domingo, 31 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 18ª RODADA – CORINTHIANS X FLUMINENSE


Corinthians 1 x 1 Fluminense – Arena Corinthians, Itaquera (SP)

Fred abre placar de pênalti, Romarinho marca golaço e Fluminense e Corinthians empatam no Itaquerão. Resultado mantém Timão na quarta colocação, uma posição acima do Tricolor.

Um rabugento não teria dúvidas em dizer que o Fluminense foi para o intervalo com a vitória parcial por ter sido “menos pior” do que o Corinthians. Até porque, cá entre nós, o Corinthians foi pavoroso nos primeiros 45 minutos, sem conseguir organizar sequer uma trama ofensiva com a bola rolando, com Elias, Lodeiro e Jádson de uma infertilidade sem tamanho, e exagerando nos chutões para frente. O Tricolor, longe de estar em uma tarde criativa, pelo menos foi mais consciente para realizar a transição defesa-ataque com a bola pelo chão, o que acabou por lhe render melhores momentos. Enquanto o Corinthians assustou apenas com o Romero, num bate-rebate originado em córner, o Flu levou perigo em um potente chute longo do Jean e abriu o placar aos 40, quando Fred converteu pênalti que Gil cometera em Wágner.

Na busca por melhorar a troca de passes do Corinthians, até porque era impossível piorá-la, Mano Menezes lançou mão de Renato Augusto. Inicialmente, o Alvinegro até rascunhou uma imposição ofensiva, mas, nos contra-ataques, foi o Fluminense quem construiu duas ótimas oportunidades para ampliar a vantagem e encaminhar o triunfo, ambas com a dupla Conca/Fred. O Flu, porém, não as converteu, e ainda cometeu o pecado de dar liberdade a Renato Augusto, que já estava bem e ficou ainda melhor. Aos 28, Renato Augusto fez linda jogada com Romarinho, que empatou o escore. Nos 10 minutos seguintes, o meia finalizou, passou, driblou e o Corinthians criou três chances para virar. Na melhor delas, Romero carimbou o poste.

Pelos elencos que possuem, não é nenhum exagero dizer que Flu e Corinthians ficaram devendo. Os tricolores não passaram nem perto de exibir o bom jogo de troca de passes que há um mês se via, enquanto os alvinegros contaram com somente 15 ótimos minutos do Renato Augusto. Muito pouco.

Corinthians: Cássio; Ferrugem (Fágner), Gil, Anderson Martins e Fábio Santos; Elias e Ralf; Jádson (Luciano) e Lodeiro (Renato Augusto); Romarinho e Romero. Técnico: Mano Menezes.

Fluminense: Kléver; Bruno, Henrique, Elivélton e Chiquinho (Kenedy); Jean e Diguinho; Rafael Sóbis (Gustavo Scarpa), Conca e Wágner (Carlinhos); Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CORITIBA 1 X 0 ATLÉTICO MINEIRO - 1985


Coritiba 1 x 0 Atlético Mineiro

Campeonato Brasileiro 1985 – primeiro jogo da semifinal

Data: 24 de julho de 1985

Estádio Couto Pereira, Curitiba (PR)

Coritiba: Jairo; André, Heraldo, Gomes e Dida; Almir, Toby e Marco Aurélio; Edson, Gil e Índio. Técnico: Ênio Andrade.

Atlético Mineiro: João Leite; Nelinho, Luizinho, Olivera e Jorge Valença (João Luís); Elzo, Éverton e Paulo Isidoro; Sérgio Araújo, Edvaldo e Reinaldo. Técnico: Cento e nove.

Gol: Heraldo (Coritiba), aos 13’ do segundo tempo.

Depois de um frágil primeiro turno, uma recuperação brilhante para vencer o seu grupo no returno e o triunfo subsequente numa chave que contava com Sport, Joinville e Corinthians, o Coritiba chegava a fase semifinal do Brasileirão de 1985 para encarar seu maior desafio: um Atlético Mineiro que era uma verdadeira seleção em preto e branco. Com o goleiro João Leite, o lateral Nelinho, o zagueiro Luizinho, o meia Paulo Isidoro e, principalmente, o atacante Reinaldo, pode-se dizer, sem exageros, que o Galo contava com um cracaço em cada setor.

O jogo de ida, disputado num Couto Pereira lotado, teve momentos de agitação dentro e fora de campo. Fora dele, um apagão paralisou o confronto durante 20 minutos e o coxa-branca Edson ainda foi atingido por uma garrafa atirada por sua própria torcida, que, com certeza, não o visava. Dentro das quatro linhas, o Coritiba, com duas bolas na trave, ameaçou mais a meta defendida pelo João Leite do que o Atlético assustou o arqueiro Jairo. Aqui uma baita de uma curiosidade: João Leite e Jairo são os jogadores que mais vezes vestiram a camisa do Atlético Mineiro e do Coritiba, respectivamente.

No fim do jogo, o Coritiba acabou por levar a melhor com um gol do lateral Heraldo e garantiu a vantagem do empate para o jogo de volta, no Mineirão. Vantagem que, por sinal, se mostrou mais do que essencial, pois o confronto em BH terminou com o placar mudo e colocou o Alviverde na decisão do campeonato. Mas, este, amigos, já é outro bate-papo...

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

COPA DO BRASIL 2014 – OITAVAS DE FINAL – CORITIBA X FLAMENGO


Coritiba 3 x 0 Flamengo – Couto Pereira, Curitiba (PR)

De forma irresponsável, Flamengo poupa seis titulares, leva um baile do Coritiba e praticamente dá adeus à Copa do Brasil.

A opção do treinador flamenguista Vanderlei Luxemburgo por poupar mais da metade dos titulares foi imprudente e impactou de forma direta na atuação horripilante da equipe no Couto Pereira. Cá entre nós: se pouco mais de um mês após ter passado 45 dias sem entrar em campo por causa da Copa do Mundo o Flamengo precisa poupar seis dos onze titulares, o planejamento de preparação física da equipe pode ser jogado no lixo.

