segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

INTERINOS E PODEROSOS


Seria cômico se não fosse trágico. Dos dez clubes melhores colocados do último Campeonato Brasileiro, sete começarão 2014 com um técnico diferente. Em alguns casos a decisão de mudança partiu dos próprios clubes. Em outros, dos treinadores. E em ambos podemos confirmar que continuidade é uma palavra que não tem muito valor no nosso futebol.

Grêmio e Atlético Paranaense, segundo e terceiro colocados, decidiram não contar mais com os trabalhos de Renato Gaúcho e Vagner Mancini. Nos dois casos, pelo menos aparentemente, nada de grave ocorreu nos bastidores que possa ter superado os bons resultados, pois tanto Renato como Mancini exalaram elogios e agradecimentos nas declarações sobre suas respectivas saídas. O Santos (sétimo), por sua vez, já parecia haver demitido Claudinei Oliveira há séculos.

Osvaldo de Oliveira acredita que terá neste mesmo Santos melhores condições para realizar seu trabalho em 2014 do que no Botafogo (quarto). Enderson Moreira viu na troca do Goiás (sexto) por Grêmio um grande salto na carreira. Cuca deixou o Atlético Mineiro (oitavo) para encher os cofres na China. De todos os casos, o mais emblemático é o de Tite. Idolatrado pelos torcedores, adorado pelos jogadores e respeitado pelos diretores, por que diabos Tite saiu do Corinthians?

Diante deste troca-troca ensandecido, é possível observar uma enorme contradição: os treinadores são, simultaneamente, poderosos e descartáveis. Ao mesmo tempo em que recebem salários astronômicos e possuem mais poderes do que deveriam para montar elencos e apontar diretrizes táticas, técnicas, físicas e psicológicas (lembrando que é comum a comissão técnica ser escolhida pelo próprio técnico), os treinadores não têm ideia de como será o amanhã. São todos interinos, mas interinos com autoridade.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

BATENDO BAFO - ROMÊNIA 1990



 


A chamada Era de Ouro da Seleção Romena se deu nos anos 90, quando, liderada pelo cracaço Gheorghe Hagi, ela participou de todas as três edições da Copa do Mundo desta década. Não só participou como sempre conseguiu avançar até a fase mata-mata. No “BATENDO BAFO” de hoje, os amigos podem ver as figurinhas da Romênia no Mundial de 1990, que marcou o início desta fase áurea.

Como não poderia deixar de ser, os grandes protagonistas da equipe – Hagi, Lacatus, Balint, Iovan, Lung – jogavam pelo Steaua Bucareste, equipe que na segunda metade dos anos 80 se colocou como uma das mais poderosas do Velho Continente, tendo um retrospecto glorioso na Taça dos Campeões da Europa: Campeão em 1986, Semifinalista em 1988 e Vice em 1989. Nos torneios nacionais, o Steaua venceu cinco vezes o Campeonato Romeno e três vezes a Copa da Romênia entre 1984 e 1989.


Na Copa do Mundo de 1990, a Romênia caiu naquele que se mostrou um grupo dificílimo, com o surpreendente Camarões de Roger Milla, a Argentina de Maradona, então detentora do título Mundial, e a sempre forte União Soviética. Com uma vitória sobre os soviéticos, uma derrota diante dos camaroneses e um empate com os argentinos, os romenos avançaram para as oitavas de final, quando acabaram eliminados pela Irlanda na disputa por pênaltis.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

FELIZ NATAL!!!













O FUTEBOLA deseja a todos os amigos um Natal de muita paz, alegria e, claro, futebol.

sábado, 21 de dezembro de 2013

MUNDIAL DE CLUBES 2013 - MAIS SOBRE O QUE O ATLÉTICO MINEIRO FEZ DE MENOS...


Poderia escrever exclusivamente sobre a relaxada (no sentido positivo e negativo da palavra) vitória do Bayern de Munique sobre o Raja Casablanca, que rendeu ao clube bávaro seu terceiro título Mundial. Porém, não sou permitido pela pífia apresentação atleticana na semifinal – assim como também foi fúnebre a atuação nos 3 a 2 diante do Guanghzou, que valeu a terceira colocação. Falar mais do Atlético ainda é necessário.

Por motivos técnicos (qualidade no passe), físicos (intensidade), psicológicos (paciência e atenção) e táticos (dinâmica e movimentação), o Atlético Mineiro de hoje não seria capaz de atacar o Raja Casablanca da forma que o Bayern atacou na primeira etapa da final, quando os alemães encaminharam bem o título ao fazer o placar final de 2 a 0. O Atlético seria capaz, sim, de marcar por pressão como o Bayern marcou. E através desta marcação, não deixaria os marroquinos das arquibancadas se empolgarem e os do campo colocarem as manguinhas de fora.

Repito: o Atlético do Cuca não teria condições de atacar da mesma forma que o Bayern de Guardiola. No entanto, com marcação avançada e roubadas de bola no campo do oponente, o Galo conseguiria ser dominante de sua própria forma. Ronaldinho teria espaços para descobrir ainda mais espaços, Diego Tardelli teria mais oportunidades para finalizar, Jô teria bolas mais redondas para transformá-las em gols, Réver e Leonardo Silva teriam mais escanteios a favor para meter a cabeça...


Assim como diante do Bayern de Munique, o Raja Casablanca não entrou em campo contra o Atlético confiante na vitória. Podia até sonhar com ela, mas não tinha confiança de que poderia superar o time do ídolo Ronaldinho. A grande diferença da final para a semifinal foi que o Bayern, marcando lá em cima, não deu oportunidade para o Raja ganhar confiança. O Atlético, por sua vez, deixou o anfitrião se encher de crença no próprio taco, e, com isso, escutou, na última quarta-feira, um dos apitos finais mais doloridos de sua história. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

NOMES DOS ESTÁDIOS - ESTÁDIO DA GÁVEA


Presidente do Flamengo entre 1933 e 1938, José Bastos Padilha é considerado um dos maiores responsáveis pelo crescimento da popularidade do clube, hoje autointitulado “O Mais Querido do Brasil”. Aquela que talvez tenha sido a principal medida neste sentido foi contratar o “Maravilha Negra” Fausto, o “Diamante Negro” Leônidas da Silva e o “Divino Mestre” Domingos da Guia, que além de craques do mais elevado quilate eram os jogadores negros mais famosos do país numa época em que o futebol se tornava mais popular dia após dia. Padilha também foi um dos mais atuantes na construção da sede da Gávea, que, entre muitas instalações, conta com um estádio de futebol, o popularmente chamado Estádio da Gávea. Inaugurado em 1938 palco do lendário Fla-Flu da Lagoa, em 1941, o estádio tem como nome oficial Estádio José Bastos Padilha, uma homenagem ao empresário que se tornou um dos mais marcantes Presidentes da história do Rubro-Negro.  

