhas e gritar “É campeão”. O São Paulo ainda tinha tempo e forças para buscar a virada. Esta, porém, não viria graças, em grande parte, a defesas milagrosas do goleiro Acácio, que endereçaram de vez o caneco para São Januário.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA

Nem contos, nem romances, nem poesias. São nas crônicas que o futebol e a literatura se encontram com mais fervor no Brasil. Que nos diga o livro “O Gol é Necessário”, uma reunião de crônicas futebolísticas assinadas pelo mineiro e botafoguense (não necessariamente nesta ordem) Paulo Mendes Campos, um nome que brilha intensamente no nosso mundo das letras. As crônicas “Salvo pelo Flamengo” e “O Gol é Necessário”, que dá nome ao livro, são algumas pérolas imperdíveis desta obra.



















O Gol é Necessário

Autor: Paulo Mendes Campos

Editora: Civilização Brasileira

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 20ª RODADA – BOTAFOGO X CORINTHIANS

Botafogo 1 x 0 Corinthians – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Hyuri volta a brilhar e Fogão vence o Corinthians no fechar das cortinas. A caça ao líder Cruzeiro continua.

Sem poder contar com o capitão Jefferson e os garotos Gilberto e Gabriel, o Botafogo entrou em campo organizado pelo Oswaldo de Oliveira no 4-2-3-1 com: Renan; Edílson, Bolívar, Dória e Julio Cesar; Marcelo Mattos e Renato; Rafael Marques, Seedorf e Lodeiro; Elias. Pelo lado do Corinthians, os desfalques eram Fábio Santos, Ralf, Renato Augusto e Guerrero, e Tite montou o time no 4-2-3-1 com: Cássio; Alessandro, Gil, Paulo André e Igor; Edenílson e Maldonado; Danilo, Douglas e Romarinho; Emerson.

Fora uma pressão um pouco maior do Botafogo aqui e umas escapadas mais consistentes do Corinthians acolá, o duelo de alvinegros no Maracanã teve uma cara bem definida em sua totalidade. O Bota mantinha mais a redonda em seus pés e buscava, ora em lançamentos, ora trocando figurinhas, penetrar na defesa do Corinthians, que esperava mais do que forçava o surgimento de espaços. Duas observações ilustram de maneira clara o quanto os cariocas se fizeram mais presentes no campo de ataque: o baita trabalho que teve o zagueiro Gil (melhor corintiano em campo) e a maior participação ofensiva dos laterais Julio Cesar e Edílson em relação aos paulistas Alessandro e Igor.

Na etapa inicial, falhas na retaguarda corintiana – que não são muito comuns, como mostra a média de menos de meio gol sofrido por partida – permitiram ao Botafogo boas chances nos pés de Seedorf, que, em uma oportunidade, chegou a driblar o goleiro Cássio antes de ver Paulo André salvar sobre a linha. O Corinthians, por sua vez, nas subidas do volante Edenílson e na movimentação e atenção de Emerson Sheik, mostrava sinais de vida e deixava o Bota com receio se lançar de corpo e alma ao ataque.

Os comandados de Tite até voltaram mais serelepes nos primeiros minutos após o intervalo, mas o cenário da etapa inicial logo se restabeleceu. Aos 11, Oswaldo de Oliveira decidiu apostar no garoto Hyuri aberto pela direita, o que fez o lateral Edílson – que por pouco não fizera um gol contra digno dos Trapalhões – crescer de produção. O Bota, porém, não conseguia colocar fogo no jogo. Com Seedorf pouco inspirado, faltava algo diferente para superar um Corinthians que já considerava o empate um bom resultado.


E o diferente veio aos 43 minutos, quando Edílson descolou um passe mágico e Hyuri uma finalização escultural para dar a vitória ao Fogão. Para os inúmeros supersticiosos botafoguenses, que há pouco tempo sofriam com a síndrome dos pontos perdidos no apagar das luzes, este triunfo, assim como o alcançado diante do Criciúma, simboliza uma aguardada mudança de maré. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - BOTAFOGO X CORINTHIANS - 1972

Botafogo 2 x 1 Corinthians

Campeonato Brasileiro de 1972 – Semifinal

20 de dezembro de 1972

Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Público: 68.065

Botafogo: Wendell; Valtencir, Brito, Osmar e Marinho Chagas; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha (Ferretti), Jairzinho, Fischer e Ademir Vicente (Dorinho). Técnico: Sebastião Leônidas.