Com uma equipe toda remendada e cheia de improvisações, o Flamengo não passou nem perto do bom jogo de passes e do ímpeto ofensivo que apresentara contra o Criciúma, no último domingo. A ausência de Léo Moura fez com que a bola rubro-negra não saísse pelo chão, mas sim com chutões para onde o nariz apontava. Luiz Antônio, seu substituto na lateral-direita, não só foi nulo com a bola nos pés, nas poucas vezes que a teve, como levou um banho de bola de Zé Love, que atuou quase sempre como um ponta.

Pelo outro lado, o esquerdo, Everton sentiu falta do lateral João Paulo, pois, com o zagueiro Samir improvisado na posição, o Fla nada criou pelo setor. Na realidade, não criou uma jogada por setor algum, e, para piorar, ainda foi incapaz de neutralizar as ações paranaenses. Além de Zé Love, que esteve infernal, os meio-campistas Gil e Robinho encontraram liberdade para fazer o que bem entendessem. E fizeram demais!

Robinho, por exemplo, bateu o córner que originou o gol de cabeça do Leandro Almeida, cruzou para o zagueiro flamenguista Marcelo (em noite tenebrosa) fazer gol contra e deu o passe para o arisco Élber sofrer pênalti do mesmo Marcelo – Zé Love converteu. Todos os gols no segundo tempo, mas o Coritiba já dominava o embate desde a metade da etapa inicial.

E assim, com uma apresentação patética onde poderia até ter sido goleado, o Flamengo colheu os frutos da atitude desleixada de poupar meio time numa competição de grande relevância nacional.

Coritiba: Vanderlei; Norberto (Reginaldo), Luccas Claro, Leandro Almeida (Bonfim) e Carlinhos; Hélder, Gil e Robinho; Dudu, Martinuccio (Élber) e Zé Love. Técnico: Marquinhos Santos.

Flamengo: Paulo Victor; Luiz Antônio, Marcelo, Chicão e Samir; Márcio Araújo (Canteros) e Amaral; Nixon (Gabriel), Lucas Mugni (Paulinho) e Everton; Eduardo da Silva. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

100 ANOS DO VERDÃO


Um tema ainda muito pouco estudado no esporte, em geral, e no futebol, em particular, é o carisma. No entanto, aposto que foi “culpa” dele, do carisma, o fato de eu tanto ter me interessado, quando ainda começava meu caso de amor com a história futebolística, pela vida de Heitor Domingues, Oberdan Cattani e Ademir da Guia, três palmeirenses até a alma.

Ainda adolescente, com aquela boa mania de decorar tudo que pudesse ser listado, rapidamente guardei na cabeça que o maior artilheiro da história alviverde chamava-se Heitor Domingues, centroavante das décadas de 10 e 20. Porém, mais importante ainda foi descobrir que quando ele entrava em campo para marcar um gol atrás do outro, o Palmeiras ainda se chamava Palestra Itália. Daí para interessar-me mais pela vida do clube e pela imigração italiana no Brasil foi um pulo.

Fico triste de não ter conhecido Oberdan Cattani quando ainda era criança, para ter a oportunidade de gritar “Oberdaaaaaan” a cada bola catada quando eu fazia às vezes de goleiro para defender o portão do vizinho. Foi através da biografia deste inigualável arqueiro que também aprendi como as guerras influenciam o esporte. Em 1942, quando da II Guerra Mundial, o presidente Getúlio Vargas ordenou a troca de nome dos clubes relacionados com Itália, Espanha e Alemanha. Assim, o Palestra Itália virou Palestra São Paulo, que virou Palmeiras, nome que já nasceu campeão, pois logo em seu primeiro jogo conquistou o Paulista de 1942.

A possibilidade de o futebol ser interpretado como arte e como poesia eu comecei a tomar conhecimento através do encantamento gerado por qualquer palavra intencionada em traduzir o jogo do Divino Ademir da Guia. Sempre que me deparo com o desespero de um jogador diante da bola fico a pensar na calma dos sábios de Ademir da Guia, gênio capaz de fechar os olhos e dizer a posição de todos os outros 21 jogadores em campo e até a do juiz. Um dos símbolos de uma época em que o futebol brasileiro transbordava categoria e o símbolo máximo do futebol chamado acadêmico.

Ao recordar Heitor Domingues, Oberdan Cattani e Ademir da Guia, apenas três dos muitos ícones que fizeram a história alviverde, gostaria, primeiro, de agradecê-los por terem me apresentado muito deste fascinante e infinito Planeta Bola, e, segundo, parabenizar o Palmeiras pelos primeiros 100 anos de vida.

Parabéns, Verdão!

domingo, 24 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 17ª RODADA – CRICIÚMA X FLAMENGO


Criciúma 0 x 2 Flamengo – Heriberto Hülse, Criciúma (SC)

Eduardo da Silva e Lucas Mugni novamente saem do banco para colocar fogo no jogo e Flamengo chega a quarta vitória seguida ao bater o Criciúma por dois a zero.

No contundente triunfo sobre o Criciúma no Heriberto Hülse, o maior mérito do Flamengo foi ignorar o fato de ser um visitante e tomar iniciativa desde o apito inicial. O Rubro-Negro pode até não ter sido avassalador na etapa inicial, e realmente não foi, mas foi intenso o suficiente para dominar as ações ofensivas durante 30 minutos e criar três ótimas oportunidades de gols: duas cabeçadas do zagueiro Marcelo, uma delas na trave, e um lindo arremate do Léo Moura que triscou o travessão.