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

MUNDIAL DE CLUBES 2013 - NÃO PODIA TER JOGADO ESSA BOLINHA...


Para os jogadores brasileiros, ser Campeão Mundial de Clubes só é menos importante do que ser Campeão da Copa do Mundo com a Seleção Brasileira. Para os torcedores, a glória clubística é ainda maior que a canarinho. Daí ser compreensível o desconforto que o Atlético Mineiro apresentou diante do Raja Casablanca, um desconforto que ainda foi potencializado pelo fato de ser a estreia no torneio e de o clube não disputar uma partida a sério desde a final da Libertadores, em julho. Tal desconforto, porém, não ameniza as críticas que o Atlético merece por ter jogado um futebol tão medíocre na derrota para o Raja Casablanca por 3 a 1.

Em 90 minutos mais acréscimos, o Galo apresentou apenas cinco minutos de Ronaldinho – autor de um belíssimo gol de falta, seguido por uma jogada tão linda quanto inofensiva, no meio-campo – e duas oportunidades que o Jô não foi capaz de empurrar para o fundo das redes. Fora isso, a atuação ofensiva do Atlético foi de uma pobreza franciscana.

Não apostou nem nos lançamentos nem na bola de pé em pé, não marcou pressão nem contra-atacou, não foi dominante pelos flancos nem pela meiúca, não driblou, não tabelou, não arrematou... Sequer testou as luvas do goleiro Askri, herói da vitória diante do Monterrey. O deserto ofensivo foi tão grande que nem mesmo alçar bolas na área para Jô, Réver e Leonardo Silva o Atlético conseguiu.

Para piorar, soma-se à tamanha fraqueza ofensiva uma postura defensiva que não passou segurança em momento algum. Os meias abertos Moutaouali e Hafidi e, principalmente, o atacante Iajour, fizeram o diabo na retaguarda alvinegra com muita velocidade e bola no chão. Assustador como, mesmo com um excesso de conservadorismo e sem se lançar ao ataque na busca por exercer uma pressão, o Atlético deixou buracos atrás.

É claro, lógico e evidente que perder faz parte do jogo, assim como também foi cristalina a superioridade do Raja Casablanca, que merece todos os aplausos pelo que já conquistou até o momento no Mundial. No entanto, após quase cinco meses de preparação, o Atlético Mineiro tinha a obrigação de apresentar um futebol de melhor nível técnico e tático no Marrocos. Podia até perder, mas não com essa bolinha tão pequenininha...


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

MUNDIAL DE CLUBES 2013 - PRESSÃO!


A inimizade entre futebol e lógica e a ainda recente façanha do Mazembe não nos permitem colocar o Atlético Mineiro na decisão do Mundial de Clubes antes do apito final do duelo contra o Raja Casablanca. Vamos papear, então, sobre o melhor caminho para que este apito final não traga nenhuma surpresa desagradável ao Galo Mineiro.

Sem mistérios e indo direto ao ponto, adotar uma marcação por pressão intensa tornaria a vida dos atleticanos bem mais fácil diante dos anfitriões do Mundial. Todos os pontos fortes que o Raja Casablanca apresentou nas duas vitórias conquistadas neste Mundial – contra os neozelandeses do Auckland City e os mexicanos do Monterrey, ambas por 2 a 1 – virariam cinzas diante de uma marcação adiantada por parte dos mineiros. Se não, vejamos.

O Raja Casablanca possui apreço pela posse de bola. Tanto nas saídas de jogo quanto na criação das tramas de ataque, a aposta é na troca de passes. O capitão Moutouali, que joga aberto pela direita no esquema 4-4-1-1, e Chtibi, o ponta-de-lança, são os marroquinos com maior qualidade técnica da equipe.

Uma marcação pressão atleticana dificultaria que a bola chegasse a estes dois e, o que é ainda melhor, a deixaria mais tempo com os jogadores defensivos, de enorme limitação técnica – que nos diga a trombada à la Trapalhões dos zagueiros Benlemaalem e Oulhaj, que resultou no gol do Auckland City, e os enormes espaços que o Monterrey encontrou e não soube aproveitar.

O grande benefício que uma marcação por pressão traria ao Atlético, entretanto, seria esfriar o ímpeto da torcida local. No embate contra o Monterrey, os marroquinos lutaram com unhas e dentes por cada bola e demonstram uma entrega que dificilmente seria possível sem a energia emanada pelas arquibancadas. Sufocar o Raja Casablanca desde o primeiro giro do relógio será essencial para não deixá-lo ganhar confiança.


Com Marcos Rocha, Fernandinho, Diego Tardelli, Ronaldinho e Jô, é inegável que o Galo tem uma baita força ofensiva. Porém, o caminho para uma classificação tranquila à decisão do Mundial passa, também, pelo que estes serão capazes de fazer sem a redonda em seus pés.

sábado, 14 de dezembro de 2013

MUNDIAL DE CLUBES 2013 - PARA MATAR A SAUDADE


A expectativa era grande para voltar a assistir ao futebol de Darío Conca, dois anos após sua saída do Fluminense. Como estariam sua canhota, sua dinâmica e seus passes precisos e preciosos? Bom, amigos, na vitória do seu Guangzhou Evergrande sobre o Al Ahly, na fase quartas de final do Mundial de Clubes, o pequeno argentino voltou a mostrar o enorme futebol de seus melhores dias.

Em um time que se esforça ao máximo para obedecer todas as ordens do treinador Marcello Lippi, a criatividade fica por conta dos brasileiros Muriqui e Elkeson e, principalmente, de Conca. Para tirar o máximo possível da relação íntima entre Conca e a bola, Marcello Lippi o escala bem próximo ao único volante do 4-1-4-1 chinês. Conca se posiciona na segunda linha de quatro, por dentro, e é o encarregado de arredondar as saídas de bola. Este posicionamento, porém, não lhe tira a liberdade de se aproximar dos homens de frente para deixar sua criatividade aflorar. Em poucas palavras, Conca tem a missão de iniciar, organizar e, às vezes, finalizar as tramas chinesas.

E, diante do Al Ahly, Conca fez isso tudo. Quando, na saída de jogo, os chineses se encontravam naquela situação do “dá para quem sabe”, Conca lá estava para ser aquele que sabe. Quando Muriqui, Elkeson e o participativo Gao precisavam de companhia inteligente, Conca se apresentava. Quando a jogada precisava daquele algo a mais para ser transformada em lance de perigo, Conca descobria um passe. Foi assim que o Guangzhou, com um futebol bem melhor do que se esperava, fez dois a zero no Al Ahly (gols de Elkeson e do próprio Conca) e se classificou para enfrentar o Bayern de Munique na fase semifinal. 


