segunda-feira, 27 de abril de 2009

FINAL DO CAMPEONATO CARIOCA 2009 - FLAMENGO X BOTAFOGO

Botafogo 1 x 1 Flamengo – Maracanã

Olá amigos do FUTEBOLA!

Como já era esperado, Flamengo e Botafogo fizeram um duelo equilibradíssimo no primeiro jogo final do Campeonato Carioca. Em uma partida onde o domínio do campo alternou várias vezes de mãos, ou melhor de pés, o resultado pode ser considerado justo. Tudo será decidido no próximo domingo e, desta vez, com um Maracanã completamente lotado. Vamos aos destaques do empate em 2 a 2 que manteve o troféu sem saber se irá para General Severiano ou para a Gávea.

MANDOU BEM...

- Como joga bola o tal de Maicosuel! A cada jogo me impressiona mais o repertório ofensivo do camisa 10 alvi-negro. O drible é praticamente imparável, que nos diga o lateral flamenguista Juan que deve estar até agora atordoado com a entortada que levou. O chute é preciso, porém não apareceu muito nesta partida, tamanho o número de faltas que ele sofreu, impedindo-o de chegar em condição de arrematar. Mesmo assim, uma bola chutada por ele passou raspando a trave do goleiro Bruno, fazendo o torcedor do Flamengo prender a respiração e o do Botafogo soltar o famoso “Uhhhhh”. Bolas paradas cobradas por ele são invariavelmente perigosas. Até quando ele não encosta na bola, como na jogada ensaiada para a bomba de Juninho estofar as redes rubro-negras, ele consegue ser diferente. Reparem em como ele enganou a barreira fingindo com perfeição o chute. Foi também com a bola estática que ele cruzou para Reinaldo, em um momento importante do jogo, virar, de cabeça, o placar. E ele possui muitas outras qualidades, como o passe, o lançamento, a armação de contra-ataques, a vontade demonstrada na marcação... O Flamengo deve agradecer, e muito, por ele ter se contundido e não poder permanecer em campo justamente no momento em que o Flamengo, por sair em busca do empate, deixaria mais espaços em seu setor defensivo.

- O Flamengo não possuiu nesta partida nenhum grande destaque individual. O goleiro Bruno fez boas defesas que evitaram uma possível derrota e Ronaldo Angelim, como sempre, realizou mais uma apresentação segura. Se fizer um Campeonato Brasileiro neste nível que vem apresentando, Ronaldo Angelim tem tudo para aparecer na Seleção do torneio. Com exceção destes dois rubro-negros citados, os outros jogadores mostraram apenas algumas boas jogadas isoladas. Juan no lance do pênalti sofrido, Zé Roberto em um passe de calcanhar para Léo Moura perder um gol na cara, Kléberson em chutes longos, Emerson brigando quase que sozinho entre os numerosos defensores alvi-negros e Willians com sua força física e garra no gol de empate. Muito pouco para alguém merecer elogios individuais. Coletivamente o Flamengo também não foi muito animador. Boas trocas de passes nos primeiros 20 minutos, dois contra-ataques bem organizados, porém mal concluídos, após abrir o marcador, e só. Nada de explorar a ultrapassagem dos laterais, nada de rodar mais a bola quando o Botafogo somente se defendia e nada de jogadas ensaiadas nas inúmeras cobranças de falta que o Botafogo ofereceu no 2º tempo. Com todos estes problemas ofensivos, só poderia ser a tão poderosa raça flamenguista a responsável pela vitória. Desorganizado? Sim. Desistir? Nunca. Este parece ser o lema do Flamengo quando as coisas não estão dando certo. Como o Botafogo havia perdido por contusão suas duas válvulas de escape, que eram Maicosuel e Reinaldo, restou ao alvi-negro se defender. E recuar contra o Flamengo é complicado. Principalmente em decisão. Quando percebeu o Botafogo acuado, a torcida flamenguista cresceu e o time passou a pressionar. Não é sempre que a raça fará o Flamengo conseguir seus resultados, porém não custa nada tentar.

MANDOU MAL...

- Não concordo em nenhum ponto com as modificações defensivas que Ney Franco realiza no Botafogo. Não são modificações de jogadores, mas sim de posicionamento. A cada partida o sistema defensivo alvi-negro aparece de uma maneira. Na decisão da Taça Rio, Fahel era o 3º zagueiro pela esquerda, Emerson o zagueiro pela direita e Leandro Guerreiro volante. Desta vez, Emerson jogou na zaga pela esquerda, Leandro Guerreiro de zagueiro pela direita e Fahel de volante. E tem mais. Na maior parte do torneio, Leandro Guerreio não foi nem zagueiro pela direita nem volante, mas sim zagueiro pela esquerda. Se mesmo com estas constantes alternâncias de posicionamento, a defesa do Botafogo mostrava uma certa segurança, principalmente nas bolas alçadas sobre a área, os laterais foram os culpados pelos gols sofridos pela equipe. Alessandro chegou completamente atrasado no lance em que cometeu o pênalti em Juan e Gabriel não poderia ter perdido aquela divida pro Willians que resultou no tento de empate do Fla. Posso estar enganado, mas acredito que se Leandro Guerreiro estivesse atuando como zagueiro-esquerdo, onde mostrou seu melhor futebol este ano, ele teria realizado a cobertura do Gabriel neste lance que levou o Flamengo ao empate. Não pode passar em branco também o azar do zagueiro Emerson. Após o gol contra na final da Taça Rio, a bola que fez o Flamengo empatar o jogo, tinha que desviar logo nele?

- Quando o Flamengo não encontrava alternativas para furar a muralha que estava sendo a defesa do Botafogo, foi a raça de Willians que conseguiu empatar o placar. Na vontade e na força física o rubro-negro fez um gol importantíssimo que deixou o torneio ainda mais indefinido. Mas se pararmos para analisar a atuação defensiva do volante flamenguista, ele teve uma atuação muito ruim. No duelo individual contra Maicosuel, diferentemente do jogo passado, Willians cometia uma falta atrás da outra. Contra o Vasco, no confronto válido pela Taça Rio, Willians foi expulso de campo com 15 minutos do 1º tempo por ter cometido 6 faltas em Carlos Alberto. Nesta decisão, ele havia cometido 3 faltas em Maicosuel com menos de 10 minutos, porém contou com a complacência do árbitro que não o puniu. Como não o puniria a partida toda, mesmo que ele insistisse nas infrações. Outro rubro-negro que exagerou nas faltas cometidas foi o zagueiro Welinton, tendo inclusive feito a infração em Maicosuel que resultou no primeiro gol do Fogão. Mas ele também saiu de campo sem levar cartão. Voltando ao Willians, acredito que, mesmo após ter obtido sucesso anulando Maicosuel na decisão da Taça Rio, sua melhor função não seja a marcação individual.

ENQUANTO ISSO NA ALEMANHA…

- Jogando em sua própria casa, o Bayern de Munique perdeu para um empolgado, mas não empolgante, Schalke 04. O jogo todo pode ser resumido no contraste entre a eficiente defesa do Schalke e o ineficiente ataque bávaro. Enquanto o Bayern mantinha a bola sobre seu controle mas não conseguia criar claras oportunidades de gols, o Schalke concentrava-se apenas em se defender, raramente tentando encaixar um contra-ataque consciente. Aos 20 minutos do 1º tempo, a famosa bola parada deu as caras e, após perfeita cobrança de córner de Pander, Altintop abriu o placar para o Schalke. A partir de então ficou evidente a dependência do Bayern de uma grande atuação de Ribery, o que esteve longe de ocorrer. Contra uma verdadeira muralha azul, que era o sistema defensivo do Schalke, Ribery nada podia fazer sozinho, apesar de ter tentado. Ultrapassagens de Zé Roberto? Avanços de Lahn seguidos de perigosos chutes? Jogadas aéreas bem preparadas para Luca Toni? Nada disso foi visto no fraquíssimo repertório ofensivo mostrado pelo Bayern. Para piorar a situação, Ribery perdeu a paciência com a ruim atuação, sua e da equipe, e recebeu cartão vermelho por agredir um adversário. Resumo da ópera: o desestruturado ataque do Bayern não conseguiu furar o ferrolho do Schalke e o goleirão azul Neuer. Placar final: Bayern Munique 1 x 0 Schalke 04. Nas 4 últimas partidas, o Schalke obteve 4 vitórias, com 9 gols marcados e nenhum sofrido. A equipe azul está na sexta colocação, 5 pontos abaixo da zona de classificação para a Champions League, restando 5 rodadas para o fim da competição. Será que começou muito tarde a reação do Schalke?

- A derrota do Bayern de Munique se tornou ainda mais doída para o torcedo bávaro após o inacreditável resultado do duelo entre Energie Cottbus e Wolfsburg. Reparem nos retrospectos antes do início da partida. Dos 33 pontos disputados no 2º turno, o Wolfsburg havia conquistado 31 e o Cottbus somente 10. O Wolfsburg era o líder do torneio e em caso de vitória abriria 5 pontos de vantagem para o segundo colocado, enquanto o Cottbus era apenas o vice-lanterna. Jogo fácil para o Wolfsburg, certo? Nada disso. Nunca subestimem um adversário desesperado. Pode-se dizer, na medida do possível, que foi uma partida equilibrada. Na 1ª etapa, a melhor qualidade técnica do Wolfsburg o fez criar, e perder, 4 grandes chances de abrir o marcador. Claro que estas chances só poderiam ter saído dos pés do infernal trio Misimovic/Dzeco/Grafite. O brasileiro perdeu duas delas e, cada bósnio, uma outra. Mas a raça do Cottbus o fazia levar algum perigo ao visitante, principalmente com os dois chutes longos do meia Skela. Com o 1º tempo terminando empatado, o Wolfsburg voltaria com tudo após o intervalo para dar um gigantesco passo rumo ao título. A pressão sobre o Cottbus, que já não se apresentava mais no ataque, era grande e o Wolfsburg criava ótimas oportunidades. Foi neste momento que o goleiro do Cottbus, Tremmel, que já havia aparecido bem nos primeiros 45 minutos, começou a se tornar o herói do jogo. Apresentando todas as qualidades que um bom goleiro precisa ter, Tremmel era intransponível debaixo da trave e preciso nas saídas do gol. Talvez inspirados na atuação de seu goleiro, os jogadores do Cottbus passaram realmente a acreditar que poderiam vencer o jogo. Este sonho se tornou mais real quando, no primeiro ataque da equipe no 2º tempo, Rangelov abriu o placar. Mais surpreendente que o gol do Cottbus foi a atitude de seu treinador. Ao invés de realizar substituições defensivas em sua equipe, algo que 10 em cada 10 treinadores de times mais fracos realizam após abrir um placar, Bojan Prasnikar modificou sua estrutura de ataque, para poder explorar os avanços, à esta altura inconscientes, do Wolfsburg. A atitude rendeu frutos quando em uma jogada criada pelo meia Sorensen, Skela aumentou o placar para o Cottbus. Ainda restou tempo para mais uma sensacional defesa de Tremmel, sem dúvidas o dono do jogo, e uma bola na trave chutada por Misimovic, porém o marcador permaneceu sem mais alterações. Inesperado placar final: Energie Cottbus 2 x 0 Wolfsburg.

- O Bayern foi muito favorecido pela histórica vitória do Energie Cottbus, porém no equilibradíssimo Campeonato Alemão muito mais gente comemorou o revés do Wolfsburg. Parece difícil de acreditar, mas a Bundesliga, a cada rodada que passa, se torna mais indefinida. Vamos aos resultados dos jogos envolvendo os 5 primeiros colocados e como ficou a parte de cima da classificação.

Resultados
Hoffenheim 0 x 1 Hertha Berlim
Bayern de Munique 0 x 1 Schalke 04
Borussia Dortmund 2 x 0 Hamburgo
Stuttgart 2 x 0 Eintracht Frankfurt
Energie Cottbus 2 x 0 Wolfsburg

Classificação
1 – Wolfsburg 57 pontos
2 – Hertha Berlim 55 pontos
3 – Bayern de Munique 54 pontos
4 – Stuttgart 54 pontos
5 – Hamburgo 54 pontos

ENQUANTO ISSO EM SÃO PAULO...

- Santos e Corinthians duelaram pela primeira partida decisiva do Campeonato Paulista, na Vila Belmiro. Com o apito inicial, foi possível assistir um Santos mantendo o controle da bola e das ações ofensivas do jogo, até que aos 11 minutos, após falta sofrida por Morais, Chicão abriu o placar para o Corinthians. Nova saída do Santos e o que era visto antes do gol se repete. A equipe santista mantinha controle da posse de bola e seus jogadores postados no campo do Corinthians. Até que aos 25 minutos Chicão rifa uma bola para frente e Ronaldo faz ela morrer duas vezes. Primeiro a pelota morreu em seus pés e depois no fundo da rede de Fábio Costa. Não se pode falar que era um resultado injusto. Apesar de o Santos manter o total controle da bola, não havia criado nenhuma situação de perigo para o goleiro corinthiano Felipe. Já o Corinthians, preparado para jogar nos contra-ataques e nas bolas paradas, mostrou um aproveitamento perfeito, concluindo com gols as duas oportunidades que teve. Após este gol de Ronaldo, o Santos acusou o golpe e permaneceu um tempo atordoado, mas mesmo assim o Timão só se defendia. O ferrolho armado por Mano Menezes se mostrava tão eficiente, que Jorge Henrique e Morais davam uma aula de como ser um atacante marcador. Faltando cerca de 10 minutos para o final da 1ª etapa, o Santos retomou as rédeas da partida de maneira mais agressiva, principalmente pelo lado esquerdo do campo. Até o intervalo, três ótimas oportunidades foram criadas, mas o goleiro Felipe mostrou suas qualidades de grande goleiro. Essa pressão serviu para mostrar que o Santos voltaria com tudo após o intervalo.