Neste período de meia hora de domínio, os maiores destaques flamenguistas foram a movimentação de Canteros e a dobradinha Everton/João Paulo pelo flanco esquerdo, ambos em ótima jornada. Já os principais problemas foram a improdutividade de Márcio Araújo aberto pela direita e a falta de participação da dupla de ataque formada por Nixon e Arthur. E estes foram justamente os pontos modificados pelo treinador Vanderlei Luxemburgo, aos 13 minutos do segundo tempo, período no qual o Criciúma já havia conseguido controlado o ímpeto rubro-negro e equilibrado o embate.

Lucas Mugni e Eduardo da Silva entraram nos lugares de Márcio Araújo e Nixon e não somente deram nova vida ao Flamengo como converteram a superioridade nos dois gols da vitória: o primeiro, aos 32, Mugni assinalou em pênalti que ele mesmo havia sofrido, e, depois, aos 36, Eduardo apareceu dentro da área para fechar o placar. Vale ressaltar que ambos os tentos nasceram em jogadas bem trabalhadas, assim como o Fla também teve tranquilidade e qualidade para aproveitar a vantagem de um homem a mais (João Vitor fora expulso ao cometer o pênalti) e seguir trocando passes até o apito final.

Dizem que a chegada de um novo treinador traz mais energia e disposição ao time, mas Luxemburgo tem dado mais ao Flamengo, que já começa a encorpar taticamente apesar do pouco tempo de trabalho.

Criciúma: Luiz; Eduardo, Fábio Ferreira, Gualberto e Cortez; Rodrigo Souza, Cleber Santana, João Vitor e Paulo Baier (Ricardo Costa); Silvinho (Serginho) e Souza (Danilo Alves). Técnico: Wagner Lopes.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Marcelo, Wallace e João Paulo; Cáceres, Canteros, Márcio Araújo (Lucas Mugni) e Everton; Nixon (Eduardo da Silva) e Arthur (Gabriel). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO – CORINTHIANS 1 X 2 GRÊMIO – 1982


Corinthians 1 x 2 Grêmio

Campeonato Brasileiro de 1982 – primeiro jogo da semifinal

Data: 11 de abril de 1982

Morumbi, São Paulo (SP)

Corinthians: César; Zé Maria, Gomes, Wágner e Wladimir; Paulinho, Zenon (Joãozinho) e Sócrates; Eduardo (Mário), Casagrande e Biro Biro. Técnico: Mário Travaglini.

Grêmio: Leão; Paulo Roberto, Vantuir, De León e Paulo César; Batista, Paulo Isidoro e Bonamigo; Tarciso, Baltazar (Paulinho) e Tonho (China). Técnico: Ênio Andrade.

Gols: Paulo Roberto (Grêmio), aos 5’ e Tarciso (Grêmio), aos 19’ do primeiro tempo. Sócrates (Corinthians), aos 5’ do segundo tempo.

Após bater o São Paulo na final do Brasileiro de 1981 e levantar o primeiro caneco nacional de sua história, o Grêmio voltou ao Morumbi em 1982 para mais um jogo de caráter decisivo, desta vez contra o Corinthians e pela fase semifinal. Assim como no triunfo histórico diante do São Paulo, lá estavam craques do quilate do goleiro Leão, do zagueiro De León, do volante Batista, do meia Paulo Isidoro, do ponta Tarciso e do centroavante Baltazar.

O Corinthians, por sua vez, chegava para lutar por uma vaga na decisão depois de ter disputado a Taça de Prata (a segunda divisão da época, que dava vaga para o campeonato da primeira divisão do mesmo ano) e ganhado força e confiança ao passar, junto com o Flamengo, por um grupo da morte que ainda tinha Atlético Mineiro e Internacional. Comandado pelo genial Sócrates e com toda a torcida a seu favor, o Timão era só esperanças para realizar uma grande apresentação no jogo de ida e largar na frente.

No entanto, com menos de 20 minutos de jogo o Grêmio já havia mostrado toda sua força ao abrir dois a zero no placar, gols de Paulo Roberto e Tarciso. O Corinthians partiu com tudo na busca por diminuir o prejuízo, mas defesas sensacionais de Leão, uma atuação impecável de De León e o grande posicionamento de Batista à frente da zaga dificultaram, e muito, a vida dos paulistas, que só conseguiram superar a muralha tricolor na base do talento de Sócrates: o Doutor deixou sua marca de cabeça, aos 5 minutos da etapa final, e quase empatou em um lance esplêndido em que chapelou o zagueiro Vantuir e finalizou para defesa de Leão.


No fim, o Grêmio acabou levando a melhor e deixou muito bem encaminhada a classificação para a decisão, classificação esta que iria confirmar três dias depois, com nova vitória, desta vez no Olímpico.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 16ª RODADA – FLAMENGO X ATLÉTICO MINEIRO


Flamengo 2 x 1 Atlético Mineiro – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

No embalo de Eduardo da Silva e 40 mil torcedores, Flamengo vence Atlético Mineiro de virada e passa a respirar sem aparelhos no Brasileirão.

Após abrir o placar logo aos 9 minutos, com um belo gol de Maicosuel, que superou três defensores, o Atlético Mineiro adotou a postura conservadora que qualquer time brasileiro atualmente tem quando sai em vantagem fora de casa: recuar por completo e apostar somente no contra-ataque. Convenhamos, com um tripé de meias ofensivos formado por Maicosuel, Dátolo e Diego Tardelli, o Galo poderia e deveria ter uma estratégia menos cautelosa.

A desvantagem no placar fez o Flamengo se ver no seguinte cenário: a obrigação de atacar com um meio-campo formado por cinco volantes. Obviamente as ações ofensivas rubro-negras não foram criativas o suficiente para ameaçar a meta atleticana, nem mesmo após a entrada do atacante Nixon no lugar de Luiz Antônio, aos 25. Faltava ao Flamengo quem soubesse tratar a redonda no campo de ataque. Os mais categóricos do time eram Léo Moura e Canteros, que fizeram a bola do Fla sair pelo chão. Porém, ao chegar na intermediária ofensiva, o time parecia não ter nem ideia de como criar um dos chamados melhores momentos televisivos.

