domingo, 30 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 - SEMIFINAL - FLUMINENSE X VASCO


Fluminense 0 x 1 Vasco – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Artilheiro Edmílson vai às redes e Vasco supera Fluminense para voltar à final do Campeonato Carioca após 10 anos.

A primeira etapa no Maracanã não foi um ataque contra defesa como podia se esperar. O Vasco, pela obrigatoriedade da vitória, posicionou seus homens mais à frente, dentro do campo rival, mas em momento algum chegou a pressionar. Diego Renan foi o cruz-maltino que mais apareceu no ataque, tanto com finalizações como com cruzamentos, Everton Costa deu trabalho ao Carlinhos, Edmílson foi procurado e encontrado e Douglas recuou da marcação do Valencia para iniciar as tramas alvinegras.

O Fluminense, por sua vez, até entrou em campo com o intuito de se resguardar e aproveitar os contra-golpes, mas a marcação vascaína no meio-campo foi frágil e permitiu ao Flu, por diversas vezes, avançar seus jogadores. Não só os avançou como criou chances com Fred (fez um gol bem anulado por impedimento) e duas vezes em finalizações de ilusionista do Walter que só não mudaram o placar por que o pé de Martín Silva e o travessão não deixaram.

Quando o primeiro tempo chegava ao fim, Douglas sofreu falta de Valencia e a cobrou para Gum falhar, Rodrigo tocar e Edmílson fazer um a zero Vasco. Agora era o Fluminense que precisava correr atrás do prejuízo. E foi de assustar como durante toda a etapa final o Tricolor não conseguiu construir sequer uma chance concreta de empatar. Principalmente depois que Renato sacou o Walter, o Flu nada fez além de chutões para frente e bolas alçadas na área de qualquer maneira, algo imperdoável para um time que terminou com Carlinhos, Conca, Wágner, Rafael Sóbis e Fred em campo.

O Vasco, sem muitas dificuldades para se defender (vale ressaltar aqui o leonino Guiñazu), ainda buscou alguns botes com Everton Costa e Douglas, que, por sinal, faz a bola rolar que é uma beleza. Como o Flu passou longe de levar perigo ao Martín Silva e o Vasco não foi lá muito incisivo – e nem precisou –, o apito final veio para decretar o um a zero e a volta do Cruz-Maltino a uma final de Carioca depois de uma década.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Elivelton e Carlinhos; Valencia, Rafinha (Biro Biro) e Diguinho (Wágner); Conca; Walter (Rafael Sóbis) e Fred. Técnico: Renato Gaúcho.

Vasco: Martín Silva; André Rocha, Luan, Rodrigo e Diego Renan (Marlon); Pedro Ken, Guiñazu e Douglas; Everton Costa, Reginaldo (Fellipe Bastos) e Edmílson (Thalles). Técnico: Adilson Batista.

HERNANE E A FASE DO CENTROAVANTE

Coisa misteriosa essa tal de fase do centroavante. No segundo semestre do ano passado, o flamenguista Hernane era capaz de transformar qualquer coisa que fosse na sua direção em gol. Às vezes ele estava no lugar errado, na hora errada, finalizava errado e a bola ia dormir, quietinha, no fundo do barbante. Mas eis que o futebol e o Flamengo entraram de férias...

Começou 2014 e Hernane só foi desencantar no terceiro jogo. E o fez com grandiosidade: enfiou quatro bolas nas redes do Macaé. Voltou a brocar somente após cerca de um mês, quando deixou sua marca contra o Emelec, em jogo que parecia ser sua despedida para o futebol chinês. A esta altura, apesar de todo o desejo pela permanência do centroavante na Gávea, o torcedor rubro-negro já não via um Brocador como o de antes.

As bolas de sempre já não entravam mais. Aquela sensação de que a brocada sairia a qualquer minuto foi dando espaço a uma, duas, três, quatro, incontáveis pulgas atrás da orelha. Não se pode deixar de dizer que o Flamengo, como um todo, não é nem sombra do Campeão da Copa do Brasil de 2013. A saída de Elias e o tempo de ausência de Luiz Antônio e Paulinho depenaram o Urubu. Hernane, homem de área – mais ainda, homem de apenas um toque na bola –, sofreu e sofre barbaridade com a queda do time.

Voluntarioso, se dedica, tenta fazer o pivô, abrir espaços, participar da organização, chutar de fora da área... Não é a dele. O negócio do Brocador é um toque na bola, uma bola na rede. E como que para deixar ainda mais nítido que o momento não é mesmo dos melhores, Alecsandro, que foi contratado para ser um daqueles reservas que só entra no finalzinho, não para de levantar o véu da noiva.


A explicação para a queda de Hernane passa por fatores técnicos, táticos, físicos e psicológicos não só do próprio, mas de todo o time do Flamengo. Mas mesmo sabendo o caminho para se encontrar os motivos da má fase do Brocador, não tem como não se intrigar com um centroavante que há alguns meses fazia de qualquer tijolo a alegria da galera rubro-negra e que, agora, parece estar sempre segundos e centímetros atrasado.

sexta-feira, 28 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 - SEMIFINAL - VASCO X FLUMINENSE


Vasco 1 x 1 Fluminense – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Em clássico equilibrado e batalhado, Fluminense sai na frente com Fred, Vasco empata com Thalles e definição da vaga na final fica para domingo.