Corinthians: Ado; Zé Maria, Baldocchi, Luis Carlos e Pedrinho; Tião, Sicupira e Nélson Lopes; Rivellino, Paulo Borges e Marco Antônio Visgo (Vaguinho). Técnico: Duque.

Gols: Nélson Lopes (Corinthians), aos 8’ do 2º tempo; Jairzinho (Botafogo), aos 15’ do 2º tempo;  Nei Conceição (Botafogo), aos 38’ do 2º tempo.


Mil novecentos e setenta e dois. Época em que o futebol brasileiro ainda vendia o circo, e não os artistas. Todos os nossos grandes craques desfilavam por gramados tupiniquins, e o Brasileirão desse ano, por exemplo, contou com os 21 nomes que haviam feito história no México, em 1970, ao conquistar a Copa do Mundo de forma mágica. Com tanta gente boa de bola, o torcedor se deliciava a cada rodada com jogos do mais elevado quilate. Um deles foi o duelo de alvinegros que ocorreu na semifinal, entre Botafogo e Corinthians. O Fogão de Brito, Marinho Chagas e Jairzinho “Furacão” tinha a vantagem de jogar em casa, no Maracanã. O Timão de Ado, Zé Maria e Rivellino “Patada Atômica”, a de poder empatar para se classificar. E o Corinthians ficou bem próximo da decisão quando, aos 8 minutos da 2ª etapa, Nélson Lopes abriu o placar. Para reverter a situação, a estrela solitária botafoguense precisaria brilhar como nos seus mais áureos tempos. E foi justamente o que ocorreu. Jairzinho, aos 15, e Nei Conceição, aos 38, viraram o escore e garantiram o Bota na finalíssima do campeonato. No fim, o Fogão acabaria com o vice, após um empate mudo com o Palmeiras de Ademir da Guia. 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

AS PREVISTAS SURPRESAS

Nos anos 60, um telegrama do craque santista Mengálvio se tornou uma das mais brilhantes pérolas do nosso futebol. Nele se lia: “Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG”. Este cômico anunciar da surpresa é justamente a maior graça do Brasileirão, onde, em seu início, fazemos previsões já sabendo que estas não valem um dólar furado. Começamos a assistir o torneio já à espera de surpresas, que certamente vão ocorrer. A metade do Brasileirão 2013 que nos diga.

Comecemos pelo começo, ou seja, pelo líder. O fato de o Cruzeiro não ver ninguém a sua frente na tábua de classificação, ter um retrospecto com mais de 70% de aproveitamento e uma média de 2,21 gols por jogo surpreende por um único motivo: com 19 contratações em 2013, seria difícil imaginar que a Raposa conseguisse, em pouco tempo, montar um time capaz de jogar uma bola tão redonda. A força coletiva celeste é tamanha que fica até difícil saber quem é o maior destaque, apesar da fase brilhante de Éverton Ribeiro.

Dos que atualmente se encontram na zona nobre da tabela, a dupla paranaense Atle-Tiba atrai olhares diferentes, tanto pela posição que ocupa como pelo futebol impetuoso dos rubro-negros e mágico do coxa-branca Alex. Já Botafogo, Corinthians e a dupla Gre-Nal fazem o aguardado, com pequenas variações para mais ou menos. Uma dose de inesperado apenas em relação ao fato de o Botafogo insistir em contrariar uma suposta fragilidade do seu elenco e, rodada após rodada, ignorar os desfalques por negociações, suspensões e contusões para se manter na briga pelo caneco.

Pela meiúca da tabela, nada para se esbugalhar os olhos em termos clubísticos. Já em termos de jogador... O que o rústico Walter fez pelo Goiás neste primeiro turno do Brasileiro – principalmente após as “férias” da Copa das Confederações – não está no gibi. A contradição entre sua forma física e sua qualidade técnica é magnetizadora. Está na briga para fazer parte da Seleção do Campeonato. E, sem exageros, é um dos favoritos para vestir a camisa de centroavante.

Do Goiás de Walter (8º colocado) para baixo, todo mundo luta contra a degola. Um verdadeiro pandemônio. Incrível que, ao fim do primeiro turno, mais da metade dos clubes possuam pulgas atrás da orelha em relação ao rebaixamento. Poucas pulgas no caso do Santos, que jogou apenas 17 vezes, e algumas mais para o Vasco – que aponta para um returno melhor. A dupla baiana Ba-Vi e o Criciúma vivem de fases e também sentem incômodos nos ouvidos.