O Atlético sem querer a bola e o Flamengo sem saber o que fazer com ela. Assim transcorreram a etapa inicial e os primeiros minutos da final, até que Luxemburgo, aos 16, lançou mão de Mugni e Eduardo da Silva, dos jogadores que se entendem melhor com a pelota do que os que então formavam o ataque rubro-negro. E o resultado veio mais rápido do que qualquer um podia imaginar. Menos de dez minutos após as substituições o Flamengo já vencia o confronto, com gols de Léo Moura, em pênalti sofrido por Eduardo da Silva, e outro, de cabeça, do próprio Eduardo, o dono da noite.

Agora, com 15 minutos por jogar, o Atlético tinha que trocar o chip e se lançar ao ataque. Porém, depois de passar mais de uma hora apenas se defendendo, o Galo não conseguiu impor uma pressão, assustou apenas em cabeçada de André e o Fla chegou a seu quarto triunfo em cinco jogos.

Flamengo: Paulo Victor; Léo Moura, Marcelo, Wallace e João Paulo; Cáceres, Luiz Antônio (Nixon), Canteros, Márcio Araújo (Mugni) e Everton; Arthur (Eduardo da Silva). Técnico: Vanderlei Luxemburgo.

Atlético Mineiro: Victor; Alex Silva, Jemerson, Edcarlos e Pedro Botelho; Josué e Rafael Carioca (Claudinei); Maicosuel (Luan), Dátolo e Diego Tardelli; Jô (André). Técnico: Levir Culpi.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

PENSAR EM TÍTULOS

A precoce eliminação da Copa do Brasil e consequente integração na Copa Sul-Americana de Fluminense, Internacional e São Paulo fez com que estas duas competições fossem comparadas nos últimos dias. No entanto, a principal questão levantada não foi qual conquista traria mais prestígio ao campeão, se a da Copa do Brasil ou a da Copa Sul-Americana, mas através de qual delas é mais fácil se classificar para a Libertadores.

A valorização da Copa Libertadores pelos clubes brasileiros atingiu tal ponto que esta parece ser a única competição relevante, sendo a Copa do Brasil e a Copa Sul-Americana consideradas apenas caminhos até ela. Na verdade, até mesmo o Campeonato Brasileiro tem sido tratado assim, pois os últimos clubes nacionais que venceram a Libertadores e, consequentemente, se garantiram na edição seguinte do torneio, praticamente abandonaram o Brasileirão.

A sensação que dá é a de que no planejamento dos clubes brasileiros a missão principal é a classificação para a Copa Libertadores. Não pode ser. Fluminense, Internacional e São Paulo, só para citar os três que levantaram a discussão, pelo investimento que realizam na montagem do elenco, com jogadores que recebem salários europeus como Conca, Fred, D’Alessandro, Kaká, Ganso e Pato, têm a obrigação de pensar em títulos. A vaga na Libertadores deve ser encarada como apenas uma consequência.


Hoje, tricolores cariocas, colorados gaúchos e tricolores paulistas se encontram entre os cinco melhores colocados do Campeonato Brasileiro, ou seja, estão mais do que na briga para se classificar para a Libertadores de 2015 através do Brasileirão. Que isto, porém, não lhes tire o ímpeto de lutar pelo título da Sul-Americana. 

domingo, 17 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 15ª RODADA – BOTAFOGO X FLUMINENSE


Botafogo 2 x 0 Fluminense – Estádio Mané Garrincha, Brasília (DF)

Mais certeiro nas finalizações, Botafogo bate Fluminense por 2 a 0 e se afasta da zona da degola. Com a derrota, Tricolor vê a posição no G4 ameaçada.

Tecnicamente, a primeira etapa foi um desastre. Do lado alvinegro, Daniel, Zeballos e Ramírez não conseguiam encaixar tramas nem imprimir velocidade, enquanto, pelo lado tricolor, Conca e Cícero não acertaram passes verticais e os laterais Carlinhos e Bruno não fizeram jogadas de fundo. A pobreza criativa resultou em apenas um lance para se colocar nos melhores momentos televisivos: uma falta para fora cobrada pelo botafoguense Edilson. Muito mais por culpa dos setores ofensivos do que por méritos dos setores defensivos, o fato é que jogo não andou nos 45 minutos iniciais.

A leve superioridade botafoguense no primeiro tempo se tornou mais clara no início da etapa final, período em que Daniel, com um posicionamento interessante, bem próximo ao centroavante Ferreyra, armou duas jogadas finalizadas pelo volante Gabriel e muito bem defendidas pelo arqueiro Cavalieri. O fogo que o Bota começou a colocar neste início virou incêndio entre os minutos 19 e 22, quando Daniel e Zeballos, ambos de dentro da área, colocaram a bola no fundo do barbante. Durante 22 minutos, a intensidade desejada pelo treinador Mancini apareceu.

Agora, com dois gols de vantagem, caberia ao Botafogo tirar o calor da partida e não deixar o rival pressionar, mas a verdade é que o Alvinegro não passou nem perto de conseguir isso. Nos pouco mais de 25 minutos até o apito final, o Fluminense desperdiçou um caminhão de chances de balançar as redes. Algumas, como uma chegada de Sóbis e um chute potente do Jean, o ótimo goleiro Jefferson defendeu. Outras, como dois arremates limpos de Walter e Conca, foram para fora. A mais clara delas, Fred isolou em cobrança de pênalti cometido pelo Julio Cesar em Sóbis.

E assim, depois do Fluminense passar quase meia hora a criar oportunidades e não conseguir transformá-las em gols, o apito final veio para decretar a vitória de um Botafogo que, quando foi melhor, soube como mexer no placar.

