domingo, 30 de novembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 37ª RODADA – SANTOS X BOTAFOGO



Santos 2 x 0 Botafogo – Vila Belmiro, Santos (SP)

Sem criar sequer uma única chance de gol durante 90 minutos, Botafogo perde para o Santos na Vila e é rebaixado para a Segunda Divisão.

Para não voltarmos ao início do Brasileiro, podemos dizer que a atuação diante do Santos ilustra de forma quase perfeita o que foi este tenebroso mês de novembro para o Botafogo, um mês de seis derrotas em seis jogos e apenas um mísero gol marcado. Disse de forma quase perfeita pois o futebol jogado pelo Bota na Vila conseguiu ser ainda pior do que o apresentado nas partidas anteriores.

Absurdamente superior tecnicamente e sem o peso de um jogo de vida ou morte nas costas, o Santos não encontrou problemas para se infiltrar pela esburacada, nervosa e atabalhoada retaguarda alvinegra e construir diversas oportunidades de gols. Atacou pela direita com o lateral Daniel Guedes, pela esquerda com o lateral Caju e o ponta Thiago Ribeiro, pelo meio com Robinho e Lucas Lima e por todos os cantos com o imparável Gabriel.

No primeiro tempo, foram cinco ótimas chances praianas, com David Braz perdendo da pequena área, Robinho parando em Jefferson e Gabriel acertando o poste. O massacre seguiu após o intervalo com mais sete dos chamados “melhores momentos”, mas, nesta etapa, para a amargura dos botafoguenses, Leandro Damião esteve em campo para transformar a superiodade santista em gols: o primeiro foi marcado aos 3 minutos e, o segundo, aos 44.

O Botafogo, destroçado psicologicamente, desarrumado taticamente e paupérrimo tecnicamente, não foi capaz de dar trabalho ao goleiro Aranha nem quando se postou recuado e esperou espaços para contra-atacar, nem quando precisou se abrir mais, nem quando se lançou à frente de qualquer maneira. Claro que o Botafogo cai para a Segundona pelo que não fez durante todo o torneio, mas a inoperância ofensiva nestes últimos jogos foi determinante para que o time não conseguisse aproveitar as muitas sobrevidas que os adversários lhe deram.

Agora, vivendo uma hecatombe política, econômica e administrativa, o Glorioso precisará, mais do que nunca em sua história, do verdadeiro torcedor, pois, sem este, o clube jamais conseguirá se reerguer das cinzas.

Santos: Aranha; Daniel Guedes, Edu Dracena, David Braz e Caju; Alison e Renato; Gabriel (Serginho), Lucas Lima e Thiago Ribeiro (Diego Cardoso); Robinho (Leandro Damião). Técnico: Enderson Moreira.

Botafogo: Jefferson; Régis, Dankler, André Bahia e Junior Cesar; Airton, Gabriel, Andreazzi (Murilo) e Ronny (Gegê); Yuri Mamute e Bruno Corrêa (Maikon). Técnico: Vágner Mancini.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

ATLÉTICO MINEIRO – CAMPEÃO DA COPA DO BRASIL 2014


Cruzeiro 0 x 1 Atlético Mineiro – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Superior do primeiro ao último minuto, Atlético Mineiro não dá chances ao Cruzeiro, volta a vencer o rival e conquista a Copa do Brasil pela primeira vez em sua história.

Se tem um time no Brasil que sabe como anular o poderoso Cruzeiro este chama-se Atlético Mineiro. Depois de enjaular o rival na primeira partida decisiva, desta vez o Galo foi além. Não no placar, pois marcou apenas uma vez, mas na atuação. Uma atuação maravilhosa de quase todos os pontos de vista.

A missão de não deixar o Cruzeiro iniciar de forma avassaladora pelo apoio das arquibancadas e pelo recente título do Brasileirão o Atlético tirou de letra. Tanto que, com menos de 15 minutos, Diego Tardelli, por duas vezes, e Luan já haviam despediçado chances de inaugurar o placar.