Chegamos, enfim, à zona da morte. Ponte Preta, Portuguesa e Náutico já eram cartas marcadas ao início do torneio, enquanto o Flamengo reflete em campo a política de praticamente jogar um ano futebolístico fora adotada por sua diretoria. Mas quem esperava encontrar neste inferno o trio Atlético Mineiro, Fluminense e São Paulo, respectivamente os atuais campeões da Libertadores, Brasileiro e da Copa Sul-Americana?

O Atlético se escora no sentimento interior de que já cumpriu seu papel em 2013. O Fluminense sofre por acreditar que Diego Cavalieri e Fred viveriam eternamente a fase magnífica de 2012 e seriam capazes de segurar o rojão após as saídas de Thiago Neves e Wellington Nem. O São Paulo... bom, o Tricolor Paulista vive tamanho caos dentro e fora de campo que é até difícil de acreditar que este é o mesmo clube que há poucos anos era referência.


Com o campeonato já em sua metade, as previsões para os próximos meses possuem um pouco mais de sustentação. Mas, acreditem, amigos, muitas surpresas ainda virão pela frente.

domingo, 8 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 19ª RODADA – CRUZEIRO X FLAMENGO








RESULTADOS
Fluminense 1 x 0 Bahia
Vitória 1 x 1 Atlético Mineiro
Ponte Preta 1 x 3 Internacional
Santos 1 x 0 Goiás
Grêmio 3 x 2 Portuguesa
Corinthians 0 x 0 Náutico
Cruzeiro 1 x 0 Flamengo
Coritiba 2 x 0 São Paulo
Vasco 0 x 0 Atlético Paranaense
Criciúma 1 x 2 Botafogo

ARTILHARIA
12 Gols – Éderson (Atlético Paranaense)
11 Gols – William (Ponte Preta)
9 Gols – Alex (Coritiba)

Cruzeiro 1 x 0 Flamengo – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Com mais uma atuação medíocre, Flamengo sucumbe diante do líder Cruzeiro e segue na beirada do precipício.

Depois de confirmar o simbólico título de campeão do primeiro turno com uma rodada de antecedência, o Cruzeiro adentrou o Mineirão montado pelo Marcelo Oliveira no 4-2-3-1 com: Fábio; Ceará, Dedé, Bruno Rodrigo e Egídio; Nilton e Lucas Silva; Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian; Borges. Pelo lado do Flamengo, o objetivo era se afastar da rabeira da tabela, e Mano Menzes organizou o time no 4-3-3 com: Paulo Victor; Léo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Cáceres, Luiz Antônio e Elias; Rafinha, Gabriel e Hernane.

Pelo caminho que trilharam no Brasileiro até o momento, seria surpreendente se o duelo no Mineirão não se desenhasse em seu começo com a Raposa a ter a redonda em seus pés e a estudar como furar a retaguarda do Flamengo. Foi assim que o Cruzeiro chegou ao topo da tabela e é assim que sabe jogar. Quando quis apostar em um ferrolho – como ocorreu diante do próprio Flamengo, no Maracanã, pela Copa do Brasil –, teve uma atuação pífia e acabou eliminado.

De forma natural, o Cruzeiro não tardou a se impor e ganhar as rédeas da partida. Não foi avassalador, mas foi sólido, organizado e técnico o suficiente para construir as melhores oportunidades de gols da etapa inicial: um contra-ataque armado por William e Éverton Ribeiro, um torpedo de fora da área do mesmo Éverton Ribeiro (que hoje se coloca como um dos favoritos a melhor do campeonato) e uma cabeçada de Nilton que beijou o poste. E o Flamengo? Postado para contra-atacar, sentia o fato de problemas físicos deixarem Elias em “modo zumbi”, não acertava as saídas em velocidade e raramente se aproximava da meta de Fábio. Os rubro-negros davam a impressão de que armar uma trama ofensiva era a coisa mais difícil do planeta.