Cruz-Maltinos e tricolores, ninguém pode negar, entraram em campo para buscar a vitória. Não teve nada de fase de estudos ou cautela inicial por ser um confronto de 180 minutos. Foi briga, luta, discussão, reclamação e nervos à flor da pele do primeiro ao último trilar do apito. Tramas refinadas e primor técnico individual foram raridades no Maracanã.

Os 10 minutos iniciais foram pra lá de intensos, com Douglas acertando a trave e Walter cabeceando uma bola que não entrou por centímetros e milésimos. Já neste período o clássico demonstrava os contornos que apresentaria na maior parte: a bola em pés vascaínos e a marcação recuada à espera do contra-ataque fatal com os tricolores. A este desenho tático, adicione doses cavalares de entrega defensiva e transpiração de ambas as partes.

Antes do intervalo, a bola esteve muito perto de levantar o véu do noiva. Pelo Vasco, potentes arremates de André Rocha e Rodrigo levaram perigo, e um chute à queima roupa do Edmilson beijou a trave após defesa de Cavalieri. Já por parte do Flu, Jean deu trabalho a Martín Silva e Carlinhos por pouco não abriu o placar. Placar que seria inaugurado aos 10 minutos da segunda etapa na jogada mais bela de todo o clássico: Jean arrancou, tabelou com Conca e rolou para Fred, livre, leve e solto, pegar o Vasco.

No momento de seu gol, o Flu apresentava uma postura com mais iniciativa, mas logo a estratégia de chamar o Vasco para o seu campo voltou a dar as caras. E o Vasco, sem medo de ser feliz, foi á frente e empatou aos 20, com o garoto Thalles, que jogo após jogo mostra que não pode ser reserva na equipe do Adilson.

O passar dos minutos não diminui a intensidade do clássico, mas a energia foi mais dedicada a reclamações e foiçadas nos adversários do que em criações ofensivas. O Flu escapou em um contra-golpe com Marcos Junior e Rafinha e o Vasco buscou uma pressão final, principalmente após a expulsão do Jean, aos 46. Nada, porém, capaz de tirar a igualdade do escore. Domingo tem mais!

Vasco: Martín Silva; André Rocha (Fellipe Bastos), Luan, Rodrigo e Marlon (Diego Renan); Pedro Ken, Guiñazu e Douglas; Everton Costa, Reginaldo (Thalles) e Edmílson. Técnico: Adilson Batista.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Rafinha), Gum, Elivelton e Carlinhos; Valencia, Jean e Diguinho; Conca; Walter (Marcos Junior) (Wágner) e Fred. Técnico: Renato Gaúcho.

quinta-feira, 27 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 - SEMIFINAL - CABOFRIENSE X FLAMENGO


Cabofriense 0 x 3 Flamengo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Moleza! Sem muito se esforçar, Flamengo faz 3 a 0 na Cabofriense e encaminha a classificação para a final do Campeonato Carioca.

Os números na prancheta mostraram um Flamengo exatamente como o Campeão da Copa do Brasil de 2013, fato que, diga-se de passagem, não tem sido comum neste ano. Uma linha de quatro zagueiros, Amaral na função de cão-de-guarda, Márcio Araújo como o volante com mais liberdade, Paulinho e Luiz Antônio de meias abertos pelos flancos e Éverton entre os quatro meio-campistas e o centroavante Hernane.

Se em termos de posicionamento o Fla foi um “ctrl c + ctrl v” dos melhores momentos de 2013, em termos de intensidade não foi tanto assim. E nem precisou. Com poucas, mas destacadas, exceções (a Cabofriense carimbou o poste com o Daniel Tijolo e obrigou o Felipe a duas arrojadas defesas no primeiro tempo), o Rubro-Negro deu ao jogo o ritmo lento que quis, criou raízes no campo ofensivo, manteve a maior posse de bola do início ao fim, acelerou umas raras tramas de ataque e foi eficiente o bastante para marcar três gols e acertar outras três bolas na trave.

Éverton, aos 17 da etapa inicial, após cabeçada de Hernane beijar o poste, Paulinho, logo aos 4 do segundo tempo, depois de linda assistência do Brocador, e Alecsandro, em seu primeiro toque na bola, aos 30, foram os autores dos tentos flamenguistas. Abre parêntese. Certos centroavantes parecem ser avaliados apenas pelo número de bolas que colocam nas redes. Mesmo com participação direta nos dois primeiros gols, Hernane não sacudiu o barbante e não só não empolgou o torcedor rubro-negro como não deve ter ficado, ele mesmo, satisfeito com sua própria atuação. Ainda mais depois que Alecsandro precisou de menos de 20 segundos em campo para deixar sua marca. Fecha parêntese.

Muito próximo da vaga na decisão, Jayme de Almeida já pode começar a concentrar seu pensamento no embate com o Emelec, pela Libertadores. Principalmente em como suprir as ausências de Luiz Antônio e Márcio Araújo, que dão mais dinâmica e fluidez ao Flamengo mas não estão inscritos na competição continental.

