sábado, 25 de abril de 2009

PAPO CABEÇA - Aposentadoria Precoce

Olá amigos do FUTEBOLA!

Estou aqui para mais uma coluna “Papo Cabeça que, desta vez, vai falar sobre um assunto no mínimo incomum que surgiu no futebol atual. Já conhecemos o caso de jogadores que se aposentaram no auge da carreira, de quem parou de jogar por problemas de contusão, outros estenderam ao máximo o tempo nos gramados e alguns até se arrependeram de ter pendurado as chuteiras e voltaram para as quatro-linhas. Mas jogador se retirar dos campos, com menos de 30 anos, por estar desiludido com o futebol, confesso ser inédito para mim.

A notícia de que o atacante Adriano, da Inter de Milão e Seleção Brasileira, não queria mais jogar bola foi algo que me pegou de surpresa, apesar de saber pela mídia dos problemas que ele enfrentava. Reparem a situação: atacante do time que está prestes a conquistar o Tetra-campeonato Italiano, convocado frequentemente para a Seleção Brasileira e com um salário de aproximadamente R$ 1,3 milhão, Adriano vem a público dizer que estava com saudades de poder andar descalço na favela e soltar pipa. Não foram poucos os que ouvi criticarem, e até xingarem Adriano. “Como pode reclamar da vida ganhando um dinheirão deste?”, gritavam os revoltados. Justamente por receber durante muito tempo “um dinheirão deste”, que Adriano pôde se dar ao luxo de pedir demissão. Não possuo a capacidade de julgar sua decisão, até porque, como disse, conheço seus problemas pessoais apenas pela mídia, na maioria das vezes sensacionalista. Porém, de algo eu tenho certeza. Ele conduziu a situação de maneira equivocada. Adriano não poderia ter tomado uma atitude desta sem antes conversar com seus superiores, sem saber a opinião das pessoas que investiram milhões em sua contratação. Mesmo que sua situação emocional estivesse incontrolável, o respeito profissional deveria prevalecer.

Semanas se passaram e o zagueiro luso-brasileiro Pepe vem aos diários com a seguinte declaração: “Perdi a cabeça durante alguns minutos. Não tenho mais motivação para seguir jogando futebol. Estão sendo os piores dias da minha vida.”. A explicação por ter perdido a cabeça relaciona-se ao fato de ter agredido, durante a rodada passada do Campeonato Espanhol, um adversário caído no chão. Já o fato de não ter motivação para seguir jogando ou estar vivendo um verdadeiro inferno astral futebolístico, não pode ser coisa recente. Declarações como esta não surgem da noite para o dia. Pepe, assim como Adriano, cresceu em um meio simples e sem luxo. Adriano no Rio de Janeiro, Pepe em Maceió. Sua carreira estava em ascensão em Portugal, quando surgiu o Real Madrid com a proposta de 30 milhões de euros por ele. Chegando à Espanha, Pepe, que já possuía uma vida confortável em Portugal, passa a viver como um rei. Uma vez mais semelhante ao caso de Adriano na Itália. A partir do momento em que possui uma excepcional condição financeira, o jogador de origem simples passa a pensar se realmente vale a pena continuar ganhando muito dinheiro e vivendo no desgastante mundo que é um time grande europeu. O fato de poder tomar cerveja sem nenhum repórter para colocá-lo na capa do jornal com a alcunha de alcoólatra, de poder ir a uma festa sem se preocupar de ser acusado de estupro ou de poder ir em uma churrascaria sem o noticiário noturno realizar uma eleição para saber se sua forma física lhe permite, tornam-se sonhos. Resumo de ópera: o desejo de voltar a ter uma vida simples, com o agravante de uma milionária conta bancário, passa a martelar a cabeça do jogador.

Acredito que neste momento, o que vale é a “lei do travesseiro”. Se você ao deitar a cabeça no travesseiro para dormir está infeliz e ao levantar a cabeça do travesseiro, quando acorda, continua infeliz, alguma providência deve ser tomada. Se Adriano e Pepe estão corretos, é um fato que, como citei anteriormente, apenas dados sensacionalistas não me permitem ser definitivo. Porém, em uma situação como esta eu nunca desistiria. Alguns poucos anos de sacrifício não são nada perto do orgulho de encerrar uma carreira com orgulho, com o sentimento de dever cumprido. Por terem motivos para nunca mais querer olhar uma bola de futebol e mesmo assim não jogarem a toalha que Zico e Ronaldo são o que são. Ídolos. Inesquecíceis. Heróis. Exemplos.

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