Após o intervalo, a única mudança de cenário foi a troca de lado dos times. O gol azul, maduro fazia tempo, veio aos 7 minutos, em jogada trabalhada com refino que chegou até Mayke e terminou com Goulart a completar para o fundo do barbante. Com o recuo proposital cruzeirense, o Fla até aumentou sua posse de bola, mas a falta de criatividade não o permitiu superar a boa atuação de Dedé e companhia. Pelo contrário, fosse em contra-golpes – onde acertou mais uma vez a trave, com Willian – ou com uma postura mais avançada – que voltou a adotar nos minutos finais – o Cruzeiro sempre esteve mais perto de ampliar o escore do que de deixar escapar os três pontos.

No Brasileirão, às vezes – mas só às vezes – o campo reflete o que se vê na tabela. Desta feita, no Mineirão, a diferença entre os desempenhos de Cruzeiro e Flamengo foi, exatamente, o ilustrado pelos agora 18 pontos que os separam na tabela.

CURTINHAS PELO BRASILEIRÃO!

- Nelson Rodrigues dizia que “o empate é o pior resultado do mundo. O torcedor sente-se roubado no dinheiro da entrada e inclinado a chamar os 22 jogadores, o juiz e os bandeirinhas de vigaristas. Acresce o seguinte: - de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0”. E não é que o placar mudo em São Januário contrariou o inigualável cronista. Vasco e Atlético Paranaense realizaram um jogo com cara de tudo, menos de zero a zero, justamente o resultado ao apito final. Coisas do futebol...

- Rodada após rodada o Botafogo queima a língua dos que afirmavam que o elenco alvinegro não seria capaz de suportar as mazelas de um campeonato com 38 rodadas.

- Depois da boa partida de Rafinha e Willian no Independência, no empate contra o Atlético Mineiro, Biro Biro fez o gol da vitória do Fluminense diante do Bahia. É a garotada tricolor dando a cara a tapa.

- Se é verdade que Alex não joga sozinho no Coritiba, também é verdade que o Coritiba não joga sem Alex.

- E o São Paulo segue em busca do fundo do poço.


- Salvo uma arrancada milagrosa – como o Brasileirão já viu algumas vezes – o Náutico deve passar o segundo turno como o fator surpresa que, volta e meia, vai tirar de seus adversários pontos essenciais, como acabou de ocorrer com o Corinthians, no Pacaembu.

sábado, 7 de setembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - BAHIA X FLUMINENSE - 1988

Bahia 2 x 1 Fluminense

Campeonato Brasileiro 1988 – segundo jogo da semifinal

Fonte Nova, Salvador (BA)

12 de fevereiro de 1989

Público: 110.438 pagantes

Bahia: Ronaldo; Tarantini, Newmar, Claudir e Edinho; Paulo Rodrigues, Zé Carlos e Bobô; Gil Sergipano, Charles e Marquinhos. Técnico: Evaristo de Macedo.

Fluminense: Ricardo Pinto; Carlos André, Édson Mariano, Edinho e Eduardo; Jandir, Donizete e Paulo Andreolli; Cacau (Sílvio), Washington e Romerito (Zé Maria). Técnico: Sérgio Cosme.

A Fonte Nova nunca recebera tanta gente como naquele 12 de fevereiro de 1989: inacreditáveis 110.438 pagantes, número que – somado aos 30 mil que ficaram fora do estádio – ilustrava o momento especial vivido pelo Bahia. Três décadas depois de derrotar o Santos de Pelé e conquistar a Taça Brasil de 1959, o Tricolor de Aço se colocava, uma vez mais, como protagonista no cenário nacional ao chegar a semifinal do Brasileiro de 1988. O adversário baiano na lutava pela vaga na decisão era o Fluminense do ícone tricolor Edinho, do craque paraguaio Romerito e do goleador Washington, que apenas dois minutinhos após o apito inicial já abria o placar para o Flu. Com o empate sem gols no Maracanã, no jogo de ida, o Bahia do treinador Evaristo de Macedo não tinha outra alternativa que não a de se lançar ao ataque. Ainda na etapa inicial, aos 20, Bobô, o grande símbolo daquele time, igualou o escore. Mas a festa maior viria somente aos 10 minutos do segundo tempo, quando Gil Sergipano decretou a virada e confirmou a classificação para a grande final, contra o Internacional. Final esta que o Bahia transformaria em um dos maiores triunfos de seus mais de 80 anos. Mas essa já é outra história...


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

100 ANOS DE LEÔNIDAS DA SILVA



















6 de setembro de 2013.

Centenário do nascimento de Leônidas da Silva.

Dia de confirmar que crer sem ver é mais saboroso.