Botafogo: Jefferson; Edílson, Bolívar, André Bahia e Junior Cesar (Julio Cesar); Airton e Gabriel; Zeballos, Daniel (Rogério) e Ramírez; Ferreyra (Bolatti). Técnico: Vagner Mancini.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno (Diguinho), Henrique, Elivelton e Carlinhos; Jean e Valencia; Cícero (Walter), Conca e Rafael Sóbis; Fred. Técnico: Cristóvão Borges.

sábado, 16 de agosto de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO – CRUZEIRO 0 X 4 SANTOS - 2012


Cruzeiro 0 x 4 Santos

Campeonato Brasileiro 2012 – 34ª rodada

Estádio Independência, Belo Horizonte (MG)

03 de novembro de 2012

Público: 16.331 pagantes

Cruzeiro: Fábio; Ceará, Rafael Donato (Willian Magrão), Matheus Alves, Everton; Leandro Guerreiro, Sandro Silva (Fabinho), Charles e Montillo; Martinuccio (Wellington Paulista) e Anselmo Ramon. Técnico: Celso Roth.

Santos: Rafael; Galhardo, Bruno Rodrigo, Durval e Juan (Gerson Magrão); Adriano, Henrique, Arouca e Felipe Anderson; Neymar e André (Miralles). Técnico: Muricy Ramalho.

Gols: Neymar (Santos), aos 11’ e Neymar (Santos), aos 35’ do primeiro tempo; Felipe Anderson (Santos), aos 7’ e Neymar (Santos), aos 36’ do segundo tempo.

O Brasileirão de 2012 chegava à reta final e Cruzeiro e Santos não estavam mais na luta pelo título. Na verdade, ambos tinham pequenas chances matemáticas de conseguir uma vaga na Libertadores do ano seguinte. Porém, a pouca relevância em termos de tabela de classificação não impediu que o confronto entre celestes mineiros e alvinegros praianos entrasse para a história do nosso futebol. E tudo por causa de um cracaço de bola. Um cracaço chamado Neymar.

Em novembro de 2012, todos os amantes do bom futebol já tentavam se acostumar com o fato de que ter o Neymar em gramados tupiniquins era um privilégio com os dias contados, pois a qualquer momento a “Europa” chegaria para levar embora seus dribles e gols. Jogos com a Joia em campo eram para ser apreciados como o último biscoito recheado do pacote, e naquele sábado, 3 de novembro, Neymar esteve tão genial que foi apreciado até pelos torcedores adversários.


Com três gols, uma assistência para outro e a impetuosidade característica, Neymar detonou o Cruzeiro no Independência. Foi uma atuação tão acima do normal – e olha que o normal do craque santista em 2012 já era superior a tudo que por aqui se jogava – que provocou uma reação também anormal no torcedor do Cruzeiro, que, mesmo sofrendo as dores de uma goleada por quatro a zero, se levantou para aplaudir e gritar o nome de Neymar. Uma noite em que o futebol-arte superou o fundamentalismo das arquibancadas. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

SAN LORENZO É CAMPEÃO DA COPA LIBERTADORES 2014


San Lorenzo 1 x 0 Nacional – Nuevo Gasómetro, Buenos Aires (Argentina)

No pulsante Nuevo Gasómetro, San Lorenzo bate o paraguaio Nacional e conquista a Libertadores pela primeira vez em sua história.

Os defensores da vitória a qualquer custo dizem que uma decisão não se joga, se vence. Pois estes ganharam mais um exemplo para defender a tese, pois o San Lorenzo passou longe de uma boa atuação, mas teve como mérito saber vencer um jogo nervoso e com um peso histórico enorme.

De maneira até surpreendente, principalmente pelo que se viu nos seus últimos jogos, o Nacional não começou o embate todo socado em seu campo de defesa. Pelo contrário, acertou uma bola na trave com menos de um minuto (arremate do Orué) e chegou a atacar algumas vezes com quatro ou cinco homens, criando mais uma ótima chance, aos 17, em chute longo do volante Torrales.

O San Lorenzo, definitivamente, não se sentia muito à vontade em campo, e trocar passes, uma característica do time, parecia algo dificílimo diante de tamanha tensão. Mas, como falamos antes, o mérito dos argentinos foi saber vencer a final, e quando o lateral paraguaio Coronel meteu a mão na bola dentro da área, aos 34, Ortigoza teve a calma para inaugurar o placar.

O gol fez um bem enorme ao San Lorenzo, que voltou do intervalo mais tranquilo e, enfim, com a bola menos quente em seus pés. Enquanto o Nacional já se agarrava a estratégia do bumba-meu-boi com ainda meia hora por jogar e abusava dos chutões para frente e jogadas aéreas, Ortigoza, Romagnoli e companhia argentina mantinham, sempre que possível, a posse da bola, impedindo que qualquer pressão fosse realizada pelo adversário.

No desespero do “um por todos, todos por um”, o Nacional não conseguiu mais do que uma finalização bem bloqueada com o Bareiro, e, nos contra-golpes, o San Lorenzo até esteve mais perto de ampliar o escore do que de vê-lo ser igualado. Mas não foi preciso. A vitória por um a zero foi mais do que suficiente para abrir as portas da América a mais um gigante. E cá entre nós, quanto tempo vai demorar para que os torcedores do San Lorenzo santifiquem o Papa Francisco?

¡FELICITACIONES, SAN LORENZO!

San Lorenzo: Torrico; Buffarini, Cetto, Gentiletti e Más; Mercier e Ortigoza; Villalba (Kalinski), Romagnoli (Kannemann) e Cauteruccio (Verón) e Matos. Técnico: Edgardo Bauza.