A belíssima apresentação de Conca não é definitiva. Não podemos nos precipitar e afirmar que o pequeno canhoto vai retornar ao Fluminense, em 2014, com o mesmo protagonismo de antes. Porém, para quem estava sem ver o seu futebol há mais de 800 dias, deu para matar a saudade. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ISSO QUE DÁ DEIXAR A DECISÃO NAS MÃOS DOS ENGRAVATADOS


Mês sim, outro também, pipocam debates acerca da utilização da tecnologia para decisões dentro das quatro linhas. É bola com chip, computador marcando impedimento, uso de replay... Esta automatização, que diminuiria consideravelmente a subjetividade das regras e o poder do árbitro, poderia começar a ser pensada também para resolver muitos dos casos que chegam ao STJD, infelizmente o nome mais falado no futebol brasileiro nos últimos dias.

À primeira vista, parece bem claro que Portuguesa e Flamengo merecem ser punidos pela escalação, na última rodada, de jogadores que estavam suspensos. Não importa a irrelevância do jogo entre do Flamengo e Cruzeiro ou que Héverton, escalado pela Lusa, nada tenha acrescentado em seus menos de 15 minutos em campo contra o Grêmio. Nada parece mais lógico do que um jogador previamente suspenso não poder estar em campo. No entanto...

Basta uma pequenina volta ao passado, coisa de meses, para encontrarmos casos parecidos – nunca iguais, pois para o Direito dois casos nunca são exatamente iguais – em que clubes que escalaram jogadores suspensos ou irregulares não foram punidos com a perda de pontos. Cria-se, assim, uma sensação de subjetividade bem maior do que deveria existir em casos do tipo e, junto com esta subjetividade, vêm os indícios de favorecimento do mais forte politicamente, do mais querido pela mídia, do mais poderoso financeiramente... Por que não uma punição automática para casos de uma mesma, digamos, categoria? Algo do tipo: todo o clube que escalar um jogador previamente suspenso ou irregular perderá x pontos. Tudo no automático. Sem apelação. Escalou, perdeu.

A mesma automatização poderia ser utilizada para decidir quantos jogos de suspensão um jogador pegaria após receber um cartão vermelho, lembrando que, atualmente, ainda existe a possibilidade de o jogador ir a julgamento mesmo sem ter sido expulso. Estamos diante de uma subjetividade ao quadrado. Primeiro, o juiz do jogo decide se um jogador receberá cartão e qual será a cor deste. Depois, nos tribunais, engravatados se encontram para definir a gravidade da infração cometida dentro do jogo, gravidade esta que já havia sido definida, anteriormente, pelo juiz.


Para os cartolas que comandam o futebol brasileiro na base da politicagem, é essencial o funcionamento de toda esta máquina jurídica, através da qual os clubes (todos eles!) ficam à espera de uma brecha para poder levar vantagem. E quanto mais poder de decisão os homens do STJD e outros engravatados tiverem, mais brechas vão aparecer, e menos veremos o jogo terminar quando o juiz apitar. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

FUTEBOL É ARTE






















Umberto Boccioni nasceu em Reggio di Calábria (Itália), em 19 de outubro de 1882, e faleceu aos 33 anos, após uma queda de cavalo durante exercícios militares. Boccioni foi um dos mais importantes pintores e teóricos do movimento Futurista, movimento nascido no início do século XX na Itália e que enfatizava temas associados aos conceitos contemporâneos de futuro. A mais famosa de suas obras, Formas Únicas de Continuidade no Espaço, é uma escultura de bronze do ano de 1913, mesmo ano no qual ele pintou O Dinamismo de um Jogador de Futebol, obra hoje exposta na seção FUTEBOL É ARTE.

COPA SUL-AMERICANA 2013 - FINAL - LANÚS X PONTE PRETA - LANÚS CAMPEÃO!


Lanús 2 x 0 Ponte Preta – La Fortaleza, Lanús (Argentina)

Ponte Preta sucumbe diante do melhor futebol do Lanús, perde por 2 a 0 e termina sua primeira competição internacional como Vice-Campeã. Título do Lanús garante Botafogo na Libertadores 2014.

Um dos objetivos da Ponte Preta na partida, o de evitar que o Lanús absorvesse a energia de sua eufórica torcida e exercesse uma pressão nos primeiros minutos, foi bem sucedido. Porém, depois deste período inicial, na hora de dar o passo seguinte e tomar as rédeas do jogo, a Macaca não soube o que fazer. Não se postou no campo de ataque, não apostou nos contra-ataques, não investiu nos avanços pelos flancos e, pior, deixou brechas para o Lanús crescer. O Lanús cresceu...

Ayala se tornou presença constante no campo de ataque, Benítez ganhou confiança para tentar jogadas habilidosas, Blanco deu um trabalho dos diabos para a defesa alvinegra e Santiago Silva, como sempre, lutou por todas as bolas como se fosse não um prato de comida, mas uma cortesia para um rodízio de pizzas.  

Neste cenário, as chances de gols argentinas surgiram aos montes, e duas delas terminaram no fundo do barbante. A primeira, aos 20, em um maravilhoso contra-ataque onde Ayala roubou a bola, tabelou, abriu o jogo e ainda apareceu na área para concluir. Pertinho do intervalo, Blanco aproveitou rebote de Roberto em cabeçada à queima-roupa de Santiago Silva e ampliou.

A Ponte precisava urgentemente mudar o panorama do confronto, e o time voltou do intervalo com o avante Adaílton no lugar do volante Magal, com mais toque de bola e com mais atitude ofensiva. Porém, em nenhum momento conseguiu tirar o Lanús da zona de conforto.

Pelo contrário, apesar de ter tirado o pé do acelerador, o Lanús se aproveitou da noite de terror vivida pela retaguarda pontepretana, que errou muito mais do que deveria e poderia, e só não transformou a vitória em goleada devido a duas grandes defesas do goleiro Roberto.

O apito final veio para decretar o título do time que, neste jogo de volta da decisão, foi superior individualmente, coletivamente, fisicamente, taticamente, tecnicamente e psicologicamente. Uma vitória incontestável do Botafogo. Ops... do Lanús.

Lanús: Marchesín; Araujo, Goltz, Izquierdoz e Velásquez; Somoza, González e Ayala; Blanco (Ortiz), Benítez (Pasquini) e Santiago Silva. Técnico; Guillermo Schelotto.