O árbitro apita para o início do 2º tempo e a esperada ofensiva santista se confirma. Foram praticamente 30 minutos de fazer o torcedor corinthiano não respirar. Se na 1ª etapa o atacante Jorge Henrique foi perfeito em seu papel defensivo pelo lado direito do Corinthians , após sua saída por contusão, no intervalo, o setor ficou mais frágil. Por ali, Mádson e Triguinho passaram a infernizar a defesa do Timão. O resultado foi o gol de Triguinho, após falha do goleiro Felipe, aos 15 minutos. Com maior apoio da torcida, acreditando ainda mais na virada, o Santos permaneceu no campo ofensivo, pressionando o adversário. Foi quando aos 32 minutos, acabou a agonia do torcedor corinthiano. E de uma maneira inesquecível. Elias puxou o contra-ataque e passou a bola para Ronaldo. Com um drible de letra, apenas menos espetacular que a dominada de bola que deu no seu primeiro gol, o Fenômeno deixou Triguinho torto e para trás. Logo após a jogada tornou-se ainda mais magistral. Fábio Costa tentara antecipar os movimentos de Ronaldo e havia se adiantado. É claro que Ronaldo percebeu. Ninguém consegue antecipar um pensamento de Ronaldo. O toque saiu leve, sutil, encantador, para encobrir o goleiro santista. O juiz podia ter terminado o jogo ali mesmo. O Santos pode até conseguir vencer por três gols no próximo domingo, porém este jogo poderia ter acabado com o golaço de Ronaldo. Até o Rei Pelé, presente em seu camarote na Vila, se rendeu e foi embora após este gol. Realmente Ronaldo é de outro mundo. 9 jogos pelo Paulista e 8 gols, sendo que marcou contra Santos, Palmeiras e São Paulo. Nunca imaginaria que sua recuperação seria assim. Uma vez mais o subestimei. E uma vez mais me rendo ao seu talento e força de vontade. Placar final: Santos 1 x 3 Corinthians. Agora só um milagre tira o título do Parque São Jorge.

JOGADA RÁPIDA

- Assim como no ano passado, o Cruzeiro goleou o Atlético Mineiro por 5 a 0 no primeiro jogo final do Campeonato Mineiro. Se podemos falar que só um milagre salva o Santos no Paulistão, o que faria o Atlético Mineiro ser campeão?

sábado, 25 de abril de 2009

PAPO CABEÇA - Aposentadoria Precoce

Olá amigos do FUTEBOLA!

Estou aqui para mais uma coluna “Papo Cabeça que, desta vez, vai falar sobre um assunto no mínimo incomum que surgiu no futebol atual. Já conhecemos o caso de jogadores que se aposentaram no auge da carreira, de quem parou de jogar por problemas de contusão, outros estenderam ao máximo o tempo nos gramados e alguns até se arrependeram de ter pendurado as chuteiras e voltaram para as quatro-linhas. Mas jogador se retirar dos campos, com menos de 30 anos, por estar desiludido com o futebol, confesso ser inédito para mim.

A notícia de que o atacante Adriano, da Inter de Milão e Seleção Brasileira, não queria mais jogar bola foi algo que me pegou de surpresa, apesar de saber pela mídia dos problemas que ele enfrentava. Reparem a situação: atacante do time que está prestes a conquistar o Tetra-campeonato Italiano, convocado frequentemente para a Seleção Brasileira e com um salário de aproximadamente R$ 1,3 milhão, Adriano vem a público dizer que estava com saudades de poder andar descalço na favela e soltar pipa. Não foram poucos os que ouvi criticarem, e até xingarem Adriano. “Como pode reclamar da vida ganhando um dinheirão deste?”, gritavam os revoltados. Justamente por receber durante muito tempo “um dinheirão deste”, que Adriano pôde se dar ao luxo de pedir demissão. Não possuo a capacidade de julgar sua decisão, até porque, como disse, conheço seus problemas pessoais apenas pela mídia, na maioria das vezes sensacionalista. Porém, de algo eu tenho certeza. Ele conduziu a situação de maneira equivocada. Adriano não poderia ter tomado uma atitude desta sem antes conversar com seus superiores, sem saber a opinião das pessoas que investiram milhões em sua contratação. Mesmo que sua situação emocional estivesse incontrolável, o respeito profissional deveria prevalecer.

Semanas se passaram e o zagueiro luso-brasileiro Pepe vem aos diários com a seguinte declaração: “Perdi a cabeça durante alguns minutos. Não tenho mais motivação para seguir jogando futebol. Estão sendo os piores dias da minha vida.”. A explicação por ter perdido a cabeça relaciona-se ao fato de ter agredido, durante a rodada passada do Campeonato Espanhol, um adversário caído no chão. Já o fato de não ter motivação para seguir jogando ou estar vivendo um verdadeiro inferno astral futebolístico, não pode ser coisa recente. Declarações como esta não surgem da noite para o dia. Pepe, assim como Adriano, cresceu em um meio simples e sem luxo. Adriano no Rio de Janeiro, Pepe em Maceió. Sua carreira estava em ascensão em Portugal, quando surgiu o Real Madrid com a proposta de 30 milhões de euros por ele. Chegando à Espanha, Pepe, que já possuía uma vida confortável em Portugal, passa a viver como um rei. Uma vez mais semelhante ao caso de Adriano na Itália. A partir do momento em que possui uma excepcional condição financeira, o jogador de origem simples passa a pensar se realmente vale a pena continuar ganhando muito dinheiro e vivendo no desgastante mundo que é um time grande europeu. O fato de poder tomar cerveja sem nenhum repórter para colocá-lo na capa do jornal com a alcunha de alcoólatra, de poder ir a uma festa sem se preocupar de ser acusado de estupro ou de poder ir em uma churrascaria sem o noticiário noturno realizar uma eleição para saber se sua forma física lhe permite, tornam-se sonhos. Resumo de ópera: o desejo de voltar a ter uma vida simples, com o agravante de uma milionária conta bancário, passa a martelar a cabeça do jogador.

Acredito que neste momento, o que vale é a “lei do travesseiro”. Se você ao deitar a cabeça no travesseiro para dormir está infeliz e ao levantar a cabeça do travesseiro, quando acorda, continua infeliz, alguma providência deve ser tomada. Se Adriano e Pepe estão corretos, é um fato que, como citei anteriormente, apenas dados sensacionalistas não me permitem ser definitivo. Porém, em uma situação como esta eu nunca desistiria. Alguns poucos anos de sacrifício não são nada perto do orgulho de encerrar uma carreira com orgulho, com o sentimento de dever cumprido. Por terem motivos para nunca mais querer olhar uma bola de futebol e mesmo assim não jogarem a toalha que Zico e Ronaldo são o que são. Ídolos. Inesquecíceis. Heróis. Exemplos.

FIGURINHA CARIMBADA - ÉZIO



Nome: Ézio Leal Moraes Filho

Data de nascimento: 15 de maio de 1966

Posição: centroavante

Clubes:

Bangu (1986 a 1988)
Olaria (1989)
Americano (1990)
Portuguesa – SP (1990)
Fluminense (1991 a 1995)
Atlético Mineiro (1995 a 1996)
CFZ – RJ (1998)
Internacional – SP (1998)
Rio Branco – ES (1998)

Títulos:

Campeonato Carioca – 1995 - Fluminense

Destaques:

- Ézio chegou ao Fluminense em uma época em que rareavam títulos e dinheiro no clube. A crise financeira tricolor era gravíssima e o último torneio conquistado havia sido o Carioca de 1985. É verdade que com a chegada de Ézio não vieram os títulos, porém a torcida ganhou um ídolo e um herói. “Super-Ézio”, como ficou conhecido, mostrava uma dedicação impressionante dentro de campo e um amor incondicional ao tricolor, fora dele. Reparem o que ele diz sobre suas renovações de contrato com o Fluminense: “Era coisa de maluco. Eu assinava qualquer papel no início da temporada e depois discutia os valores. Nunca criei empecilho para renovar acordo tamanha era à vontade de permanecer no Fluminense”*. Um verdadeiro amor ao tricolor.

- Não foi só por ser um tricolor fanático que Ézio se tornou ídolo. O centroavante mostrava uma capacidade imensa de fazer gols, principalmente em jogos contra o maior rival, o Flamengo. Mesmo tendo jogado apenas 5 anos no clube, sendo que em 1995 sofreu com muitas contusões, Ézio tem alguns números destacados. É o 8º maior artilheiro do Fluminense em todos os tempos com 118 gols em 236 jogos. Marcou 33 gols em 4 participações no Campeonato Brasileiro. Assinalou 12 gols nos clássicos Fla-Flu, um dos fatores que mais colaboraram para Ézio se consagrar como ídolo da torcida. Esta marca se parece ainda mais surpreendente ao falarmos que apenas Hércules (atuou no clube entre 1933 e 1941) e Russo (atuou no clube entre 1933 e 1944), ou seja, jogadores que atuaram por bem mais tempo no Fluzão, marcaram mais gols do que ele, com a camisa tricolor, neste clássico. E tem mais! Em 1992, Ézio foi o artilheiro do Campeonato Carioca com 15 gols marcados.

- Os muito gols marcados pelo “Super-Ézio” ajudaram o Fluminense a disputar alguns títulos. O tricolor foi Vice-campeão Estadual em 1991, 1993 e 1994, sendo que em 1991 e 1993 o clube levantara a Taça Guanabara. Em 1991, o Fluzão chegou às semi-finais do Campeonato Brasileiro e, por ironia do destino, foi eliminado pelo Bragantino do treinador Carlos Alberto Parreira, torcedor do Fluminense. Em 1992, em uma das finais mais controversas da história, o Fluminense perdeu a Copa do Brasil para o Internacional, com o gol do título Colorado ocorrendo após um pênalti discutível, no final do jogo. A promessa de Ézio, entretanto, foi cumprida. Ele havia afirmado que só saíria do clube com um título e, mesmo sofrendo com seguidas contusões, participou da campanha que culminou com o título de Campeão Carioca de 1995.

*http://globoesporte.globo.com/Esportes/Noticias/Times/Fluminense/0,,MUL629827-9866,00-LEMBRA+DELE+SUPER+EZIO+O+HEROI+DO+FLU+NOS+ANOS+VIRA+DECORADOR+DE+IMOVEIS.html

quinta-feira, 23 de abril de 2009

SEGUNDA RODADA DA COPA DO BRASIL PARTE 3

Fluminense 3 x 0 Águia – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Olá amigos do FUTEBOLA!

Rodada importantíssima da Copa do Brasil a que estamos assistindo neste meio de semana. A rodada ainda não terminou (hoje o Atlético Mineiro tem jogo duro contra o Guaratinguetá), mas três resultados já merecem atenção. Um deles, no jogo entre Fluminense e Águia, comentarei com mais detalhes pois foi o que consegui assistir. Vamos aos destaques.

- O Internacional realmente parece ser uma máquina de fazer gols. Após balançar as redes 8 vezes contra o Caxias, no jogo que lhe rendeu o título do Gauchão, desta vez a vítima foi o Guarani, pela Copa do Brasil. Contando com D’Alessandro inspirado e Alecsandro com as finalizações em dia, o Inter aplicou sonoros 5 a 0 no Bugre Campineiro.

- Pintou a segunda surpresa da Copa do Brasil. Depois de o Botafogo ser eliminado pelo Americano, em pleno Engenhão, o Santos perdeu, por 1 a 0, para o CSA de Alagoas, na Vila Belmiro. Assistindo somente os gols que Kléber Pereira perdeu, já pôde-se perceber que não era dia do Santos. Agora é sacudir a poeira para a final do Paulistão.

Vamos aos destaques do jogo Fluminense x Águia

MANDOU BEM!

- O treinador do Águia, João Galvão, merece muitos elogios pela organização tática de sua equipe. Com um esquema de defesa apresentando a maior solidez possível, pelos jogadores que possui, o Águia não apenas se defende em campo. Os contra-ataques organizados pela equipe paraense são eficientes e organizados. O meia Flamel e o atacante Aleílson, são daqueles jogadores que conseguem diferenciar velocidade de pressa, o que dificulta, e muito, a marcação adversária. Enquanto o jogo permanecia empatado, o Tricolor, por duas vezes, contou com erros da arbitragem que o ajudaram. Seriam dois lances em que o contra-ataque do Águia poderia render frutos, mas o bandeira impediu a sequência da jogada. De toda forma, parabéns aos jogadores e ao treinador do Águia pelo belo futebol apresentado, em ambos os jogos.

- Vocês já devem ter escutado alguma frase do tipo: “Quando o jogo está difícil que as estrelas da equipe aparecem”. No caso do Fluminense é diferente. Troquem “estrelas” por “promessas”. É impressionante o que o trio de pratas-da-casa de Xerém tem feito este ano. A cada jogo que passa um deles se destaca. Seria um tipo de revezamento de destaques. Alan foi o jogador que iniciou a virada tricolor no jogo contra o Botafogo pela Taça Rio ao marcar um golaço. Tartá jogou muito no empate em 2 a 2 com Boavista, também pela Taça Rio, e, se não fosse ele, talvez o Fluminense perdesse aquela partida. Já o Maicon, que em minha opinião é o mais promissor do trio, vinha desde o início do ano apresentando um bom futebol, mas nada comparado à sua atuação contra o Águia. Em um jogo que definiria o semestre para o Fluminense, o empate em 0 a 0 era desesperador. Foi quando Maicon entrou em campo e mudou a história da partida e, por que não dizer, do ano tricolor. O lado direito do Fluminense, que nada produzia em campo, ganhou a presença de Maicon, que em seu primeiro lance fez ótima jogada para a conclusão perigosa de Fred. Mas Maicon não se limitou ao lado direito e à ser organizador de jogadas. Colocou a responsabilidade de decidir o jogo debaixo dos braços e com dois golaços classificou o Fluminense. O primeiro deles em uma linda conclusão de fora da área, e o segundo, após receber um passe de Fred e se infiltrar entre os defensores adversários. Antes de terminar a partida, ainda deu tempo do “garoto de ouro” dar uma assistência para Eduardo Ratinho fechar o marcador. Foi uma daquelas atuações para Maicon guardar sua camisa para os seus netos. Placar final: Fluminense 3 x 0 Águia.