Nacional: Ignacio Don; Coronel, Cáceres, Piris e Mendonza; Riveros, Torrales e Orué (Montenegro); Melgarejo (Lusardi) e Benítez (Santa Cruz); Bareiro. Técnico: Gustavo Morínigo.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

A SUJEIRA DO FAIRPLAY


Infelizmente, a sensação que se tem no futebol é a de que se precisa criar o maior número de mecanismos o possível para que a honestidade prevaleça, pois se depender dos envolvidos no jogo... Vejamos o caso do cada dia mais sujo fairplay.

Cena comum número um: diante de um companheiro seu caído no chão, jogadores de um time decidem dar sequência ao contra-ataque. Porém, perdem a pelota e, instantaneamente, começam a apontar para tudo quando é canto exigindo que o adversário, agora com a posse da bola, a jogue para fora.

Cena comum número dois: como se tivesse acabado de ter a perna amputada sem anestesia, um jogador, obviamente do time em vantagem no placar, rola pelo gramado. O jogo para, o tempo passa, os médicos entram, o tempo passa, o carrinho-maca chega, o tempo passa e o jogador sai de campo. Segundos após, porém, lá está ele, não mais como um moribundo, a acenar para o juiz pedindo pelo retorno.

Cena comum número três: sentindo-se um São Francisco de Assis de tão caridoso, um jogador se posiciona para devolver a bola ao adversário no lance mais representativo do fairplay. No entanto, a devolução é um verdadeiro presente de grego, pois a bola é colocada pela linha lateral de forma que a marcação possa se adiantar para fazer pressão na cobrança do manual.

Estas são apenas três das diversas cenas inescrupulosas que observamos mundo do futebol afora quando o assunto é fairplay. Acabar com a sujeira é muito difícil, mas uma maneira de dificultar a vida dos desleais seria a seguinte: qualquer jogador que for atendido dentro de campo e, para isso, paralisou o jogo, precisará ficar cinco minutos de fora até retornar.

Se o contundido realmente não possuir condições para sair de campo para ser atendido sem que o jogo pare por sua causa, os cinco minutos serão importantes para a sua recuperação, já que a coisa é tão séria que ele não conseguiu sequer caminhar. Se tudo não passar de encenação desonesta, seu time pagará por isso com cinco minutos com um jogador a menos.

domingo, 10 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 14ª RODADA – SANTOS X CORINTHIANS



Santos 0 x 1 Corinthians – Vila Belmiro, Santos (São Paulo)

Robinho reestreia pelo Santos com destaque, mas não evita derrota do Peixe para o rival Corinthians pela primeira vez em sua carreira.

O Santos adotou uma postura tática à moda antiga no primeiro tempo na Vila. Leandro Damião fez o papel de centroavante, Robinho e Thiago Ribeiro foram os pontas, Lucas Lima foi o organizador com passes e Arouca, em jornada excelente, preencheu o meio-campo e apareceu em praticamente todas as ações ofensivas. O Corinthians, apesar da solidez defensiva que os números mostram (apenas quatro gols sofridos em 14 partidas) se viu envolvido pelo ímpeto santista, que criou oportunidades por diversos setores e com diversos jogadores.

Não conseguir superar o goleiro Cássio, apesar de quatro claras oportunidades de balançar as redes, foi o grande pecado santista na primeira etapa. Já o principal demérito corintiano foi a incapacidade assustadora de realizar a transição para o ataque, mesmo diante de um rival todo aberto para os contra-golpes. A velocidade de Romero não foi acionada, Jádson não acertou um passe vertical e Elias só escapou em uma de suas arrancadas típicas nos acréscimos, quando foi derrubado pelo Alisson em lance que resultou na expulsão do volante santista.

O homem a mais corintiano mudou o cenário da etapa final. Agora, o Timão era quem tomava a iniciativa, mesmo sem se sentir à vontade com tal postura, enquanto o Peixe se fechou em duas linhas de quatro e deixou Robinho solto. Na verdade, o cenário tático mudou, mas quem continuou a produzir chances de gol foi o Santos, com o Rei das Pedaladas infernizando os zagueiros Gil e Cleber nas saídas em velocidade. Foi somente após o minuto 30 que o Corinthians começou a exigir trabalho do goleiro Aranha, que se saiu muito bem em arremates de Elias e Ferrugem, porém não foi capaz de evitar a certeira cabeçada do zagueiro Gil.

A sensação após o clássico é a de que o Corinthians, mesmo sem aflorar todo seu potencial, tem time para brigar no topo da tabela. E que Robinho, mesmo sem aflorar todo o seu potencial, vai fazer um bem enorme ao Santos.

Santos: Aranha; Cicinho, Bruno Uvini, David Braz e Zé Carlos; Alisson, Arouca e Lucas Lima; Thiago Ribeiro (Rildo), Robinho (Geuvânio) e Leandro Damião (Alan Santos). Técnico: Oswaldo de Oliveira.

Corinthians: Cássio; Guilherme Andrade (Ferrugem), Cléber, Gil e Fábio Santos; Ralf, Elias, Jádson (Romarinho) e Petros (Renato Augusto); Ángel Romero e Guerrero. Técnico: Mano Menezes.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - CORITIBA X FLUMINENSE - 2009


Coritiba 1 x 1 Fluminense

Campeonato Brasileiro de 2009 – 38ª rodada

Estádio Couto Pereira, Curitiba (PR)

6 de dezembro de 2009

Coritiba: Vanderlei; Rodrigo Heffner (Márcio Gabriel), Pereira, Jeci e Renatinho; Jailton, Leandro Donizete, Pedro Ken (Carlinhos Paraíba) e Marcelinho Paraíba; Marcos Aurélio e Ariel (Rômulo). Técnico: Ney Franco.

Fluminense: Rafael; Cássio, Gum e Dalton; Mariano, Diogo, Maurício, Darío Conca e Marquinho (Dieguinho); Alan (Adeílson) (Equi González) e Fred. Técnico: Cuca.