Na verdade, o Galo estava tão dono do jogo que a Raposa, mesmo com o placar ainda mudo, já se mostrava abatida. E olha que um dos grandes méritos do Cruzeiro na conquista do Brasileiro foi a capacidade de não se abalar diante de derrotas importantes.

Quando, aos 30, Luan saiu contundido, pouco depois de Tardelli perder outra clara oportunidade de gol, imaginou-se uma queda no ritmo alvinegro. Que nada! Maicosuel entrou ligado e se juntou a Dátolo e o próprio Tardelli (que não perde o ímpeto nunca) para infernizar ainda mais os azuis. O resultado veio aos 46, na conclusão em gol do livre, leve e solto Tardelli.

A jornada cruzeirense foi de tanta falta de inspiração e intensidade que mesmo tirando o pé do acelerador na etapa final o Atlético ainda assustou o Fábio mais algumas vezes, como numa bomba do Dátolo que, aos 30, explodiu no travessão. Agora, sejamos justos, o fato de Victor não ter tido trabalho em momento algum do confronto não se deve apenas à infertilidade celeste.

Além do jovem zagueiro Jemerson (o melhor homem em campo), Léo Silva, Marcos Rocha e Leandro Donizete (que manchou um pouquinho sua apresentação com a tola expulsão no fim) formaram uma verdadeira fortaleza em branco e preto.

Apito final, jogo terminado, só temos a aplaudir a memorável campanha atleticana. Uma campanha que honrou o “forte e vingador” presente em seu hino tanto ou até mais do que a da Libertadores de 2013.

PARABÉNS, GALO!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A SEGUNDONA E A MURCHADA DOS PONTOS CORRIDOS


Como já foi levantado aqui algumas vezes, um dos mais calorosos e agradáveis debates do nosso futebol é aquele que coloca em questão se o Campeonato Brasileiro deve ser por pontos corridos ou ter uma fase final de mata-mata. Pois bem, amigos, a última rodada da Segundona é um prato cheio, ou melhor, uma entrada de graça no rodízio de massas, para os críticos dos pontos corridos. Se não, vejamos.

Dos dez jogos da derradeira rodada, apenas um conta com dois times que ainda brigam por algo: o Oeste quer escapar da Terceira e enfrenta o Joinville, que sonha com o título. Por outro lado, teremos também um duelo que não tem nenhum valor em termos de tabela (Vila Nova versus Portuguesa, ambos já degolados).

Fora estes dois embates, todos os outros oitos confrontos envolvem uma equipe já de fériais e outra a todo vapor, esteja esta na luta pelo caneco (Ponte Preta), pelo acesso (Boa, Atlético Goianiense, Avaí, América Mineiro e Ceará) ou pela permanência (América de Natal e Bragantino). E é em situações assim que os pontos corridos murcham.

Murcham mais no Brasil do que nos grandes centros europeus, porque, aqui, ao final da competição, seja a Série A ou B, apenas oito posições interessam: as quatro primeiras e as quatro últimas. Em outras palavras, 12 times terminam de mãos vazias. Na Primeira Divisão isso se deve à desvalorização da Copa Sul-Americana, que de tão abandonada nem mais tem suas vagas definidas pela principal competição do país.

Por outro lado, nas grandes ligas europeias, dado o prestígio da Liga Europa, o segundo torneio continental em importância, campeonatos como a Bundesliga, por exemplo, contam com 10 posições ativas ao final: campeão, mais três vagas para a Liga dos Campeões, outras três para a Liga Europa e três rebaixados. E não nos esqueçamos que lá, na Alemanha, a colocação do time ao fim da temporada é levada em consideração na hora da distribuição das cotas de TV.