Ponte Preta: Roberto; Artur (Ferrugem), César, Diego Sacoman e Fernando Bob; Baraka, Fellipe Bastos e Magal (Adaílton); Elias; Rildo (William) e Leonardo. Técnico Jorginho.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

PRÊMIO FUTEBOLA BRASILEIRÃO 2013















FUTEBOLA DE OURO – Éverton Ribeiro (Cruzeiro)
FUTEBOLA DE PRATA – Walter (Goiás)
FUTEBOLA DE BRONZE –            Fábio (Cruzeiro)

Goleiro – Fábio (Cruzeiro)

Se Fábio é um dos melhores goleiros do Brasil há anos, em 2013 ele foi o melhor goleiro do Brasil. Suas defesas espetaculares e decisivas, além do raro espírito de liderança, enchem a retaguarda cruzeirense de tranquilidade, e fazem todos os defensores azuis evoluírem. Mesmo sem uma história sólida na Seleção Brasileira (caso também de nomes brilhantes como Manga, Raul Plasmann e Rogério Ceni), Fábio caminha firme e forte para se tornar um dos grandes arqueiros que o nosso futebol já teve. No Brasileirão de 2013, deu um passo enorme neste sentido.

Lateral-Direito – Edílson (Botafogo)

Com o Atlético Mineiro abandonando o Brasileirão, Marcos Rocha, favoritíssimo ao prêmio de melhor lateral-direito do campeonato, deixou a vaga em aberto. E nesta que é a posição mais carente do futebol brasileiro na atualidade, quem acaba o campeonato como maior destaque é o botafoguense Edílson. Com força ofensiva, boas assistências e potência nos chutes, Edílson conquistou seu espaço na equipe alvinegra com o campeonato em andamento e termina o ano com o prêmio de melhor do torneio em sua posição.

Zagueiro Central – Gil (Corinthians)

A campanha corintiana no Brasileiro merece muito mais puxões de orelha do que elogios. E pode-se dizer que estes poucos elogios seriam todos voltados para a parte defensiva da equipe, que sofreu apenas 22 gols em 38 jogos (a segunda melhor marca da história dos pontos corridos, atrás apenas do São Paulo de 2007, que foi vazado 19 vezes). Dos 38 jogos, o zagueiro Gil esteve presente em 36, e sempre com muita seriedade, velocidade e combate foi o nome de maior destaque da retaguarda alvinegra. Desde que voltou da França, Gil vai conquistando, pouco a pouco, seu lugar entre os melhores zagueiros do nosso futebol.  

Quarto-Zagueiro – Dória (Botafogo)

O Campeonato Brasileiro de 2013 marcou a transição de promessa para realidade do zagueiro Dória. É claro, lógico e evidente que o jovem botafoguense, de 19 anos recém-completados, ainda tem muito para evoluir, mas já é um diamante mais lapidado do que bruto. Sabe se antecipar, é veloz e seguro nas bolas altas. Ganharia muito se estivesse presente no elenco da Seleção Brasileira que vai disputar a Copa do Mundo, mas agora não há tempo. Mesmo assim, tem tudo para mostrar ainda mais do seu potencial em 2014.

Lateral-Esquerdo – Egídio (Cruzeiro)

No futebol, os números estão longe de serem os donos da verdade. Tampouco, porém, podem ser ignorados. No caso do lateral-esquerdo cruzeirense Egídio, que sem dúvidas viveu o melhor ano de sua carreira em 2013, os números ilustram bem o seu desempenho. Presente em praticamente toda a histórica campanha azul (atuou em 35 jogos), Egídio foi o sexto jogador com mais passes certos, o terceiro com mais cruzamentos certos e o sétimo com mais desarmes no campeonato.

Volante – Nílton (Cruzeiro)

A NBA, liga norte-americana de basquete, premia, a cada temporada, o jogador que demonstrou maior evolução em relação à anterior. No Campeonato Brasileiro, o volante Nílton seria um dos favoritos para conquistar este prêmio. Nílton sempre foi um jogador aguerrido, com boas qualidades defensivas e um canhão no pé direito. Neste Brasileirão, pelo Cruzeiro, entretanto, o volante não só se tornou mais seguro defensivamente como virou um verdadeiro terror nas bolas alçadas nas áreas adversárias, tendo marcado seis dos seus sete gols desta maneira.

Volante – Lucas Silva (Cruzeiro)

No arrumado time cruzeirense, os jogadores que vieram das divisões de base tiveram um ambiente perfeito para dar os primeiros passos em suas carreiras. O lateral-direito Mayke e o centroavante Vinícius Araújo, sempre que foram acionados, mantiveram o alto nível da equipe. Mas se estes não passaram de ótimas opções, o volante Lucas Silva fez diferente: entrou no time e com um futebol de precisos passes – longos ou curtos –, bom posicionamento e chutes potentes tomou conta da posição. É um dos jogadores que mais prometem para o ano de 2014.

Meia-Direita – Éverton Ribeiro (Cruzeiro) – FUTEBOLA DE OURO DO BRASILEIRÃO 2013

Nada como um jogador capaz de imprevisibilidades em um time arrumado. Sem dúvidas um dos maiores méritos do incontestável Campeão foi ter um time encaixado, onde todos sabiam exatamente o que fazer em campo e, melhor ainda, o que os seus companheiros iriam fazer. Porém, o Cruzeiro não teria sido tão avassalador ofensivamente quanto foi sem Éverton Ribeiro e seu ímpeto, sua audácia, seu improviso, sua facilidade para destruir as retaguardas adversárias, suas assistências açucaradas (foi o líder do Brasileirão com 11 passes para gol) e seus gols, golões, golaços. Um colírio para os apaixonados pelo futebol arte.

Meia de Ligação – Ricardo Goulart (Cruzeiro)

Para estar no Prêmio FUTEBOLA Brasileirão 2013, Ricardo Goulart precisou superar adversários poderosos, como os veteranos Alex, Paulo Baier e Seedorf, que, sempre que o físico permitiu, esbanjaram categoria pelos gramados. E mais: superou também Éderson e Marcelo, atacantes fundamentais na gigante campanha do Atlético Paranaense, o que iria fazer Seleção do FUTEBOLA mudar seu esquema tático para o 4-4-2. Porém, como um todo, Ricardo Goulart merece a vaga. Merece por o Cruzeiro ter vencido todos os oito jogos em que ele fez gol (marcou 10 no total). Merece pelas apresentações de alto nível rodada sim e outra também. Merece por ter sido essencial para o incrível ataque cruzeirense ter funcionado com tamanha intensidade.

Meia-Esquerda – Willian (Cruzeiro)

No Brasileiro de 2011, principalmente no primeiro turno, Willian bateu um bolão pelo futuro Campeão Corinthians. Pelo lado dos campos, se mostrou um jogador de força ofensiva e dedicação tática e foi peça chave no time de Tite. Depois de uma passagem pela Ucrânia, Willian chegou ao Cruzeiro para mostrar que não havia desaprendido uma vírgula de seu futebol. Pela esquerda do tripé de meias, mas sempre com muita movimentação, Willian fez gols (seis), deu assistências (nove), embaralhou defesas adversárias e ainda arrumou tempo e fôlego para cumprir suas funções táticas de reposição defensiva.