Gols: Marquinhos (Fluminense), aos 27’ e Pereira (Coritiba), aos 35’ do primeiro tempo.

Foi em 2009 que o Fluminense fez o impossível. Em 31 rodadas disputadas, o Tricolor havia conquistado míseras cinco vitórias, e qualquer cálculo matemático, do mais simples ao mais complexo, apontava para a degola. O rebaixamento era questão de tempo. Mas eis que vieram duas vitórias sensacionais contra os mineiros Atlético e Cruzeiro, times que brigavam na parte nobre da tabela. Nascia o time de guerreiros. Em uma sequência inesquecível para qualquer tricolor, mais quatro triunfos foram alcançados: Palmeiras, Atlético Paranaense, Sport e Vitória. Faltava apenas um passo para o impossível.

O Fluminense chegou à última rodada fora da zona de rebaixamento, mas, em caso de revés, poderia ser ultrapassado por Botafogo e Coritiba. E era justamente o Coritiba o rival da vez, o que tornava o último passo tricolor para a salvação uma batalha sem precedentes. Toda a tensão que seria vivida no Couto Pereira ficou explícita com menos de um minuto de jogo, quando o Coxa quase abriu o placar. A pressão sobre o Tricolor não seria pequena. O gol de Marquinhos, em chutaço de fora da área, poderia tranquilizar a situação do Flu, mas ele foi rapidamente respondido por uma cabeçada do zagueiro Pereira, que igualou o escore em um a um.

No segundo tempo, o Coxa nem criou muitas chances para virar o resultado, mas o nervosismo era palpável na capital paranaense. Qualquer centímetro em qualquer segundo mudariam quem dentre Fluminense e Coritiba iria para o inferno. Quem ousasse encostar em um tricolor ou um alviverde naquele momento corria o risco de levar um choque. E neste cenário chegou o apito final para decretar a impossível salvação do Flu e dar início a uma pancadaria vergonhosa por parte dos desesperados torcedores do Coritiba. Ali, o time de guerreiros conseguia a sua maior façanha.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

COPA LIBERTADORES 2014 – FINAL – NACIONAL X SAN LORENZO


Nacional 1 x 1 San Lorenzo – Defensores del Chaco, Assunção (Paraguai)

San Lorenzo sai na frente com belo gol de Matos, Nacional empata no apagar das luzes em arremate de Santa Cruz e decisão da Libertadores segue aberta.

Durante mais de uma hora de bola rolando, o San Lorenzo foi superior ao Nacional. Não que os argentinos tenham pressionado de forma avassaladora e criado oportunidades de gol a granel, longe disso, mas foram mais conscientes para trocar passes e mostraram mais intimidade com a redonda do que o Nacional, o que não é lá muito difícil. As limitações técnicas dos paraguaios são tão visíveis que o time dava a impressão de querer manter distância da bola, só ousando algo mais assanhado quando ela estava parada.

A superioridade do San Lorenzo poderia ter resultado em vantagem no placar ainda na etapa inicial, mas três boas defesas do goleiro Ignacio Don e a trave (em finalização do lateral-esquerdo Más) pararam o ataque argentino. Aos 19 minutos do segundo, porém, nada impediu o centroavante Matos de concluir com estilo uma bela trama de pé em pé para fazer um a zero. Agora, mesmo sem querer muito, o Nacional teria que atacar.

Seria ingenuidade acreditar que os paraguaios seriam capazes de tramar jogadas refinadas, ainda mais com o peso de lutar contra o relógio em uma decisão de Libertadores. Assim, o Nacional fez o que estava ao seu alcance técnico: começou a alçar bolas na área adversária. Os minutos passavam, a bola mais voava do que rolava e o placar parecia não dava impressão de que iria ser alterado. Mas foi... aos 47 minutos, Lusardi levantou a pelota na base do abafa, Bareiro desviou e Julio Santa Cruz igualou tudo.

No frigir dos ovos, o um a um acabou bom para o San Lorenzo, que está a um empate sem gols, em casa, de deixar de ser o único dos grandes rivais de Buenos Aires sem ter a Libertadores, e bom para o Nacional, que mesmo sem ter ideia de como construir tramas ofensivas conquistou um empate nos acréscimos e se mantém vivo.

Nacional: Ignacio Don; Coronel (Santa Cruz), Cáceres, Piris e Mendonza; Torrales, Arguello e Orué (Lusardi); Melgarejo e Benítez (Domínguez); Bareiro. Técnico: Gustavo Morínigo.

San Lorenzo: Torrico; Buffarini, Fontanini, Gentiletti e Más; Mercier e Ortigoza (Kalinski); Villalba (Verón), Romagnoli (Barrientos) e Piatti; Matos. Técnico: Edgardo Bauza.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

BIBLIOTECA DO FUTEBOLA - NA BÔCA DO TÚNEL

Na centenária história da seleção brasileira, nenhum vexame foi maior do que a recente chinelada mundial alemã. No entanto, estamos longe de viver, hoje, a primeira crise do nosso futebol. Em 1966, a eliminação da Seleção de Pelé e companhia na primeira fase da Copa do Mundo da Inglaterra, quando sonhávamos com o Tri em sequência, foi tal qual uma avalanche na cabeça do torcedor. Assim como agora, falou-se em debater o momento não só da seleção, mas do futebol brasileiro como um todo. O livro Na bôca do túnel, que reúne depoimento de 34 treinadores da época e tem apresentação de João Saldanha, é um prato cheio para se compreender aquele momento caótico, além de tirar algumas lições para a atual crise.


















Na bôca do túnel
Editora Gol

domingo, 3 de agosto de 2014

CAMPEONATO BRASILEIRO 2014 – 13ª RODADA – FLUMINENSE X GOIÁS


Fluminense 2 x 0 Goiás – Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)

Conca joga o fino da bola e comanda o Fluminense na vitória sobre o Goiás que coloca o Tricolor na vice-liderança do Brasileirão.