ENQUANTO ISSO EM SÃO PAULO…

O Palmeiras esteve longe de realizar um bom jogo, porém fez o suficiente para vencer a desfalcada LDU. A equipe equatoriana não pôde contar com Urrutia, Manso, E Bieler, três dos destaques no histórico título da mesma Libertadores, em 2008, o que a fez perder praticamente toda a força. Já no Palmeiras, a principal diferença da partida razoável realizada, em relação à horrorosa apresentação de sábado contra o Santos, foi a presença de Cleiton Xavier em campo. O camisa 10 palmeirense mostrou boa qualidade na organização de jogadas e foi o jogador de sua equipe que mais buscou jogo no 1o tempo, aparecendo nas únicas três oportunidades criadas. Como a LDU praticamente não atacava, Luxemburgo decidiu voltar com o atacante Marquinhos no lugar do ala-direito Fabinho Capixaba, que não estava nada bem. Marquinhos esteve em campo por apenas 26 minutos, já que se envolveu em uma briga com Bolaños da LDU e foi expulso, entretanto conseguiu mostrar o futebol impetuoso que o fez ser contratado junto ao Vitória. Com bons dribles e velocidade, tornou o Palmeiras mais perigoso ofensivamente e ainda cobrou o escanteio que resultou no gol de Marcão, o primeiro da equipe alvi-verde. A LDU não oferecia nenhum trabalho ao sistema defensivo palmeirense e o Verdão não mostrava muita vontade de ampliar o placar, mas mesmo assim, conseguiu mais um gol em uma bomba de Diego Souza. Antes do apito final, ainda foi possível assistir Keirrison pedendo dois gols, que provaram que sua fase realmente não é das melhores. Placar final: Palmeiras 2 x 0 LDU. Resta agora ao Verdão vencer o Colo-Colo, no Chile, para garantir sua classificação à próxima fase da Libertadores. Tarefa difícil, mas nem de longe impossível.

ENQUANTO ISSO NA INGLATERRA…

Faz praticamente uma semana que Chelsea e Liverpool fizeram um jogo monumental pela fase quartas-de-final da Champions League, que terminou em 4 a 4 e classificou o time azul. Acreditem no inacreditável, mas o Liverpool e Arsenal que ocorreu nesta terça-feira, em Liverpool, válido pelo Campeonato Inglês, foi ainda mais emocionante. O Arsenal entrou em campo com uma formação que eu não gosto muito, contando com, além do Fábregas, mais dois volantes (Denílson e Song). Acredito que o time perde muito poder ofensivo, principalmente nos contra-ataques, quando opta por este esquema. O Liverpool dominava completamente o jogo, apresentando uma marcação pressão eficientíssima e fazendo do goleiro do Arsenal, Fabianski, o melhor homem em campo. O destaque da equipe da “Terra dos Beatles” era o israelense Benayoun, que constantemente levava perigo pela direita. Mas aos 36 minutos, uma ironia do futebol. O Liverpool, que tanto forçava a saída de bola do Arsenal, bobeou quando Mascherano tentou sair jogando na defesa e perdeu a bola para Fábregas, resultando no gol do russo Arshavin. O jogo foi para o intervalo com o Arsenal vencendo por 1 a 0, obrigando o Liverpool a continuar com tudo nos últimos 45 minutos.

Logo no início da 2ª etapa, o esforço do voluntarioso Kuyt (o cara corre, literalmente, o jogo inteiro) se transformou em duas belas assistências, que fizeram o Liverpool tomar a frente no placar. Na primeira delas, Fernando Torres cabeceou de maneira perfeita para furar a muralha que era Fabianski, e na segunda, Benayoun se esticou todo para, também de cabeça, poder fazer a bola ultrapassar a linha e virar a partida. Pouquíssimo tempo depois de sofrer a virada, o Arsenal, que praticamente não atacava, foi beneficiado, novamente, por uma falha infantil da defesa adversária. Após erro do lateral-direito Arbeloa, a bola caiu nos pés de Arshavin que, com um chute simplesmente milimétrico, igualou o marcador. Se a esta altura do jogo, parecia ser a noite de Arshavin, alguns segundos mais tarde este fato seria comprovado. Em uma jogada pela esquerda, realizada pelo francês Nasri, o cruzamento caiu, para a infelicidade dos torcedores do Liverpool, nos pés do russo. Mais um gol. Mais um vira-vira no placar, que agora mostrava Liverpool 2 x 3 Arsenal. Jogo finalizado? Nada disso.

Atualmente, o mais empolgante de se ver no futebol mundial, é a força de vontade do Liverpool. Esta equipe que não se cansa de não desistir. Quando tudo parece estar perdido, ou melhor, mesmo que tudo esteja perdido, o Liverpool não desiste. Somente 2 minutos após o gol da virada do Arsenal, o melhor centroavante do mundo (opinião minha), Fernando Torres, decidiu decidir. Em jogada individual ele conseguiu um espaço entre os defensores do Arsenal para chutar e igualar o placar. Agora, o Liverpool pressionaria com todas as forças e era hora de a entrada do veloz Walcott mostrar seu motivo. Se o Arsenal não tinha conseguido, durante todo este tempo de jogo, organizar um bom contra-ataque, o treinador Arsène Wenger havia colocado Theo Walcott, no lugar do volante brasileiro Denílson, para corrigir isto. E corrigiu.

O Liverpool era só ataque quando, aos 45 minutos, Walcott escapou voando pela direita. Na hora eu pensei “Não é possível que o Arshavin consiga acompanhar esta jogada”. Subestimei o cara errado. Como um relâmpago ele passou correndo pelo meio. O passe de Walcott foi perfeito. O chute de Arshavin também. Eu pulava pela casa e comemorava como se fosse gol do meu próprio time. Se eu estava torcendo pro Arsenal? Nada. Torcia pelo futebol. Comomarava por ter visto uma apresentação incomensurável de Arshavin. Comemoraria também, quando aos 48 minutos, a garra do Liverpool não deixou o time sair de campo derrotado. Buscando forças de só onde esta equipe consegue, Benayoun empatou o jogo. Inesquecível sua expressão, após marcar o gol, pedindo ao time para agilizar a saída de bola do adversário, pois ainda dava para virar o jogo. Pelos acréscimos dados pelo árbitro, o jogo iria até os 50 minutos. Eram 48, e o Liverpool não desistia de vencer. O apito final do juiz trouxe um sentimento de agradecimento por ter presenciado um jogo histórico, inesquecível. Placar final: Força de Vontade 4 x 4 Arshavin.

PELA ESTRADA AFORA - PEQUENA COPA DO MUNDO DE CARACAS 1953

Um dos jogos mais marcantes do futebol brasileiro foi Corinthians 1 x 0 Ponte Preta, que tirou o a equipe do Parque São Jorge de uma fila de 23 anos sem conquistar o Campeonato Paulista. Porém, exatamente antes deste longo jejum, poderíamos também dizer antes da “Era Pelé”, o Corinthians contava com o que foi, para muitos, o maior time de sua história.

Na primeira metade da década de 50, mais do que nunca o Corinthians merecia ser chamado de Timão. A equipe alvi-negra conquistara, naquele início de década, 3 Campeonatos Paulistas (1951, 1952 e 1954) e 3 Torneios Rio-São Paulo (1950, 1953 e 1954). Foi também nesta época que o Corinthians conseguiu seu primeiro título internacional, a Pequena Copa do Mundo de Caracas.

O torneio contaria com 4 equipes: Barcelona, Roma, Seleção de Caracas e Corinthians. Vamos falar um pouco sobre os adversários da equipe brasileira.

Barcelona: O atual Campeão Espanhol era o favorito ao título e contava com Lazslo Kubala. Muito pouco comentado atualmente, Kubala foi um dos maiores jogadores da década de 50, tendo marcado em sua passagem pelo clube catalão 249 gols em 329 partidas (0,75 gols por jogo). No “Guia dos Craques” lançado pela Revista Placar, ele está selecionado como um dos 100 maiores jogadores de todos os tempos. Um verdadeiro gênio da bola.

Roma: Se existia um time que faria o Corinthians tremer, este era a Roma. O motivo? A equipe romana contava em seu ataque com ninguém menos que Alcides Gighia. Todos conhecem a história da Copa do Mundo de 1950, quando o Brasil perdeu por 2 a 1 para o Uruguai e deixou escapar o título mundial. Então... O homem que calou o Maracanã ao marcar o gol da vitória uruguaia foi Gighia.

Seleção de Caracas: A Pequena Copa do Mundo de Caracas havia sido criada para popularizar o futebol na Venezuela, portanto era lógico haver uma equipe local no torneio. Os anfitriões seriam representados por um selecionado de Caracas, que contava com Luís Borracha, lendário goleiro do Flamengo na década de 40, apelidado assim por sua grande elasticidade.


Podia se falar que o Coringão em 1953 era um time completo. Eram tantos excelentes jogadores que quem vestia a camisa 1 não possuía a vaga garantida. Ora jogava Cabeção, ora jogava Gilmar. Durante o torneio na Venezuela Cabeção foi o escolhido para a posição. Suas atuações eram tão seguras que ele chegou a ser convocado para disputar a Copa do Mundo de 1954, sendo o reserva de Castilho. Mais tarde Gilmar assumiria a vaga de titular de vez e teria passagem marcante pela Seleção Brasileira, se sagrando Bi-campeão Mundial em 1958 e 1962.
As grandes atuações dos goleiros alvi-negros se deviam muito à qualidade dos jogadores que os protegiam. O zagueiro-central Olavo era a seriedade e firmeza em pessoa e o lateral-direito Idário era um dos grandes ídolos da torcida corintiana, tamanha raça que demostrava em campo. Estes dois defensores, juntos, possuem nada menos que 989 jogos pelo Timão. Na frente da linha defensiva alvi-negra, podia-se encontrar um jogador que era sinônimo de classe, elegância e categoria. Vocês podem até achar estranho estes atributos em um volante, porém Roberto Belangero não era um volante qualquer. Além de um exímio marcador, possuía todos os requisitos necessários para levar sua equipe ao ataque.

Se o sistema defensivo do Corinthians se saía muito bem, o ofensivo era espetacular. Só para se ter uma idéia, durante a campanha do título do Campeonato Paulista de 1951 a equipe foi a primeira, da história do futebol profissional no Brasil, à ultrapassar a marca dos 100 gols no torneio paulista (o Santos havia conseguido este feito na era amadora, em 1927). Foram nada menos que 103 gols em 28 jogos (3,67 gos por jogo) sendo que a maioria deles contou com a participação do trio Cláudio, Luizinho e Baltazar.

O ponta-direita Cláudio possuía um chute tão perfeito que se tornou simplesmente o maior artilheiro da história do Corinthians com 306 gols. Além de ótimo finalizador, sua capacidade de organizar e liderar a equipe lhe renderam o apelido de “Gerente”. Além de Cláudio, Baltazar também sabia, como poucos, balançar as redes adversárias. Se Cláudio dominava com perfeição os chutes, Baltazar era mestre nas cabeçadas. Marcou tantos gols de cabeça (71 dos 267 marcados pelo Corinthians) que ficou conhecido como “Cabecinha de Ouro”. Para completar o trio, o jogador que era a verdadeira diversão da torcida: Luizinho, o “Pequeno Polegar”. Seu pequeno tamanho e gigante talento, o faziam ser imarcável dentro de campo. A cada drible aplicado nos altos e largos zagueiros adversários, a galera corintiana ia ao delírio. Foi um jogador tão querido da torcida corintiana, que um dia o presidente Alfredo Ignácio Trindade respondeu, uma proposta para negociá-lo, da seguinte maneira: “Se vendê-lo, a torcida me mata e incendeia o Parque São Jorge.”*.


Iniciado o torneio, o Timão deu um show atrás do outro. A princípio a disputa seria em turno único, com todos os participantes se enfrentando. O Corinthians estreou no dia 14 de julho de 1953 vencendo a Roma por 1 a 0, com gol de Luizinho. Logo depois, um disputadíssimo jogo contra o Barcelona e outra vitória do Timão, desta vez por 3 a 2, com dois gols de Luizinho e um de Carbone. O jogo que fecharia o torneio para a equipe brasileira foi mais um triunfo, sobre a Seleção de Caracas, por 2 a 1, gols de Cláudio e Carbone. Porém, o torneio não terminou. Houve uma mudança no regulamento e criaram um segundo turno. Sem problemas para o Coringão. Foram, acreditem, mais 3 vitórias. A primeira delas conta o Barcelona por 1 a 0, gol de Goiano. Esta vitória deu o título ao Corinthians, que com 4 jogos e 4 vitórias, não poderia mais ser alcançado. Mesmo que os dois últimos jogos tenham sido para cumprir tabela, a aula de futebol continuou. 2 a 0 contra a Seleção de Caracas (gols de Cláudio) e 3 a 1 contra a Roma (um gol de Cláudio e dois de Luizinho).

Ao final do torneio, o Corinthians levantou seu primeiro troféu internacional com uma campanha incrível: 6 jogos, 6 vitórias, 12 gols marcados, 4 gols sofridos e Luizinho sagrando-se artilheiro da competição com 5 gols. O que ficou, porém, na memória dos torcedores venezuelanos não pode ser medido. Os dribles de Luizinho, os chutes perfeitos de Cláudio, as defesas de Cabeção, a classe de Roberto, a raça de Idário...

Equipe-base: Cabeção; Homero e Olavo; Idário, Goiano e Roberto; Cláudio, Luizinho, Vermelho, Carbone e Mário. Técnico: Rato
Também atuaram: Sula, Julião, Baltazar, Nardo e Souzinha.


*http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Trochillo

segunda-feira, 20 de abril de 2009

FINAL DA TAÇA RIO - FLAMENGO X BOTAFOGO

Flamengo 1 x 0 Botafogo - Maracanã

Olá amigos do FUTEBOLA!

Pelo terceiro ano consecutivo Flamengo e Botafogo decidirão o Campeonato Carioca. Neste domingo, em um jogo pegado, tenso, fechado, com cara de decisão, o Flamengo conquistou a Taça Rio, e o direito de disputar a final, ao bater o próprio Botafogo por 1 a 0. Como já era de se esperar, o Maracanã estava lotado e, uma vez mais, tivemos a prova de que o torcedor ama o Campeonato Estadual. Vamos então aos destaques do jogo.

MANDOU BEM!

- Atualmente, é inconcebível imaginar o Flamengo em campo sem o volante Willians. Se na partida semi-final contra o Fluminense o Kléberson realizou muito bem o papel de proteção à defesa, ajudando Willians, contra o Botafogo ele voltou a ser aquele jogador mais preocupado em atacar do que em defender. Os espaços deixados na intermediária rubro-negra eram visíveis e o Botafogo só não conseguiu explorá-los porque Willians é um verdadeiro “Multi-Homem”. Sua principal função era marcar o Maicosuel, simplesmente o melhor jogador do futebol carioca no momento. Acreditem, além de marcar Maicosuel com perfeição, Willians ainda arrumou tempo para impedir outras tantas jogadas botafoguenses. Em minha opinião, o melhor jogador em campo na decisão da Taça Rio.