Centroavante – Walter (Goiás)

O que o Walter jogou neste Brasileirão – principalmente após as “férias” da Copa das Confederações – não está no gibi. Com seu porte físico rústico e um futebol refinado, o atacante goiano foi uma das maiores atrações do campeonato. Deu gosto vê-lo atuar. Mostrou potência e categoria para marcar gols, inteligência para dar assistências, habilidade incomum no domínio da redonda e personalidade para liderar o Goiás em uma campanha digna de aplausos. Pelo seu jeitão e porte físico, ganhou o carimbo de folclórico. Pelo futebol muito bem jogado, mostrou que é bem mais que isso.

Técnico – Marcelo Oliveira (Cruzeiro)


Não tem como não se impressionar com a velocidade com a qual Marcelo Oliveira conseguiu transformar quase 20 contratações em um Cruzeiro primoroso taticamente. Num piscar de olhos, Marcelo conseguiu montar a espinha dorsal de sua equipe, encontrou a posição ideal para tirar o máximo de cada jogador e descobriu o momento e o lugar certo para utilizar os seus reservas. Sempre que a Máquina Azul começava a funcionar a todo vapor ficava difícil acreditar que Marcelo Oliveira estava no comando do clube há menos de um ano. 

domingo, 8 de dezembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 - 38ª RODADA - FLUMINENSE E VASCO SÃO REBAIXADOS










RESULTADOS
Flamengo 1 x 1 Cruzeiro
Náutico 1 x 0 Corinthians
Botafogo 3 x 0 Criciúma
São Paulo 0 x 1 Coritiba
Bahia 1 x 2 Fluminense
Internacional 0 x 0 Ponte Preta
Goiás 0 x 3 Santos
Atlético Paranaense 5 x 1 Vasco
Atlético Mineiro 2 x 2 Vitória
Portuguesa 0 x 0 Grêmio

ARTILHARIA
21 Gols – Éderson (Atlético Paranaense)
16 Gols – Dinei (Vitória) e Hernane (Flamengo)
15 Gols – Cícero (Santos) e Fernandão (Bahia)

Vasco e Fluminense são rebaixados!

Oito de dezembro de dois mil e treze ficará para história como um dos piores dias já vividos pelo futebol carioca. Mas a tristeza que neste dia brotou em corações tricolores e cruz-maltinos vem sendo plantada faz tempo. Fluminense e Vasco caem para a Segunda Divisão pela enorme incompetência de diretores, comissões técnicas e jogadores demonstram a um longo tempo.

Tanto a mais bela das campanhas como a mais medíocre pode ser analisada e explicada pelas quatro estruturas do futebol: física, tática, técnica e psicológica, todas com igual peso. No caso das horripilantes campanhas de Fluminense e Vasco, podemos encontrar na precariedade destas quatro estruturas a explicação para as quedas.

Tecnicamente, o time vascaíno já era apontado como um dos mais frágeis desde antes do torneio começar. Na verdade, desde o desmonte do time de 2011, Campeão da Copa do Brasil e Vice do Brasileiro, são raros os nomes de destacada qualidade técnica que vestiram a camisa cruz-maltina. Já no Fluminense, Campeão Brasileiro há um ano, o péssimo planejamento da diretoria acreditou que poderia perder jogadores do nível de Thiago Neves e Wellington Nem – além da previsível aposentadoria de Deco – sem a necessidade de reposição. Um erro inaceitável.

Quando o assunto é tático, podemos contar nos dedos as partidas em que Vasco e Flu mostraram elogiável organização. No Vasco, as invenções de Dorival Júnior – tentou fazer de Pedro Ken um primeiro volante à la Pirlo e de Dakson, Jhon Cley e até Montoya um “falso nove” – ilustram a sempre presente bagunça tática. Vanderlei Luxemburgo, por sua vez, não soube lidar com os problemas de elenco do Fluminense, exagerou nas improvisações em todos os setores e em nenhum momento deu padrão ao time.

Em um campeonato onde praticamente todos reclamaram da rotina de jogos, cruz-maltinos e tricolores sentiram mais problemas que os concorrentes. Além de não demonstrarem condições para uma imposição física nas partidas da reta final – como o Flamengo conseguiu na Copa do Brasil, por exemplo – tanto o Vasco quanto o Flu sofreram pelas contusões que atingiram muitos dos seus titulares, com destaque, claro, para os líderes Juninho Pernambucano e Fred. Em elencos frágeis, estas ausências por problemas físicos foram mais sentidas do que deveriam ser.

Na reta final, bem no final mesmo, Vasco e Flu tentaram se escorar no apoio dos torcedores na busca por força psicológica, e é justo dizer que o Maracanã lotado rendeu alguns bons frutos na inglória luta contra o rebaixamento. Porém – além do ambiente político sempre instável, que acaba respingando nas quatro linhas –, um passeio pelas 38 rodadas do Brasileiro nos fará ver que ambos os times não foram, nem de longe, times confiantes. Dois exemplos claros são os do tricolor Diego Cavalieri, que terminou 2012 como o melhor goleiro do país, e do zagueiro vascaíno Cris.

Diante de tamanha precariedade nas estruturas física, tática, técnica e psicológica, seria surpreendente se Vasco e Fluminense terminassem o ano com grandes campanhas. O rebaixamento já vinha se desenhando há  meses, e o dia oito de dezembro de dois mil e treze somente deu o golpe de misericórdia.

CURTINHA PELO BRASILEIRÃO!


Em princípio, nada pode parecer pior do que as cenas de barbárie proporcionadas pelas gangues atleticanas e vascaínas em Joinville. Mas existe algo ainda pior, amigos. Pior é saber que mesmo com todas as imagens que as dezenas de câmeras podem disponibilizar para identificar os infelizes, mesmo com toda a tecnologia que poderia ser utilizada para proibir a entrada destas gangues nos estádios, mesmo com todo o conhecimento que outros países possuem e podem compartilhar sobre como lidar com este cenário, mesmo com incontáveis medidas de monitoramento fáceis de serem tomadas para evitar novas situações do tipo... Mesmo com tudo isso, nada vai acontecer. Resta a triste certeza de que novas batalhas virão.

sábado, 7 de dezembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - VASCO X ATLÉTICO PARANAENSE - 2004


Vasco 1 x 0 Atlético Paranaense

Campeonato Brasileiro 2004 – 45ª rodada

São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

12 de dezembro de 2004

Vasco: Everton; Henrique, Fabiano (Gomes) e Daniel; Thiago Maciel, Ygor, Coutinho, Júnior (Marco Brito), Petkovic e Daniel; Anderson. Técnico: Joel Santana.

Atlético Paranaense: Diego; Marinho, Rogério Corrêa e Marcão; Raulen (Pingo), Alan Bahia (Morais), Fabiano, Fernandinho e Ivan; Denis Marques e Washington. Técnico: Levir Culpi

Gol: Henrique (Vasco), aos 21’ do segundo tempo.