Dia de lembrar o quanto o esporte pode ser mágico.

Dia de apreciar a arte feita com os pés.

Dia de acreditar que existe algo de divino no futebol.

Dia de desejar a veracidade absoluta da reencarnação.

Dia de lamentar pelos que acham que são apenas 22 homens atrás de uma bola.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 18ª RODADA – ATLÉTICO MINEIRO X FLUMINENSE



Atlético Mineiro 2 x 2 Fluminense – Independência, Belo Horizonte (MG)

Fluminense fica duas vezes em vantagem, mas maestria de Ronaldinho nas bolas paradas faz a diferença e embate com o Atlético Mineiro termina empatado.

Ainda na busca por engrenar após a conquista da Libertadores, o Atlético Mineiro, que iniciava a rodada com apenas 41.2% de aproveitamento, foi escalado pelo Cuca no 4-1-4-1 com: Victor; Michel, Leonardo Silva, Réver e Richarlyson; Pierre; Luan, Diego Tardelli, Ronaldinho e Fernandinho; Guilherme. Na beirada da zona de rebaixamento, o Fluminense chegou a Minas Gerais repleto de desfalques – Fred, claro, o principal deles – e montado por Luxemburgo no 4-3-3 com: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Anderson e Carlinhos; William, Edinho e Wágner; Rafinha, Rhayner e Rafael Sóbis.

Há menos de um ano, no mesmo Independência, Atlético Mineiro e Fluminense entravam em campo para o duelo mais aguardado do Brasileirão 2012. Duelo este que foi eletrizante e terminou em vitória do Galo após gol de cabeça do zagueiro Leonardo Silva no apagar das luzes. Hoje, com o 1º turno próximo ao fim, nem o Alvinegro Mineiro nem o Tricolor Carioca consegue apresentar um futebol próximo ao do ano passado, fato que, no entanto, não impediu o confronto de ser agitado.

Com pequenas variações de intensidade, pode-se dizer que a partida teve a mesma cara durante os 90 minutos. O Flu a apostar nos contra-golpes em velocidade e o Atlético, assim como na reta final da Libertadores, a buscar o ataque mais na base do “vamo-que-vamo” do que na paciência e refino. A estratégia tricolor deu certo primeiro, quando, logo aos 13, Wágner encontrou Rafinha e, depois, apareceu na área para aproveitar falha de Luan. Aos 36, em novo contra-ataque, Sóbis não conseguiu transformar paçocada de Pierre em 2 a 0. O castigo não tardaria: nos acréscimos da etapa inicial, Ronaldinho cobrou falta com perfeição e igualou o escore.

Percebendo que seu esquema com cinco homens de frente dava muitos espaços ao Flu, Cuca voltou com Rosinei no lugar de Michel, colocando Luan na lateral direita. Se não ganhou em criatividade ofensiva, o Atlético, pelo menos, não sofria mais com os contra-ataques. Até que Luxa mexeu (saíram Sóbis e Rafinha para as entradas de Samuel e Marcos Jr) e, aos 26, Richarlyson mandou mal, Rhayner escapou como um foguete, fez 2 a 1 e só não se tornou o herói do jogo porque, logo em seguida, fez a chamada falta tática e recebeu o vermelho.

Agora mesmo que, com um a mais, o Galo iria com tudo para o abafa. O bumba-meu-boi era tamanho que o zagueiro Leonardo Silva virou centroavante. E que deu conta do recado! Tal qual um pivô de futsal, Léo Silva usou seu porte físico para infernizar a zaga tricolor e sofreu a falta que Ronaldinho uma vez mais aproveitou o péssimo posicionamento de Cavalieri para dar números finais à peleja.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CRUZEIRO X BAHIA - 1993

Cruzeiro 6 x 0 Bahia

Campeonato Brasileiro de 1993 – Fase de Grupos, 12ª rodada

Mineirão, Belo Horizonte (MG)

07 de novembro de 1993

Público: 8.079

Cruzeiro: Sérgio Guedes; Paulo Roberto, Róbson, Toninho e Nonato; Zelão, Ademir, Macalé e Boiadeiro (Rogério Lage); Careca (Weberth) e Ronaldo. Técnico: Carlos Alberto Silva

Bahia: Rodolfo Rodríguez; Jorginho, Vilmar, Ronald e Rogério (Naldinho); Lima Sergipano, Arthurzinho (Emerson), Bonato e Ramon; Marquinhos Ferreira e Marcelo Ramos. Técnico: Antônio Leone

Gols: Ronaldo (Cruzeiro), aos 13’ do 1º tempo; Careca (Cruzeiro), aos 22’ do 1º tempo; Ronaldo (Cruzeiro), aos 31’ do 1º tempo; Ronaldo (Cruzeiro), aos 37’ do 1º tempo; Ronaldo (Cruzeiro), aos 34’ do 2º tempo; Ronaldo (Cruzeiro), aos 40’ do 2º tempo.