- O principal mérito do Flamengo para conquistar a vitória foi saber se impor, na 2ª etapa da partida. Após o intevalo, o Botafogo abdicou do jogo ofensivo e as raras tentativas da equipe de agredir o Flamengo eram facilmente anuladas. Quando uma equipe se “apequena” em campo, resta a outra saber se impor e tomar conta do jogo. Foi a partir deste momento que o Flamengo começou a assustar o goleiro alvi-negro Renan, algo que praticamente não havia feito no 1º tempo. Teve jogada pela lateral esquerda com Juan cruzando para Emerson entrar de carrinho. Jogada pelo meio com Zé Roberto lançando Emerson que quase conseguiu a conclusão. Uma bomba de fora da área do meia Kléberson que Renan teve que salvar. Resumindo: era semelhante a um treino de ataque contra defesa. Tudo bem que o gol foi uma infelicidade do zagueiro Emerson, que jogou a bola contra a própria meta, porém pela postura que os dois times mostravam em campo naquele momento, mesmo que Emerson tivesse tido sucesso na tentativa de cortar a pelota, o gol rubro-negro era questão de tempo.

MANDOU MAL!

- O futebol realmente não apresenta lógica nenhuma e, convenhamos, esta é a sua graça. Desta vez, no clássico Flamengo x Botafogo, o ilógico ocorreu aos 17 minutos do 2º tempo. O zagueiro alvi-negro Emerson vinha sendo, em minha opinião, o melhor jogador de sua equipe em campo. Não havia bola, pelo alto ou por baixo, que passasse por ele. Era bola parada alçada pela intermediária, escanteios cobrados, tentativas de dribles ou passes longos vindos de antes do meio-campo e o resultado era o mesmo: corte de Emerson. Mas eis que chegamos ao citado décimo sétimo minuto do 2º tempo. Juan cobra falta curta na área que é desviada por Ronaldo Angelim. Na tentativa de rechaçar a pelota, Emerson comicamente a joga contra o próprio gol. Placar final: Flamengo 1 x 0 Botafogo. Flamengo Campeão da Taça Rio. Em 1989, o jovem zagueiro flamenguista Gonçalves (o mesmo que mais tarde faria história no Fogão) ficou marcado por ter feito um golaço contra, ao encobrir o goleiro Zé Carlos. O Flamengo vencia por 3 a 1 e após este gol, o Botafogo conseguiu empatar a partida em 3 a 3. Em 1995, na final da Taça Guanabara, Flamengo e Botafogo empatava em 2 a 2 quando o botafoguense Márcio Theodoro, na tentativa de recuar a bola para o goleiro Wágner, deu-a nos pés de ninguém menos que Romário. O baixinho marcou o gol e o Flamengo conquistou o título ao vencer por 3 a 2. Pois é Emerson, apesar da ótima atuação que você vinha tendo, é pelo gol contra que você entrou na história.

- Concordo que não é plausível criticar um treinador quando sua equipe vence e, ainda por cima, conquista um título. Na realidade não é bem uma crítica que pretendo fazer, mas sim expressar uma opinião diferente da que tenho do Cuca. Sempre influenciou muito no futebol, o psicológico do jogador. Um jogador confiante, é um jogador que rende muito melhor em campo, que faz seu trabalho com muito mais leveza. Quando Cuca, na semi-final contra o Fluminense, barrou o Erick Flores para colocar o Kléberson e dar maior estabilidade ao meio-campo do Flamengo, todos entenderam. Porém, desta vez, estou longe de entender o motivo da barração de Josiel para a entrada de Emerson. Josiel foi sem dúvida alguma o jogador mais importante do Flamengo na Taça Rio. Quando o rubro-negro estava completamente cabisbaixo pela eliminação na Taça Guanabara, frente ao Resende, foram os gols de Josiel que reergueram a equipe e fizeram a torcida novamente apoiar o time. Aí o Flamengo chega na decisão da Taça Rio e... O Josiel está no banco de reservas. Realmente é de uma falta de coerência maiúscula.

- Falando em incoerência, serei repetitivo ao criticar, uma vez mais, a postura que o Botafogo decide adotar durante alguns jogos. Na 1ª etapa do duelo contra o Flamengo, a equipe alvi-negra havia criado diversas oportunidades de sair para o intervalo vencendo o jogo. Victor Simões perdeu um gol dentro da área, Maicosuel mandou uma bola na trave e Juninho levou perigo em duas das suas famosas bombas. Mas eis que o time volta do intervalo e decide abdicar do ataque. Contra o Fluminense, na sexta rodada da Taça Rio, o time havia levado a virada mesmo com um homem a mais em campo. Contra o Americano, pela Copa do Brasil, a equipe estava excelente até obter o 1 a 0 que o classificava e recuar, o que resultou na eliminação do torneio. Agora mais essa contra o Flamengo. Ao invés de manter a forte pegada defensiva e não desisitir de atacar, o Botafogo, uma vez mais, decidiu somente se defender.

ENQUANTO ISSO EM SÃO PAULO...

- Banho de bola! Assim pode ser resumido o duelo entre Santos e Palmeiras pela semi-final do Paulistão. O Santos jogava pelo empate em um Parque Antártica lotado, ou seja, tinha tudo para cair na errônea tentação de jogar na retranca. Graças ao seu treinador e a tendência ofensiva de seus jogadores, o Santos foi para cima do Palmeiras e durante todo o jogo esteve melhor. O trio ofensivo santista vai dar o que falar durante o ano de 2009. O baixinho Mádson é um jogador com o qual não me canso de ficar impressionado. Corre, literalmente, o campo inteiro e, mesmo longe de ser um jogador tecnicamente diferenciado, leva qualquer defesa à loucura. O locutor do canal Sportv Milton Leite fez o comentário definitivo sobre Mádson: “Parece que tem uns 3 ou 4 dele em campo.”. Se o Mádson já dá um trabalho enorme ao adversário, imaginem ele junto com o jovem Neymar. Neste duelo contra o Palmeiras, Neymar não esteve muito presente na criação de jogadas. Ele “somente” deu a assistência para o gol do Mádson e sofreu o pênalti convertido por Kléber Perereira. Precisa de mais? Para completar a força ofensiva, o sinônimo de gol, Kléber Pereira, que novamente deixou sua marca. Além da boa atuação deste trio, vale a pena tecer mais dois comentários sobre o jogo. O primeiro deles é sobre a segurança do sistema defensivo do Santos. Tanto a defesa quanto os volantes realizaram uma excelente marcação durante todo o jogo, e a equipe só sofreu gol por uma infelicidade do goleiro Fábio Costa. O segundo é sobre o baixíssimo nível do futebol apresentado pelo Palmeiras. O time esteve tão mal, que até o Keirrison foi vaiado. Realmente não dá pra saber entre o setor de criação e o de proteção, qual foi pior em campo. Para um time que precisava da vitória, o Palmeiras não fez por merecer nem o gol de honra marcado. E o resto do ano alvi-verde não promete ser nada fácil. Além de não depender só de seus próprios esforços na Taça Libertadores, o Diego Souza ainda inventa de agredir o Domingos. Haja trabalho para o Luxemburgo.

ENQUANTO ISSO NA INGLATERRA…

- Arsenal e Chelsea decidiram, em um lotado Estádio de Wembley, uma vaga na decisão da Copa da Inglaterra, o torneio futebolístico mais antigo. Confesso que não gostei do esquema adotado pelo treinador dos “Gunners” Arsène Wenger que contou com, Diaby, Denílson e Fábregas, ou seja, três volantes. Para isto, Wenger deixou no banco os impetuosos Arshavin e Nasri. Em minha opinião, um dos dois deveria começar jogando. Já o Chelsea veio no seu tradicional 4-3-3, com o fortíssimo tripé de meio campo composto por Essien, Ballack e Lampard (talvez para bloquear estes 3 que o Arsenal iniciou mais fechado no meio-de-campo). O 1º tempo mostrou um jogo muito truncado e se o Arsenal não apresentava ofensividade na sua formação, a falta de inspiração de Van Persie e Fábregas deixou o time ainda mais frágil. Porém, como que ganhando um brinde, o time vermelho conseguiu abrir o marcador aos 17 minutos, na única chance que criou em toda primeira metade do jogo, através de Walcott. Logo no início da partida, Drogba havia recebido um longo lançamento e só não marcou o gol pois o lateral Gibbs tirou a bola em cima da linha. Com a intermediária do Arsenal lotada de jogadores, o passe longo parecia mesmo ser uma ótima solução. Foi então que Lampard decidiu brindar os espectadores com um monumental lançamento de quase 40 metros nos pés de Malouda que empatou a partida. Para o 2º tempo, mesmo com o Chelsea voltando mais aceso, o jogo permaneceu sem muitas chances claras de modificar o marcador. Mas Frank Lampard sabe criar oportunidades de gols quando ninguém espera e, em mais um espetacular passe longo, colocou a bola para Drogba do jeito que ele gosta, na corrida, na saída do goleiro. Golaço do Chelsea. Faltavam 6 minutos para o fim do jogo e o Arsenal teria que fazer tudo aquilo que não fez em 84. Não conseguiu. Placar final: Chelsea 2 x 1 Arsenal. O adversário dos “Azuis”, na decisão, será o Everton que venceu o Manchester United nos pênaltis.

ENQUANTO ISSO NA ALEMANHA...

- Já foi escrito aqui, por mais de uma vez, que o Bayer Leverkusen é um time em decadência na Bundesliga. Após um 1º turno excepcional, o time dos brasileiros Renato Augusto e Henrique vinha apresentando um futebol de baixo nível no 2º turno. Neste sábado, a equipe duelaria, fora de casa, com ninguém menos que o Wolfsburg, líder do campeonato, invicto nos jogos como mandante e com uma sequência de 9 vitórias consecutivas. Tudo indicaria jogo fácil para o Wolfsburg, principalmete após um 1º tempo onde a equipe criou 4 ótimas oportunidades de gols e converteu uma delas com Grafite, cobrando pênalti. Durante toda a primeira etapa o Wolfsburg mostrou uma defesa segura, principalmente o zagueiro italiano Barzagli, e uma vez mais o trio Misimovic/Dzeko/Grafite levava trabalho ao adversário. Porém, foi após o intervalo que o jogo se tornou surpreendente. O Bayer Leverkusen apresentou, durante cerca de 30 minutos, o futebol que o fez ser um dos candidatos ao título durante o 1º turno. Com o ex-flamenguista Renato Augusto e o chileno Arturo Vidal muito participativos, as jogadas ofensivas do time começaram a levar perigo à defesa do Wolfsburg. Mesmo após empatar o placar aos 9 minutos, com gol do meia-esquerda Kroos, o Leverkusen manteve-se no ataque e Helmes, em duas jogadas de Vidal, fez os torcedores da casa prenderem a respiração. Aí o bósnio Misimovic, meia do Wolfsburg, resolveu dar as caras novamente. Só consegui encontrar uma explicação para o Wolfsburg ter cessado sua produção ofensiva durante este domínio do Leverkusen no 2º tempo: Misimovic estava sumido e, sem a participação do bósnio, dificilmente o time anda. Bastou uma bola recebida por ele no meio-de-campo, aos 40 minutos, que o passe milimétrico foi dado para Grafite. Como a estrela do brasileiro está brilhando como nunca, foi necessário somente um sutil toque no canto do goleiro Adler para fechar o placar. Final: Wolfsburg 2 x 1 Bayer Leverkusen. O locutor Paulo Andrade, da ESPN Brasil, foi perfeito em seu comentário ao lançar a seguinte teoria: Se o Dunga convoca o Josué, ele assiste o Wolfsburg. Se o Dunga está assistindo o Wolfsburg, ele está vendo o que o Grafite está fazendo.

- Como era de se esperar, os adversários não deixariam o Wolfsburg se isolar. Vejamos os resultados dos jogos envolvendo os que perseguem o time de Grafite e Josué e a parte de cima da tabela de classificação:

Resultados

Arminia Bielefeld 0 x 1 Bayern Munique
Colônia 0 x 3 Stuttgart
Hertha Berlim 2 x 1 Werder Bremen
Hamburgo 2 x 1 Hannover 96

Classificação

1 – Wolfsburg 57 pontos
2 – Bayern de Munique 54 pontos
3 – Hamburgo 54 pontos
4 – Hertha Berlim 52 pontos
5 – Stuttgart 51 pontos

domingo, 19 de abril de 2009

Grandes Clássicos - Botafogo x Flamengo 1989

Grandes Clássicos - Botafogo x Flamengo 1989

Olá amigos do FUTEBOLA!

Chegamos à final da Taça Rio e, caso o Botafogo vença o Flamengo, será considerado Campeão Estadual ao apito final deste jogo. Com certeza o Maracanã estará lotado e uma festa, assim como em 1989 quando estes dois times chegaram à decisão do Carioca. Mas naquele ano, existia um agravante. O Fogão não conquistava um título havia mais de duas décadas. Divirtam-se recordando ou conhecendo, esta grande história do nosso futebol.

O Campeonato Carioca de 1989 se iniciava, devido às edições anteriores, com dois favoritos. Os últimos 3 torneios haviam sido decididos por Flamengo e Vasco, sendo o rubro-negro campeão em 1986 e o cruzmaltino Bi-campeão em 1987/1988. Para a última competição estadual da década de 80, tudo parecia caminhar para a mesma direção.

O Flamengo contava em seu elenco com jogadores que seriam importantes para o Brasil conquistar o mundo. Isso mesmo! Na Copa do Mundo de 1994, o Brasil estreou contra a Rússia contando com Jorginho, Aldair, Leonardo, Zinho e Bebeto, todos eles atletas rubro-negros que disputariam o Carioca de 1989. Eram atletas maduros o suficiente para vestirem a camisa do Flamengo sem sentir o peso. Todos eles haviam participado da campanha em que o Flamengo conquistou a Copa União de 1987 e Bebeto, inclusive, marcara o gol do título, na final contra o Internacional. Em 1989 Bebeto já era um dos maiores jogadores do país, constantemente convocado para a Seleção Brasileira. Era um jogador com inúmeras qualidades ofensivas, sendo quase impossível destacar sua maior virtude. Veloz, habilidoso, técnico e letal, fazia qualquer zagueiro perder o sono nas vésperas de enfrentá-lo. Também não podemos esquecer quem ainda era o camisa 10 da Gávea. Mesmo tendo sofrido uma série de contusões desde seu retorno do futebol italiano em 1985, Zico era peça essencial desta engrenagem rubro-negra. Era ele quem explorava a capacidade ofensiva dos laterais Leonardo e Jorginho, quem cobrava com perfeição as faltas sofridas por Bebeto, quem municiava os impetuosos Zinho e Alcindo, quem ditava o ritmo do jogo e, o mais óbvio, quem fazia o adversário tremer. E tem mais! O treinador que comandava esse time de craques era ninguém menos do que Telê Santana, que sabia extrair cada gota de ofensividade dos seus jogadores.