“Foi um gol feito com raiava, Henrique?”, perguntou o repórter. “Muita, muita raiva”, respondeu o zagueiro vascaíno, ainda no calor do fim da partida. E que partida! No dia 12 de dezembro de 2004, Vasco e Atlético Paranaense se enfrentaram pela penúltima rodada do Brasileirão em um lotado São Januário. Lotado para dar forças ao Cruz-Maltino na inglória luta contra o rebaixamento. Bem próximo à zona da degola, o Vasco precisava desesperadamente dos três pontos diante de um Atlético Paranaense que se encontrava no lugar mais nobre na tabela: a liderança. E mais, caso vencesse em São Januário e o Santos não batesse o São Caetano, o Furacão conquistaria, com uma rodada de antecedência, o caneco nacional. Chances para isso não faltaram, as mais claras pelos pés dos atacantes Washington e Denis Marques. Mas, aos 21 minutos do segundo tempo, veio o momento que faria o zagueiro Henrique explodir de alegria e raiva. Alegria por ter enfiado a cabeça na bola e transformado o cruzamento de Petkovic no gol da vitória. Raiva por todo o clima pré-jogo que havia sido criado, com insinuações de que os atleticanos já teriam até comprado champanhe e bacalhau para comemorar o título. Título que, muito por causa da cabeçada inesquecível de Henrique, terminaria nas mãos do Santos. 


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

MANDELA





















Que a reencarnação seja uma verdade absoluta.

Que a fila ande bem rápido lá no céu.

Que toda a paz que você tentou trazer ao mundo esteja ao seu lado neste descanso.  

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A COPA DO MUNDO E OS GRUPOS DA MORTE


Diante da grande expectativa pela possibilidade de o sorteio dos grupos da Copa do Mundo de 2014 dar vida a um Supergrupo da Morte com três Campeões Mundiais, o FUTEBOLA faz uma viagem ao passado e recorda os  cinco grupos mais mortíferos que a Copa do Mundo já viu. Entremos na máquina do tempo, amigos!

O Grupo 4 da Copa do Mundo de 1958 é para muitos o mais mortífero da história dos mundiais. Ao lado da Seleção Brasileira que conquistaria o título e um lugar na eternidade com a genialidade de Nilton Santos, Didi, Garrincha, Pelé e companhia brilhante, estavam a União Soviética do goleiro Lev Yashin, o Aranha Negra, que viria a ser Campeã da Eurocopa de 1960, a Áustria, que contava com muitos remanescentes da equipe terceira colocada no Mundial de 1954, e os sempre fortes Ingleses, na época bem mais temidos do que hoje.

Na Copa do Mundo de 1962 o esquadrão brasileiro voltou a cair em um grupo da morte. No grupo 3, o Brasil teve a companhia da Espanha de Gento, Luís Suárez e Puskás – isso mesmo, amigos, o húngaro defendeu a “Fúria” neste Mundial –, da Tchecoslováquia de Masopust, que terminaria o torneio como Vice-Campeã ao perder para o próprio Brasil na decisão, e do México.

Os astrólogos poderiam estudar a relação entre o Brasil, grupos da morte e a taça Jules Rimet. Parece inacreditável, mas, em 1970, quando conquistou o Tri e a posse definitiva do caneco, o Brasil voltou a cair em um grupo pra lá de difícil. Além das duras seleções europeias Romênia e Tchecoslováquia, o Brasil precisou encarar, pelo Grupo 3, nada menos do que a Inglaterra de Bob Charlton, que então defendia o título de Campeã Mundial.

O Grupo E da Copa do Mundo de 1986 não estava para brincadeiras. Os tradicionais escoceses, que disputavam o torneio pela sexta vez, eram os menos poderosos do grupo, que ainda contava com: o Uruguai de Enzo Francescoli, a sempre favorita Alemanha, que formava com craques do quilate de Matthaus, Voeller e Rummenigge e acabaria Vice-Campeã, e a Dinamarca, que surpreendeu a todos com uma grande campanha, avançou ao mata-mata com 100% de aproveitamento e ganhou a alcunha de “Dinamáquina”.

Depois que a Copa do Mundo passou a contar com 32 seleções, nenhum grupo foi tão mortal quanto o Grupo F do Mundial de 2002. A Argentina, uma das favoritas ao título após passear pelas Eliminatórias Sul-Americanas, acabaria fora do torneio ao ficar atrás da Inglaterra de David Beckham e da Suécia, que terminou a fase na liderança do grupo que ainda tinha a perigosa Seleção da Nigéria.


E aí, amigos, qual dentre estes (ou dentre outros) é o grupo mais mortífero da história dos Mundiais?

COPA SUL-AMERICANA 2013 – FINAL – PONTE PRETA X LANÚS


Ponte Preta 1 x 1 Lanús – Pacaembu, São Paulo (SP)

Ponte Preta sai atrás, consegue empate com Fellipe Bastos e vai buscar na Argentina o título mais importante de sua história.

A pressão que a Ponte poderia realizar nos minutos iniciais, embalada pela energia de sua torcida, não existiu. O que existiu foi um time preocupado em não se expor e tentando explorar o lado esquerdo com a dupla Uendel e Rildo, a mesma que foi peça importantíssima no triunfo diante do São Paulo.

Porém, não foi pela esquerda que a Macaca encontrou suas melhores oportunidades na etapa inicial, e sim pela meiúca, em chute longo do Elias, ótima arrancada do Fellipe Bastos e contra-ataque organizado pelo Rildo e finalizado pelo zagueiro César. Todos os lances, entretanto, terminaram nas mãos do goleiro Marchesín, sempre bem posicionado.

Pertinho do intervalo, quando já não demonstrava mais o poder ofensivo que fizera seu torcedor se agitar no Pacaembu, a Ponte viu o Lanús criar, de pé em pé, a mais bela trama de toda a partida. Trama esta que o raçudo Santiago Silva desperdiçou quase dentro do gol.

Um novo contra-golpe, logo no início do segundo tempo, desta vez com Elias, mostrou que os pontepretanos poderiam voltar a viver um bom momento na partida, como conseguira em meados da etapa inicial. Poderia, mas foi aí que Diego Sacoman cometeu uma falta infantil em Santiago Silva e o zagueiro Goltz, aos 12, cobrou com perfeição para fazer um a zero para o Lanús.

A Ponte acusou o golpe, perdeu o rumo e seu torcedor se abateu. Mudanças eram necessárias e Jorginho não tardou a realizá-las, colocando Adaílton e Chiquinho em campo. Acertou em cheio! A Macaca cresceu em campo e não só voltou a levar perigo ao Marchesín como chegou ao empate em falta certeira de Fellipe Bastos, aos 33. Pouco depois, o mesmo Fellipe Bastos – o melhor homem em campo – quase virou o placar em nova bola parada que explodiu no travessão.