Cabofriense: Luís Cetin; Rodrigo Dias, Luizão, Victor Silva e Leandro; Jardel, Daniel Tijolo e Silvano; Keninha (Arthur Faria) e Éberson (Anderson); Fabrício Carvalho. Técnico: Alexandre Barroso.


Flamengo: Felipe; Digão, Wallace, Samir e João Paulo (Mugni); Amaral, Márcio Araújo, Luiz Antônio (Gabriel) e Paulinho; Éverton; Hernane (Alecsandro). Técnico: Jayme de Almeida.

terça-feira, 25 de março de 2014

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA

Futebol é capacidade técnica, é preparo físico, é controle psicológico e é, também, muito conhecimento tático. E desde a primeira partida entre seleções, em 1872 – quando a Inglaterra com potência física e esquematizada no 1-1-8 enfrentou uma Escócia de passes de pé em pé e montada no 2-2-6 –, até os dias de hoje, este conhecimento tático passou por uma longa jornada. A expansão mundo afora do 2-3-5 e, depois, do W-M, a encantadora escola de Danubio e a eficiente solidez italiana, a consagração do 4-2-4 brasileiro, o Catenaccio, o fim dos pontas, o futebol científico, o futebol total... Quem foram os idealizadores e quais os contextos das grandes mudanças táticas da história? O autor Jonathan Wilson em seu valioso Inerting the Pyramid conta em detalhes toda esta jornada que fez (para o bem e para o mal) o futebol ser o que é hoje dentro das quatro linhas.

Inverting the Pyramid – The History of Football Tactics

Autor: Jonathan Wilson


domingo, 23 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 – 15ª RODADA – VASCO X DUQUE DE CAXIAS



Vasco 4 x 0 Duque de Caxias – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

Artilheiro isolado do Carioca, Edmílson marca duas vezes e Vasco goleia e rebaixa o Duque de Caxias.

Os objetivos em jogo em São Januário eram extremamente opostos. Enquanto o Vasco precisava vencer (e torcer contra o Fluminense) para conquistar a vantagem na fase semifinal, o Duque de Caxias tinha uma luta menos nobre: fugir da degola, o que só ocorreria em caso de vitória sobre o Cruz-Maltino e derrota do Resende diante do Madureira.

Imaginem, amigos, como foi a semana do Duque de Caxias. Esperança deve ter sido a palavra mais falada por dirigentes, treinador e jogadores mais experientes. Discursos diários sobre a necessidade de não desistir jamais, de lutar até o fim e de quem acredita sempre alcança não devem ter faltado.

Eis que o Duque de Caxias entra em campo quase verde de tanta esperança. Vem o apito inicial e, com míseros sete segundos, Reginaldo faz um a zero Vasco. O psicológico duquecaxiense foi por água abaixo. E como o time comandado pelo técnico Mario Júnior é pra lá de frágil em termos técnicos, táticos e físicos (só o camisa sete Juninho se salvou), o abalo psicológico facilitou – e muito! – a tarde vascaína.

Sem pisar fundo no acelerador e mesmo com um Douglas mais sumido que nota de cem reais em fim de mês, o Vasco passeou em campo e não encontrou problemas para transformar o relâmpago um a zero em goleada. Everton Costa, aos 14 minutos da etapa inicial, e o artilheiro Edmílson, aos 7 e 37 do segundo tempo, foram os carrascos do abatido Duque de Caxias.

Vale dedicar aqui um espaço para a fase vivida pelo atacante Edmílson. Com muita dinâmica, disposição e, principalmente, pontaria certeira, o atacante é hoje um nome inquestionável no Cruz-Maltino. Somente o goleiro Martin Silva é mais absoluto no time titular do que ele.

Apesar da goleada, a vitória do Fluminense sobre o Volta Redonda manteve o Vasco na terceira colocação da fase inicial e sem a vantagem no duelo semifinal contra o próprio Tricolor. Por sinal, um duelo que promete!

Vasco: Martín Silva; André Rocha, Luan, Rodrigo e Marlon; Aranda e Fellipe Bastos; Everton Costa (Bernardo), Douglas (Dakson) e Reginaldo (Montoya); Edmílson. Técnico: Adilson Batista.

Duque de Caxias: Andrade; Bruno Neves (Nélio), Alan Henrique, Guti e Alan Pires; Lenon (Arzaius), Sampson e André Gomes; Juninho e Washinton; Alex Terra (Nathan). Técnico: Mario Júnior.

sexta-feira, 21 de março de 2014

UMA IMAGEM













“Quando Bellini apanhou o caneco de ouro, era o novo homem brasileiro que se proclamava.” – Nelson Rodrigues

quinta-feira, 20 de março de 2014

COLOCANDO RIVALDO EM SEU DEVIDO LUGAR


Não são poucos os craques que são engolidos pela camisa da sua Seleção. Quando nos clubes, jogam uma barbaridade e são capazes de brilhar e fazer chover ao mesmo tempo. Já trajados com a camisa de seu país são de uma timidez irreconhecível. E assim, a história de muitos grandes jogadores acabou carimbada com o rótulo de “não era jogador de Seleção”. A lista é imensa, mas nunca em minha vida no futebol compreendi a presença de um nome nela. O nome de Rivaldo.