O Vasco também possuía uma ótima equipe que buscava nada menos que o título de Tri-campeão. O confiável goleiro Acácio, os excelentes laterais Paulo Roberto e Mazinho, o seguro volante Zé do Carmo e o meia, que era a classe em pessoa, Geovanni, eram exemplos da força vascaína. Ao longo da Taça Guanabara, porém, o Vasco mostraria pouca inspiração ofensiva, talvez sentindo falta de Romário, recém-negociado com o PSV da Holanda, deixando o Flamengo conquistar o título do turno e terminando apenas na 3ª colocação. Quem, na realidade, foi a sombra do time da Gávea em toda a Taça Guanabara foi o Botafogo.

O Glorioso estava vivendo um momento delicadíssimo em sua história. Desde 1968 o clube não conquistava um único título (com exceção de turnos estaduais). Eram mais de 20 anos sem levantar um troféu, mas durante este período o alvi-negro chegou perto várias vezes. Em 1971, o Botafogo era um verdadeiro esquadrão que contava com Brito, Carlos Alberto Torres, Jairzinho e Paulo César Caju e perdeu a final do Carioca para o Fluminense, com um gol aos 43 minutos do 2º tempo. Em 1976 o Fogão chegou a se classificar para o quadrangular final do Estadual, com os craques Marinho Chagas e Mário Sérgio, mas não segurou a força da “Máquina Tricolor”. Já contando em seu elenco com o genial meia Mendonça, o alvi-negro terminou o Brasileiro de 1977 em 5º lugar, sem perder um único jogo, e em 1981, foi eliminado pelo São Paulo na semi-final do torneio nacional, após estar vencendo a partida por 2 a 0.

Agora que conhecemos o momento vivido pelo Botafogo em 1989, vamos entender como o elenco para a disputa do torneio foi montado. Em 1986, Emil Pinheiro, que era um, digamos, “empresário” do jogo do bicho, assumiu um cargo importante da diretoria botafoguense e iniciou uma série de investimentos para fortalecer a equipe alvi-negra. Uma história lendária que ocorreu com Seu Emil, como era carinhosamente chamado, foi envolvendo o então presidente de honra do Bangu, Castor de Andrade, “empresário” do mesmo ramo. A lenda diz que, em 1988, Castor estava necessitando de dinheiro. Foi então que Emil ofereceu nada menos que 400 mil dólares por Marinho, Mauro Galvão e Paulinho Criciúma, os três destaques do forte time do Bangu. A negociação foi concretizada em uma boate com capangas presentes por todos os cantos e Castor de Andrade havia levado até uma máquina de contar dinheiro. Não se sabe se a história é verdadeira, mas o fato é que o trio do Bangu realmente foi atuar no Botafogo.

O extraordinário ponta Marinho, que em 1985 recebera o prêmio Bola de Ouro (dado pela revista Placar ao melhor jogador do Campeonato Brasileiro naquele ano), nunca mais conseguiu reeditar suas memoráveis atuações após a dramática morte de seu pequeno filho, afogado em sua própria piscina, no ano de 1988, e rapidamente retornou ao Bangu. Já Mauro Galvão e Paulinho Criciúma seriam os pilares da equipe botafoguense em 1989. Mauro Galvão conhecia o gostinho de conquistar títulos, afinal havia sido Campeão Brasileiro, invicto, em 1979, e Tetra-campeão Gaúcho (81/82/83/84) pelo Internacional. Era um zagueiro diferenciado, de extrema categoria, e que sempre saía para o jogo com qualidade. Já Paulinho Criciúma seria o líder técnico que o Botafogo teria em campo. Ao mesmo tempo em que armava ótimas jogadas ofensivas, possuía uma grande capacidade de finalização (era excelente cabeceador). Seus dotes ofensivos não o impediam de se entregar em campo para ajudar a equipe na marcação, o que o fez um espelho para os seus companheiros. Pode-se falar também que, tanto Mauro Galvão, quanto Paulinho Criciúma, encontraram os parceiros ideais no Botafogo.

Sempre que Mauro Galvão partia para uma arrancada ofensiva, podia ir tranquilo pois sabia que a defesa estaria entregue em boas mãos com Wilson Gottardo a protegendo. Zagueiro imponente, Gottardo possuía como principais características um vigor físico impressionante e grande capacidade de liderança. No campo ofensivo, bastava Paulinho Criciúma olhar para o lado direito que sempre encontraria seu parceiro Maurício esperando uma bola para usufruir de sua grande agilidade e velocidade. Para comandar o alvi-negro no Carioca de 1989, chegou o Campeão Mundial Interclubes de 1983, com o Grêmio, Valdyir Espinosa. Espinosa soube armar uma equipe com solidez e homogeneidade impressionantes e cada jogador sabia, exatamente, o seu papel dentro das quatro linhas. Mauro Galvão, como citado anteriomente, podia tranquilamente participar de jogadas ofensivas, que a defesa não ficaria desguarnecida. Os laterais adversários sempre eram muito bem marcados pelos pontas alvi-negros Maurício e Gustavo (reparem que até hoje em dia, 20 anos após esta equipe ser formada, esta tática de pontas marcadores causa um certo espanto). Nenhum “camisa 10” adversário teria vida fácil frente aos cães de guarda Luisinho e Carlos Alberto. E a principal qualidade tática da equipe era saber jogar, muito bem, nos contra-ataques.

O Flamengo havia conquisado a Taça Guanabara de maneira invicta, mostrando um poder ofensivo monstruoso (30 gols marcados em 11 jogos). Se o primeiro turno serviu para garantir o time de Zico e Bebeto na final do Estadual, encheu o torcedor botafoguense de esperança, afinal a equipe terminara a Taça Guanabara também de maneira invicta e, se não teve um ataque tão avassalador quanto o rubro-negro, sua defesa sofreu apenas 3 gols. As fichas do Botafogo seriam jogadas na Taça Rio, o 2º turno, que também valia uma vaga na final da competição. Logo na terceira rodada da Taça Rio, o Fogão deu mostras de que brigaria com toda sua força pelo título, no duelo contra o Flamengo. O rubro-negro vencia por 3 a 1 até os 36 minutos do 2º tempo, quando o seu jovem zagueiro Gonçalves (aquele mesmo que mais tarde faria história no Botafogo) marcou um golaço contra, ao encobrir o goleiro Zé Carlos. Mesmo faltando pouco tempo para o final e com os jogadores cansados pelo estado encharcado do gramado, o Botafogo não desistiu e, após lindo lançamento de Mauro Galvão, Vítor, aos 42 minutos, decretou o empate em 3 a 3. A equipe do Botafogo seguiu seu caminho, até a última rodada, vencendo os times considerados pequenos e empatando com Vasco e Fluminense. Na rodada derradeira, um tropeço ao empatar em 0 a 0 com o Bangu poderia ter tirado o título da Taça Rio do Botafogo, porém o Vasco venceu o Flamengo e impediu que o rubro-negro conquistasse o título de maneira antecipada, por levar os dois turnos.

O torneio, então, seria decidido por Flamengo, vencedor da Taça Guanabara, e Botafogo, vencedor da Taça Rio, em uma melhor de quatro pontos (na época a vitória valia 2 pontos) e, por ter melhor campanha total, o alvi-negro entrou na decisão com 1 ponto de vantagem. O primeiro jogo decisivo terminaria empatado sem gols, com Zico muito bem marcado por Luisinho e Paulinho Criciúma com a pontaria fora do eixo. O empate aproximou ainda mais o Botafogo de um título que não conquistava havia 21 anos, pois agora bastaria ao Fogão uma vitória no jogo seguinte. E esse era o maior problema do alvi-negro: vencer um clássico. Desde 1986 o Botafogo não vencia um dos seus tradicionais rivais cariocas e, neste Estadual, havia obtido 7 empates em 7 jogos. Será que chegava a hora do fim do jejum? Ou melhor, chegava a hora do fim dos jejuns?

No dia 10 de junho de 1989 o Maracanã estava lotado e era possível se observar um fato curioso. Este era um dos raros dias em que a torcida do Flamengo não estava em maior número, numa decisão envolvendo o time. Os botafoguenses, loucos por um título, faziam uma festa maravilhosa no “Maior do Mundo” e passavam toda a confiança para sua equipe. A entrada dos times no gramado, quase que simultaneamente, fez o estádio ganhar vida. Bandeiras tremulavam, o barulho dos fogos era canção no ouvido dos torcedores e papéis voando completavam o cenário espetacular que precedia a decisão. Com o apito inicial, pôde-se ver um jogo pegado no meio-de-campo, com o Botafogo tendo armado uma verdadeira muralha na sua intermediária. A partida foi assim, morna, até os 15 minutos, quando o Flamengo teve uma falta nas proximidades da área alvi-negra. Zico pegou a bola para cobrança e corações aceleraram, porém o tiro foi fraco e o goleiro Ricardo Cruz defendeu facilmente. Esse lance poderia ser o primeiro de muitas oportunidades de gols, mas não foi o que ocorreu. Com exceção de um bom contra-ataque botafoguense, após bela roubada de bola do experiente lateral-direito Josimar, e um chute para fora do rubro-negro Alcindo, o jogo continuou fechado no meio-campo. Era o claro duelo entre a técnica flamenguista, que tentava abrir espaços com a qualidade dos passes, e a força alvi-negra, que bloqueava qualquer caminho que levasse à Ricardo Cruz. Aos 37 minutos, mesmo com tudo fechado, o Flamengo conseguiu uma grande chance de abrir o placar. O lateral-esquerdo Leonardo, vendo os espaços em sua frente interditados, cruzou da intermediária a bola para Bebeto que, mesmo marcado, conseguiu cabecear para monumental defesa de Ricardo Cruz. O jogo caminhava para o intervalo, quando o destino resolveu dar as caras. O ponta Gustavo contundido foi substituído por Mazolinha. Por falar em ponta, um fato envolvendo o outro ponta botafoguense, Maurício, viria a tona posteriormente. Maurício havia passado toda a manhã do jogo com muita febre e chegara a pedir para não ser relacionado, porém os próprios jogadores o fizeram mudar de idéia. Muito sumido em campo durante o 1º tempo, também pela falta de ofensividade de sua equipe, Maurício falou para o treinador Espinosa, no intervalo, que sentia estar prejudicando o time e queria sair. Espinosa respondeu que tiraria qualquer um de campo, menos Maurício, já que havia sonhado que este seria o autor do gol do título.

O Botafogo voltaria para o 2º tempo com Mazolinha e Maurício em campo, porém o fato que animou a torcida alvi-negra foi o gesto de Zico pedindo substituição. Antes de sair, o Galinho ainda fez muitos torcedores prenderem a respiração ao cobrar uma falta que passou raspando a meta de Ricardo Cruz. Não foram poucos os suspiros de alívio após ser concretizada a saída de Zico para a entrada de Marquinhos. E este alívio botafoguense não duraria nem 1 minuto e já seria transformado em euforia. Aos 12 minutos do 2º tempo, a jogada que entraria para a história do futebol carioca. Mazolinha recebe passe na esquerda e arranca para cima de Jorginho. Antes de alcançar a linha de fundo, a bola é cruzada na direção de Maurício que, com um leve empurrão, desloca a marcação de Leonardo e estica a perna para mandar a bola pro fundo das redes. Era dia 21. O termômetro do Maracanã apontava 21 graus. O gol ocorreu aos 12 minutos (21 ao contrário). O passe foi do número 14 Mazolinha e o gol do número 7 Maurício (14 + 7 = 21). O cruzamento foi o 21º realizado durante o jogo. E tudo isto pôs fim ao jejum de 21 anos sem títulos do Botafogo. Dá pra entender por que os botafoguenses são tão supersticiosos, né?

Após o histórico gol de Maurício, o Flamengo não teve forças para buscar o empate. Talvez pela ausência de Zico, talvez pelo fato de a torcida do Fogão parecer ter entrado dentro de campo, o fato é que o alvi-negro criou mais chances de ampliar, do que o Flamengo de empatar o placar. Na mais perigosa chance criada pelo Botafogo, Maurício tocou para Paulinho Criciúma no meio-campo, que lhe devolveu a bola em profundidade na ponta-direita. O número 7, fazendo jus à camisa de Garrincha que vestia, entortou dois marcadores e cruzou a bola com perfeição na cabeça de Paulinho Criciúma, que caprichadamente mandou a pelota no travessão. Realmente estes dois se davam muito bem. A torcida alvi-negra que não parava de gritar desde o gol marcado, arrumou uma maneira de fazer ainda mais barulho após o apito final do árbitro. Fim de jogo. A alegria que envolvia torcedores, jogadores, técnico, diretores, e todos os botafoguenses pelo país, era algo indescritível. No biênio 1967/1968, o Botafogo foi Bi-campeão Carioca contando com um dos maiores times do mundo. Nesta época, milhões de crianças e jovens decidiram bordar em seus corações, uma estrela solitária. Crianças viraram jovens sem comemorar um título. Jovens viraram adultou sem nunca gritar "É Campeão!". Foram mais de duas décadas que esta estrela, em cada coração alvi-negro, deixou de brilhar, mas após o gol de Maurício, todos se lembraram o imenso prazer de ser Botafogo.

Botafogo 1 x 0 Flamengo

21 de junho de 1989

Maracanã – Público: 56412 pagantes

Gol: 2º tempo: Maurício (Bot) aos 12´.

Botafogo: Ricardo Cruz; Josimar, Wilson Gottardo, Mauro Galvão e Marquinhos;
Carlos Alberto Santos, Luisinho e Vítor; Maurício, Paulinho Criciúma e Gustavo (Mazolinha). Técnico: Valdyr Espinosa.