Nesta Sul-Americana, a Ponte Preta saiu vitoriosa como visitante do Heriberto Hülse, do José Amafitani e do Morumbi. A final está aberta, e o caneco é mais que possível.

Ponte Preta: Roberto; Artur, César, Diego Sacoman e Uendel; Baraka, Fellipe Bastos e Fernando Bob (Adailton); Elias (Magal), Rildo (Chiquinho) e Leonardo. Técnico Jorginho.


Lanús: Marchesín; Araujo, Goltz, Izquierdoz e Velásquez; Somoza, González (Barrientos) e Ortiz; Melano (Ayala), Díaz (Benítez) e Santiago Silva. Técnico; Guillermo Schelotto.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

UMA IMAGEM



















O futebol no céu ficou mais clássico e elegante. Bom descanso, Pedro “El Verdugo” Rocha.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

CRAQUES DAS PALAVRAS - GRACILIANO RAMOS


Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a idéia fixa de muita gente. Com exceção talvez de um ou outro tísico, completamente impossibilitado de aplicar o mais insignificante pontapé a uma bola de borracha, vai haver por aí uma excitação, um furor dos demônios, um entusiasmo de fogo de palha capaz de durar bem um mês.

Pois quê! A cultura física é coisa que está entre nós inteiramente descurada. Temos esportes, alguns propriamente nossos, batizados patrioticamente com bons nomes em língua de preto, de cunho regional, mas por desgraça estão abandonados pela débil mocidade de hoje. Além da inócua brincadeira de jogar sapatadas e de alguns cascudos e safanões sem valor que, de boa vontade, permutamos uns com os outros, quando somos crianças, não temos nenhum exercício. Somos, em geral, franzinos, mirrados, fraquinhos, de uma pobreza de músculos lastimável.

A parte de nosso organismo que mais se desenvolve é a orelha, graças aos puxões maternos, mas não está provado que isto seja um desenvolvimento de utilidade. Para que serve ser a gente orelhuda? O burro também possui consideráveis apêndices auriculares, o que não impede que o considerem, injustamente, o mais estúpido dos bichos. (...) Fisicamente falando, somos uma verdadeira miséria. Moles, bambos, murchos, tristes - uma lástima! Pálpebras caídas, beiços caídos, braços caídos, um caimento generalizado que faz de nós um ser desengonçado, bisonho, indolente, com ar de quem repete, desenxabido e encolhido, a frase pulha que se tornou popular: "Me deixa..." Precisamos fortalecer a carne, que a inação tornou flácida, os nervos, que excitantes estragaram, os ossos que o mercúrio escangalhou.

Consolidar o cérebro é bom, embora isto seja um órgão a que, de ordinário, não temos necessidade de recorrer. Consolidar o muque é ótimo. Convencer um adversário com argumentos de substância não é mau. Poder convencê-lo com um grosso punho cerrado diante do nariz, cabeludo e ameaçador, é magnífico. (...)

Para chegar ao soberbo resultado de transformar a banha em fibra, aí vem o futebol.

Mas por que o futebol?

Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.

No caso afirmativo, seja muito bem vinda a instituição alheia, fecundemo-la, arranjemos nela um filho híbrido que possa viver cá em casa. De outro modo, resignemo-nos às broncas tradições dos sertanejos e dos matutos. Ora, parece-nos que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.

Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.

O do futebol não preenche coisa nenhuma, pois já temos a muito conhecida bola de palha de milho, que nossos amadores mambembes jogam com uma perícia que deixaria o mais experimentado sportman britânico de queixo caído. (...)

Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol não pega, tenham a certeza. Não vale o argumento de que ele tem ganho terreno nas capitais de importância. Não confundamos.

As grandes cidades estão no litoral; isto aqui é diferente, é sertão. As cidades regurgitam de gente de outras raças ou que pretende ser de outras raças; não somos mais ou menos botocudos, com laivos de sangue cabinda ou galego.

Nas cidades os viciados elegantes absorvem o ópio, a cocaína, a morfina; por aqui há pessoas que ainda fumam liamba. (...)

Estrangeirices não entram facilmente na terra do espinho. O futebol, o boxe, o turfe, nada pega.

Desenvolvam os músculos, rapazes, ganhem força, desempenem a coluna vertebral. Mas não é necessário ir longe, em procura de esquisitices que têm nomes que vocês nem sabem pronunciar.

Reabilitem os esportes regionais que aí estão abandonados: o porrete, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada e, melhor que tudo, o cambapé, a rasteira.

A rasteira! Este, sim, é o esporte nacional por excelência!

Todos nós vivemos mais ou menos a atirar rasteira uns nos outros. Logo na aula primária habituamo-nos a apelar para as pernas quando nos falta a confiança no cérebro - e a rasteira nos salva.

Na vida prática, é claro que aumenta a natural tendência que possuímos para nos utilizarmos eficientemente da canela. No comércio, na indústria, nas letras e nas artes, no jornalismo, no teatro, nas cavações, a rasteira triunfa.

Cultivem a rasteira, amigos!

E se algum de vocês tiver vocação para a política, então sim, é a certeza plena de vencer com auxílio dela. É aí que ela culmina. Não há político que a não pratique. Desde S. Exa. o senhor presidente da República até o mais pançudo e beócio coronel da roça, desses que usam sapatos de trança, bochechas moles e espadagão da Guarda Nacional, todos os salvadores da pátria têm a habilidade de arrastar o pé no momento oportuno.

Muito útil, sim senhor.

Dediquem-se à rasteira, rapazes.

Graciliano Ramos
Crônica publicada em "o Índio", em Palmeira dos Índios (AL), em 1921


domingo, 1 de dezembro de 2013

CAMPEONATO BRASILEIRO 2013 – 37ª RODADA – GRÊMIO X GOIÁS












RESULTADOS
Fluminense 2 x 2 Atlético Mineiro
Corinthians 0 x 0 Internacional
Vasco 2 x 0 Náutico
Vitória 4 x 2 Flamengo
Ponte Preta 0 x 2 Portuguesa
Criciúma 1 x 0 São Paulo
Cruzeiro 1 x 2 Bahia
Coritiba 2 x 1 Botafogo
Grêmio 1 x 0 Goiás
Santos 2 x 1 Atlético Paranaense

ARTILHARIA
18 Gols – Éderson (Atlético Paranaense)
16 Gols – Dinei (Vitória)
15 Gols – Fernandão (Bahia) e Hernane (Flamengo)

Grêmio 1 x 0 Goiás – Arena Grêmio, Porto Alegre (RS)

Grêmio vence Goiás com gol de Barcos, assume a vice-liderança do Brasileiro e carimba seu passaporte para a Libertadores 2014.