Assim, muito devido a não ter nada em disputa a não ser título, acesso e permanência, a Segundona chega a sua última rodada com praticamente todos os confrontos colocando frente a frente um time sem pretensões e outro com a faca entre os dentes. Vejamos como será, na próxima semana, o cenário da Primeira.

domingo, 23 de novembro de 2014

CRUZEIRO É CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2014



Indiscutível! Esta é a palavra que define o título cruzeirense do Brasileirão de 2014, pois, em um campeonato por pontos corridos, não é possível discutir a conquista de um time que assumiu a ponta da tabela na sexta rodada e de lá não mais saiu. A pergunta é: como o Cruzeiro conseguiu se manter na liderança durante tanto tempo?

A manutenção do elenco campeão em 2013, é claro, foi um fator crucial no novo triunfo celeste. Uma manutenção integral, já que dos sete cruzeirenses que fizeram parte da seleção do Brasileiro de 2013 para o FUTEBOLA (Fábio, Egídio, Nilton, Lucas Silva, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian) todos seguiram como peças importantes em 2014. Assim como importantes também foram as entradas no time titular de Henrique e Marcelo Moreno, dois dos melhores jogadores de toda a competição.

Além de tecnicamente privilegiado (Fábio, Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro que nos digam), este elenco azul iniciou o torneio mais encaixado, arrumado e entrosado taticamente do que seus rivais na briga pelo caneco. Neste assunto tático, vale aplaudir o treinador Marcelo Oliveira, que soube como fazer o time manter o alto padrão mesmo diante da troca de algumas peças, fosse por opção sua ou por necessidade de diminuir o desgaste físico do elenco.

Falando em físico, tem que se destacar que, com mais de 60 partidas oficiais na temporada, o Cruzeiro tenha tido forças para arrancar rumo ao título nas últimas semanas. Após vivenciar seu único período de queda na competição, entre as rodadas 25 e 31, quando levou apenas nove de 21 pontos disputados, a Raposa se encheu de fortificante e enfileirou cinco vitórias seguidas em pleno mês de novembro.

Devemos acrescentar ainda os méritos psicológicos de um time que não se abalou nem com a pequena má fase vivida em outubro, nem com as três derrotas sofridas diante do Atlético Mineiro (duas no Brasileiro e uma na primeira partida final da Copa do Brasil) e nem com a eliminação na Libertadores, visto que apenas uma semana após perder para o San Lorenzo a Raposa assumia a liderança nacional para não mais largar.

Pois é, amigos, vencer um Brasileirão exige muito. Vencer dois, em sequência, exige mais ainda. E seja nos quesitos técnicos, táticos, físicos ou psicológicos, o Cruzeiro, sempre que exigido, respondeu à altura.

PARABÉNS, CRUZEIRO!!!

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 35ª RODADA – BOTAFOGO X FIGUEIRENSE




Botafogo 0 x 1 Figueirense – São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

Botafogo perde confronto de seis pontos para o Figueirense e vê o pesadelo de voltar à Segundona se tornar ainda mais real.

O primeiro estágio do embate foi uma verdadeira briga de foice, com cariocas e catarinenses a abusar das faltas cometidas. O segundo estágio, não mais esteticamente belo, foi uma chuva de bicudas para frente de ambos os lados, sem sequer uma jogadinha bem trabalhada. Somente quando o duelo chegava perto de completar meia hora que as ações ofensivas apareceram.

E apareceram pelo lado do Botafogo, que se não tem categoria para colocar a redonda no chão e tramar lances refinados, pelo menos teve ímpeto para ameaçar a meta adversária. Jobson, que iniciou na direita, se deslocou para a esquerda e passou a atormentar os marcadores, os laterais Régis e Junior Cesar se lançaram ao ataque e o zagueiro André Bahia começou a levar vantagem sobre a insegura retaguarda catarinense no jogo aéreo. Foi com essas armas que o Bota pressionou o Figueirense e fez do goleiro Thiago Volpi, com três difíceis defesas, o grande nome da etapa inicial.