Flamengo: Zé Carlos; Jorginho, Aldair, Zé Carlos Nascimento e Leonardo; Aílton, Renato Carioca e Zico (Marquinhos); Alcindo (Sérgio Araújo), Bebeto e Zinho. Técnico: Telê Santana.

sábado, 18 de abril de 2009

FIGURINHA CARIMBADA - RENATO SÁ



Nome: Renato Luís de Sá Filho

Data de nascimento: 15 de junho de 1955

Posição: ponta-esquerda

Clubes:

Avaí (1976 e 1977)
Grêmio (1977 a 1978, 1980 e 1981)
Botafogo (1979 e 1980)
Vasco (1981 e 1982)
Atlético Mineiro (1983)
Atlético Paranaense (1983 a 1984, 1985 e 1986)
Pinheiros (PR) (1985)

Títulos:

Campeonato Gaúcho – 1980 – Grêmio
Campeonato Brasileiro – 1981 – Grêmio
Campeonato Mineiro – 1983 – Atlético Mineiro
Campeonato Paranaense – 1983 e 1985 – Atlético Paranaense

Destaques:

- No dia 20 de julho de 1978 o Botafogo teve quebrada a maior série de invencibilidade do futebol brasileiro. O Botafogo buscava sua 53ª partida sem derrota, quando o Grêmio, em pleno Maracanã, venceu a partida por 3 a 0. Dos três tentos marcados pelo time de Porto Alegre, dois foram do ponta-esquerda Renato Sá.

- Corria o ano de 1979 e o Flamengo de Zico estava imbatível. A cada jogo que passava, o rubro-negro mais se aproximava de igualar o recorde de 52 partidas sem derrotas do Fogão. Igualou após vencer o Campo Grande por 2 a 1. Faltava apenas um jogo sem derrota para o Flamengo superar o recorde de invencibilidade do Botafogo. Adivinhem quem era o próximo adversário. Isso mesmo, o próprio Botafogo. Adivinhem com quem o Botafogo contava em sua equipe. Isso mesmo, Renato Sá. O Maracanã recebia quase 140 mil torcedores para o que ficou conhecido como “Jogo da Invencibilidade”. Após o apito final Renato Sá escrevia de vez seu nome na história do futebol, pois o Botafogo venceu por 1 a 0 com um gol seu. Resumo da ópera: Flamengo e Botafogo possuem até hoje as maiores séries invictas do futebol brasileiro com 52 jogos e, ambas, foram interrompidas por Renato Sá.

- Após já estar cohecido pelas suas façanhas de acabar com invencibilidades, Renato Sá ainda fez história no Atlético Paranaenese. Chegou ao clube paranaense em um período onde a torcida estava com a pulga atrás da orelha, pois a famosa dupla Washinton/Assis, havia se trasnferido para o Fluminense. Junto com seus companheiros Renato conseguiu suprir a ausência do “Casal 20” e se sagrou Campeão Estadual em 1983 e 1985.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

SEGUNDA RODADA DA COPA DO BRASIL - PARTE 2

Central 0 x 3 Vasco – Lacerdão, Caruaru (PE)
Botafogo 2 x 1 Americano (nos pênaltis o Americano venceu por 5 x 4) – Engenhão, Rio de Janeiro (RJ)
Águia 2 x 1 Fluminense – Mangueirão, Belém (PA)

Olá amigos do FUTEBOLA!

O meio de semana foi recheado de jogos envolvendo tanto clubes brasileiros quanto europeus. Pela Copa do Brasil, a quarta-feira foi previsível com o Vasco atropelando o Central de Caruaru. Já no dia seguinte, toda a previsibilidade encontrada no jogo do Vasco passou longe dos duelos Botafogo 1 x 2 Americano, com o time de Campos se classificando nos pênaltis, e Águia de Marabá 2 x 1 Fluminense, com Thiago Neves agredindo o gandula. Na Europa, as semi-finas da Champions League já possuem seus confrontos definidos. O Chelsea, um dos classificados para esta fase, fez um jogo simplesmente único contra o Liverpool. Já o Manchester United acabou com o sonho do Porto de estar, uma vez mais, entre os quatro melhores times do “Velho Continente”. Vamos aos destaques dos confrontos, começando com a Copa do Brasil.


MANDOU BEM!

- Na fácil vitória do Vasco sobre o Central por 3 a 0, o meia Carlos Alberto, uma vez mais, foi bastante participativo no jogo, presente na criação de perigosas jogadas ofensivas. Outro cruzmaltino que esteve bem em campo foi o lateral-direito Paulo Sérgio. Após péssima atuação contra o Botafogo pela semi-final da Taça Rio, Paulo Sérgio voltou a aparecer nas bolas paradas, cruzamentos (deu assistência para o último gol, de Alan Kardec) e chutes longos. Agora que Carlos Alberto e Paulo Sérgio estão devidamente elogiados, podemos aplaudir o nome do jogo: Rodrigo Pimpão. O atacante vascaíno nem de longe paraceu um jogador que possui a finalização como principal deficiência. Nesta partida Pimpão conseguiu unir sua habitual velocidade com chutes potentes e certeiros. Pela direita deu um direcionado chute, obrigando o goleiro à boa defesa. Pelo meio, uma bomba que passou raspando o travessão. Pela esquerda, balançou a rede após arremate colocado no cantinho do goleiro. Até um belo gol de oportunismo ele marcou, após eficiente trama entre Carlos Alberto e Élton. Será que Pimpão está se dedicando mais nos treinamentos de finalização? Tomara. Ele e o Vasco só têm a ganhar com o seu esforço.

- O Americano não tinha nada a seu favor no duelo contra o Botafogo. Jogaria o primeiro jogo sob o risco de ser eliminado caso perdesse por 2 ou mais gols de diferença. Conseguiu vencer, mas foi por 2 a 1, o que forneceu ao Botafogo, além do fato de decidir em casa, a vantagem de jogar pelo simples placar de 1 a 0. O Americano chegou no Engenhão, foi pressionado por um empolgado Botafogo e sofreu um gol. O placar mostrava o resultado suficiente para o Fogão passar de fase e o Americano tinha tudo para sentir o peso do duelo. Não sentiu. Entrou no jogo, começou a levar perigo à meta botafoguense ainda no primeiro tempo e voltou para a etapa final com esperanças. As esperanças do time de Campos pareciam estar todas nos pés do jovem e veloz Kieza, que correspondeu às expectativas. Kieza foi o maior tormento do sistema defensivo botafoguense, que em nenhum momento conseguiu impedí-lo de jogar. Em um dos seus bons lances, Kieza recebeu passe de Eberson e empatou o jogo para o Cano. Veio então mais um momento que poderia fazer o Americano desisitir. A equipe se segurava na defesa com raça, apesar da falta de qualidade, até que nos acréscimos Maicosuel fez mais um gol para o Botafogo, devolvendo o placar da primeira partida e levando a decisão da vaga para os pênaltis. A torcida do Fogão cantava e o Glorioso estava com a confiança nas nuvens para as penalidades decisivas. Porém, o Americano uma vez mais se superou, converteu todas as cinco cobranças e garantiu a classificação.

- Atualmente, aqueles que apreciam o bom futebol tem obrigação de assistir Maicosuel jogar. O camisa 10 alvi-negro é um poço sem fundo de criatividade ofensiva. Dos seus pés saem dribles desconcertantes, passes milimétricos, chutes indefensáveis... O principal receio que eu tinha quanto seu futebol, era que talvez ele se escondesse em alguns jogos. Estava completamente enganado, pois a cada jogo seu, mais ele se mostra participativo. Contra o Americano ele criou jogadas por todos os cantos do campo, mandou uma bomba no travessão, quase fez um gol na pequena área, marcou saída de bola do Americano e fez um golaço, que poderia ser o da classificação. Quanto ao pênalti perdido, em nada muda meu encanto com seu futebol. Em 1976, com mais de 130 mil torcedores no Maracanã, Zico, então com 23 anos, perdeu sua cobrança de penalidade na disputa, contra o Vasco, que valia a Taça Guanabara e o Flamengo ficou sem o troféu. Na final do Mundial de Clubes da FIFA em 2000, o vascaíno Edmundo,um dos maiores ídolos do clube cruzmaltino, desperdiçou sua cobrança de pênalti e o Vasco perdeu, em pleno Maracanã, a taça de Campeão Mundial para o Corinthians. Guardadas as devidas proporções, foram dois rápidos exemplos que vieram em minha cabeça para mostrar ao Maicosuel que qualquer grande jogador pode perder pênalti decisivo e que ele ainda pode gravar seu nome na galeria de ídolos do Fogão.

- A defesa do Fluminense esperava, após o pesadelo que teve ao enfrentar Juan e cia no Fla-Flu de domingo, uma vida relativamente fácil contra o Águia de Marabá. Aí, em uma daquelas peças que o futebol brasileiro adora aprontar, o Águia aparece em campo contando com um atacante que devia se chamar “Perigo”. Aleílson, o número 11 do time paraense, desintegrou completamente o sistema defensivo tricolor e a cada contra-ataque puxado pelo seu time ele conseguia uma excelente jogada. Só na 1ª etapa foram 3 jogadas suas eficientíssimas. A primeira resultou em gol, a segunda o goleiro Fernando Henrique salvou e a última, que resultou no pênalti sofrido por Flamel, levou o seu time para o intervalo vencendo por 2 a 0. Após o intervalo o Águia continuou bem postado na tática de contra-ataques até cerca de 30 minutos, porém o cansaço por ter corrido a partida inteira e uma defesa fraquíssima nas bolas aéreas fez com que o Fluminense conseguisse diminuir o placar. Nunca havia assistido o atacante Aleílson atuar, mas tenho certeza que esta foi uma de suas melhores apresentações.

MANDOU MAL!

- O Botafogo mostrou, uma vez mais, contra o Americano, sua característica que mais me desagrada. Já faz mais de 2 anos que o Botafogo insiste em se desligar da partida após conseguir um resultado que lhe favorece. No duelo contra o time de Campos, a equipe botafoguense esteve excelente até abrir o marcador com um golaço de Juninho e o goleiro Renan não havia sofrido sustos. Alguém seria capaz de explicar o motivo de a equipe decidir relaxar na partida? Será que os jogadores ou o treinador Ney Franco não tem o conhecimento de que esta estratégia é furada? Estar com a cabeça no duelo contra o Flamengo domingo é uma desculpa aceitável? E o que mais espanta é que na goleada aplicada contra o Vasco no sábado, ficou a prova de que atacar um adversário perdido em campo é a melhor das estratégias. Porém, o Botafogo insiste em mostrar o caminho para times quase nocauteados se erguerem. Nada contra a classificação do Americano, porém realmente me deixa muito chateado esta “mania” do Botafogo.

- O torcedor tricolor poderia esperar um duelo fácil contra o Águia. Comentaristas poderiam apostar em goleada do Fluminense. Dirigentes do Flu poderiam fazer o balanço do mês descartando o jogo de volta. Resumindo: Muitos poderiam acreditar que o Fluminense teria vida fácil no Mangueirão. Agora me espanta os jogadores e a comissão técnica do Fluminense não possuírem nenhum conhecimento do adversário. A cada contra-ataque certo armado pelo time paraense, mais se podia perceber que o Flu não tinha idéia do que iria enfrentar. Será que algum assistente do Parreira analisou, antes do jogo de quinta-feira, o Águia atuando? Posso queimar a língua, mas acredito que não. O Fluminense esperava enfrentar um time que iria se retrancar com a finalidade de perder por menos de 2 gols, porém duelou contra uma equipe muito bem estruturada para jogar no contra-ataque e que sabia o que fazer em campo. Repito, posso estar enganado quanto ao conhecimento do Águia pelo Fluminense, mas acho que desta vez o estudioso Parreira não estudou o capítulo que devia.

- Sei que estou sendo o mais previsível possível, por isso serei breve ao criticar Thiago Neves. Não pode de maneira alguma um jogador querer agredir um gandula, por mais errado que o “catador de bolas” esteja. Pior ainda quando o agressor é uma das estrelas da equipe. Não estou nem falando da imagem do jogador, que a esta altura seus acessores devem estar tentando consertar. Estou falando do prejuízo que Thiago deu ao Fluminense dentro de campo. Será que vem punição mais séria por aí?

ENQUANTO ISSO NA INGLATERRA…

- Simplesmente monumental o jogo entre Chelsea e Liverpool. Nem a ausência dos dois capitães (Terry do Chelsea suspenso e Gerrard do Liverpool contundido) influenciou a partida. Literalmente do primeiro ao último minuto o jogo foi elétrico. Na primeira etapa o Liverpool foi em busca do resultado (havia perdido o jogo de ida por 3 a 1 em casa) e, contando com a ajuda de um perdidíssimo Chelsea, conseguiu abrir 2 a 0, mesmo com o Fernando Torres sumido em campo. Para ser sincero, o Liverpool nem precisou jogar muito para marcar estes dois gols, tamanha a fragilidade que o oponente mostrava. Por isto, acredito que a bronca que o treinador do Chelsea Guus Hiddink deu em sua equipe no intervalo foi gigantesca, já que o time voltou com outra atitude para o restante da partida, chegando à surpreendente vantagem no marcador. Em minha opinião dois motivos foram fundamentais para a espetacular virada de placar do Chelsea para 3 a 2: O primeiro, a atuação decisiva de Drogba, que marcou um gol e deu uma assistência para Lampard virar a partida. O segundo, o número de faltas cometidas pelo Liverpool em seu campo defensivo. Estas infrações deram origem ao gol de empate do Chelsea, marcado pelo brasileiro Alex em uma bomba de longa distância, e fez com que os “Azuis” permanecessem mais tempo rondando a área do goleiro vermelho Reina. Porém, o que foi mais incrível na partida, não foi a virada do Chelsea, mas sim o que veio a seguir. Se aos 35 minutos o jogo estava 3 a 2 para o Chelsea, aos 43 estava 4 a 3 Liverpool. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L. A explicação para está reviravolta no placar, só pode ser encontrada em um mundo subjetivo. O que teve o Liverpool? Raça, garra, peso da camisa, tradição, coração... Seriam os minutos finais de intensa pressão vermelha, afinal, bastava um gol para a classificação. Mas eis que para terminar a noite com chave de ouro, um dos maiores jogadores da história do Chelsea decidiu aparecer novamente. Com um chute milimétrico da entrada da área, Lampard empatou novamente e definitivamente o jogo. Placar final: Chelsea 4 x 4 Liverpool. O colunista Antony Kastrinakis, do diário inglês “The Sun”, definiu com excelência a partida:

“O Liverpool, mesmo eliminado, é um dos maiores clubes do mundo.”

“Drogba e Lampard são fantásticos. Quando um dos dois joga bem, o Chelsea vence. Quando ambos estão bem, a equipe azul é imbatível”

ENQUANTO ISSO EM PORTUGAL...