O Goiás caiu no velho conto do vigário de querer segurar um resultado desde o apito inicial e entrou em campo para enrolar. Foi tamanha enrolação que antes mesmo de o relógio chegar ao minuto 10 o goleiro esmeraldino Renan já levara um puxão de orelha do juiz pela demora em cobrar tiros de meta. Pois a escolha goiana para segurar o Grêmio não tardou a se mostrar ineficiente. Se aos 7 minutos a finalização de Barcos parou em grande defesa de Renan, aos 16 o Pirata não perdoou e abriu o placar após puxada de contra-ataque de Pará e Ramiro.

O gol do argentino foi a senha para o Grêmio afiar as unhas e os dentes e se posicionar em seu próprio campo para defender a vantagem. No papel, a partida se desenhou da seguinte maneira: o Tricolor em seu campo à espera de uma oportunidade para contra-atacar e o Esmeraldino com a pelota em seus pés e a necessidade de encontrar brechas na retaguarda rival. Na prática, porém, o que se viu foi uma partida de uma pobreza técnica franciscana.

Sem movimentação, passes rápidos, dribles e tudo mais, o Goiás só conseguiu assustar o goleiro Dida em um desvio do Walter após um escanteio rasteiro. Walter que, por sinal, saiu contundido no intervalo,  diminuindo ainda mais o nível técnico do embate. E enquanto os goianos faziam um esforço danado para não ter nenhum sucesso na criação de tramas ofensivas, o Grêmio usava e abusava das bicudas para frente com os zagueiros Rhodolfo e Bressan e não passava nem perto de encaixar um contra-golpe. Nem mesmo depois que Renato Gaúcho começou a realizar substituições conservadoras e deixar ainda mais clara a postura de sua equipe.

Este foi o cenário de todo o duelo após Barcos deixar sua marca. Um cenário muito decepcionante se lembrarmos que o duelo envolvia dois times que estão na zona nobre da tabela. Ao final, melhor para o Grêmio, que já garantiu sua vaga no principal torneio continental, enquanto o Goiás terá pela frente um Santos que se tornou o maior estraga-prazeres da reta final do Brasileiro.

Grêmio: Dida; Pará, Rhodolfo, Bressan e Alex Telles; Ramiro, Souza, Vargas e Zé Roberto (Adriano); Kléber (Maxi Rodríguez) e Barcos (Elano). Técnico: Renato Gaúcho.

Goiás: Renan; Vítor, Ernando, Valmir Lucas e Willian Matheus; Amaral e Thiago Mendes; Eduardo Sasha (Ramón), Hugo e Renan Oliveira (Roni); Walter (Léo). Técnico: Enderson Moreira.

CURTINHAS PELO BRASILEIRÃO!

- A Segundona 2014 terá um clube carioca. Disse um carioca e me corrijo, pois a situação do futebol do Rio de Janeiro poderá ficar ainda pior. A Segundona 2014 terá pelo menos um carioca. Ou o Vasco afunda o Fluminense ou o Fluminense afunda o Vasco ou os dois morrem afogados abraçados. Pelo que fizeram ao longo de 37 rodadas, não é nada surpreendente.    

- É inegável que Jefferson falhou feio. Muito feio. Foi um peru maior do que qualquer ceia de Natal exibirá dentro de algumas semanas. Porém, segue como melhor goleiro do Brasil e com muitos créditos no Botafogo. Não existe cabimento em culpá-lo por uma possível (bem provável) ausência na próxima Libertadores.

- Diante de todo o carinho que a diretoria e os torcedores corintianos dedicaram a Tite em sua festa de despedida, fico em busca da coerência de sua saída. Com a comprovada competência de Tite e tamanha ligação entre o treinador e a torcida, não seria ele o mais indicado para iniciar o processo de renovação no Corinthians?


- A organização dos jogadores em torno do Bom Senso Futebol Clube é uma das melhores notícias que o futebol brasileiro recebe em anos. Estava na hora de alguém bater de frente com a horrorosa administração dos cartolas nacionais.

sábado, 30 de novembro de 2013

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - GOIÁS X GRÊMIO - 1996

Goiás 1 x 3 Grêmio

Campeonato Brasileiro 1996 – Jogo de Ida da Fase Semifinal

Estádio Serra Dourada, Goiânia (GO)

05 de dezembro de 1996

Público: 38.126

Goiás: Kleber; Índio, Sílvio Criciúma, Richard e Augusto; Reidner, Romeu, Lúcio e Evandro; Alex Dias (Maurílio) e Dill (Jacques). Técnico: Paulo Gonçalves.

Grêmio; Danrlei; Arce, Adílson, Rivarola e Roger; Dinho, Luiz Carlos Goiano, Emerson (Aílton) e Carlos Miguel (João Antônio); Zé Alcino e Paulo Nunes (Rodrigo Gral). Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Gols – Primeiro Tempo: Arce (Grêmio), aos 6’ e Emerson (Grêmio), aos 40’. Segundo Tempo: Paulo Nunes (Grêmio), aos 11’ e Evandro (Goiás), aos 47’.

Mais de um ano já havia ficado para trás desde que o Grêmio vencera o Atlético Nacional do goleiro Higuita, para conquistar a Libertadores, e caíra, somente na disputa de pênaltis, na decisão do Mundial, diante de um dos mais fortes times da história do Ajax. Corria o ano de 1996, e a luta gremista agora era para conquistar o Brasileirão após 15 anos. Para chegar à decisão, porém, um duríssimo obstáculo se colocava a sua frente: o Goiás do perigoso quarteto ofensivo formado por Lúcio “Bala”, Evandro “Chaveirinho”, Alex Dias e Dill, iniciando um período de glórias que culminaria no Pentacampeonato Goiano em 2000. O jogo de ida da semifinal entre tricolores gaúchos e esmeraldinos goianos seria no Serra Dourada, e o Grêmio chegou fortíssimo para a batalha, com nada menos do que nove jogadores que haviam sido titulares nas decisões da Libertadores e do Mundial de 1995, além do treinador Felipão. A grande ausência era a de Jardel, já no futebol português, mas lá estavam com a camisa branca, preta e azul nomes como Danrlei, Arce, Rivarola, Adílson Batista, Dinho, Carlos Miguel e Paulo Nunes. Bola rolando, enquanto o Goiás esbarrava na trave e nas defesas do goleiro Danrlei, o Grêmio se aproveitava da precisão de Arce e da letalidade de Paulo Nunes para encaçapar uma bola atrás da outra nas redes esmeraldinas. Um, dois, três a zero. Estupendo! Nos acréscimos, Evandro diminuiu para os goianos, mas com a vitória por 3 a 1 como visitante, os tricolores haviam dado um enorme salto rumo ao título, que se confirmaria dentro de poucas semanas.