Por que cargas d’água muitos insistem em incluir Rivaldo nesta lista? Será por que ele desprezou o marketing pessoal justamente no momento em que esta área crescia assustadoramente no futebol? Ou será por que ele nunca criou um laço forte de idolatria com nenhuma torcida de um grande clube brasileiro? Ou talvez por que, apesar de toda sua genialidade com a bola nos pés, Rivaldo nunca foi lá muito carismático?

Aproveito a despedida deste monstro do nosso futebol para chutar para escanteio todos estes questionamentos e tirar o nome de Rivaldo da supracitada lista para colocá-lo no lugar em que ele merece. O lugar reservado a quem foi protagonista no Vice-Mundial em 1998 – que nos diga a Dinamarca – e no Penta, em 2002, quando, se não foi melhor que Ronaldo, tampouco foi pior. E para aqueles que consideram o clássico contra a Argentina um título à parte, Rivaldo venceu cinco dos sete embates com nossos vizinhos, o mais inesquecível, para ele, aquele em Porto Alegre, em 1999, quando fez três gols na goleada por 4 a 2.

Com relação à Seleção, Rivaldo jamais pode ser considerado um qualquer. Jamais! Desde que o hors concours Pelé defendeu o Brasil pela última vez na sua carreira, em 1971, já se vão quatro décadas. De lá para cá, em dezenas de jogos e uma dezena de Copas do Mundo, a camisa 10 brasileira foi vestida por nomes do quilate de Rivellino, Zico, Raí e Ronaldinho. Quem melhor a vestiu a 10 canarinho após o Rei? É aqui, nesta disputa, que Rivaldo encontra seu lugar.

quarta-feira, 19 de março de 2014

COPA LIBERTADORES 2014 - FASE DE GRUPOS - BOTAFOGO X INDEPENDIENTE DEL VALLE


Botafogo 1 x 0 Independiente del Valle – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Torcida apoia os 90 minutos e Fogão vence batalha contra o Independiente del Valle para voltar a liderar o grupo 2 da Libertadores.

Gol é sempre bem vindo. Quando ele vem logo após o apito inicial, então, melhor ainda, pois o adversário, principalmente no caso de ser um visitante, precisa de muita cabeça no lugar para não se desestruturar. Diante do Independiente del Valle, o Botafogo não precisou nem de três minutos para abrir o placar: Lucas ganhou pela direita, alçou a redonda na área e Ferreyra, entre os dois zagueiros rosados, cabeceou com perfeição.

A vantagem tão cedo criou uma questão para o Alvinegro: e agora, qual a estratégia a adotar? Dentre tantas alternativas possíveis para se jogar com a vantagem, a escolha foi por chamar o adversário e esperar os espaços que apareceriam para dar o bote no contra-golpe. Como o Botafogo chamou mais o Independiente para o seu campo do que deveria, e o Independiente se abriu sem receios, o jogo virou uma verdadeira roleta-russa, com a bola podendo sacudir qualquer uma das redes a qualquer momento.

Até o apito final, que fez todos os alvinegros soltarem o ar preso por minutos – ou seria mais de hora? –, a partida foi elétrica e imprevisível. O Independiente assustava com bolas na área para o zagueiro Lamas e o Botafogo respondia com uma bomba de Jorge Wagner no travessão. O Independiente avançava seus meias abertos e o Botafogo mandava mais um tijolo com Jorge Wagner. O Independiente arrematava duas bolas que por pouquíssimos centímetros não viraram gols e o Botafogo ameaçava contra-ataques que se bem sucedidos decidiriam a partida. O Independiente fazia a torcida berrar que Jefferson era o melhor goleiro do país e Jorge Wagner – sempre ele! – voltava a carimbar o travessão.

Se é verdade que o Botafogo esteve longe de fazer uma grande partida, também é verídico que os alvinegros deixaram em campo todo o suor necessário para conquistar três pontos maiúsculos. O apoio irrestrito da torcida durante os 90 minutos e os aplausos após estes são as provas de que o Fogão venceu uma grande batalha.

Botafogo: Jefferson; Lucas (Junior Cesar), Dankler, Dória e Julio Cesar; Gabriel (Bolatti) e Marcelo Mattos; Lodeiro e Jorge Wagner; Wallyson (Cidinho) e Ferreyra. Técnico: Eduardo Hungaro.


Independiente del Valle: Azcona; Nuñez, Fernando León, Lamas (Julio Angulo)e Pineida; Rizotto, Henry León (Orejuela); González e Guerrero (Solís); Sornoza; Daniel Angulo. Técnico: Pablo Repetto.  

segunda-feira, 17 de março de 2014

BATENDO BAFO - BRASIL 2002

Álbum de Copa do Mundo sem ausências não é álbum de Copa do Mundo. Em 2002, ano em que, comandado por Felipão, o Brasil levou o Penta com o acachapante retrospecto de sete jogos e sete vitórias, algumas figurinhas fizeram falta. E não figurinhas quaisquer, mas protagonistas como o goleiro Marcos e o meia Ronaldinho Gaúcho, ambos essenciais na conquista canarinho. Além deles, Edmílson, Gilberto Silva e Kléberson, que também terminaram o Mundial no onze titular, não estão presentes entre os cromos. Não ficaram de fora os laterais multicampeões Cafu e Roberto Carlos e os geniais Rivaldo e Ronaldo, dupla que divide as opiniões sobre quem foi o melhor nome daquela Copa, apesar de o prêmio ter ido parar na prateleira do goleiro alemão Kahn.





domingo, 16 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 – 14ª RODADA – FLUMINENSE X VASCO


Fluminense 1 x 1 Vasco – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Vasco sai na frente com gol de Edmílson, Fluminense empata através de Fred e clássico agitado termina em igualdade.