- Durou menos de 6 minutos o sonho do Porto de eliminar o gigante Manchester United da Champions League. Com um gol sensacional de Cristiano Ronaldo, a equipe inglesa obteve a vantagem necessária para avançar de fase e decidiu controlar o jogo. É fato que esta tática não é a mais adequada para se manter uma vitória, ainda mais para um time que exala ofensividade como é o Manchester United. A prova disso foi que, mesmo sem ser em grande número, os portistas conseguiram chances para empatar o placar em chutes longos e bolas paradas. No sólido esquema defensivo mostrado pelo time de Alex Fergusson, os destaques, em minha opinião, foram os meias Giggs e Rooney. Rooney como meia? Isso mesmo. Atuando com 2 linhas de 4 homens, o Manchester apresentava, na linha mais adiantada, Giggs aberto pela esquerda e Rooney aberto pela direita. Em nenhum momento da partida foi possível assisitir o Porto atacar pelos lados do campo, sem que ou Giggs, ou Rooney, cada um por seu respectivo lado, estivessem na marcação. A força do Manchester não está apenas na qualidade técnica que seus jogadores possuem, mas também na obediência tática que mostram. É de encher os olhos assistir um veterano consagrado com Giggs e um craque rebelde como Rooney, suando até a última gota em prol de toda a equipe.

JOGADA RÁPIDA!

Em 2007, Chelsea, Liverpool e Manchester United se classificaram para as semi-finais da Champions League. No ano seguinte, 2008, novamente estes três times ingleses estiveram entre os quatro mais bem colocados da principal competição européia. Em 2009 pouca coisa mudou no torneio. Se o Liverpool foi eliminado, o Arsenal deu suas caras entre os semi-finalistas. Novamente três equipes inglesas entre as quatro melhores da Europa: Chelsea, Manchester United e Arsenal. Na Inglaterra o ditado “Dinheiro não traz felicidade”, está completamente fora de moda.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SEMI-FINAL DA TAÇA RIO 2009

Vasco 0 x 4 Botafogo - Maracanã
Flamengo 1 x 0 Fluminense - Maracanã

Olá amigos do FUTEBOLA!

O fim de semana do futebol carioca foi espetacular. Tanto sábado quanto domingo, o Maracanã esteve lindo. No clássico Vasco x Botafogo, o Fogão devolveu a goleada sofrida na fase de grupos com uma atuação destacadíssima de Maicosuel. Já no clássico Fla-Flu, Íbson mostrou que ainda é uma dos melhores jogadores do país e comandou o Flamengo na conquista da vaga para a final da Taça Rio. Vamos aos fatos que mais se destacaram nestes dois jogões.

MANDOU BEM!

- Estava um pouco receoso com os inúmeros elogios que o ataque do Botafogo vinha recebendo pelas boas atuações no Campeonato Carioca. “Trio Elétrico”, “Trio Ternura” e “Máquina Mortífera” foram alguns dos apelidos dados ao trio Maiocosuel / Reinaldo / Victor Simões. Querem saber a verdade? O receio virou empolgação. Que futebol maravilhoso esses três estão mostrando. A atuação de Maicosuel no clássico contra o Vasco foi encantadora, assim como seu primeiro gol. O seu modo de correr, de driblar, de chutar, sempre de cabeça baixa, pode ser estranho, mas é esse jeito diferente que faz seu futebol cada dia mais fascinante. Como ele acertou aquele chute sem olhar pro gol? Sorte? Duvido. E ele ainda fez mais. Iniciou a jogada do gol de Thiaguinho, realizou o cruzamento que resultou no gol do lateral Gabriel e marcou o quarto e derradeiro gol do jogo. Este último gol, é o espelho da força ofensiva alvi-negra. Reinaldo arrancou com a bola e a sua frente estavam Maicosuel e Victor Simões, a bola foi para Victor e numa fração de segundos até Maicosuel, que só teve o trabalho de balançar as redes. Linda triangulação. Lindo gol. Reinaldo e Victor Simões podem ter aparecido menos que Maicosuel, porém a velocidade do primeiro e os passes do segundo foram de grande importância para a goleada de 4 a 0.

- O Vasco possui uma certa força nas jogadas pelas laterais, tem alguma qualidade para jogar no contra-ataque e sempre leva perigo aos adversários nas jogas de bolas aéreas, porém é inegável que a fonte de inspiração do time é Carlos Alberto. O primeiro passo para minar as chances de vitória do Vasco em um duelo é saber como anular Carlos Alberto. E o Botafogo soube. Na verdade, Leandro Guerreiro soube. Com mais uma excelente atuação de Leandro, colado praticamente todo o tempo em Carlos Alberto, o sistema defensivo botafoguense, com exceção do início do 2º tempo, teve um jogo tranquilo. Tem uma certa lógica que a atuação ofensiva do Botafogo receba grande destaque, afinal é de gols, dribles e bonitas jogadas que o povo gosta, entretanto seria a maior injustiça não creditar uma grande parte desta vitória à Leandro Guerreiro, que cumpriu com excelência a ingrata missão de anular Carlos Alberto.

- É inegável que Maicosuel está vivendo um momento mágico, Carlos Alberto, com exceção desta última partida, realizava um campeonato impecável, e o retorno de Thiago Neves ao Fluminense empolgou a torcida e o próprio time tricolor. São estes três, os meias que ganhavam os holofotes do Carioca. Porém, a rodada semi-final trouxe de volta às primeiras páginas o rubro-negro Íbson. No clássico ele mostrou tudo aquilo que o fez ser, em 2008, um dos jogadores de maior destaque do país. Sempre presente na marcação e na criação de jogadas, esteve, literalmente, em todos os setores do campo. Sua capacidade de fazer a transição defesa/ataque é impressionante e quando ele assume a responsabilidade de organizador, é difícil segurá-lo. Nesta partida contra o Fluminense, Íbson foi o maior responsável pela equipe rubro-negra não ficar trancada em seu campo defensivo sofrendo pressão no final do jogo. A torcida do Flamengo já está rezando para que, de alguma maneira, ele não vá embora ainda neste mês.

- A escalação escolhida pelo Cuca para o clássico é uma prova de que uma equipe pode sim ter mais de 11 titulares. O jogo contra o Fluminense exigia um maior equílibrio no meio de campo e a opção de Kléberson no lugar de Erick Flores se mostrou corretíssima. Mesmo sem fazer uma excelente partida, Kléberson esteve planatado em frente aos zagueiros dando a proteção necessária para a defesa e não deixando Conca e Thiago Neves terem espaço. Sem poder contar com Éverton Silva fazendo a função de 3º zagueiro pela direita, o jovem Aírton ocupou a posição e em vários momentos foi possível assistí-lo acompanhando Thiago Neves. Esta alteração mostra que quando o Flamengo precisar ser mais incisivo pelo lado direito, pode contar com Éverton Silva e, caso precise de maior proteção, Aírton será o escolhido. O maior beneficiado por estas opções do Cuca foi Juan, que atuou uma liberdade ofensiva impressionante, sendo a principal arma do Flamengo. Esta partida foi sem sombra de dúvidas a melhor apresentação de Juan em todo ano de 2009 e o lateral-direito botafoguense Alessandro já deve estar começando a se preocupar.

MANDOU MAL!

- Se precisasse de uma única palavra para dizer o que faltou ao Vasco na goleada sofrida frente ao Botafogo, eu responderia: tudo. Faltou ao sistema defensivo encurtar os espaços de Maicosuel (algo semelhante ao que Leandro Guerreiro fez com Carlos Alberto). Faltou ao meio-de-campo a criatividade para que as jogadas conseguissem furar a defesa botafoguense. Faltou saber concluir com eficiência as raras chances que o time conseguiu criar. Faltou Ramón partir para cima de Alessandro Faltou Carlos Alberto se movimentar para fugir da marcação Faltou a garra que poderia ser tirada da torcida que apoiou o jogo todo. Faltou vibração a cada lateral conquistado, a cada roubada de bola... Por isso prefiro ser mais simples: Faltou tudo ao Vasco.

- Mesmo com a vitória obtida no Fla-Flu, a carga horária de treinamentos do Flamengo deveria ser dobrada esta semana. Fosse eu o Cuca e cada jogador rubro-negro seria obrigado a ficar horas treinando finalizações após o fim do expediente. No caso do clássico deste último domingo, os inúmeros gols perdidos pelo Flamengo não fizeram diferença, porém vitórias, e até campeonatos, deixam de ser conquistados por falhas de conclusões. O número de chances criadas pela equipe rubro-negra deve ser elogiado, porém a quantidade de gols perdidos merece ser, e muito, criticada. Se você não pôde assistir a partida e quer um exemplo do que estou falando, assista apenas o gol perdido por Josiel no finalzinho da 1ª etapa. É a ilustração perfeita.

- O Fluminense não conseguiu parar o Flamengo. Fosse com a defesa postada ou sofrendo contra-ataques, o tricolor em nenhum momento bloqueou o Flamengo, teve o controle da situação. Com menos de 15 minutos de jogo já era possível perceber que o lado direito da defesa do Fluminense era o verdadeiro caminho para o El Dorado e, mesmo assim, nada foi feito para incomodar Juan, que atacava por ali. Como sofreu o lateral-direito tricolor Mariano. O desespero do Fluminense com o ímpeto ofensivo flamenguista foi tão grande que a equipe levou nada menos do que 7 cartões amarelos contra 1 do Flamengo. Some a esta incapacidade defensiva, erros individuais (o frango sofrido por Fernando Henrique e o presente dado por Luiz Alberto à Léo Moura são exemplos) e falta de inspiração dos craques, que está dissecada a fraca atuação do Fluzão.

ENQUANTO ISSO NA ALEMANAHA...

A última rodada da Bundesliga foi de lascar. Vou cometar aqui alguns resultados importantíssimos para o andamento do torneio.

- Fora de casa o Wolfsburg venceu o Borussia M´Gladbach por 2 a 1 e manteve sua incrível e invicta campanha no 2º turno. Agora a equipe dos brasileiros Josué e Grafite já soma 9 vitórias seguidas, caminhando com autoridade para o título do torneio.

- Após ser, literalmente, surrado por Wolfsburg (5 x 1 na Bundesliga) e Barcelona (4 x 0 na Champions League) o Bayern de Munique deu uma alegria a sua torcida, goleando por 4 a 0 o fraquíssimo time do Eintracht Frankfurt e manteve-se na cola do líder Wolfsburg.

- Realmente após a contusão do bósnio Ibisevic, acabou o conto de fadas para o Hoffenheim. Com uma derrota em casa por 2 a 0 para o Bochum, o time agora encontra-se 7 pontos distante da zona de classificação para a Champions League. E lembrar que o Hoffenheim conquistou o primeiro turno com seguidas atuações de gala. Para algumas equipes, uma andorinha faz sim verão.

Agora irei realizar os comentários sobre os jogos que consegui assistir. Foram eles: Hannover x Hertha Berlim e Stuttgart x Hamburgo.

- O Hertha apresentou um futebol de baixo nível contra o fraco time do Hannover e conseguiu sua terceira derrota seguida na competição. Já é de conhecimento, de quem acompanha a Bundesliga, a fraquíssima qualidade defensiva do Hannover, fato que deveria fazer o time de Berlim, mesmo atuando fora de casa, atacar com tudo para conquistar os três pontos. O que se viu em campo, porém, esteve longe disso. Os brasileiros Cícero e Raffael, além do ucraniano Voronin, que são a fonte de inspiração da equipe, estiveram péssimos. Some a esta ruim atuação do ataque, a ausência do zagueiro Friederich, que fez com que a equipe não mostrasse nenhuma segurança defensiva e sofresse dois gols nas pouquíssimas vezes que o Hannover ameaçou. Placar final: Hannover 2 x 0 Hertha. O sonho de levantar a taça está ficando mais longe de Berlim.

- O Stuttgart está chegando ao topo após, no décimo jogo do 2º turno, obter sua sétima vitória, desta vez contra o Hamburgo. Para um time que alcançaria o mesmo número de pontos do líder, em caso de vitória, o Hamburgo apresentou um futebol muito pouco ofensivo. A única arma que incomodava o goleiro do Stuttgart Lehmann foi o veloz e perigoso Olic (que já está de contrato assinado para atuar no Bayern de Munique após o fim desta temporada), quase que um soldado solitário. Já o Stuttgart sentiu, e muito, as ausências do atacante brasileiro Cacau e do jovem meia Khedira. Com o ponta-direita Hilbert bem marcado e as já citadas ausências, o meia Hitzspelger era quem tentava levar a equipe ao ataque. Seus belos passes e potentes chutes de longa distância eram a maior preocupação do Hamburgo. O jogo parecia caminhar para o empate em 0 a 0, quando após um cruzamento da esquerda, Hitzspelger completou para linda defesa do goleiro Rost. No rebote Mario Gómez abriu o marcador e fechou o jogo. Placar final: Stuttgart 1 x 0 Hamburg. Apenas 3 pontos separam o Stuttgart da zona de classificação para a Champions League. É mais um clube que chegou para brigar.

Finalizando os destaques da Bundesliga, vejamos como está a parte de cima da tabela:

1 – Wolfsburg - 54 pontos
2 – Bayern de Munique - 51 pontos
3 – Hamburgo - 51 pontos
4 – Hertha Berlim - 49 pontos
5 – Stuttgart - 48 pontos

sábado, 11 de abril de 2009

FIGURINHA CARIMBADA - AÍRTON PAVILHÃO



Nome: Aírton Ferreira da Silva

Data de nascimento: 31 de outubro de 1934

Posição: zagueiro-central

Clubes:

Força e Luz - RS (1950 a 1954)
Grêmio (1954 a 1960 e 1961 a 1967)
Santos (1960)
Cruzeiro – RS (1968)
São José – RS (1969)
Cruz Alta – RS (1970 a 1971)

Seleção Brasileira – 6 jogos e nenhum gol*

Títulos:

Campeonato Pan – Americano – 1956 – Seleção Brasileira
Campeonato Gaúcho – 1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1962, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967 - Grêmio
Campeonato Sul-Brasileiro – 1962 – Grêmio

Destaques:

- O grande zagueiro gremista Aírton tem em seu apelido, Pavilhão, uma das histórias mais curiosas do futebol brasileiro. Aírton era zagueiro do modesto Força e Luz, mas conseguiu obter destaque com o seu futebol elegante e seu porte atlético, mesmo sendo muito jovem. No ano de 1954, ele interessava ao Internacional, ao Vasco, ao Palmeiras e ao Grêmio, e foi o último que fez a proposta aceita pelo Força e Luz. A proposta? 50 mil cruzeiros mais o pavilhão do Estádio da Baixada (era o estádio utilizado pelo Grêmio até a inauguração do Estádio Olímpico, que ocorreria em setembro de 1954). Por ter sido trocado por um pavilhão, surgiu a idéia de chamá-lo de Aírton Pavilhão, ainda que alguns acreditem que o apelido também tenha relação com sua impressionante forma física.