O grito de gol que Tiago Volpi insistiu em deixar entalado nas gargantas alvinegras parecia que seria liberado logo no comecinho do segundo tempo, quando Cereceda cortou um cruzamento do Régis com a mão e cometeu penalidade máxima. Na cobrança, porém, Jobson foi de uma infelicidade enorme e isolou a bola. Ato quase contínuo, aos 6 minutos, Felipe alçou a bola na área e França, de cabeça, tornou a noite botafoguense mais azeda. Um a zero Figueirense.

Se ainda não deixava transparecer muito o inferno que vive, em desvantagem no placar o Botafogo degringolou de vez. Mesmo com praticamente um tempo inteiro por jogar, os alvinegros não encontraram calma, qualidade e organização para criar oportunidades de gols e conseguiram levar perigo à meta de Tiago Volpi pouquíssimas vezes, com destaque para um chute rasteiro de Bruno Corrêa. Apito final e, com a derrota, o Bota termina a rodada a cinco pontos do Coritiba, o primeiro time fora da zona da degola. Com apenas três partidas por jogar, a situação é, no mínimo, desesperadora.

Botafogo: Jefferson; Régis, Dankler, André Bahia e Junior Cesar; Marcelo Mattos, Gabriel e Bolatti (Gegê); Jobson (Zeballos), Murilo (Yuri Mamute) e Bruno Corrêa. Técnico: Vágner Mancini.

Figueirense: Tiago Volpi; William Cordeiro, Marquinhos (Nirley), Thiago Heleno e Cereceda (Marquinhos Pedroso); Dener, Felipe, França (Yago) e Marco Antônio; Pablo e Marcão. Técnico: Argel Fucks.

domingo, 16 de novembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 34ª RODADA – FLUMINENSE X BOTAFOGO



Fluminense 1 x 0 Botafogo – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Gol de cabeça de Edson mantém Fluminense vivo na briga por uma vaga na próxima Libertadores e aproxima ainda mais o Botafogo da degola.

Do apito inicial até o minuto 28 do segundo tempo, quando Edson fez o gol único da partida, o Clássico Vovô teve um cenário só. Neste cenário, o Botafogo, mesmo com a necessidade (quase obrigatoriedade) de vencer, se mostrava repleto de cautela, postando oito homens à frente do goleiro Jefferson e com apenas Carlos Alberto e Jobson mais soltos para agir ofensivamente. O Fluminense, por sua vez, controlava a posse de bola e atacava com laterais, volantes, meias e Fred.

No entanto, mesmo com toda a categoria de Conca para realizar a transição defesa-ataque com dribles, passes e lançamentos, o Fluminense demonstrava uma incapacidade enorme para transformar o maior volume de jogo em chances de gols. A infertilidade ofensiva tricolor era tão grande que qualquer tentativa de se aproximar da meta alvinegra se dava apenas através de bolas alçadas sobre a área. Bolas estas que os zagueiros Dankler e André Bahia facilmente impediam de chegar à cabeça de Fred ou quem vestisse três cores, até que Edson aproveitou uma delas para abrir o placar.

Abre parêntese. Edson, autor de mais um gol importantíssimo para o Fluminense, assim como o que havia marcado diante do Santos, na Vila Belmiro, há menos de um mês, não pode mais sair do time até o fim do campeonato. Não só pelos gols, mas pela vitalidade que, ao lado de Valencia, ele dá ao meio-campo tricolor. Fecha parêntese.

Até marcar seu gol, os ataques do Flu eram tão desérticos que a chance mais clara da partida havia sido botafoguense: aos 25 da etapa inicial, Carlos Alberto pensou e inventou mais do que deveria diante de Diego Cavalieri e desperdiçou uma oportunidade ímpar. Até o fim do clássico, o Alvinegro não teve outra chance de mesma clareza, tanto que, sem condições técnicas, físicas, táticas e psicológicas para esboçar uma pressão após se ver em desvantagem, jamais ameaçou o triunfo tricolor.