Fluminense e Vasco entraram em campo com um objetivo em comum: encaminhar a vice-liderança da primeira fase e garantir a vantagem do empate na semifinal. Não seria de espantar se Renato Gaúcho e Adilson Batista optassem por times reservas ou mesclados, mas, para o bem do clássico e dos torcedores – nas arquibancadas, poltronas de casa e cadeiras de bar – o Tricolor e o Cruz-Maltino foram de força máxima.

Como um todo, a partida foi bastante equilibrada, mas uma análise mais recortada vai mostrar uns períodos de superioridade do Flu e outros de domínio vascaíno. Os melhores momentos alvinegros invariavelmente passaram pela inteligência dos passes do Douglas e pela dinâmica do Edmílson. Hoje, a presença destes dois é essencial para a criação cruz-maltina. Na etapa inicial, por exemplo, Edmílson acertou uma cabeçada no travessão e fez um belo gol, aos 41, ambos os lances com participação de Douglas, que não se deixou dominar pela marcação individual e integral do Valencia.

A interessante mecânica ofensiva vascaína, que também contou com Everton Costa e Pedro Ken, não foi vista em termos defensivos. Uma verdadeira pane aérea foi protagonizada por Rodrigo, Luan e o goleiro Martín Silva (chamou atenção a alternância de defesas sensacionais e caçadas de borboleta do uruguaio). Fora uma bomba do Chiquinho que explodiu no poste, foi alçando a pelota na área que o Flu não só construiu suas melhores oportunidades como chegou ao empate através de Fred, ligeiramente impedido, aos 21 da segunda etapa. Além de Conca – sempre ligado, ativo e participativo – o lateral-direito Bruno também foi boa arma ofensiva no Tricolor.

Pelas alternativas táticas, boas atuações individuais e desejo de vitória que tricolores e cruz-maltinos mostraram durante praticamente os 90 minutos, não é exagero dizer que o clássico foi bem interessante. Que venham as semifinais!

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Leandro Euzébio e Chiquinho; Valencia, Jean e Diguinho (Biro Biro); Conca (Wágner); Rafael Sóbis (Walter)e Fred. Técnico: Renato Gaúcho.


Vasco: Martín Silva; André Rocha, Luan, Rodrigo e Marlon; Aranda e Guiñazu; Pedro Ken e Douglas; Everton Costa (Thalles) e Edmílson (Montoya). Técnico: Adilson Batista.

sábado, 15 de março de 2014

GÊNIOS DAS PALAVRAS

Oração do Atleticano
por Roberto Drummond
Retirado do livro Uma Paixão em Preto e Branco


Senhor apague o sol,
Apague a lua
Anoiteça os olhos da amada
Mas não deixe o Atlético capitular
Não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe nosso goleiro vacilar.
De asas de pássaros ao goleiro
Dê os braços dos amantes ao goleiro
Faça-o abraçar esse pássaro sem asas
Como se fosse à mulher mais esperada
Mais desejada,
Mais sonhada,
Mais amada,
Mais adiada.
Senhor, tire o pão nosso de cada dia,
Corte nossa água
Nos condene à fome e a sede
Proíba nossos amores
Exile as amadas na China
Ou na Conchinchina
Decrete a solidão nas esquinas,
Nos bares e em nosso coração.
Faça de nós, Senhor, um bolero,
Faça de nós um tango
Faça de nós uma guarânia
Ou uma balada
Faça de nós a mais desesperada canção
Nos mate não apenas da sede de água
Mas da sede da boca da amada
Mas transforme nossa defesa num muro
Numa barreira, numa trincheira
Num obstáculo intransponível.
Mate a todos nós da fome de amor
Que é pior que a fome de verdade
Mas não deixe, Senhor, o adversário passar
Senhor, dispare a inflação
Mingúe nosso feijão
Aprisione nossa ilusão
Prenda de vez nosso coração
Mas espalhe luz sobre os caminhos do Atlético
Sobre a grama verde onde pisam nossos heróis
Acenda uma estrela na chuteira deles
E não deixe, Senhor, o adversário passar
Não deixe o Atlético capitular
Senhor, nos faça descobrir o amor
Para depois tirá-lo de nós
Faça-nos sofrer de amor
Mate-nos de amor, se preciso
Mas quando nosso atacante pegar a bola, Senhor
Iluminado seja o seu caminho
Cheio de estrelas e de dribles
E de passes mágicos e de cruzamentos
E de gols seja feito o seu caminho
Encantada seja a sua chuteira
E que nos seus pés
Na sua cabeça
Bendita seja a vitória do Atlético!
E depois de tudo, Senhor
Depois que o Atlético cantar
Aí, Senhor, se julgar necessário nos tomar algum fruto
Após tanta recompensa
Prive-nos de tudo o que quiser
Exile a amada no Equador
E outra vez, Senhor
Nos mate de amor!
Mas não deixe o adversário passar!