Diante do Goiás, a opção de Cristóvão Borges por rechear o meio de campo do Fluminense com jogadores de bom toque de bola fez aflorar aquele que talvez seja o maior potencial do Tricolor: a inteligência e a categoria de Conca para trocar passes curtos e encontrar espaço onde parece não existir.

O argentino bom demais de bola auxiliou os combativos Valencia e Jean (que esteve em grande jornada) na transição para o ataque; encontrou a característica infiltração na área de Cícero no lance que resultou no primeiro gol, aos 9 minutos; tramou junto com Wágner pela esquerda; apareceu na pequena área para assustar o David e este empurrar a bola contra o próprio patrimônio no lance que colocou dois a zero no placar, aos 20; acionou a movimentação do Sóbis; buscou o sempre ótimo jogo de pivô do Fred; esbanjou habilidade em dribles curtos. Conca jogou uma barbaridade, mas muito porque seus companheiros também entenderam o esquema tático e apresentaram qualidade para acompanhar o alto nível técnico.

Na etapa inicial, o Fluzão encaixou o jogo de pé em pé em diversas vezes e não é exagero dizer que dominou o Goiás com certa facilidade. No entanto, o Tricolor ainda não tem a maturidade técnica, tática, física e psicológica para passar 90 minutos impondo seu estilo, e o Goiás cresceu um pouco durante o segundo tempo, apesar de não ameaçar seriamente a meta defendida por Cavalieri. Em seu momento mais tímido, perto da metade do segundo tempo, o Flu apresentou dificuldades para contra-atacar – efeitos de um meio-campo mais técnico do que veloz –, mas voltou a ser mais presente no campo de ataque com a entrada de Fred e Chiquinho e por pouco não ampliou vantagem em três lances do Conca, o dono do jogo.

Nas próximas três rodadas, o Fluminense encara adversários da metade inferior da tabela, o que torna o momento propício para o time dar mais maturidade ao esquema e se consolidar de vez na briga pelo caneco.

Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Henrique e Carlinhos; Cícero (Chiquinho), Valencia, Jean e Wágner (Rafinha); Conca; Rafael Sóbis (Fred). Técnico: Cristóvão Borges.

Goiás: Renan; Moisés (Assuério), Jackson, Pedro Henrique e Lima; Amaral e David; Thiago Mendes, Ramón (Esquerdinha) e Erik (Murilo); Bruno Mineiro. Técnico: Ricardo Drubscky.

sábado, 2 de agosto de 2014

JOGOS INESQUECÍVEIS DO BRASILEIRÃO - VASCO 1 X 1 PARANÁ - 1999


Vasco 1 x 1 Paraná

Campeonato Brasileiro 1999 – 14ª rodada da primeira fase

19 de setembro de 1999

São Januário, Rio de Janeiro (RJ)

Vasco: Carlos Germano; Alex Oliveira, Odvan, Mauro Galvão e Maricá (Felipe) (Fabrício); Amaral, Fabiano Eller, Paulo Miranda e Juninho Pernambucano, Donizete (Géder) e Edmundo. Técnico: Antônio Lopes.

Paraná: Régis; Wilson (Patrício), Milton do Ó, Adilson e Branco (Everaldo); Reginaldo, Pingo (Nélio), Fernando Diniz e Hélcio; Jorginho e Washington. Técnico: Valdir Espinosa.

Gols: Edmundo (Vasco), aos 37’ do primeiro tempo e Everaldo (Paraná), aos 38’ do segundo tempo.

Quem nunca ouviu um vascaíno dizer, diante de um erro de arbitragem contra o cruz-maltino, “na época do Eurico Miranda isso não acontecia”? Durante as décadas em que viveu intensamente a vida política do Vasco, Eurico Miranda forjou uma personalidade que lhe fazia parecer o próprio dono do clube, mesmo quando não era nem o presidente. Uma das atitudes que mais contribuiu para a construção da ideia de que o Vasco era propriedade particular de Eurico Miranda se deu em 1999, em duelo contra o Paraná, em São Januário, pela 14ª rodada do Brasileirão.

O pré-jogo foi de pura festa para os vascaínos pela comemoração da partida 500 de Antônio Lopes como treinador do clube, e o belo gol do ídolo Edmundo, aos 37 minutos do primeiro tempo, animou ainda mais o lotado São Januário. Mas antes que a partida chegasse ao intervalo, a felicidade cruz-maltina começou a virar fumaça com a expulsão de Juninho Pernambucano pelo árbitro Paulo César de Oliveira. Com a vantagem numérica, o Paraná voltou mais assanhado para a segunda etapa e começou a criar chances de empatar. A situação, que não era nada confortável para o Vasco, ficou ainda menos com mais uma expulsão, desta vez de Alex Oliveira.

Com dois jogadores a mais, o Paraná se mandou ao ataque e empatou aos 38, em cabeçada de Everaldo. Tudo apontava para uma pressão final paranaense quando, aos 42, Mauro Galvão se tornou o terceiro vascaíno expulso. Com apenas oito jogadores em campo, o Vasco iria conseguir se segurar? Ninguém nunca vai saber, pois o então vice-presidente Eurico Miranda invadiu o gramado bradando que o árbitro Paulo César era um irresponsável, e, por receio de invasão dos torcedores, que gritavam euforicamente “Eurico! Eurico! Eurico!”, a partida foi encerrada, aos 42 minutos, por falta de segurança.

Um dos momentos mais vergonhosos da história do Vasco e do futebol brasileiro, que ficou eternizado na declaração do meio-campista cruz-maltino Paulo Miranda, ainda em campo: “Eles são dirigentes do Vasco, mandam em São Januário e com certeza fazem o que quiserem”.