Fluminense: Diego Cavalieri; Jean, Marlon, Guilherme Mattis e Chiquinho; Valencia, Edson, Wágner e Conca; Rafael Sóbis (Walter) e Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

Botafogo: Jefferson; Régis, Dankler, André Bahia e Sidney (Bruno Corrêa); Marcelo Mattos, Gabriel, Andreazzi (Bolatti) e Murilo; Carlos Alberto e Jobson (Gegê). Técnico: Vágner Mancini.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O QUE EURICO MIRANDA PODE ACRESCENTAR?


Roberto Dinamite foi uma decepção tão grande como presidente do Vasco que Eurico Miranda voltará a comandar a nau cruz-maltina. O retorno de Eurico a uma posição de protagonismo no futebol brasileiro é tão duro de digerir que fica até difícil saber a partir de qual ponto o assunto deve ser abordado. Tentemos entender o que Eurico pode trazer de benefícios ao Vasco a médio ou longo prazo.

Antes de tudo, gostaria de pedir ao amigo, vascaíno ou não, que esquecesse por alguns minutos (somente os minutos necessários para ler esta coluna, que fique bem claro) as truculências, os autoritarismos e as vigarices que Eurico esbanjou durante seus anos como dirigente, não somente presidente, do Vasco. Deixemos de lado invasões de campo, viradas de mesa, desrespeitos ao torcedor, eleições fraudadas, tratamento inadmissível a ídolos, inimizades com jornalistas que o questionavam... Pensemos apenas no que Eurico é capaz de produzir no futebol de hoje.

Eurico seria capaz de organizar um departamento de marketing que soubesse aproveitar o potencial da torcida vascaína, a quinta maior do país? Seria capaz de fazer São Januário voltar a ser um templo do futebol nacional? Seria capaz de enfrentar as torcidas organizadas? Seria capaz construir todo o suporte exigido para as categorias de base? Seria capaz de oferecer ao elenco cruz-maltino uma estrutura técnica, tática, psicológica e física de alto nível? Seria capaz de desafogar o clube das dívidas com planejamento econômico? Não, não, não, não e não.

Mesmo que esqueçamos suas atitudes inesquecíveis que mancharam a história do Vasco, fica impossível ver algo positivo no futuro do clube com a volta de Eurico. Apenas com totalitarismo ele não conseguirá cumprir sua promessa de fazer o Vasco voltar a ser respeitado. A missão de presidir um clube de futebol nos dias de hoje pede conhecimentos e capacidades que Eurico jamais teve.

É uma pena que Eurico não tenha seguido as palavras que me disse há quatro anos, num banquinho de uma feira de futebol, quando afirmou que jamais voltaria a ser presidente do Vasco.

COPA DO BRASIL 2014 – FINAL – ATLÉTICO MINEIRO X CRUZEIRO



Atlético Mineiro 2 x 0 Cruzeiro – Independência, Belo Horizonte (MG)

Atlético Mineiro faz valer o mando de campo, bate o rival Cruzeiro por 2 a 0 e larga na frente na decisão da Copa do Brasil.

Por haver um amanhã, ou melhor, um dia 26 de novembro, data do jogo de volta, nem o Atlético nem o Cruzeiro se lançou ao ataque insandecidamente no Indepêndencia. O Galo, apoiado por sua imparável torcida, até poderia ter partido à frente com mais ímpeto, porém, o gol de cabeça marcado por Luan, logo aos 7 minutos da etapa inicial, trouxe a possibilidade de chamar a Raposa para o seu campo. Pois não só a chamou como a enjaulou...

Conhecido por seu poderio ofensivo avassalador, o Cruzeiro até tentou se aproveitar da postura mais conservadora dos atleticanos e tramar algumas ações ofensivas. Contudo, tanto pela falta de inspiração de seus principais nomes – Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart estiveram irreconhecíveis –, como pela apresentação impecável da retaguarda alvinegra, os azuis deram pouquíssimo trabalho ao goleiro Victor.