quinta-feira, 13 de março de 2014

FUTEBOL É ARTE

Nascido em Goiás Velho (GO), no ano de 1947, Siron Franco é um multiartista brasileiro, com experiências como pintor, escultor, ilustrador, desenhista, gravador, diretor de arte e criador de monumentos públicos. Dentre todas estas possibilidades, foi a pintura que ele escolheu para retratar o futebol, o que fez em mais de uma oportunidade. Aqui, na galeria “Futebol é Arte”, o amigo pode apreciar uma das obras do autor: Fim do Craque, de 1975.
















COPA LIBERTADORES 2014 - FASE DE GRUPOS - FLAMENGO X BOLÍVAR


Flamengo 2 x 2 Bolívar – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Everton marca duas vezes, defesa falha muito e Flamengo apenas empata com Bolívar no Maracanã.

“ÔÔÔ!!! Vai pra cima deles, Mengo!”. Este é um dos gritos característicos da torcida rubro-negra para embalar o time. Diante do Bolívar, sem poder se dar ao luxo de perder pontos no Maracanã, era isso que o Flamengo precisava ter feito desde o apito inicial. Era, mas não foi. Durante todo o primeiro tempo, o Flamengo mostrou um futebol lento, sem criatividade e que exceto por um chute fraco do Hernane e outro torto do Gabriel nada construiu. Responsáveis pela organização ofensiva, Everton, Gabriel e, principalmente, Elano, não conseguiram encontrar espaços dentro da encaixada retaguarda boliviana, esquematizada num 3-4-3 onde todos participavam da marcação. E mesmo sem a mínima intenção de se expor, o Bolívar ainda deu trabalho ao Felipe na etapa inicial, em chutes longos de Arce e Moya.

O ritmo moroso e previsível que só interessava aos visitantes mudou após o intervalo, o que não quer dizer que o Flamengo, enfim, tomou as rédeas da partida. Pelo contrário, quem largou na frente foi o Bolívar: aos 7, em falha de Wallace, Ferreira fez um a zero. Um preciso arremate de Everton, dois minutinhos depois, empatou o escore e não deixou o nervosismo rubro-negro aumentar ainda mais. A partir daí, com Paulinho cheio de ímpeto pela lateral-direita, o Fla viveu seu melhor momento e conseguiu a virada, novamente através de Everton. Com 25 minutos por jogar, era a hora de o Flamengo se impor, fosse fazendo a bola rolar e o adversário correr ou através de uma pressão no campo de ataque. Não fez nem um, nem outro. E pior, aos 27, João Paulo bobeou e Pedriel empatou.

Daí até o fim, o Rubro-Negro buscou o triunfo na base da bola rifada e do desespero. Como não foi bem sucedido, terá que buscar nos próximos dois jogos como visitante os pontos que deixou escapar como mandante. Não será nada fácil.

Flamengo: Felipe; Léo (Paulinho), Wallace, Samir e João Paulo; Cáceres (Carlos Eduardo), Elano (Alecsandro) e Muralha; Gabriel e Everton; Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.

Bolívar: Quiñonez; Rodriguez, Cabrera e Gutierrez; Yecerotte (Moya), Damir Miranda (Cardoso); Flores e Capdevila; Arce, Callejón (Pedriel) e Ferreira. Técnico: Xavier Azkargota.

segunda-feira, 10 de março de 2014

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA

Na atual era dos assessores de imprensa, o futebol brasileiro sente falta dos jogadores que não têm papas na língua e falam o que querem. Serginho Chulapa não só falava o que queria como dava a impressão de fazer o que queria quando estava incendiado. Brigava com adversários, companheiros, juízes, bandeirinhas, jornalistas... Mas Serginho não era só uma bomba relógio sempre em contagem regressiva. Era também um goleador como poucos. Ninguém balançou mais as redes do que ele com a camisa do São Paulo e, pelo Santos, depois da Era Pelé, só foi ultrapassado por Neymar. As histórias explosivas e as explosões dos gols de Serginho Chulapa, o amigo poderá encontra em “O Artilheiro Indomável”, escrito por Wladimir Miranda.





















O Artilheiro Indomável – As incríveis histórias de Serginho Chulapa
Autor: Wladimir Miranda
Editora Publ!sher Brasil

domingo, 9 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 – 13ª RODADA – BOTAFOGO X FLAMENGO


Botafogo 0 x 2 Flamengo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Flamengo bate Botafogo em clássico de poucas emoções, conquista a Taça Guanabara e, de quebra, ainda elimina o rival do Campeonato Carioca.

