terça-feira, 19 de junho de 2012

EUROCOPA 2012 - O QUE O BRASIL PODE (RE)APRENDER COM A EURO


Nem a Seleção Brasileira, em sentido estrito, nem o futebol brasileiro, em sentido amplo, reencontrarão seus melhores dias através de um “Ctrl C + Ctrl V” no estilo europeu, até pelo fato de não existir um único modo de jogar no “Velho Continente”. Contudo, utilizar o que a EURO 2012 tem mostrado de melhor como inspiração traria uma evolução imensurável ao jogo verde-amarelo.

Além da diversidade tática – citada aqui mesmo, na semana passada – esta edição da EURO pode ensinar muito para os “professores” e, consequentemente, jogadores brasileiros acerca da importância de centro-campistas que tratem a bola sem pavor, desespero, medo. Não falo dos meias abertos pelos flancos nem dos meias cuja principal missão é abastecer os atacantes. Falo daqueles compromissados tanto com o jogo defensivo quanto com o ofensivo, que devem jogar os 90 minutos – jogar, mesmo, não somente estar em campo – que não podem parar nem quando a redonda sai pela linha lateral, que não podem ganhar o apelido de vagalume devido à alternância de momentos brilhantes e apagados na partida.

Com certeza é muito difícil encontrar jogadores com estas qualidades, todavia, cada vez mais, são eles quem decidem as pelejas. Na estreia russa na EURO, uma goleada de encher os olhos sobre a Tchecoslováquia, a dupla Zyryanov e Shirokov foi espetacular e dominou todo o setor de meio-campo. Porém, nas duas partidas seguintes, a Rússia ignorou exemplos de superação na história e acreditou que somente com sua técnica apurada conquistaria seus objetivos. Não passou pelos aguerridos poloneses e sucumbiu diante da entrega emocionante dos gregos.

Dos muitos – muitos! – motivos que fizeram a Holanda não conquistar um mísero pontinho no torneio encontra-se a presença dos broncos De Jong e van Bommel, titulares contra Dinamarca e Alemanha, como ligantes entre o quarteto de defesa e o de ataque. Na última rodada, contra Portugal, já no desespero, van der Vaart entrou no lugar de van Bommel e, se não foi o suficiente para um triunfo – até porque Cristiano Ronaldo jogou tanto quanto se ama –, pelo menos ele foi o melhor laranja. Já que Portugal entrou no bate-papo, Raul Meireles e João Moutinho, meias que jogam à frente do cão-de-guarda Miguel Veloso e entre os abertos Cristiano Ronaldo e Nani, foram essenciais para a classificação lusitana, com dotes defensivos, intimidade com a redonda e passes conscientes.

Os aplausos mais efusivos quando o assunto é meio-campista dinâmico, dono de toques precisos e preciosos, visão e antevisão do jogo, liderança técnica (aquela que faz seus companheiros e a pelota o procurarem sempre), ocupação inteligente dos espaços de defesa e atenção integral vão para três nomes que já despontam na briga pelo prêmio de melhor do torneio: Gerrard, Iniesta e Schweinsteiger, em ordem alfabética.

As apresentações de Gerrard, no triunfo decisivo contra a Ucrânia, Iniesta, no banho espanhol sobre a Irlanda, e Schweinsteiger, diante dos azedados holandeses, só para citar as mais saborosas, merecem, ou melhor, devem ser apreciadas e estudadas por treinadores e boleiros brazucas. A sabedoria que estes três mestres do meio-campo mostram na EURO é a solução para o futebol brasileiro superar muitos – não todos – obstáculos na busca pelo apreço nacional e internacional que um dia já teve.

2 comentários:

  1. Perdoe-me divergir, pois discordar não é criar discórdia, mas a forma romântica que observou estes jogos, tal como eu vi, pela tv, exceto que tenha estado in loco, extraindo daí a mágica para recuperar, o futebol brasileiro, se é que esá perdido, tirando dos europeus a bendita fórmula, me parece exagerada, os meias citados são bons jogadores, tendo Iniesta melhores performances atualmente, mas a falta de meias do futebol brasileiro se deve justamente ao costume brasieliro de se sentir rebaixado sempre e copiar os europeus.
    A doença da eurogenese.
    Ora, após a derrota de 1998, não se criou mais nenhum meia (à época chamava-se ponta-de-lança)tal como Zico.
    Passamos a ter atacantes (Centro-avantes)como protagonistas de nosso times que venceram as copas de 1994 e 2002.
    Muitos apareceram como solução para esta lacuna, mas ninguém resistiu aos esquemas de dois meias e dois atacantes. O que mais teve, depositado em seu futebol, as esperanças foi Alex (Cabeção), que comandou brilhantemente o Cruzeiro naquele campeonato nacional e mostrando a volúpia pelo gol, tl como pelé e zico (Sem comparações).
    Com a entrega da mão de obra por qualquer tostão e a insistência dos treinadores em copiar a truculência europeia, perdemos nossas referências e depois de Pelé não houve mais nenhum grande 10 campeão do mundo.
    se bem que você se refere a um 08, pois estes meias da modernidade estão mais para um primeiro cabeça de área com requintes de meia que o meia clássico do nosso futebol Ponta-de-lança).
    Não creio que temos que copiar ou se inspirar nos europeus para voltarmos a ter um futebol que agrade a todos e sim temos que nos organizar fora de campo, para termos jogadores que não mudem com frequência de clube e mais que isto, jogadores que não saiam por qualquer trocado para fora do Brasil.
    além disto priorizamos tanto nossas defesas que exportamos por um bom período, o que não era comum, zagueiros, laterais e goleiros.
    Só para me fazer entender em termos de tradição, o 10 que todos pensam em vestir a camisa da seleção da CBF é o Ganso que em outros tempos seria um 08, pois o 10 (Tradicional) é aquele que parte para dentro e invariavelmente é um artilheiro, estes não temos mais, pois a imbecialidade de copiar os europeus nos levou a isto, sendo assim, copiar novamente não vai nos trazer a autenticidade e sim tão somente sermos reféns do que eles criam.
    Hoje o Oscar (Guardada as particularidades) chega mais perto do 10 que pede a tradição.
    Falcão é o grande exemplo, pois ele sim poderemos comparar aos citados por ti e nunca nosso tão sonhado 10, que jamais retornará, pois este não tinha aobrigação de marcar, nunca e sim ser marcado, este ocupava a mente de pelo menos três jogadores adversários.
    Em outras épocas cada setor fazia a sua, hoje todos fazem de tudo, até goleiro é artilheiro e por ai vai, portanto creio ser impossivel termos nosso meia (Ponta-de-lança) de volta.

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  2. Olá, amigo Manosantto!

    Respeito muito a sua opinião e concordo plenamente com alguns pontos, como a ausência do antigo ponta-de-lança nos times brasileiros, aquele jogador vertical, letal. O Kaká dos bons tempos tem estas características, mas nesta fase atual... Também concordo que não devemos copiar os europeus, pois isto nos faria perder a essência, e é assim que me posiciono logo no primeiro parágrafo do texto. Texto em que defendo a sabedoria e conhecimento de um pequeno punhado de europeus sobre como o futebol de hoje em dia funciona dentro das quatro-linhas. Repito e reforço minha opinião de que não devemos copiar Gerrard, Iniesta ou Schweinsteiger, mas sim nos inspirar em como eles entendem o funcionamento do futebol atual, onde o jogador de meio-campo que não tem visão de jogo e intimidade com a bola atrapalha mais do que ajuda.

    Agradeço pela sua participação no FUTEBOLA e espero contar com mais opiniões suas.

    Um grande abraço!

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