Falei da impecável retaguarda alvinegra e vou dar nome aos bois, ou melhor, aos galos... O jovem Jemerson, um pouquinho afobado no início, ganhou confiança e tomou conta de Marcelo Moreno, enquanto seu parceiro, o veterano Leonardo Silva, uma vez mais foi perfeito nas bolas aéreas. No meio-campo (os modernos diriam na volância), Leandro Donizete e Josué marcaram forte demais, sem violência, e, com o apoio de Luan e Carlos pelos flancos, controlaram bem o setor.

Satisfeito com a vantagem de um a zero e com o adversário muito bem controlado, o Atlético pouco se arriscava no ataque, mas este pouco foi o suficiente para ganhar um lateral daqueles que o Marcos Rocha transforma em escanteio com as mãos. Resultado: depois de arremesso no pagode azul, Carlos fez o pivô e Dátolo, aos 13 do segundo tempo, ampliou o escore.

A partir daí, a Raposa perdeu a pouca força que tinha, o Galo se mostrou algo mais assanhado do que quando vencia por um a zero e, se não fossem duas difíceis defesas do Fábio nos últimos minutos, a vantagem alvinegra seria ainda maior para o embate decisivo de daqui a duas semanas, no Mineirão.

Atlético Mineiro: Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Douglas Santos; Josué e Leandro Donizete; Luan (Marion), Dátolo e Carlos; Diego Tardelli. Técnico: Levir Culpi.

Cruzeiro: Fábio; Mayke, Léo, Bruno Rodrigo e Samudio; Lucas Silva (Nilton) e Henrique; Éverton Ribeiro (Júlio Baptista), Ricardo Goulart (Dagoberto) e Willian; Marcelo Moreno. Técnico: Marcelo Oliveira.

domingo, 9 de novembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 33ª RODADA – GRÊMIO X INTERNACIONAL


Grêmio 4 x 1 Internacional – Arena Grêmio, Porto Alegre (RS)

Grêmio come a bola, goleia o Internacional na Arena e, de quebra, ainda toma o lugar no rival na zona de classificação para a Libertadores.

Intensidade e imprevisibilidade. Estas são as duas palavras que melhor ilustram a atuação magnífica do Grêmio diante de seu maior rival. Comecemos pela intensidade. Fosse na transição defesa-ataque, na marcação por pressão, na recomposição após perder a posse da bola, na ocupação de espaços ou nas divididas, os tricolores se mostraram muito mais vigorosos e atentos do que os colorados.

No setor de meio-campo, por exemplo, Fellipe Bastos, Walace e Ramiro estavam tão ligados que não permitiram que Alex e D’Alessandro tivessem um metro ou um segundo de liberdade para criar, enquanto, na defesa, Rhodolfo colocou a estrela de xerife no peito e tomou conta da grande área. O Grêmio se fechou com tamanha solidez que Marcelo Grohe só foi exigido em chutes longos e bolas alçadas na área.

Toda esta intensidade gremista, porém, não seria capaz de, sozinha, levar o time de Felipão a uma vitória tão estupenda. A ela devemos somar a imprevisibilidade dos avantes tricolores. Durante uma hora de confronto, Dudu e Luan infernizaram a retaguarda vermelha com dribles e arrancadas que colocaram dois a zero no placar (gols do próprio Luan, aos 27 da etapa inicial, e Ramiro, aos 3 da final).

Aos 15 do segundo tempo, o Inter, ainda sem conseguir penetrar na defesa gremista, diminuiu o escore com uma bomba de fora da área do Rafael Moura. O aperto no placar, porém, não abalou o Grêmio, principalmente devido às entradas de Giuliano e Alan Ruiz, que encheram o time com ainda mais criatividade.

As duas apostas felipônicas entraram exalando inspiração, passes macios e dribles desconcertantes, e dois gols de Alan Ruiz, aos 30 e 37, acabaram com qualquer pretensão vermelha. Do último tento em diante, o futebol deu lugar a discussões, acusações, empurrões e um baita de um pega-pra-capá, mas nada capaz de apagar a apresentação fervorosa e brilhante do Grêmio.