Para o Flamengo a vitória valia a Taça Guanabara e a vantagem do empate para a fase final. Para o Botafogo, a oportunidade de seguir vivo no torneio, mesmo que com ínfimas chances de classificação. Em campo, um Rubro-Negro que optou por poupar apenas os jogadores necessários e um Alvinegro, novamente, foi escalado com onze reservas. Neste cenário, o Flamengo nem precisou fazer muito esforço para confirmar seus objetivos, e não é exagero dizer que os únicos dois lances ofensivos do clássico dignos de nota foram os gols, marcados por Gabriel, aos 10 minutos do primeiro tempo, e por Léo, já no apagar das luzes.

Numa análise geral, que pode perfeitamente ser realizada pois a partida foi fria, sem alternâncias e previsível, o Flamengo trocou passes e saiu para o jogo de forma mais redonda – méritos para os volantes Márcio Araújo e Muralha –, se movimentou mais com os meias Everton e Gabriel, conseguiu acionar o Hernane e apresentou um sistema defensivo mais sólido (Jayme parece ter encontrado o núcleo de sua defesa com os zagueiros Wallace e Samir e o volante Cáceres). Esta superioridade rubro-negra foi mais evidente na etapa inicial, pois depois que o desgovernado volante botafoguense Airton foi expulso, aos 21 minutos do segundo tempo, o Fla pisou ainda mais forte no freio.

O Botafogo... bem, o Botafogo apresentou em campo um resumo da estratégia que sua comissão técnica adotou para o Campeonato. Foi um time sonolento, desinteressado e desentrosado. Diferente taticamente do costumeiro 4-5-1, se postou com duas linhas de quatro e dois atacantes. Em poucas palavras, duas linhas de quatro que se mostraram frágeis na marcação e incapazes de fazer a bola chegar em condições minimamente aceitáveis para os atacantes Henrique e Zeballos.

Agora, é hora de o Flamengo pensar a melhor estratégia (física, tática, técnica e psicológica) para conciliar a fase final do Carioca e a Libertadores. E também é hora de o Botafogo rever um planejamento que rendeu quatro vitórias em 13 jogos num torneio onde sete times não disputam sequer a Série D do Brasileiro.

Botafogo: Helton Leite; Lucas, Dankler, André Bahia e Junior Cesar; Bolatti, Airton, Renato (Fabiano) e Daniel (Gegê); Zeballos e Henrique (Higuinho). Técnico: Eduardo Hungaro.

Flamengo: Felipe; Léo Moura (Léo), Wallace, Samir e João Paulo; Cáceres (Feijão), Márcio Araújo e Muralha; Gabriel (Paulinho) e Everton; Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.



sábado, 8 de março de 2014

PREGUIÇA E SALTO ALTO


A estratégia do Botafogo para o Carioca não merece críticas somente pela campanha ridícula de apenas quatro vitórias em 12 jogos num torneio onde sete clubes não disputam sequer a Série D do Brasileiro. As críticas mais efusivas devem ser direcionadas para a preguiça e o salto alto da comissão técnica alvinegra.

Em oito dos 12 jogos que realizou no Carioca até o momento, Eduardo Hungaro e seus auxiliares optaram por escalar uma equipe com 11 jogadores reservas. Esta fácil e frágil opção está banhada em uma preguiça enorme de se realizar uma planilha técnica e tática para o rodízio dos jogadores tidos como titulares.

Com um planejamento em mãos, Eduardo Hungaro saberia a hora certa de poupar os jogadores certos. Teria constantemente cerca de oito ou nove titulares em campo, deixando-os sempre ativos, mais entrosados e sem causar excessos. E mais, os jogadores reservas, ao invés de atuarem em um onze que só voltará a ser utilizado em treinos coletivos, se familiarizariam com os titulares e se tornariam opções táticas mais eficientes para o andamento de outras partidas.

Já sobre o salto alto, a imagem que a estratégia botafoguense passou foi a de que bastaria apenas reunir seus onze reservas que a vaga para a semifinal estava garantida antes mesmo de o campeonato começar. A realidade, porém, se mostrou bem diferente. A três rodadas do fim da fase inicial, o Botafogo só se classificará por um milagre.

Ninguém em sã consciência é capaz de negar que o Carioca é um torneio completamente inchado, que a pré-temporada do futebol brasileiro é muito curta e que a Libertadores merece um algum tipo de privilégio. Porém, a escolha do Botafogo por abandonar o torneio, independente dos resultados, não foi a mais adequada. Pelo menos, que sirva de exemplo. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

ELÓIGICO E SUAS LÓGICAS














Elóigico é um fanático torcedor do São Sebastião Futebol Clube que sempre coloca a paixão à frente da razão – como quase todos os torcedores, né? E quem fica perdida com tanto fanatismo de Elóigico é sua filha, Edinha, que mora junto com seu pai em uma simples casinha que vive futebol 24 horas por dia.


Desenho de Paulo Sales e roteiro de Diano Massarani.

quarta-feira, 5 de março de 2014

AMISTOSO INTERNACIONAL - ÁFRICA DO SUL X BRASIL

África do Sul 0 x 5 Brasil – Soccer City, Joanesburgo (África do Sul)

No mesmo dia de dois duelos entre finalistas mundiais – França x Holanda e Espanha x Itália – o Brasil enfrentou uma África do Sul que sequer foi capaz de avançar à fase final das Eliminatórias Africanas para a próxima Copa do Mundo. O segundo dos três gols de Neymar, antes do primeiro minuto da etapa final (Oscar e Fernandinho também foram às redes), foi a última pá de terra que sepultou um jogo que em momento algum teve vitalidade.