O Brasileirão de 1993 ficará para sempre na história como o torneio onde floresceu um dos maiores nomes que o Planeta Bola já viu: Ronaldo, que viria a ser Ronaldinho, que viria a ser Fenômeno. Com a camisa do Cruzeiro e seus 16 e 17 anos, o menino, ainda franzino e como quase sempre careca, deu seus primeiros chutes no futebol profissional. E que chutes! A Raposa não fez uma grande campanha, diga-se a verdade, e foi eliminada ainda na fase de grupos, mas o garoto Ronaldo fez o que se espera de um grande goleador e balançou as redes 12 vezes em 14 jogos. O mais simbólico destes jogos foi a goleada por 6 a 0 diante do Bahia, quando o carequinha marcou nada menos do que cinco tentos: dois em pênaltis perfeitamente cobrados, um em cabeçada fatal, um deixando a zaga estirada no chão e o último, que fechou o massacre, ao aproveitar a cômica “dormida no ponto” do goleiro paraguaio Rodolfo Rodríguez, que deixou a bola no chão para lamentar a atuação de sua defesa e viu Ronaldo a colocar no fundo do gol. Era o desabrochar do maior artilheiro da história da Copa do Mundo.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A GENTE VENDE CRAQUE E NÃO CONSEGUE LUCRAR

Não é de agora que o estrangeiro vê nos clubes brasileiros uma fonte de craques. Muito pelo contrário, este foi um dos motivos pelos quais o profissionalismo foi adotado em meados da década de 30. Em outras palavras, há quase um século nos colocamos como exportador de pé de obra no Planeta Bola. E é triste constatar que estes quase 100 anos não fizeram os clubes daqui aprenderem a negociar jogadores de futebol.

Seria um equívoco ignorar a maior força de dólares, euros e libras sobre o nosso real. Ou que qualquer sub-15 no Brasil já tem o sonho de jogar na Europa, mesmo em um time que, no máximo, vá brigar pela meiúca da tabela. “E ainda os empresários, umas verdadeiras raposas”, vão lembrar alguns. No entanto, estes não são fatores suficientes para justificar a incapacidade dos cubes brasileiros em negociar seus valores. Incapacidade que se torna assustadora se comparada ao que alguns clubes europeus conseguem.

Um exemplo é o suficiente para ilustrar: em um intervalo de poucos dias, o ucraniano Shakthar Donetsk veio ao Brasil e, tal qual um colonizador do século XVI, pegou a matéria-prima que quis. Gastou cerca de 60 milhões de euros e levou Fred (do Internacional, por 15M) Fernando (do Grêmio, por 13M), Wellington Nem (do Fluminense, por 8M) e Bernard (do Atlético Mineiro, por 25M). Quatro diamantes que não passam dos 21 anos. Pois bem, o Atlético de Madrid, que assim como o Shakthar está longe de ser uma potência do futebol mundial, conseguiu os mesmos 60 milhões de euros ao negociar Falcão Garcia, de 27 anos, com o Monaco.

Não há dúvidas de que Falcão vive uma fase monumental, balançando as redes de tudo quanto é maneira, mas as cifras de sua negociação mostram o quanto nossos clubes ainda são amadores no mercado da bola. Isso porque seria covardia colocar em questão a recente venda do galês Bale por mais de 90 milhões de euros, do Tottenham para o Real Madrid.


Além de contar com milhões de torcedores e não conseguir encher os estádios e de ter um público apaixonado e não conseguir realizar ações de marketing, os clubes brasileiros, há anos, querem vender craques e ainda não saíram do jardim de infância no assunto. Difícil não lembrar de “Inútil”, o rock do Ultraje a Rigor que canta:  “A gente faz música e não consegue gravar. A gente escreve livro e não consegue publicar. A gente escreve peça e não consegue encenar. A gente joga bola e não consegue ganhar...”