Grêmio: Marcelo Grohe; Pará, Pedro Geromel, Rhodolfo e Zé Roberto; Walace e Fellipe Bastos; Ramiro (Giuliano), Luan (Alan Ruiz) (Matheus Biteco) e Dudu; Barcos. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Internacional: Alison; Wellington Silva, Ernando, Alan Costa e Alan Ruschel; Willians e Aránguiz; D’Alessandro, Alex (Valdívia) e Alan Patrick (Rafael Moura); Nilmar (Taiberson). Técnico: Abel Braga.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

OS AMANTES DO IMPROVÁVEL



Muitos vão dizer que o Flamengo começou a perder a vaga na final da Copa do Brasil quando Gabriel, seu jogador mais criativo, se contundiu no último fim de semana. Alguns falarão que a derrota carioca teve os seus primeiros contornos nas substituições realizadas por Vanderlei Luxemburgo, logo após o Atlético Mineiro virar o placar, em meados da etapa final. Porém, amigos, o início do revés flamenguista se deu quando Everton fez um a zero para os rubro-negros. A partir dali, diante do improvável, do quase impossível, o Galo chegou à situação que queria.

Enquanto o Atlético precisava de dois gols para levar a partida para os pênaltis, o jogo se mostrava bem encaminhado para o Flamengo, que, apesar de sofrer com as bolas aéreas, conseguia segurar o ímpeto do rival. Tão à vontade estava o Fla que, aos 33, veio o citado gol de Everton. Agora, o Galo necessitava de quatro gols para avançar. Agora, só um milagre salvaria. Agora, só restava lutar, lutar e lutar. Agora, os gritos de “Eu acredito!!!” faziam sentido. Agora, era um por um, um por todos, todos por um, todos pelo Atlético e todos pelos atleticanos. Agora, o Atlético tinha pela frente o jogo que mais gosta de jogar.

É um jogo que ainda pode ser chamado de futebol, mas é um futebol que eleva a entrega e o controle emocional ao máximo. Neste jogo, a qualidade técnica e organização tática se tornam coadjuvantes da intensidade física e da concentração psicológica. A sensação é que os que vestem preto e branco parecem dar choque. Os homens de trás vão ao ataque. Os homens de frente se multiplicam. Leonardo Silva consegue subir ainda mais alto do que o anormal que já sobe. Diego Tardelli atua, simultaneamente, como ponta direita, ponta esquerda, ponta de lança e centroavante. Luan deixa em campo todo o suor possível a um ser humano. Até que os gols começam a sair...

Um com Carlos, dois com Maicosuel, três com Dátolo, quatro com Luan... Parou no quatro porque era o necessário, pois se precisasse de mais estes atleticanos que ignoram, ou melhor, que amam o improvável iriam buscar. E alguém duvida de que eles alcançariam?

domingo, 2 de novembro de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 32ª RODADA – CRUZEIRO X BOTAFOGO

Cruzeiro 2 x 1 Botafogo – Mineirão, Belo Horizonte (MG)

Botafogo luta até final, mas não consegue reverter a vantagem que o Cruzeiro abriu em 15 minutos e segue na zona de rebaixamento do Brasileirão.

Durante a etapa inicial, principalmente na primeira metade dela, o Cruzeiro fez transparecer toda sua superioridade técnica, física, psicológica e tática em relação ao Botafogo. Marcou por pressão, trabalhou a bola, se movimentou com fluidez, lançou e passou com precisão e não encontrou dificuldades para fazer dois a zero, gols de Marquinhos, aos 4 minutos, e Egídio, em certeira cobrança de falta, aos 15.

O Botafogo, abatido com a situação mais que ameaçadora em termos de tabela e com a desvantagem no placar, dominado taticamente e com erros técnicos tanto na tentativa de organizar tramas de ataque como na de proteger a própria meta, se mostrou uma presa fácil no primeiro tempo, mas, pelo menos, voltou do intervalo com mais iniciativa.