Júlio César fez uma boa defesa, mas ainda estamos longes de saber se a passagem pelo futebol norte-americano vai o atrapalhar no Mundial. Thiago Silva foi soberano e parecia ser capaz de anular, sozinho, o fragilíssimo ataque sul-africano. Desde a Copa das Confederações que David Luiz não mostra ser superior a Dante, como muito se propaga por aí.

Rafinha entrou para ser um lateral com funções defensivas e as cumpriu, permitindo que Marcelo e, depois, o improvisado Daniel Alves tivessem liberdade para subir pela esquerda. Daniel Alves a aproveitou. Marcelo, não. Paulinho participou de um gol do Neymar e só. Saiu para a entrada de Luiz Gustavo, substituição que deixou Fernandinho mais solto para dar bons passes e fazer um belo gol.

Oscar abriu a porteira com um gol de muita categoria em assistência brilhante de Hulk, mas, mesmo no marasmo de um jogo que se mostrou definido desde sempre, eles poderiam ter sido mais intensos. Como intenso foi Neymar, que brincou demais, jogou demais e fez gol demais. Ramires e Willian entraram no intervalo e ambos foram engolidos pela lentidão de um jogo já vencido.

Lá na frente, Fred levou a pior no duelo contra o zagueiro Ntheme, mas foi inteligente ao escapar da zona do agrião e dar ótimo passe para Neymar fazer o terceiro gol brasileiro. Uma assistência também foi a melhor participação de Jô, que, de cabeça, encontrou Neymar – sempre ele! – para fechar a goleada. Nossos centroavantes, porém, ficaram devendo em gols. Na verdade, sequer obrigaram o goleiro Williams a realizar uma defesa.


Se não a comissão técnica não queria correr o risco de enfrentar uma das favoritas à Copa do Mundo, que pelo menos optasse por um adversário capaz de testar o Brasil e não por um amistoso que acrescentou pouco mais do que um coletivo.

sábado, 1 de março de 2014

CAMPEONATO CARIOCA 2014 – 11ª RODADA – FLAMENGO X NOVA IGUAÇU



Flamengo 2 x 1 Nova Iguaçu – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Tímido e sem empolgar, Flamengo faz o suficiente para vencer o Nova Iguaçu e garantir sua vaga na fase semifinal do Carioca com antecipação.

Preto no branco, o Flamengo foi para o intervalo com a vantagem de um a zero, gol contra do Jorge Fellipe, aos 17 minutos, momento no qual o Nova Iguaçu ameaçava colocar as manguinhas de fora e dava trabalho com Zambi, Dieguinho e Erick Foca. Apesar de terminar à frente, porém, o Rubro-Negro realizou péssimos 45 minutos em termos ofensivos.

Taticamente, a entrada de Gabriel na meia-direita recuou Elano para formar um tripé de volantes com Cáceres e Muralha, enquanto Everton fazia a meia-esquerda e Hernane, como sempre, era a referência. Em números, um 4-3-3, porém estes nada dizem sozinhos. A estrutura tática depende da dinâmica dos jogadores, e foi aí que o Flamengo pecou.

Elano e Muralha se postaram sempre próximos à linha central, Léo Moura e André Santos pareciam ter que pagar pedágio para ultrapassar o meio-campo, e até Everton, autor da jogada do gol, apareceu mais por cometer faltas próximas à área defensiva. Assim, os ataques rubro-negros foram apenas rascunhos, com poucas alternativas e incapazes de acionar o Hernane.

Com postura diferente, o Flamengo foi mais incisivo nos nove primeiros minutos da etapa final do que em toda a inicial. Chegou com Everton, André Santos e, depois de quase levar o empate através de Dieguinho, ampliou na primeira vez que o Brocador foi acionado (no lance, Cáceres estava impedido). Estes nove minutos, porém, se mostrariam uma exceção.

Bastou ampliar o escore para, pouco a pouco, o Flamengo, tomado pela sensação de dever cumprido (que nada traz de positivo), começou a relaxar e esperar o tempo passar. Pisou mais no freio do que poderia, permitiu um gol do Nova Iguaçu – Erick Foca, aos 21, em jogada aérea – e passou os dez minutos finais do embate sendo pressionado e fazendo das tripas coração para rebater bolas alçadas sobre sua área.

No final das contas, o Flamengo garantiu os três pontos e a classificação antecipada para a semifinal. Mas com um futebolzinho...

Flamengo: Felipe; Léo Moura, Wallace, Samir e André Santos; Cáceres, Elano (Márcio Araújo) e Muralha; Gabriel, Everton (Negueba) e Hernane (Alecsandro). Técnico: Jayme de Almeida.

Nova Iguaçu: Jefferson; Peter, Rodrigo Almeida, Jorge Fellipe e Amarildo; Paulo Henrique (Carlos Henrique) e Rodrigo César; Geovani (Uallace), Dieguinho (Vinícius) e Zambi; Erick Foca. Técnico: Edson Souza.