- Durante o período entre 1956 e 1968 pôde ser visto no Rio Grande do Sul uma hegemonia incomum no futebol brasileiro. Dos 13 torneios estaduais disputados, o Grêmio levantou 12 taças, fato que fez o tricolor ser conhecido como “Campeão de 12 em 13”. Das 12 conquistas, Aírton fez parte de 11 delas diretamente e uma indiretamente. Explicarei melhor: Até 1967 o Pavilhão era símbolo da equipe gremista, sendo importantíssimo para todas as vitórias. Em 1968, atuando pelo Cruzeiro e já com 34 anos, Aírton mostrou que realmente havia nascido para fazer o tricolor feliz. O Internacional estava 6 pontos a frente do Grêmio e enfrentaria o Cruzeiro. A partida encaminhava-se para o empate quando após cruzamento para a área colorada, o pé esquerdo de Aírton manda a bola para o fundo das redes. Placar final: Cruzeiro 2 x 1 Internacional. Foi o ponto de partida para a decaída do Inter e a ascensão do Grêmio rumo à mais um título. Com os 11 títulos Gaúchos que possui, Aírton é o recordista de conquistas ao lado do também gremista Vieira.

- Numa época em que dificilmente zagueiros poderiam passar do meio-de-campo, Aírton mostrava que realmente era especial. Além de ser uma verdadeira muralha na sua própria área, invadia a área dos adversários para balançar as redes. Ao longo de sua carreira, marcou na menos que 120 gols**, um número extraordinário para um defensor que atuou nas décadas de 50/60.

* Mini-Enciclopédia do Futebol Brasileiro – Lance!
** Aírton Pavilhão – O Zagueiro das Multidões – Celso Sant` Anna

Grandes Clássicos - Vasco x Botafogo 1970

Grandes Clássicos - Vasco x Botafogo 1970

Olá, amigos leitores do FUTEBOLA!

Neste sábado, Botafogo e Vasco se enfrentam pela semi-final da Taça Rio em um duelo onde ambos possuem chances de conquistar o título. Em 1970, ano em que o futebol brasileiro esteve em festa, o fato foi diferente. O clássico foi disputado com um dos times querendo se sagrar campeão e o outro colocar água no chopp do rival. É sobre esta empolgante disputa que o Grandes Clássicos de hoje vai falar.

O Campeonato Carioca de 1970 se iniciou no final de junho, em pleno carnaval. Calma lá! Carnaval em junho? Isso mesmo, não fiquei maluco. No dia 27 de junho, Bangu e Portuguesa entravam em campo para dar início ao torneio estadual menos de uma semana após o Brasil se sagrar Tri-campeão Mundial, no México, ou seja, o Rio de Janeiro e todo o Brasil estavam em festa. Se hoje em dia nós nos acostumamos a ouvir a frase “o campeonato está nivelado por baixo”, em 1970 o Carioca que se iniciava também era nivelado, mas por alto. Muito alto. Nas nuvens.

Pelo Maracanã passariam jogadores da melhor qualidade e cinco times poderiam conquistar o certame naquele ano sem ninguém gritar: “Nossa! Que zebra!”. O Flamengo já havia conquistado dois títulos antes mesmo do Carioca se iniciar e contava com excelente equipe. As vitórias no Torneio Internacional de Verão (durante o qual aplicou uma sonora goleada de 6 a 1 no Independiente, da Argentina) e na Taça Guanabara (que ainda não valia pelo 1º turno do Campeonato Carioca) apontavam o Flamengo como um dos candidatos ao título. O maior destaque dos rubro-negros ficava por conta da dupla de gringos formada pelo clássico zagueiro paraguaio Reyes e o argentino ponta-direita, sinônimo de raça e perigo, Doval. Entre os dois, atuando pelo meio-campo, Zanata mostrava toda sua categoria. Já a força do Botafogo era simples de se explicar, pois na linha de frente alvinegra encontraríamos Jairzinho e Paulo Cézar Caju. Jairzinho acabava de retornar da Copa do Mundo com o cartaz de ter marcado gols em todos os jogos da campanha que nos deu o título. Esta mesma Copa do Mundo serve para ilustrar a qualidade de Paulo Cézar. Na duríssima vitória contra a Inglaterra por 1 a 0, o Caju foi titular e considerado por muitos cronistas como o melhor homem em campo, possuindo apenas com 20 anos de idade. Um time que contasse com esses dois atacantes seria favorito a qualquer conquista.

E o campeão do Carioca de 1969? Havia mantido a mesma base? Sim, o Fluminense apostava suas fichas, para o Carioca de 1970, na base que levantara o toféu um ano antes. E o tricolor tinha um timaço, que já começava com o goleiro Tri-campeão do Mundo, Félix. Do goleiro Félix até o valente ponta-esquerda Lula, o Fluzão passava por craques como o ofensivo e incisivo lateral-esquerdo Marco Antônio (também Campeão do Mundo no México), o volante Denílson, que devia ter a palavra “segurança” integrada em seu nome, tamanha proteção que dava à defesa tricolor, e o centroavante Flávio, que chegara do Corinthians com mais de 150 gols marcados e em seu primeiro Carioca disputado pelo Flu, em 1969, já havia sido o artilheiro. Ainda tinha mais cachorro grande na briga. O América contava com uma das maiores equipes de sua história. O time rubro mostrava sua força até na sala da presidência, com Giulite Coutinho no comando do clube. Dentro de campo, era Edu Coimbra que encantava as arquibancadas. O baixinho Edu tinha um futebol gigantesco, onde se encontravam lindos dribles, preciosos passes e chutes perfeitos. O Ameriquinha ainda contava com dois jogadores que fariam história após sair do clube, o ponta Tarciso e o volante Badeco. Tarciso atuaria por treze anos no Grêmio, sendo um dos principais expoentes da gloriosa fase que o clube viveu entre os anos 77 e 83. Já Badeco faria história nos cinco anos em que atuaria na Portuguesa (SP), conquistando o Paulista de 1973 junto com o Santos (o árbitro Armando Marques se equivocou na contagem da disputa dos pênaltis e, após muita confusão, o título foi dividido).

Para completar a lista dos possíveis candidatos ao título, falemos do Vasco da Gama. O clube cruz-maltino não vivia uma situação, digamos, confortável, antes do início do torneio. Talvez o único torcedor que comemorava a conquista da Copa do Mundo pelo Brasil, com uma pulga atrás da orelha fosse o vascaíno. O motivo? Desde 1958 o Vasco não vencia um Campeonato Carioca. Para acabar com o jejum, o “Gigante da Colina” se sustentou em três pilares. Neste momento difícil que vivia a equipe, os jogadores precisavam, e muito, de fé. Essa fé, essa confiança, foi encontrada no massagista Eduardo Santana, conhecido por todos como Pai Santana. Além de fazer seu papel de massagista, cuidando dos jogadores, Pai Santana era também “Conselheiro Religioso”, sempre ajudando o clube e os jogadores com suas palavras e mandingas. Outro pilar que mantinha a base do Vasco forte era o treinador Elba de Pádua Lima. Conhecido simplesmente por Tim, o técnico vascaíno sabia tudo sobre futebol e era um estrategista de primeira. Podendo contar com jogadores experientes, Tim montou um time sólido e muito eficiente. O goleiro argentino Andrada, que será para sempre lembrado por ter sofrido o milésimo gol de Pelé mesmo sendo um grande arqueiro, o lateral-direito Fidélis, que em 1966 havia conquistado o Carioca com o Bangu e participado do grupo que defendeu o Brasil na Copa do Mundo, e o portentoso líder Alcir Portela, um verdeiro ícone do Vasco, eram exemplos da experiência vascaína.

O terceiro ponto de sustentação da equipe vascaína se encontrava dentro de campo. O ponta-de-lança Silva havia retornado ao Brasil após excelente passagem pelo Racing da Argentina, onde se sagrou artilheiro do Campeonato Nacional e ídolo do clube. Silva era um homem de frente quase completo, pois a mesma facilidade que possuía para marcar gols, era um exímio cabeceador, mostrava para organizar jogadas ofensivas. Essa capacidade de comandar o time em campo lhe rendeu o apelido de “Batuta”, devido ao instrumento usado pelo maestro para reger uma orquestra, apesar de alguns dizerem que o chamavam assim por ser um cara legal, gente fina, batuta.

O campeonato seria disputado em dois turnos. No primeiro, 12 clubes se enfrentariam em jogo único, com os 8 melhores passando para o turno seguinte. No 2º turno, os oito classificados novamente se enfrentariam em partida única e, ao final dos duelos, quem somasse mais pontos totais (1º e 2º turnos) seria o campeão. No turno inicial, o equilíbrio, como era esperado, prevaleceu. Flávio não se cansava de fazer gols, Edu era um espetáculo à parte e Silva mostrava que o período na Argentina só lhe fizera bem. Ao final das 11 rodadas, o Fluminense havia se sagrado Campeão do 1º turno com 18 pontos (na época a vitória valia 2 pontos), porém América e Vasco vieram logo atrás com 17.

Com o início do 2º turno, a história foi se modificando e o equilibrio desaparecendo. Um a um os adversários foram sucumbindo à fé, à força e à categoria do Vasco. Enquanto o Fluminense tropeçava ao empatar com o Olaria e o América levava uma goleada de 4 a 0 do Flamengo, o Vasco emplacava uma sequência de 5 vitórias seguidas. Nesta sequência de vitórias, foram 13 gols marcados e apenas 3 sofridos. O título estava próximo. Na penúltima rodada do 2º turno, o adversário do cruz-maltino, que em caso de vitória levaria o troféu por antecipação, seria o Botafogo. O Fogão contava com toda a torcida tricolor, já que o Fluminense era o único time em condições matemáticas de tirar a taça do caminho de São Januário. O fato é que, com ou sem apoio da torcida do Fluminense, os botafoguenses não queriam deixar o Vasco dar a volta olímpica diante dos seus olhos. Se o Vasco quer ser campeão, que seja na última rodada, diziam os torcedores do Glorioso.

Confiantes no fim do jejum de títulos, os vascaínos foram em massa ao Maracanã no dia 17 de setembro. Eles acreditavam que o fim do sofrimento estava próximo, porém não comemoravam antes do tempo. A concentração era proporcional à confiança, e no vestiário da equipe cruz-maltina o sentimento era semelhante. Pai Santana, completamente trajado de branco, utilizava-se de velas, cachaça e sal grosso, buscando ajudar a equipe com seus “poderes”. A concentração dos jogadores no vestiário era quase palpável, e foi neste ritmo que o Vasco entrou em campo.

Com o apito inicial do juiz pôde-se ver um Vasco cauteloso, afinal o Botafogo jogava sem nenhuma preocupação com o resultado e isso deixava-o mais solto. O sistema defensivo do Vasco, porém, se comportou de maneira exemplar, inclusive o jovem goleiro Élcio, que tinha o privilégio e a responsabilidade de substituir o lendário Andrada e atuava pela primeira vez no Maracanã. Com o passar dos minutos o Vasco foi ganhando mais corpo e tomou as rédeas da partida. Foi neste período, aos 32 minutos do 1º tempo, para ser mais exato, que o craque Silva fez bela jogada na entrada da área e sofreu falta. Gilson Nunes na bola, a barreira armada, o goleiro botafoguense Ubirajara posicionado e... Golaço do Vasco! O estufar das redes fez explodir a galera cruzmaltina nas arquibancadas e Gilson Nunes no campo, pois ele era vascaíno de coração e sentia que o fim do jejum estava próximo.

O jogo foi para o intervalo com o Vasco vencendo por 1 a 0 e sua torcida cantando sem parar. Mas não se escutava ainda os gritos de “É campeão!!! É campeão!!!”, pois o placar estava apertado e o Botafogo não era um adversário qualquer. Na 2ª etapa, o técnico Tim deu mais uma prova do quanto entendia de futebol. Se um time que precisa da vitória para se sagrar campeão abre o placar, com raras exceções, ele adota a perigosa estratégia de recuar e jogar nos contra-ataques. Pois Tim não deixou sua equipe fazer isso e mandou-a continuar atacando para decidir o jogo. Foi assim que, aos 13 minutos, após mais uma jogada de Silva, o atacante Valfrido chutou para o gol e, antes de a bola sacudir o filó, a bola ainda desviou no meio do caminho, enganando o goleiro Ubirajara. Agora estava 2 a 0 Vasco e o troféu muito perto de São Januário.

Com a vantagem de dois gols no marcador, o Vasco, aí sim, decidiu tocar a bola e segurar o jogo. O tempo passando, a galera gritando e o sofrimento acabando. Ainda deu tempo de o Glorioso, com gol de Ferreti, diminuir o placar, mas a partida já estava fria o suficiente para o Botafogo tentar o empate. Ver a diferença diminuir não incomodou nem um pouco os vascaínos na arquibancada, que apenas esperavam o término da partida. Com o apito final, os gritos de “É campeão!!! É campeão!!!” foram, enfim, libertados. Foram quase 12 anos de espera por esse momento. O ídolo Silva erguido pelos torcedores que invadiram o campo e, mais tarde, após os jogadores já estarem nos vestíarios, Pai Santana acendendo velas no centro do gramado para agredecer pelo título são imagens que ficarão para sempre na memória de quem se sentiu mais livre após esse dia 17 de setembro.

Vasco 2 x 0 Botafogo

17 de setembro de 1970

Maracanã – Público: 59110 pagantes

Gols: 1º tempo: Gilson Nunes (Vas) aos 32´; Moisés (Bot), contra, aos 13´.

Vasco: Elcio; Fidélis, Moacir, Renê e Eberval; Alcir e Buglê; Luis Carlos (Ademir), Vafrido, Silva e Gilson Nunes

Botafogo: Ubirajara Motta; Moreira, Moisés, Leônidas e Waltencir (Botinha); Nei Conceição e Careca; Zequinha, Nílson Dias (Ferretti), Jairzinho e Paulo Cézar