Com aquela mentalidade de perdido por dois, perdido por mil, o Alvinegro encheu o peito de ar e se lançou ao ataque, mas, verdade seja dita, foi o Cruzeiro quem, comandado pelas imprevisibilidades do Éverton Ribeiro e potência do Mayke, começou a criar chances de gols. Em 16 minutos, Marcelo Moreno teve três grandes oportunidades de ampliar o escore, mas, quando conseguiu acertar o alvo, o arqueiro Jefferson estava atento e bem posicionado para evitar.

A entrada de Jóbson, o desgaste físico de ambos os lados que abriu o meio-campo e uma certa acomodação do Cruzeiro fizeram com que o Botafogo começasse a se aproximar da área azul, mas como as tramas alvinegras não possuíam a mesma qualidade e solidez das cruzeirenses, Jefferson continuou aparecendo mais do que Fábio.

A dedicação botafoguense só viria a ser recompensada nos acréscimos, quando o zagueiro Léo empurrou a redonda contra o próprio patrimônio e deu números finais ao duelo. Números finais que mantêm o Cruzeiro firme e forte rumo ao Bi e o Botafogo ainda no purgatório.

Cruzeiro: Fábio; Mayke, Dedé, Léo e Egídio; Lucas Silva (Nilton) e Henrique; Éverton Ribeiro (Willian Farias), Júlio Baptista (Dagoberto) e Marquinhos; Marcelo Moreno. Técnico: Marcelo Oliveira.

Botafogo: Jefferson; Régis, Dankler, Rodrigo Souto e Júnior César; Andreazzi (Aírton), Bolatti (Ramírez), Gabriel e Murilo; Carlos Alberto e Rogério (Jóbson). Técnico: Vágner Mancini.

sábado, 1 de novembro de 2014

OUTUBRO, O MÊS DO GABRIEL


Era o primeiro dia do mês de outubro, e o Flamengo estava em Natal para enfrentar o América, pelas quartas de final da Copa do Brasil. O jogo, como se esperava, foi encardido, e, no fim, o Fla conquistou uma importante vitória por um a zero, gol do meia Gabriel, que saíra do banco de reservas. Ali, naquele momento, ninguém podia imaginar, mas este tento marcaria o florescer de todo o talento do simpático baiano Gabriel, contratado junto ao Bahia, no início de 2013.

Mesmo sem ser titular, Gabriel mostrou, nas vitórias maiúsculas contra o Figueirense e Cruzeiro, quando inclusive deixou sua marca em um belíssimo gol, que alguma coisa estava mudando em seu futebol. Seria confiança? Posicionamento? Inspiração? Preparação? Diria que um pouco de cada, pois, no futebol, o psicológico, o tático, o técnico e o físico se influenciam e se somam.

Três dias depois do triunfo sobre o líder Cruzeiro, Gabriel voltaria a sair do banco para marcar diante do América de Natal, no jogo de volta da Copa do Brasil, e garantir o Flamengo nas semifinais do torneio. A partir daí, sua titularidade se tornou inquestionável. Agora, Gabriel precisava mostrar que, como diz o chavão, não era um “jogador de segundo tempo”.

Pois bem, se quando saía do banco o ensaboado baiano atormentava os adversários, a vaga no onze inicial o deixou ainda mais infernal. O primeiro espetáculo do titular Gabriel veio diante do Internacional, quando assinalou os dois gols da vitória. O segundo, e este um baita de um show, veio contra o Atlético Mineiro, pela Copa do Brasil. No embate com o Galo, Gabriel só não fez gol, mas nem precisou, pois correu, marcou, passou, apanhou, se dedicou e driblou. Driblou muito! Driblou demais!

Sei que seria muito pedir à CBF, uma entidade incapaz de não deixar as rodadas dos torneios nacionais coincidirem com os jogos da Seleção, que realizasse medidas que para promover e exaltar mais o nosso futebol. Uma destas medidas que sem dúvidas teria apelo popular seria a escolha do melhor jogador que atua no país a cada mês. Caso existisse esta premiação, a de outubro seria enviada hoje mesmo para o endereço de Gabriel.